Ministra Cármen Lúcia

28/9/2016
José Renato M. de Almeida

"Talvez por não ter o que criticar na posse da ministra Cármen Lúcia à presidência do STF, uma palavra no discurso serviu de apoio a comentários negativos (Migalhas 3.957 - 28/9/16 - "Mandando ver" - compartilhe). Afirmar que os ministros não são autistas, foi o suficiente para críticas, digamos pré-caridosas. Bem sabe a ministra que uma das críticas e aversões mais intensas contra o STF é a de que os servidores públicos que ali exercem suas funções parecem viver numa outra realidade, semelhante a comportamentos observados com certa frequência nas pessoas autistas. Utilizasse a ministra em seu discurso um outro aspecto próprio dos humanos, para expressar sua confiança nos ministros, talvez causasse tanta ou mais críticas, consternação e sofrimento dos sensíveis. Se tivesse falado outras coisas que os ministros 'não são', para então concluir sua confiança no trabalho deles. Se tivesse falado, por exemplo, que os ministros são empenhados na realização de seus trabalhos, porque não são crianças tolas, nem adolescentes voluntariosos, nem idosos senis, nem cegos, surdos, mudos. Nem insensíveis às necessidades dos cidadãos brasileiros. Essas e muitas outras características humanas poderiam vir a prejudicar o desempenho do Supremo. Imagino como a ministra Cármen Lúcia poderia ter formulado a comparação - em negativa -, do que acredita que os ministros do STF 'não são', sem melindrar as pessoas mais sensíveis? Creio que os sensíveis arranjariam motivos para criticar e investir contra, qualquer que fosse a comparação. Sentimentos são pessoais e (quase) intransferíveis."

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