Nessas minhas peregrinações são muitas as coisas que têm me fascinado. Nunca é tarde demais para aprender, pois, para sermos sinceros, nada sabemos. A vida é marota, tem a maneira imprevisível de dizer que ainda não é o fim, seja de nosso aprendizado, seja de seu próprio término.
Digo isso porque cada vez mais me convenço que o acaso é invenção. Em diversas cidades vi que os nomes dados aos lugarejos se casam perfeitamente com a realidade.
Disse-me certa vez uma Professora (saudosa palavra, "professora" - terá ela conhecido seu fim?) a este pássaro : nome é uma coisa muito séria. Ele nos dá o primeiro significado de tudo o que somos.
E, agora, eis que estou em Mococa. Na tradução do indígena para os dizeres de nossa "Flor do Lácio", que dizer "Casa pequena".
Pois a cidade segue sua vida, no ritmo cantado pelo mineiro Drummond : a charrete segue, o cachorro segue...
Apesar de encravada no Estado bandeirante, ela traz das montanhas das Gerais, que vizinhas deitam seu charme remansoso, o sossego e o ritmo tranqüilo, de intervalos longos...
E quando vou ao Fórum vejo que a Casa está em reformas. Quem já realizou reformas bem sabe : é muito mais trabalhoso e penoso rearranjar do que erguer, edificar. Por estarmos dentro de tudo, as alterações tornam-se incômodas, e nos causam transtorno.
Porém, todo sacrifício é válido e necessário para que dali se erga o novo, o aprazível, o útil e satisfatório.
Para fazer parir o novo, nenhuma reforma deve ser suave, sob pena de, sendo branda, em nada acrescentar. Reformas são radicais, que o diga Martim Lutero.
Assim, paliativos devem sem encarados como vitória da morosidade. Um provérbio bíblico ensina: "olha pelo governo da sua casa, e não come o pão da preguiça". No caso, a preguiça no sentido de indolência, amigos migalheiros.
Se Mococa está se movendo para melhor atender, devemos ficar felizes. Quisera nosso Judiciário sofresse, de fato, uma verdadeira Reforma.
Quisera nossa Casa onde a Justiça aponta sua espada estivesse sendo toda retocada, como tantos migalheiros pedem ! Alguns até roucos de tanto soltar a voz, outros com dedos esfolados de tanto dialogar digitalmente com este pequeno pássaro.
Mas muitos na Casa se sentem incomodados com a mudança ! Preferem um simples arranjar de coisas : um deslocamento de um móvel qualquer ali, uma escrivaninha aqui, e pronto, feita a mudança. Não, a Casa é carente (e merece) de novos espaços, novas cores, novos setores e, principalmente, de novas idéias !
Este ano novamente serão prometidas reformas. Afinal, se a promessa for deixar a Casa como está, o que irá cair será a casa do candidato.
Que a reforma total é necessária todos sabemos, ninguém aqui é uma parede.
Eta vida besta, meu Deus!
Remexendo em meu indefectível embornal, que também tem lá nos escaninhos suas filosofias, encontro um provérbio chinês, para pensarmos e iniciarmos bem a última semana do terceiro mês deste bom ano de dois mil e seis : "Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa."