Beijinho no ombro

26/2/2014
Adilson Dallari

"Quase caí da cadeira quando vi a apresentação do Coral Acadêmico XI de Agosto cantando e dançando a música da Valesca Popozuda no Salão Nobre da Faculdade de Direito (Migalhas 3.316 - 24/2/14 - "Beijinho no ombro" - clique aqui). Isso seria totalmente impossível nos meus tempos de estudante. Em 1966 eu era integrante do coral e presidente do Diretório Acadêmico, participando, nesta condição, das reuniões da Congregação. Na reunião do dia 5/8/66, ouvi poucas e boas, por causa da apresentação do Coral na cerimônia de posse da Diretoria da Faculdade. O prof. Soares de Mello qualificou como 'deplorável' a participação do Coral, 'com seus cânticos sobre a escola e outros versos maliciosos'. Ele  apresentou proposta (que foi aprovada – mas nunca foi cumprida) no sentido de que, nas próximas apresentações, o repertório fosse previamente aprovado pela diretoria. Qual foi o grande problema causador da qualificação como 'deplorável'?  Depois de cantar  respeitosamente o Hino Nacional e o vibrante Hino Acadêmico, o Coral entoou as  tradicionais Trovas Acadêmicas. Elas começam com estes versos: 'Quando se sente bater, no peito heroica pancada,  deixa-se a folha dobrada, enquanto se vai morrer'. Mas tem versos ingenuamente jocosos, como: 'A moça que eu namoro e que me quer muito bem, tem um sorriso que encanta, quinhentos contos também'.  Passa pela fanfarronice: 'A moça disse pra outra, com esse eu não me arrisco, pois ele estuda Direito, no Largo de São Francisco'. Mas o que causou estupor foi o verso que diz: 'Quando eu saí lá de casa, meu pai me aconselhou, meu filho nunca se case, seu pai nunca se casou'. Nem adiantou terminar com: 'Onde é que mora a amizade, onde é que mora a alegria, no Largo de São Francisco, na Velha Academia'. Positivamente, o propósito de lutar pelo Direito não é incompatível com a alegria. Espero que nossa Escola seja sempre assim."

 

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