Denominações anteriores: Capela, Engenho.
Fundadores: Antônio Malaquias Pedroso, Antônio José Rodrigues, Manuel Jacinto de Pontes e “Pai Chico Africano”.
Data da fundação: Meados de 1877.
Antes do meado do século passado Sertãozinho abrangia uma região fertilíssima coberta de mantas que o Rio Mogi-Guaçu e o Pardo delimitavam em forma de delta antes de se unirem na bacia do Pontal.
Foi primitivamente povoada pela tribo Caiapó que aqui encontrava farto manancial de caça e pesca. Mais tarde, por ficar esta zona na rota que demandava o planalto goiano e o sul de Minas, não passou despercebida aos desbravadores de sertões que aqui arranchavam em suas audazes caminhadas, a excelência desta terra. A decadência da mineração do ouro e dos garimpos abriu caminho para o aproveitamento das terras férteis da região.
O nome de Sertãozinho aparece pela primeira vez numa antiga escritura passada na então freguesia de São Simão, na qual Antônio Maciel de Pontes assinalava possuir uma grande gleba de terra denominada fazenda Sertãozinho, que media cinco léguas de comprimento e duas de largura.
Esta grande gleba foi mais tarde retalhada pelas heranças, por eventuais transmissões à base de simples escritura, garantidas pelo tempo e consolidadas pela tradição. Já em 1875, quando se tentou, pela primeira vez, a divisão judicial de Sertãozinho, grande era o número de condôminos, quase todos de origem mineira.
As propriedades não passavam de sitiotas onde os agricultores construíam casas rústicas de pau-a-pique, cobertas de telhas algumas e de sapé outras; piso de chão batido. Criavam porcos, algum gado e limitavam-se a plantar gêneros alimentícios, o estritamente necessário ao sustento da família. Outros possuíam monjolos ou engenhocas movidas a vapor e por animais.
Foi aproximadamente pelo meado de 1876 que Antônio Malaquias Pedroso fundou a cidade de Sertãozinho. A área ocupada pela cidade de Sertãozinho era coberta por uma mata fechada. Malaquias Pedroso fez a primeira derrubada e numa clareira aberta à margem esquerda do córrego Norte, à altura da Praça 21 de Abril, construiu a primeira casa e ergueu uma tosca capelinha coberta de sapé, consagrando-se à Nossa Senhora Aparecida e à qual fez doação de 12 e meio alqueires de terras.
A fé e o trabalho haviam lançado a primeira célula vital de uma futura e próspera cidade que hoje ostenta, no listel do seu brazão, o mesmo lema do seu fundador: “Fides et Labor”.
A fertilidade da terra estimulou o ânimo colonizador e em breve tempo, da madeira fácil e abundante surgiram os primeiros barracões e sobre a terra nua das derrubadas estenderam-se rolos de arame farpado, ergueram-se cercas, abriram-se valetas posseando terras e confrontando divisas. Em breve Capelinha tornou-se centro de toda esta atividade agrícola e viu-se rodeada de casas rústicas e barracões improvisados.
Foi tal o élan da atividade agrícola e comercial da Capelinha de Sertãozinho, que pela Lei n° 31, de 10/03/1885, foi elevada a Distrito de Paz, cuja posse teve lugar a 21/4/1891.
A Lei n° 463, de 5/10/1896, criou o município, sendo a posse da Câmara definida a 21/4/1897. A terra fértil, garantindo exuberante produção, impulsionava o comércio e este o crescimento cada vez mais acentuado da cidade. Tanto assim, que em 26/10/1906, pela Lei n° 1018, foi criada a comarca de Sertãozinho, cuja instalação se deu a 12/12/1906.
Estudando a evolução histórica da economia do município de Sertãozinho, podemos afirmar que a sua fonte de progresso e produção se baseou em 3 ciclos sucessivos: o do café, o do algodão e o da cana-de-açúcar.
Os artigos de Luiz Pereira Barreto, publicados na Província de São Paulo, em que enaltecia a excelência das terras da região, a melhor indicada para o plantio do cafeeiro, chamaram a atenção dos lavradores de Minas Gerais e mormente dos cafeicultores do Vale do Paraíba, cujas lavouras já estavam em declínio. Foi assim que vieram para Ribeirão Preto e Sertãozinho o experimentado cafeicultor de Rezende, José Pereira Barreto e seus irmãos.
