Denominações anteriores: Samambaia, Sítio Bom Sucesso, Sítio das Araras, Capela Nova das Araras, e Nossa Senhora do Município das Araras.
Fundadores: Bento de Lacerda Guimarães, sua mulher Dona Marcela Alves de Cássia e José de Lacerda Guimarães.
Data da fundação: Presume-se que tenha sido fundado o povoado em 1870.
Segundo documentos da época, o vale do Ribeirão das Araras começou a ser povoado em princípios do segundo quartel do século XVIII, por expansão do núcleo demográfico de Mogi-Guaçu, caminho do sertão das minas de “Guaiazes”.
Acredita-se que o primeiro morador da região tenha sido Manoel de Miranda Freire, antigo mineirinho e escrivão da correção da Comarca de São Paulo. Miranda Freire obteve uma sesmaria de légua e meia entre os Ribeiros de Itapuca e das Araras, por carta datada de 22-X-1727, expedidas por Caldeira Pimentel, Capitão-general de São Paulo e das minas de Paranapanema e Cuiabá.
Deve-se a fundação da cidade, no entanto, ao irmão de Bento de Lacerda Guimarães e sua esposa, e José de Lacerda Guimarães, que doaram um terreno para ser erigida uma capela em homenagem a Nossa Senhorado Patrocínio. A capela criada foi instalada a 22-X-1868, a paróquia a 27-XI-1868 e a freguesia a 12-VII-1869.
A cidade, desde sua fundação, recebeu várias denominações: Samambaia, Sítio Bom Sucesso, Sítio das Araras, Capela Nova das Araras, Nossa Senhora do Patrocínio das Araras e finalmente Araras.
À cultura do café, que então prosperava na região, deve-se a expansão e crescimento do povoado.
Data de 24-III-1871 a elevação de Araras à categoria de município, e a eleição para a 1 Câmara de Vereadores realizou-se em 7-IX-1872. A vila de Araras foi elevada à categoria de cidade pela Lei n 27 de 2-IV-1879. Para a instalação da cidade a Câmara Municipal, reuniu-se, em sessão extraordinária, a 16-VIII-1879.
Araras contava, ao tempo da escravatura, com 1623 escravos. Com a abolição do cativeiro a lavoura ararense ressentiu-se da falta de braços. Data dessa época o movimento de imigração, principalmente do elemento italiano, que trouxe à agricultura um desenvolvimento acentuado.
Araras passou à categoria de Comarca com a Lei Estadual n 80 de 25 de agosto de 1892, tendo sido solenemente instalada a 1 de outubro do mesmo ano. Consta atualmente do distrito de paz de Araras.
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Da ave: Arara. O nome foi dado primeiro no Ribeirão das Araras, de onde surgiu o nome de cidade Araras.
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Goffredo da Silva Telles
O agricultor Goffredo Teixeira da Silva Telles, pai do grande jurista Goffredo Telles Jr., foi proprietário da Fazenda Santo Antônio, localizada em Araras. Formado nas Arcadas (turma de 1910) foi também advogado agricultor, empresário e político.
Quando ainda estudante, pertenceu, em 1909 e 1910, à Comissão de Redação da Revista do Onze.
Autor dos livros: "O mar da noite" e "A fada nua". Notabilizou-se por seu enorme poder de expressão. Conhecia toda a literatura francesa e alemã. Traduziu poesias de Maupassant e Heine.
Ficaram famosas suas descrições de paisagens. Simplicidade e beleza caracterizavam seus poemas. Limpidez de linguagem e fluência de estilo eram marcas de sua poesia. E, em cada verso, sempre a mesma paixão, a mesma fascinação pelas belezas do mundo.
Consagrou-se pelo modernismo arrojados de seus poemas de amor, pela irreverência com que deliciou e escandalizou a sociedade daquele tempo. Em algumas de suas poesias, foi precursor e vanguardeiro, ao usar o verso branco e o verso livre.
Seus confrades lhe conferiram o título de Presidente de Honra Vitalício da Academia Paulista de Letras.
Antes de 1930, ele pertenceu ao diretório do Partido Republicano Paulista, e exerceu, com extrema dedicação, por muitos anos, o cargo de vereador do Município de São Paulo. Por ocasião do movimento popular de 23 de maio de 1932, em plena ditadura Vargas, foi aclamado prefeito, conjuntamente com a proclamação de todos os integrantes do Governo Pedro de Toledo.
Como Prefeito criou o Parque Ibirapuera no município de São Paulo. Ainda como vereador, em 1927, esboçou a lápis, sobre a prancheta, na mesa coberta de plantas e fotografias, os primeiros projetos do grande logradouro.
Em 1932, com a derrota da Revolução Constitucionalista, Goffredo foi preso e exilado.
Após seu retorno ao País, permaneceu totalmente afastado da política até 1940. Neste ano, Getúlio Vargas o nomeou Presidente do Conselho Administrativo do Estado, cargo no qual permaneceu até 1944. Depois, voltou a suas ocupações habituais, sem mais nenhuma atividade política.
Sempre dedicado a obras de interesse social, junto com o padre Sabóia de Medeiros, ele foi um dos principais idealizadores da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), da Fundação de Ciências Aplicadas, entre outros trabalhos.
Em Araras, ele foi Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Foi também fundador e amigo do Asilo da Velhice e do Asilo Nossa Senhora do Patrocínio.
Cuidou da Fazenda Santo Antônio durante 66 anos, de 1914 a 1980. Cuidou também do velho cafezal. Plantou muito café novo. Sofreu muitos anos de crises e amarguras, mas sempre conseguiu vence-las.
Com a extinção dos cafezais na região da Baixada Paulista, dedicou-se a culturas diversas: algodão, mandioca, laranja, milho.
Construiu e dirigiu uma fábrica moderna de farinha de mandioca. Realizou grandes reformas e introduziu na Fazenda melhoramentos importantes. Com obras de vulto, modernizou e embelezou a sede.
Nos seus últimos anos de vida, Goffredo esteve empenhado na realização de um sonho: na replantação do cafezal.
Goffredo Teixeira da Silva Telles faleceu com 92 anos de idade, em 30 de julho de 1980.
Clóvis Graciano
Clóvis Graciano — (1907-1988) nasceu em Araras (SP) sendo descendente de imigrantes italianos. Autodidata foi pintor, desenhista, cenógrafo, gravador e ilustrador.
Desde criança apresentou aptidão para o desenho. Já rapaz empregou-se na Estrada de Ferro Sorocabana onde fazia a sinalização da ferrovia pintando mapas, tabuletas etc.
Morando em São Paulo-SP conheceu e se tornou amigo de Portinari e passou a freqüentar o ateliê de Waldemar da Costa. Posteriormente foi aluno do curso de desenho da Escola Paulista de Belas Artes.
Participou do Grupo Santa Helena voltado para reformar a pintura acadêmica tendo como companheiros — Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Mario Zanini, Bonadei, Fulvio Pennacchi, Tomás Santa Rosa e outros. Foi Presidente do grupo Família Artística Paulista em 1929 e do Sindicato dos Artistas Plásticos, tendo sido nomeado Diretor, em 1971, da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Foi presidente da Comissão Estadual de Artes Plásticas, do Conselho Estadual de Cultura, e Adido Cultural em Paris, no período 1976/1978.
Expondo no Salão Nacional de Belas Artes, em 1948, recebeu o prêmio de viagem ao estrangeiro tendo embarcado em 1949 para uma permanência de dois anos na Europa — França, Itália e Bélgica.
O figurativista Clóvis Graciano desenhou Painéis existentes em São Paulo, Santos e outras cidades. Sobre isto afirmou em certa ocasião "É uma forma de levar a arte ao povo, de imortalizar momentos históricos, de maneira a que todos tenham possibilidades de vê-los. A tela pertence a uma minoria. O Painel a todos quantos queiram vê-lo".
Clóvis Graciano participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Seus trabalhos constam do acervo de importantes Museus e coleções particulares.
Carlos Viganó
Carlos Viganó, mais conhecido pelos amigos como "Lico", nasceu em Araras, a 17 de novembro de 1913, filho de imigrantes italianos e alemães.
Faleceu a 03 de julho de 1998, e nesses quase 85 anos de vida, vividos sempre em Araras, 67 deles foram dedicados à música.
Era marceneiro e carpinteiro, tinha 2 filhas, 2 netos e 1 bisneto. Paralelo a essa vida simples - homem dedicado à família e artesão em madeira muito conhecido em Araras pelos seus belos trabalhos - a música sempre o acompanhou, aliviando a sua alma, como sempre dizia.
A vida de músico teve início mesmo em 1928, quando o Maestro Francisco Paulo Russo acolheu 50 jovens para aprender música, e destes, 20 ingressaram na Banda Lira Infantil, entre eles o Sr. Carlos.
Se apresentou em público pela primeira vez no dia 07 de setembro de 1929 e a partir de então nunca mais deixou de tocar seu clarinete e seu saxofone, instrumentos tratados com o maior carinho.
Foram 67 anos estudando música quase que diariamente, e seus instrumentos só silenciaram no início de 1997, por ordem médica, o que lhe trouxe muita tristeza.
Comandou durante 14 anos a Banda Nossa Senhora do Patrocínio, mais conhecida como a Banda do Padre, pois fazia todos os serviços religiosos da cidade de Araras.
Quando essa Banda foi dissolvida passou a tocar na Banda Municipal, sob a regência de seu grande amigo Maestro Alfredo Alexandre Pelegatta.
Músico campeão do Brasil pela Corporação Musical Maestro Francisco Paulo Russo, viveu recordando as emoções vividas durante esse campeonato, realizado em 1977.
Mas além da Banda, o Sr. Carlos tocou em muitos carnavais e também participou do Jazz Cacique, da Orquestra Copacabana, abrilhantando bailes e formaturas por toda a região, e também da Orquestra de Salão, que apresentava concertos clássicos.
Durante aproximadamente 9 anos dedicou-se com muito carinho ao ensino de música a garotos que desejavam aprender algum instrumento, tendo a grata satisfação de ver alguns de seus alunos se tornarem bons músicos.
Carlos proporcionou nas noites de domingo prazer e alegria a todos que assistiam à Retreta no Coreto da Praça Barão de Araras.
Fausto Silva
Radialista, jornalista e apresentador brasileiro de televisão, iniciou sua carreira aos 15 anos, como repórter da Rádio Centenário de Araras, cidade onde nasceu ( em 2 de maio de 1950), no interior de São Paulo. Logo depois, mudou-se para Campinas e trabalhou durante cinco anos na Rádio Cultura, na qual comandou o musical New Pop International. Em 1970, foi contratado pela Rádio Record, na capital paulista, para apresentar o Jornal da noite, do qual era também redator, e se iniciou no mundo do esporte, passando a trabalhar como repórter de campo. Foi nessa função que foi levado para a Rádio Globo, convidado por Osmar Santos.
Em 1982, estreou na televisão apresentando Perdidos na noite, programa de auditório que comandaria durante seis anos, na TV Bandeirantes, com o mesmo estilo irreverente que o consagrou como repórter esportivo. Em 1988, foi para a TV Globo, emissora em que até hoje apresenta o programa de auditório Domingão do Faustão, nas tardes de domingo.
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Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio
Foi construída a partir de 15 de agosto de 1879, e inaugurada em janeiro de 1881. O prédio foi inspirado na Catedral de São João do Latrão, (em latim San Giovanni in Laterano) de Roma. A importância e a repercussão dessa obra foram tamanha, que Dom Pedro II, Imperador do Brasil, veio visitá-la em 1887.
Casa da Cultura
Construída em 1896, serviu de cadeia, fórum e sede da Câmara Municipal. Em 1977, foi considerada monumento de interesse arquitetônico pela Secretaria de Estado da Cultura. Localizado na Praça Barão de Araras, totalmente restaurado e preservado, lembrando uma miniatura de castelo medieval, o prédio abriga hoje a Casa da Cultura, sede da Secretaria Municipal de Cultura, onde se realizam diversos eventos, tais como exposições de artes plásticas, shows, e outras.
Biblioteca Municipal Dr. Martinico Prado
Instalada em 1947, funcionou até 1954 no prédio do grupo escolar Cel. Justiniano Witaker de Oliveira. No mesmo ano, através de uma doação da Sra. Renata Crespi da Silva Prado, a biblioteca passou a ter sede própria, contando hoje com um acervo que ultrapassa os 43 mil volumes, sendo considerada uma das maiores e belas do interior paulista.
Estação ferroviária de Araras
Inaugurada em 1877, como ponta de linha, atendendo à então Nossa Senhora do Patrocínio das Araras, com "duas cadeiras de instrução pública para ambos os sexos. Tem 5.495 habitantes, sendo 2.065 escravos. Vila em 1871. A boa qualidade das terras para a lavoura do café explica o rápido desenvolvimento desta povoação.
O primitivo galpão de madeira foi substituído em 1882, pelo prédio que viria a ser o definitivo, tendo este sido reformado várias vezes, a última delas nos anos 20, tomando a forma atual. O primeiro prédio a ser utilizado somente como armazém foi entregue em 1887. Em 1924, o segundo armazém foi construído. Os dois prédios estão no local hoje. Ao lado da estação foi construída a fábrica da Nestlé, que utilizou a estação para receber óleo combustível até quase 1990.
Em 18 de fevereiro de 1977, o trem de passageiros passou por Araras pela última vez, em direção a Cordeirópolis. Depois de fechada, nos anos 80, foi abandonada.
Nos anos 50, foi construída a avenida Zurita, que ia da cidade à frente da estação. Porém, em 1991, a Nestlé, que tinhas unidades em ambos os lados da rua, conseguiu o fechamento desta, murando a rua. Em troca, ela promoveu a restauração da estação, mas um ano depois ela já estava novamente abandonada, sem conservação da Prefeitura nem da Fepasa.
Hoje, está completamente abandonada e depredada, sem portas ou janelas, e com paredes internas caídas. Os trilhos foram mantidos até a estação; daí para a frente, em fins de 1998, foram arrancados. Em abril de 2000, a Prefeitura da cidade desapropriou a área, prometendo a restauração da estação e dos armazéns, mas até março de 2001, a situação continuava de abandono, embora a Prefeitura já houvesse comprado a área efetivamente do inventário da Fepasa, agora nas mãos da RFFSA.
Um dos galpões estava sendo usado como centro de eventos, em condições precárias, para lançamento de livros e outras atividades. A área dos trilhos, em frente à plataforma, foi limpa e os trilhos, enferrujados, estavam lá, aparentes. Os trilhos foram finalmente e infelizmente retirados no final de 2002. Pelo leito passou-se a linha de abastecimento da região. A estação está abandonada como nunca esteve. Os galpões, até aquele dos eventos, está todo destelhado. O mato cresce dentro e fora dele. No início de fevereiro de 2006, a cobertura da plataforma junto à estação desabou. O fim cada vez mais se aproxima.
Histórico da Linha: Em 1877, a Paulista abria o primeiro trecho, partindo de Cordeiros até Araras, do que seria o prolongamento de seu tronco. Em 1880, a linha, com o nome de Estrada do Mogy-Guassú, atingia Porto Ferreira, na mesma época em que a autorização para cruzar o Mogi e chegar a Ribeirão Preto foi indeferida pelo Governo Provincial, em favor da Mogiana. A linha, então, foi desviada para oeste e atingiu Descalvado no final de 1881, seu ponto final. Em 1916, as modificações da Paulista na área entre Rio Claro e São Carlos, na linha da antiga Rio-Clarense, fizeram com que o trecho fosse considerado como novo tronco, deixando a linha a partir de Cordeiros como o Ramal de Descalvado. Desde o começo em bitola larga (1,60m), ele funcionou para trens de passageiros até julho de 1976 (Pirassununga-Descalvado) e até fevereiro de 1977 (Cordeirópolis-Pirassununga). Trens cargueiros andaram pela linha até o final dos anos 80. Abandonado, o ramal teve os trilhos arrancados entre 1996 e 1997, sobrando apenas o trecho inicial até Araras com seus trilhos enferrujando ao tempo.
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Fazenda Santo Antônio
Na Fazenda Santo Antônio, da família Silva Telles, localizada em Araras, se reuniram nos idos de 1920 expoentes da intelectualidade que formou a Semana de Arte Moderna de 22, entre eles : Villa-Lobos, Mário de Andrade, Blaise Cendrars, Tarsila, Anita Malfatti, Lasar Segall em lua-de-mel com sua mulher Jenny Klabin Segall, Brecheret, Reis Júnior, Guilherme de Almeida com sua mulher Baby de Almeida, Oswald de Andrade e Gregório Warchavchik.
As terras, que vieram a constituir a Fazenda Santo Antônio, foram compradas em 25 de outubro de 1831, por Antônio Álvares de Almeida Lima, que era avô da mecenas da arte Olívia Guedes Penteado.
Ela foi Fazenda de cana, café, algodão, mandioca, laranja, de culturas de subsistência (arroz, feijão, milho), e de gado. Foi sede de indústrias importantes : a Nova Holanda, primeira fábrica no Brasil de leite em pó, e primeira, também, de salsichas do tipo Viena; e a Fábrica Santo Antônio, de farinha de mandioca.
Atualmente a fazenda pertence a um dos proprietários do Grupo Camargo Corrêa.
Teatro Estadual Maestro Francisco Paulo Russo
Inaugurado em 1991, o Teatro Estadual Maestro Francisco Paulo Russo foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com 466 lugares em seu auditório principal e outros 120 lugares no auditório menor, em seu subsolo.
Através da parceria entre a Secretaria Estadual de Cultura e membros da sociedade civil, o Teatro Estadual é utilizado para eventos locais, nacionais e internacionais. Atualmente é dirigido pela professora e advogada Sra. Therezinha Daltro Pastorello.