dr. Pintassilgo

Araras

Bons ares para todos migalheiros! Espero que matinais, mas podem ser também vespertinos ou noturnos !

Neste momento rodopio pelos céus de Araras. Incrustada numa região tocada pelos braços do progresso, a cidade atravessou fases e fases da nossa História com os pés no chão, mas sempre com os olhos fixos no horizonte, sem deixar de admirar as estrelas no firmamento.

Sob os louros e molduras douradas do café, com seus Barões ; a cidade antecipou-se à abolição de 1888 em um mês, quando nossos irmãos ganharam a liberdade (somente física, infelizmente), amenizando a vergonha de sermos o último país a findar o sistema escravagista.

Passado o período cafeeiro (ainda há algumas lavouras, para matar saudade), sobreveio a cana.

Peço um aparte para minhas divagações. Posso, amigo migalheiro, tecer uma emenda após ?

Finda a Segunda Guerra Mundial (conflito estrondoso) com suas duas bombas atômicas, no epílogo mais triste e desumano, o Japão estava em frangalhos.

Vieram os dólares norte-americanos (disfarçadamente escondidos sob o interesse geopolítico ianque na Ásia) para a reconstrução da Terra do Sol Nascente.

Minha admiração e saudação ao povo nipônico, o qual soube muito bem o que fazer com a ajuda financeira externa, apequenando brilhantemente o analfabetismo ; essa sapiência catapultou o arquipélago de quase 3.000 ilhas ao terceiro lugar nas maiores economias do mundo, com um padrão social invejável. A Coréia do Sul hoje segue o mesmo caminho, diga-se.

Por quê viajei nesse fato histórico ?

Porque Araras soube o que fazer como dinheiro proveniente do café e da cana.

Com isso, a cidade galgou índices muito bons, sendo considerada a cidade mais progressista do Estado por várias vezes.

O dinheiro proveniente do trabalho canavieiro ajudou o ensino, o esporte, a melhoria das condições de vida do povo ararense.

O que me faz pensar que não basta a burra cheia e uma economia estável ; não, não é suficiente o dito "equilíbrio fiscal".

Isso são regras postas no papel, gráficos exatos e bonitos pelo sincretismo.

E o sorriso, onde estará, meu irmão ? Onde estarão as crianças ? A alegria da juventude nos seus sonhos e descobertas ? A paz dos novéis casais em seus passeios ? O descanso dos idosos e suas imprescindíveis lições ?

São bens que jamais constarão em gráficos ou gazetas mercantis. Muito menos poderemos encontrá-los em diários do comércio ou qualquer valor econômico.

E então ?

Simples, sigam o exemplo daqui, da bela cidade de Araras.

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