Amigos migalheiros ! Que bom rever-lhes !
Saudações !
Nestas minhas andanças e avoadas, muitas das vezes me pego questionando minha direção: seja no sentido geográfico, seja no sentido de como me expressar com vocês. Obviamente que essa distância me incomoda, e digo com sinceridade, que preferia prolongar nosso papo pessoalmente, regando-o com um capuccino (para os dias frios) ou um suave suco de maracujá (para os dias quentes) e, assim, poderíamos varar a tarde de inverno filosofando sobre as mazelas da vida.
Esse questionamento sobre o sentido de ir e vir, recomeçar, seguir novas sendas, ficou mais forte ainda depois que saí de Santo André, letra inicial da grande conurbação chamada ABC.
André foi um dos seguidores de Jesus; é citado muitas vezes como o primeiro apóstolo, o primeiro a ser chamado e de fato, estava ele com João, quando viu Cristo pela primeira vez.
Ali, logo percebeu que sua vida não seria a mesma. Mudou radicalmente seu rumo, e passou a seguir o Nazareno, fielmente e diariamente, estando em importantes passagens, desta que é a mais conhecida história do mundo.
Após presenciar todo o caminho de Cristo (do início, passando pela Paixão até a sua ascensão), saiu pelo mundo antigo pregando a palavra. Um outro recomeço, que culminou no seu martírio, na Grécia, onde foi posto a uma cruz em forma de “X”, amarrado, até expirar.
Tal qual seu padroeiro, a história da cidade de Santo André também foi pontuada por reinícios, por mudanças de rumo e trajetória...
E essas mudanças são emblemáticas para entendermos até mesmo a história do país.
A região de Santo André atravessou os primeiros tempos de colonização indo até os dias turbulentos que vivemos.
Fomentada pelo crescimento industrial dos anos 50 e 70, a cidade viveu tempos de expansão econômica. Tanto os “Anos Dourados” quanto os anos do “Milagre econômico”, mudaram a face da cidade, através do novo sonho de consumo do brasileiro: o automóvel.
Santo André com suas indústrias de peças, máquinas e eletrodomésticos, seria também a peça fundamental, a mola mestra na engrenagem que movia o país e “turbinava” nosso sonho de futuro.
A legião de trabalhadores saindo das indústrias até meados da década de 1980 é histórica.
Mas o futuro que nos reservavam tornou-se pálido. Com o “aval” do capitalismo internacional nos duros anos iniciais da década de 90, no qual ficamos perdidos, sem par, na dança neoliberal, Santo André perdeu-se. Com nossa incompetência de forjar um projeto nacional, as então galinhas dos ovos de ouro, que voam (!), migraram para outras plagas. Santo André teve de recomeçar, mudar de rumo e de vida...
E nesse recomeço, claro, sacrifícios se fizeram, com um preço alto a se pagar como o aumento da criminalidade.
Mas sou pássaro de fé. Assim como André, não recuso o chamado. Se for para bons ares, que me levem.
E assim como André, os andreenses recomeçam, retomaram seu rumo em busca da paz e da luz, daquilo que anseiam. Dias bons se foram, mas dias melhores virão.
O “X” no brasão da cidade, a Cruz de André, está ali para mostrar o caminho: quando tiver a certeza no seu coração, siga em frente.
Até um dia, andreenses.