Martinho Prado, entusiasmado pelas informações da alta produtividade da nossa terra roxa, percorreu a cavalo, esta zona em 1877 e extasiado diante da fertilidade da terra, que julgou ser a melhor do Estado e mesmo do Brasil, interessou sua família na compra das terras que foram da Viúva Gabriel Junqueira e mais tarde de Rodrigo Pereira Barreto, cuja área era de 14 mil alqueires, fazenda hoje conhecida pelo nome de Faz. São Martinho. Do Estado de Minas veio o Dr. Henrique Dumont, que comprou em 1879 a Fazenda Arindiúva, incorporando mais tarde a Fazenda Cascavel, Iguape, Bananal e Boa Vista.
Em 1891, o engenheiro Henrique Dumont, já muito doente, vendeu a fazenda à Cia Melhoramentos do Brasil, incorporada por Paulo Frontin, Rocha Miranda e outros. Esses, entretanto, por pouco tempo a mantiveram em seu poder. Em 1894 foi transferid para a “Dumont Coffee Company” pela quantia de 2 milhões de cruzeiros.
De Descalvado, fazendo escala em Ribeirão Preto onde adquiriu a Fazenda Monte Alegre, de João Francisco de Morais Octávio, o Coronel Francisco Schimidt adquiriu um gande grupo de fazendas em Sertãozinho, totalizando todas 3 milhões de cafeeiros.
Em 1917, a plantação de café em Sertãozinho alcançava a casa dos 17 milhões. Naquela época, a cultura cafeeira estava indiscutivelmente ligada aos nomes do Coronel Francisco Schmidt, Cia. Agrícola fazenda Dumont e Cia. Agrícola São Martinho. Essas três firmas perfaziam a soma de 8 e meio milhões de cafeeiros, 50% do total existente no município.
Sobreveio, como era de se esperar, a superprodução. Houve, entre a produção e a venda um desequilíbrio que provocou a baixa do preço do café que não valia mais que 15 a 20 cruzeiros o saco. Veio em seguida a grasde geada de 1918 que danificou 80% dos cafeeiros do município.
A escassez do produto provocou a alta dos preços, reanimando os fazendeiros do Estado de São Paulo a plantar mais cafeeiros, tanto assim que, de 1920 a 1928, no Estado de São Paulo foram plantados cerca de 700 milhões de pés. Os fazendeiros de Sertãozinho, na esperança da reabilitação dos cafeeiros danificados, continuaram a tratá-los, sem, entretanto, nunca apresentarem a mesma produção anterior.
Deve-se assinalar ainda no ciclo do café a importância das duas ferrovias, a Cia. Mogiana e Cia. Paulista, no desenvolvimento da economia de Sertãozinho. Constituindo a região do oeste paulista a mais fértil do Estado, essas duas Companhias porfiavam para estender seus trilhos até Ribeirão Preto, que era a cidade chave da região. Coube à Mogiana alcançar aquela cidade, enquanto que a Cia. Paulista atingiu Barrinha, na época pertencente a Sertãozinho. A Mogiana chegou em Sertãozinho em 1898. Constituíram essas duas ferrovias fator de progresso para o município, carreando para outros centros a sua colossal produção.
Enquanto os fazendeiros esperavam a restauração dos cafeeiros, se dedicaram a uma nova cultura e o município entrou numa fase ativa da plantação de algodão. A crise mundial de 1929, determinada pela superprodução e pela retração dos compradores, deu o golpe de graça na lavoura cafeeira do município de Sertãozinho.
As grandes fazendas se tornaram deficitárias o que motivou o loteamento da Fazenda São Martinho, Dumont e mesmo o Coronel Francisco Schimidt vendeu a maioria das que possuía.
A crise selava nessa época o desaparecimento, quase por completo, dos cafezais de Sertãozinho, hoje reduzidos a apenas 1 milhão e meio de pés.
As várias crises do café abriram possibilidade para a cultura da cana-de-açúcar. Antes de 1900 havia no município pequenas e esparsas plantações de canas, aproveitadas pelas engenhocas que se limitavam a fabricar aguardente e rapadura.
