Voando pelo sul de Minas Gerais pousei em uma cidadezinha histórica, celula mater da maioria dos municípios da região, fundada devido à fortuna abundante de ouro que se encontrava oculto em seu subsolo, onde encontrei pessoas pra lá de hospitaleiras com muitos contos e causos para contar.
Nesta cidade repleta de tradições, ouvi com admiração a história de um personagem de destaque da época imperial, Honório Hermeto Carneiro Leão. Nascido em Jacuí em 1801, bacharel em Direito na Universidade de Coimbra em 1825, Juiz do Fórum de São Sebastião em 1826, auditor da marinha, ouvidor do Rio de Janeiro, desembargador da relação de Pernambuco, com exercício na corte, não pôde fazer parte do STJ posto que era Conselheiro do Estado, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário junto à Confederação Argentina em 1851, intitulado Visconde do Paraná em 1852 e depois Marquês do Paraná, em 1854, como ficou conhecido.
Papo vai papo vem, mal pude acreditar na história dos escravos que eram arrolados em inventários juntamente aos bens móveis, imóveis, semoventes etc. Contaram-me, inclusive, que esses processos podem ser encontrados no arquivo do Fórum da Comarca de Jacuí.
Falando no Fórum, fiquei sabendo que este foi construído em cima de um antigo cemitério de Jacuí e por isso acreditam alguns ser um lugar mal assombrado. Lembraram, então, da história do Promotor que estava trabalhando até mais tarde no segundo andar do Fórum e ao descer no escuro viu dois olhos na escada. Assustado e sem saber o que fazer, decidiu que o melhor era acender logo a luz. Tomou coragem e olhou novamente para a escada. Não era alma penada e nem o Pintassilgo em busca de desvendar os reais problemas do Judiciário brasileiro. Era apenas uma coruja que ali estava a observá-lo.
Após ouvir tão interessantes e hilários contos e causos da cidade de Jacuí, levantei vôo pela cidade e avistei a Igreja Matriz. Sobrevoando a Casa da Cultura, vi os presos tomando banho de sol. É isto mesmo. Embaixo da Casa da Cultura há a cadeia municipal e é no pátio da mesma que os presos vêem a luz do sol.
Lá do alto eu vejo tudo, e me despeço da cidade. Estou só de passagem. Estou só de curioso. Sigo com gosto as águas do Rio Grande, feliz pelo passeio.
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