Saudações, migalheiros !
Aqui estou com mais uma história a ser observada por vocês, com mais vidas estampadas em suas telas e, com mais um diálogo entre nós, para sedimentar nossos laços. E, como em toda amizade sincera, essa conversa desperta comentários sem titubeios de ambos os lados. Isso é reconfortante no Mundo Louco, das coisas "sólidas" como isopor.
Falei tanto em História porque sou apaixonado por essa nossa inclinação de tentar eternizar os fatos, aprender com eles ou, quando muito, nada apreender, que é o que fazemos todos com mais freqüência.
Sou apaixonado pela Filha de Heródoto, mas não a vejo como casta e inatingível !
Penso que assim como nossas atitudes diárias devem ser o objeto de uma reflexão mais contundente, a História também deva ser tocada, observada e apreciada em seus polimorfos ângulos, até os mais insuspeitos.
Isso nem preciso dizer, pois essa sua revisão ocorre automaticamente, como se fosse uma condição de sua perenidade ou, ainda, um princípio de sua doutrina.
- Qual o motivo de todo esse rodeio, Pintassilgo? - já aventando sua impaciência, migalheiro.
Estou em Presidente Prudente ! Linda cidade que homenageia nosso 1º presidente civil !
Prudente de Morais, paulista, oriundo das oligarquias, enfrentou vários percalços em seu governo, sendo o mais famoso a Guerra de Canudos. Sua condução no caso citado foi por deveras exagerada, na medida da força dispensada e triste pela total ausência de compreensão do mundo sertanejo. Mas isso só foi possível afirmar após um olhar mais atento e clínico da História.
Alguns historiadores dizem que dormimos Império e acordamos República.
Mesmo que a população fosse totalmente excluída dos joguetes do Poder (terá mudado o Brasil tanto assim?) e a República fosse estabelecida por interesses não somente patrióticos, alguma coisa me diz que poderia ter sido melhor.
A res publica, instituída para "servir" ao povo, desde Roma era a paixão de pequenos grupos, que seriam acariciados por suas benesses.
Mas em tempos mais modernos e libertários, a República tornou-se sinônimo de "governo do povo", onde o bem coletivo seria o norte e com tenacidade chegaríamos à sociedade de respeito ao próximo e das liberdades. Enfim, o que mais um homem pode querer ? Para mim, mero pássaro, seria a glória.
Uma revisão mais apurada da História nos mostrou que poucos países conseguiram certo sucesso. E para nossa lamúria, infelizmente, não estamos neste grupo.
Nosso passado recente de descaso social deixou frutos não muito doces para os prudentinos.
A violência fez erguer presídios não somente na cidade, mas em toda região, deixando a sensação de desacerto que não sabem explicar.
Juízes, causídicos, promotores de Justiça, todos eles cercados de razão (e deixo claro, com o apoio deste pássaro), traçam o painel cheio dos equívocos administrativos cometidos por nossos "líderes".
Um cidadão prudentino, com uma humildade certeira e serena, pergunta no vídeo oferecido pela equipe Migalhas : "por que construir presídios e não escolas ?"
O povo está cansando de ver a mesma História.
Hoje nossa República mais parece aquelas dos primórdios do sistema: elitista, subserviente aos interesses particulares e de "amigos", excludente, fraca, refém de interesseiros, sejam nacionais ou estrangeiros.
Aqui em Presidente Prudente vejo a massa dividida : a população, apavorada e desmotivada ; os seus representantes combativos e tenazes e a outra parte, trancafiada, porque são mesmo torpes ou porque levados a torpeza... nunca iremos saber.
Eis o retrato, senhor Presidente.
Resta saber o que faremos agora com o resto de nossa História.