De manhãzinha perambulo velozmente pelos céus do Estado (o amantíssimo Diretor enviou a pomba amiga com a mensagem: 'degustes a poesia e igualmente lavra !') e ao sair da capital, desejando mostrar serviço, decidi por um itinerário extremo : o lado Oeste de São Paulo.
Sobrevôo agora Presidente Epitácio. Depois de bater meu costumeiro papo com os adoradores da terra (os nativos que a amam) desço diretamente no Fórum.
E ao sair, uma história me veio à cabeça.
Na Segunda Guerra Mundial, passagem do século passado riquíssima em personagens, tragédias, horrores e heroísmo, uma história sempre me chama a atenção. É o cerco à cidade russa de Stalingrado (hoje São Petersburgo). A batalha é considerada um dos momentos chave daquele conflito mundial.
Tentando tomar os poços de petróleo da antiga União Soviética, os alemães se depararam com resistência nessa cidade, de vocação industrial. Os soviéticos, em desvantagem em logística (de tecnologia e armamentos) lutavam como podiam. Meio que acompanhados somente à distância pelos burocratas do Partido Comunista, recebendo comunicados "encorajadores" de Stalin, os soldados eram cobrados intensamente por resultados, numa luta em que tinham de dar mais de si, de corpo e alma, do que depender dos aparatos.
Longe da capital Moscou, Stalingrado resistiu como pôde, até conseguir a vitória. Hoje é cantada em filmes, homenagens em diversas mídias, por ter dado mostras de pertinácia e desejo pela vitória.
Não sou amante da beligerância, sou apaixonado pela humanidade ; porém o resistir daquele povo, mesmo com parcos recursos, é inspirador.
Por que devaneio sobre isso, Meu bom Jesus ?
Simples. Porque estou admirado com a resistência dos causídicos e da nobre magistrada que atua na comarca.
O representante dos nobres causídicos, o Dr. Carlos Roberto Rossato, diz que (os burocratas distantes) vêem Presidente Epitácio como a saída do Estado. Há uma sensação de distância do poder central, tal qual na cidade russa, onde se decidiu o destino da guerra.
As colocações da Exma. Dra. Érika Dalaruvera de Moraes Almeida, magistrada que acumula a responsabilidade de sentenciar nos feitos de duas Varas, são mais que pertinentes. Há, por detrás de seus dizeres, a vontade genuína de se fazer um bom e eficiente atendimento ao povo. E há, como na cidade russa, o desejo de vencer as adversidades.
Esses exemplos de estoicidade me fizeram pensar na resistência de Stalingrado, onde foi decidida a sorte de muitos, assim como deve acontecer no Fórum de Presidente Epitácio.
Mas calma, migalheiros. Não digo que nosso Judiciário é semelhante ao triste conflito mundial, encerrado em 1945. Não é o caso de se criar tamanha hipérbole, e no mínimo seria um desatino.
Como disse, o que me inspira é a capacidade do ser humano em superar as adversidades ! No caso de Presidente Epitácio, além da falta de logística, habitual aos nossos olhos, existe a distância geográfica, mãe de um certo descaso.
Se todos os anseios fossem atendidos, não precisaríamos da perseverança dos causídicos nem do hercúleo esforço da Dra. Érika, tânagra e pulcra (contendo-me forçadamente nos panegíricos, pois, cá entre nós, pássaro também é gente).
Creio que nem eles desejariam tanto heroísmo. O que desejam é a simples (seria possível atender ?) condição de exercer, da melhor maneira possível, seus ofícios.
Se já o fazem bem nestes termos, imaginem o que fariam nas condições ideais.
Coragem! Creio que assim, como em Stalingrado, a vitória não tardará, amigos. Amigos, amigos que deixo agora em Presidente Epitácio.