Amigos migalheiros, em alguma passagem de suas vidas já sentiram a necessidade da virada de mesa ?
Aquela sensação de que uma borracha potente do esquecimento deve ser usada ? Uma necessidade inevitável de se “reinventar” ?
Isso acontece de tempos em tempos em todos os cantos do mundo: cidades, países, bairros, e dentro de nós.
Pois sim.
Estou numa cidade agora que praticamente se reinventou: São Carlos.
Ela, abastada pela cultura cafeeira, soube se impor. Aproveitou os espólios do “Ouro Verde” e se tornou uma pequena jóia de progresso em pleno domínio agrário no Brasil.
Para que vocês tenham idéia: em 1889, o telefone chegou por aqui e também a água foi canalizada. Um ano depois quem chega com força total ? A eletricidade ilumina as ruas e o interior das casas.
O café é quente, amigos!
Mas bem sabemos que depois de certo período, ele foi resfriado. Já não originava o mesmo fausto, a opulência que aqui em São Carlos, felizmente, não fora concentrada. Os benefícios foram expandidos na urbanidade.
O que fazer ?
Como viver sem o ouro que vinha dos campos verdes ?
Imaginarão vocês que houvera um desespero, uma apatia que toma conta quando a saída parece longe, longe.
Que nada!
Era a hora da reinvenção! Vamos largar os velhos hábitos, as velhas manias, que no momento já são démodé. Não cabem mais.
São Carlos, em 1911, já recebia a pedra fundamental do seu parque industrial.
Sai o campo, entra a chaminé. A fumaça quente do cafezinho daria lugar a uma fumaça mais ácida.
Os reflexos dessa reinvenção estão pululando aqui, a olhos vistos, para todos de fora que começam de imediato a gostar da cidade.
Pólo industrial dos mais importantes do Estado, hoje a pesquisa desenvolve a cidade, muito além das mentes.
Sai a lavoura, entram a eletrônica, a eletricidade, a engenharia que nos dão as cores, os formatos, os sabores do mundo moderno.
A educação, antiga vocação daqui (a Escola Normal, hoje instituto de Educação, foi criada no início do século XX), ainda é a busca de vários estudantes que aqui aportam.
Alguém duvida de que isso não é o máximo da reinvenção ?
Hoje, inventa-se aqui em São Carlos, nas faculdades, nas indústrias. É uma reinvenção atrás da outra.
São Carlos não teme o futuro, porque qualquer que seja ele, ela tem certeza de que pode se reinventar.