Lançamento da obra "1964: Na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart"
Acontece no dia 31 o lançamento da obra "1964: Na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart", de Almino Monteiro Álvares Affonso, ex-ministro do Trabalho e Previdência Social. A noite de autógrafos será em SP, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, a partir das 18h30.
terça-feira, 25 de março de 2014
Atualizado às 09:05
Lançamento
Acontece no dia 31 o lançamento da obra "1964: Na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart", de Almino Monteiro Álvares Affonso, ex-ministro do Trabalho e Previdência Social. A noite de autógrafos será em SP, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, a partir das 18h30.
As reflexões de Almino estão no livro "1964: Na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart". Passados 50 anos, uma conversa com Almino é sempre uma revisita - com redescobertas - à história recente do país.
Em 10 de abril de 1964, o Brasil soube que Almino Monteiro Álvares Affonso era o inimigo público número 14 da República. Esta foi sua posição na lista de 102 brasileiros que tiveram direitos políticos suspensos por integrar, ou apoiar, segundo registros da época, o governo "comuno-petebo-sindicalista" deposto pelas Forças Armadas entre os dias 31 de março e 2 de abril. João Goulart foi o primeiro. Seguiam-no Jânio Quadros, Luiz Carlos Prestes, Miguel Arraes, Leonel Brizola. O sexto era Rubens Paiva. Celso Furtado, o décimo. Em 9 de abril, o golpismo vitorioso se considerou "autêntica revolução" e se investiu em poder constituinte, conforme o Ato Institucional assinado nesse dia pela junta militar.
O Ato ficou sem número porque os autores não pensaram na hipótese de uma sequência. Mas, em outubro de 1965, veio o AI-2. Depois, o AI-3, o feroz AI-5, até o AI-17, em 1969, além de 104 Atos Complementares, com anexas cassações de mais políticos eleitos, ministros do STF, militares dissidentes e de potenciais candidatos à Presidência, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek e até o ex-governador Carlos Lacerda, líder civil, nos primórdios, do que também se chamou "redentora".
Almino Affonso testemunhou em Brasília a agonia do regime constitucional. Em 44 horas, ruiu um governo que se considerava forte, confiado em apoio popular despido de organização para a resistência e em dispositivo militar que não agiu nem reagiu.
Aos 85 anos, Almino diz que o golpe foi mais que simples quartelada. "Fez parte da história do século XX, capítulo do entrechoque entre Estados Unidos e União Soviética. Sem considerar a Guerra Fria não se entende o golpe no Brasil." O ex-deputado amazonense, na época líder do PTB, partido de Jango, rejeita a versão de que o país foi salvo do comunismo iminente. "Os comunistas não tinham como chegar ao poder. Por eleições, nem falar; por luta armada, nem falar; muito menos em aliança com Jango. A que título um proprietário de terras faria aliança que levasse ao comunismo?"
Sobre o fato de Jango abandonar o poder sem luta, é incisivo: "Não se pode chamar de covarde a quem, tendo um canivete, não reage ao ataque de alguém armado com metralhadora".
- Houve traição, incompetência? O general Argemiro Assis Brasil, chefe da Casa Militar, dizia que armara invencível dispositivo militar para repelir tentativas golpistas.
- Não tenho condições de dizer se houve omissão traiçoeira. Mas houve, no mínimo, incompetência.
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Fonte: Observatório da Imprensa