O baixo preço do café e da aguardente levou o vereador Aprígio de Araújo a isentar de imposto o primeiro engenho central que se instalasse no município.
Valendo-se dessa lei, o Coronel Francisco Schmidt instalou, a 6-8-1906, o Engenho Central, na década de 50 estava sediado no município de Pontal, porquanto Pontal foi desmembrado de Sertãozinho.
A primeira plantação de cana foi feita na Fazenda São Miguel, em que o Coronel Francisco Schmidt plantou 60 alqueires. Mais tarde nessa fazenda foi montada a Usina Albertina, cuja primeira safra foi realizada em 1906. Assim, o Coronel Francisco Schmidt é o precursor do atual ciclo econômico de Sertãozinho – o do açúcar.
Em 1917 a produção do açúcar alcançava 30.000 sacas. De então para cá, mais acentuadamente de 1930 a 35, a cultura da cana foi aumentando gradativamente e hoje Sertãozinho produz mais de 400.000 toneladas de cana que dão 650.000 sacas de açúcar. Mais de 4.000 alqueires são plantados em cana no município.
Sertãozinho teve os seguintes nomes: Capela, Nossa Senhora Aparecida do Sertãozinho, Aparecida do Sertãozinho e finalmente Sertãozinho.
Formação Judiciária: Antigo arraial de Nossa Senhora Aparecida do Sertãozinho, em Ribeirão Preto, foi elevada a freguesia pela Lei n° 31, de 10 de março de 1885.
A Lei n° 463, de 5 de dezembro de 1896, elevou o município a freguesia com a denominação de Aparecida do Sertãozinho.Como município, instalado a 21 de abril de 1897, foi criado com a freguesia de Aparecida do Sertãozinho.
Foram incorporados os distritos: Cruz das Posses, ex Santa Cruz das Posses, pela Lei n° 1093, de 18 de outubro de 1907; Pradópolis, pela Lei n° 1500, de 26 de setembro de 1916; Barrinha, pela Lei n° 2626, de 14 de janeiro de 1936.
Foram desmembrados: Pontal, pelo Decreto n° 6.915, de 23 de janeiro de 1935; Pradópolis, pelo Decreto n° 9.775, de 30 de novembro de 1938; Barrinha, pelo Decreto n° 2.456, de 30 de dezembro de 1953.
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Nome que remonta à antiga fazenda de “Sertãozinho”, cuja posse se efetuou, há quase um século, por desbravadores do sertão paulista.
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Dr. Antônio Furlan Júnior
Um médico muito conhecido na cidade de Sertãozinho, Dr. Antônio Furlan Júnior, teve seu busto eternizado neste monumento inaugurado em 5 de Dezembro de 1977. Dr Furlan, nasceu em Charqueada, município de Piracicaba em 5 de Outubro de 1893. Filho de Dona Joana Lotter Furlan e do Sr. Antonio Furlan, que foi o fundador da Vila de Charqueada. Aos 9 anos de idade, por motivo de saúde foi á Itália, onde permaneceu por 4 anos e fez o curso primário em Milão.Em Sertãozinho ele iniciou sua atividade clínica, dando começo a fase cirúrgica na cidade. Instalou a Casa de Saúde Santa Terezinha, prestando serviços relevantes a doentes não só de Sertãozinho como de alguns municípios visinhos.Foi eleito virias vezes vereador e exerceu também o cargo de Presidente da Câmara Municipal. Católico fervoroso e praticante foi um dos fundadores da Congregação Mariana de Sertãozinho e membro da Sociedade de São Vicente de Paula, prestando-lhe serviços médicos como Diretor Clínico do Ambulatório Médico-Farmacêutico que organizou e instalou na Casa Sede da Sociedade.Sempre fez parte do corpo médico da Santa Casa, onde prestava seus serviços gratuitamente. Dr. Furlan possuía uma vasta cultura e um espírito de incansável batalhador para as causas relacionadas à cidade de Sertãozinho e para o bem da sua coletividade. Por ocasião dos 50 anos do município, dirigiu e publicou, juntamente com inúmeros colaboradores, o "Documentário Histórico de Sertãozinho".
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