dr. Pintassilgo

Caçapava

Denominações anteriores: Freguezia de Nossa Senhora de Ajuda de Caçapava.

Fundadores: Tomé Portel del-rei e Capitão João Ramos.

Data da Fundação: 14 de abril de 1855.



O topônimo Caçapava significa em Tupi-Guarani o caminho que atravessava a floresta, o bosque ou a mata (“Caá; mato, bosque, floresta; “capava” o claro, a clareira, a travessa, a vereda).

Caçapava, segundo o historiador e linhagista Desembargador Benedito Alípio Bastos, em seu livro: CAÇAPAVA, foi fundada em 1705, no lugar hoje denominado Cçapava-Velha, pelo paulista Jorge Dias Velho descendente de Garcia Rodrigues e de Isabel Velho, que foram os primeiros povoadores dos Campos de Piratininga. Bom católico e de elevadas posses, erigiu ele, por sua conta e no que muito foi ajudado por sua esposa, Sebastina de Unhate, uma soberba Capela em terreno de sua fazenda, Capela essa majestosa para a época e até hoje ali existente com a denominação de origem, de Nossa Senhora da Ajuda de Caçapava. Ao redor da Capela e com o consentimento de seu fundador formou-se em pouco tempo em elevado número de habitações e um regular aglomerado humano, o que levou o Governo Real a baixar o Alvará de 18 de março de 1813 fundado ali uma Freguesia e subordinando-a às Autoridades Administrativas do Conselho Municipal de Taubaté. A Freguesia era, então, passagem forçada das Bandeiras que demandavam os Sertões de Minas Gerais e das tropas de retorno. Na época escrevia-se Cassapaba, Caassapaba e Cassapava, estabelecendo-se finalmente, depois de 1865, a grafia Caçapava (clareira na mata).

Caçapava-Velha foi, pois, segundo afirma aquele historiador a CELLULA MATER da organização social, política e religiosa desse ubertoso chão de rincão paulista.

Da Freguesia partiram para os sertões mineiros filhos da Caçapava e sertanistas que ali se haviam fixado, destacando-se entre eles o Capitão Tomé Portes d’El rei, Sargento-mor Miguel Garcia Velho, Antônio Garcia da Cunha, Bartolomeu da Cunha Gago, Tomé Portes da Cunha e outros. Também de Caçapava, ainda Freguesia, partira para as bandas de Goiás, em busca de novas terras, o caçapavense Francisco Barreto Leme do Prado, filho sétimo do Capitão Francisco Barreto Leme do Prado e ligado por parentesco ao Capitão Jorge Dias Velho. Entre Jundiaí e Mogi-Mirim, Barreto Leme interrompeu a jornada fixando-se à terra e fundando a hoje magnífica cidade de Campinas.

O primeiro Capelão da Capela de Nossa Senhora da Ajuda de Caçapava foi o Padre Manoel Rodrigues Velho, filho do fundador de Freguesia.

Em conseqüência de lutas políticas acirradas, elementos liberais da época, acompanhados de outras pessoas, começaram a mudar-se para o local onde, desde 1842, na fazenda do Cel. João Dias da Cruz Guimarães, benemérito doador das terras onde atualmente se localiza Caçapava, existia uma Capela sob o orago de São João Batista. Tais foram as condições de vitalidade do novo núcleo, que em poucos anos os seus iniciadores conseguiram obter da Província a transferência da sede da Freguesia e do Distrito de Caçapava para a nova povoação passando a Capela se São João Batista a ser a Matriz da Paróquia de Nossa Senhora da Ajuda. O rápido povoamento desse novo aglomerado humano deve-se também a fatores de ordem econômica e de sua proximidade do caudaloso e piscoso rio Paraíba.

Em 14 de abril de 1855, pela Lei nº.20, foi Caçapava elevada à categoria de Vila, Tendo a sua população festejado o ano passado transcurso de seu Cenário com magníficas e cívicas manifestações. Em 1875, pela Lei Provincial de 8 de abril, foi a Vila de Caçapava elevada à categoria de Cidade. Consta atualmente de um único distrito de paz: Caçapava. A cultura cafeeira sempre predominou nos fatores econômicos do Município, tendo Caçapava se classificado em 1º lugar em recente certame oficial de maiores produtores de café do Vale do Paraíba, realizado em 1955.

Desde a fundação até 1875 foram os seguintes os juízes municipais do Termo de Caçapava: Dr. Artur Cezar Guimarães, Dr. José Rodrigues de Souza e Dr. José Manoel Portugal. As primeiras serventias de justiça foram exercidas por Antônio Vicente das Chagas Pereira, Fabrício Correia de Siqueira e Silvano Correia de Toledo.

Caçapava obteve um ritmo de intenso progresso a partir de novo núcleo.

É sede de uma Brigada de Infantaria e do glorioso Regimento Ipiranga (6º R. I.) que se destacou entre as Forças Expedicionárias Brasileiras que combateram na Europa.

O Poder Judiciário foi representado pelo Dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada, exercendo as funções de Promotor de Justiça o Dr. Walker da Costa Barbosa.

Foi Presidente do Legislativo local o Sr. José Francisco Natali, funcionando a Câmara Municipal com 13 Vereadores.

