Amigos migalheiros, o vento vem como ondas... e eu sinto...
Sigo minha vida não em linha reta. E por que não ? Seria um desperdício de vida; seria perder as paisagens e cores; seria simplório demais...
Viver por si só é caminho sinuoso ; mudamos, moldamos, amamos. Perdemos sofrendo - por vezes não - as antigas paixões e ganhamos outras para as quais o coração arderá...
Tudo isso é tal qual o curso de um rio, tortuoso, com surpresas e histórias...
Ás vezes a vida é mansa, outras é irrefreável, assim como a vontade das águas...
A vida é como o rio Preto...
Visconde de Taunay, ativo em suas andanças como uma correnteza, na obra "Viagens D'Outrora", menciona o arraial de São José do Rio Preto: "A povoação consta meia dúzia de palhoças...Há uma igrejinha em construção".
Arriscando uma previsão (coisa própria da gente, isso de tentar navegar além do futuro), vaticinou que o arraial, com suas casinholas, estava fadado a desaparecer. O Oficial Superior do Exército Brasileiro, Taunay não lobrigou progresso algum naquele lugar.
O curso da História tomou outros rumos, como a pujança de Rio Preto demonstra sem que precise de um causídico para defendê-la. Taunay equivocou-se, fazendo desta passagem um pequeno lago em sua notável biografia.
Sigo meu dia hoje atrelado ao curso do serpenteante rio Preto.
Vejo ao lado das águas a beleza que o progresso ergueu. Em cada morada, em cada calçada, nos comércios e suas fachadas, vejo gente que por esse chão andou, viveu, correu, amou e lutou. Pessoas que se foram, deixando cartas, fotos...
Reflito que, como um rio tem sua foz, elas passaram a brilhar em outros lugares, talvez mais belos, além de nossa compreensão...
No curso sinuoso do rio, vejo ilustres vultos rio-pretenses, como Milton Verde, o Dr. Bady Bassitt, Dr. Alberto Andaló, Coutinho Cavalcante, Dr. Jafét e o saudoso Dr. Aloísio Nunes Ferreira.
Pareço ouvir, como ouço agora o barulho das águas, todas essas vozes, que lutaram por Rio Preto até que seu sangue não mais corresse forte como um rio...
O que disseram, pelo que lutaram, o quanto amaram, sorriram e choraram ...
Os rios parecem em paz, mas todos eles em seus longos ou curtos cursos, têm suas lutas, períodos de cheias e secas, numa dinâmica linda. No fluir das águas há vida, nas suas margens, um outro mundo se faz : tudo segue o seu escoar e o seu ecoar...
Pois a dinâmica de Rio Preto não se fez pelo bel prazer do acaso...
Ela começou como uma pequena nascente, que foi com o curso do tempo, se avolumando com o trabalho de todos os rio-pretenses até chegar neste potente fluxo de vida.
E sigo minha vida como um rio, como o Rio Preto...
Em cada curva, amealho mais saber. Nos períodos de cheia, procuro a generosidade ; nos seca, a humildade...
E com o passar do tempo, procuro crescer, crescer, crescer, assim como a adorável São José do Rio Preto.