Dirigiu o Município, como Prefeito Municipal, o Senhor Osório da Cunha Lara Neto.
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  • Origem do nome

Palavra tupi que significa o caminho que atravessa a floresta, o bosque ou a mata: “caá”: mato, bosque, floresta; “caçapava”: o claro, a clareira, a travessia, a vereda (“caá-caçapava). Sintetizando: Caçapava quer dizer abertura na mata.
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  • Personagens

Ministro José de Moura Resende

Nasceu em Caçapava em 26 de outubro de1896, onde viveu a sua juventude. Cursou faculdade de Direito em São Paulo. Fundou um partido de oposição aos políticos então dominantes. Foi delegado de polícia de Ibiúna.

De volta à Caçapava, com sua palavra fluente e brilhante, impôs-se a opinião pública, galgando quase todos os postos da Administração Municipal e Estadual. Foi Promotor Público, nesta Comarca. Foi vereador eleito e reeleito de 1923 a 1925, e de 1925 a 1926. Foi prefeito de 1926 a 1930. Como deputado estadual ajudou a elaborar a Constituição de 1935. Em 1938 foi nomeado Diretor do Departamento Estadual do Trabalho, a seguir foi Secretário do Governo, Secretário da Justiça, substituto eventual do interventor Federal em São Paulo. Foi membro do Conselho Deliberativo do Estado, no Governo de Macedo Soares. Foi Deputado Federal, Secretário de Educação por duas vezes, em 1950 e em 1954. Foi Ministro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, onde a pedido, se aposentou em 1965. Faleceu em São Paulo a 20 de dezembro de 1965 e foi sepultado no Cemitério de Caçapava.

Dr. Moura Resende, criou em Caçapava, o Ginásio Estadual, hoje Escola Estadual "Ministro José de Moura Resende", criou também a Escola Normal, o Ginásio Industrial, o Fórum, o Grupo Lindolpho Machado, o Banco do Estado, o Gabinete Dentário do Ginásio Estadual "Rui Barbosa". Foi baluarte da Casa da Criança, do Hospital Nossa Senhora da Ajuda e de várias outras obras assistenciais, para as quais conseguia verba do Estado. Deixou viúva Davina Pinheiro Moura Resende e um filho, Dr. José de Moura Resende Filho, engenheiro arquiteto e um grande artista.

Ana Teixeira

Ana Teixeira nasceu em Caçapava, em 1957. Vive em São Paulo, é artista e graduou-se pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo) em 1999, onde também defendeu o mestrado em Poéticas Visuais em 2005, com o tema: "Trocas: A arte na rua e a rua na arte". Expõe individualmente desde 2000, no Brasil e no exterior. Em 2001 montou a instalação "Rincón para los deseos", no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, Argentina. Em 2003 expôs na Temporada de Projetos do Paço das Artes, em São Paulo. Em 2004 ganhou uma bolsa-residência para o evento "Heimatwechsel / Change of Home", em Dortmund, Alemanha, onde residiu por 1 mês e realizou a ação de rua "Troca/Tausch". Em 2005 participou da exposição "Au dela du Copan", no Espace Paul Ricard, em Paris, sob curadoria de Martin Grossmann. Seu trabalho foca-se em ações no espaço urbano e na produção de desenhos, objetos, vídeo e fotografia. Possui obras nas coleções "Madeira Corporate Services", Coleção Patrícia Telles e Prefeitura Municipal de Santo André. Ana coordena o ateliê Parangolé, na Cidade dos Meninos e das Meninas em Jundiaí, onde ministra aulas para crianças e jovens e presta assessoria em artes, desenvolvendo projetos com escolas e museus de São Paulo.
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  • Locais Históricos

Estação Ferroviária



A estação de Caçapava foi aberta pela E. F. do Norte em 1876. Mais tarde, em 1923, saindo desta estação, que ainda mantinha o seu prédio original, passou a operar em 1923 um ramal da Cia. Norte Paulista de Combustíveis, de 12 km, que transportava lignito. Um ano antes, em 3 de julho de1922, a Revista Portugal-Brasil, A Hora Gloriosa da Raça, (ed. Monteiro Lobato e Cia, 1922) publicava o que aconteceu durante as homenagens aos pilotos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Histórico da Linha: Em 1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo da linha da S.P.R. no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em 12 de maio de 1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica, encontrou-se com a E.F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga (1,60m).

A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8 de julho de 1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas". O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba.

Em 1889, com a queda do Império, a E.F.D.Pedro II passou a se chamar E.F.Central do Brasil, que, em 1890, incorporou a E.F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificá-las. Os trabalhos começaram em 1902 e terminaram somente em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela Refesa. O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos anos 80, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente.

Em 31 de outubro de 1998, o transporte de passageiros entre Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde os anos 20 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi.
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  • Curiosidades

Hino

"Oh! Caçapava,
ao longe, dantes,
do ceú azul, dos arrozais na ribeira,
do Paraíba,
dos Bandeirantes,
dos cafezais, dos alcantis da Mantiqueira!

É simpatia,
hospitaleira,
serena e calma, florescendo sempre está;
de gente amiga,
bondosa e ordeira
e que possui fibra do Jequitibá

Oh! Caçapava,
de São João,
de um Regimento que orgulha o brasileiro;
que leva a glória
a educação
e que abre os braços, com carinho, ao mundo inteiro!

Oh! Caçapava,
dos que lutaram
pelo progresso e pelo encanto que hoje encerra;
e grande exemplo
do amor que deixaram
e de trabalho, pelo povo e pela terra!

E são pela grandeza
da Pátria unidos,
os seus filhos queridos,
com civismo e nobreza!
É por São Paulo. É pelo Brasil!"

Letra -Olívia Alegri
Música - Cely Gomes Ferreira Dias

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