dr. Pintassilgo

Marília

Denominações Anteriores: Alto Cafezal, Lácio.

Fundadores: Antônio Pereira da Silva, José Pereira da Silva, Galdino Alfredo de Almeida, Elisário Barbosa.

Data da Fundação: Ano de 1923.

Em meados do século XIX, Botucatu e Lençóis eram os pontos conhecidos do Sudoeste paulista. O primeiro possuidor de terras, a oeste da então vila de Botucatu, foi o mineiro de Pouso Alegre, José Teodoro de Sousa, que em 31 de março de 1856 fez de acordo com a lei em vigor a declaração necessária à legitimação da posse, afirmando que a mesma se realizara em 1847, ficando assim proprietário só nesse trato de terras, de uma área de mais de 60 quilômetros de testada por 150 de fundos. Legalmente dono das imensas e férteis terras, tratou José Teodoro de Sousa de povoá-las. Entre os desbravadores achavam-se João Antônio de Morais e Francisco de Paula Morais, afoitos e intrépidos sertanejos, foram, pelas circunstâncias acima descritas, os segundos possuidores das terras vertentes do rio do Peixe, onde, hoje, se localizam a cidade e o município de Marília. Ambos iniciaram a venda de glebas, conforme pretendiam, até que a área se esgotasse. Entre os compradores, ressaltaram-se Emílio José da Piedade e Augusto César da Piedade que formaram a Fazenda da Piedade do Rio Peixe, conforme escrituras feitas em 25 de maio, 10 de julho e 4 de agosto de 1882, em partes ulteriormente pertencentes a diversas outras pessoas, terras essas que constituíram o patrimônio da Companhia Pecuária e Agrícola de Campos Novos, organizada em maio de 1914 e avaliadas à razão de 25$000 o alqueire paulista.

Já anteriormente, em 1905, a Comissão Geográfica e Geológica do Estado fez o levantamento do vale do rio do Peixe, da foz do ribeirão Alegre até o rio Paraná, mais ou menos. Na altura do ribeirão Bonfim, abriu a Comissão uma picada, rumo noroeste, para o espigão divisor das águas dos rios e do Peixe e Feio. Foi a primeira entrada em terras do Município. A Comissão silvícolas, nas cabeceiras do ribeirão Pomba, no atual perímetro urbano da cidade. Eram os índios Coroados, Mais ou menos em 1913, construído já um trecho da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, o governo do Estado encarregou o coronel Antonio Carlos Ferraz de Sales de abrir um picadão de 147 quilometros, partindo da estação de Presidente Pena, hoje Cafelândia, no Noroeste, indo até Platina. Nesse tempo, a Sorocabana ainda estava longe, razão por que o ponto terminal do picadão ficou em Platina, ao invés de ir ate uma estação da estrada de ferro. Passava ele junto da antiga olaria do patrimônio de Marília. Cortava o espião e seguia para atravessar o rio do Peixe. Esse picadão foi o maior fator de desbravamento da região. Ao abrir o coronel Ferraz Sales o picadão mencionado, teve a idéia de chamar o seu amigo Dr. Cincinato César da Silva Braga e mostrou-lhe as ricas terras que margeavam o picadão, aconselhando-o comprá-las, o que ele fez, adquirindo 3.600 alqueires, que, anos depois, vendeu ao Sr. Bento de Abreu Sampaio Vidal e filhos.

As terras denominadas Cincinatina, que foram vendidas ao senhor Bento de Abreu Sampaio Vidal, abrangiam 21 quilômetros de extensão, confrontando pelo espigão divisor das águas do rios Feio e Peixe, onde se localizam, hoje, as estações de Lácio, Marília e Padre Nóbrega. Para assegurar a posse contra os invasores, o senhor Cincinato Braga mandou plantar 10.000 pés de café no espigão, nas proximidades da atual avenida Sampaio Vidal, iniciando, com essa medida, o ciclo propriamente dito da cultura que seria a causa principal do desenvolvimento da região. A Companhia Paulista de Estradas de Ferro, nesse tempo, em Piratininga, alonga as vistas para o ponto onde a civilização despertava, num desejo de expansão e, no local onde, na década de 50, se ergue a cidade, planta, em 1916, o marco que deveria atingir 12 anos depois. A Companhia Pecuária e Agrícola de Campos Novos ampliou a venda de suas vastas terras e, com picadas, foi dando acesso à região. Em 1922, o início do avançamento da Paulista, de Piratininga, no sentido do traçado de 1916, apressou, ainda mais, o povoamento.

Na direção do ramal, à espera dos trilhos, foram surgindo os primeiros núcleos populacionais. Dos dois lados da linha férrea em perspectiva, floresciam exuberantes cafezais. As grandes glebas primitivas das primeiras posses foram loteadas e vendidas, em subdivisões sucessivas. Alfluem das orlas gastas da Mogiana, Sorocabana, Paulista Norte de São Paulo e dos outros estados da União, levas e levas de imigrantes alienígenas, sobretudo japonês, italianos, espanhóis e sírios, fazendo com que todos os indícios pressagiassem o aparecimento de uma grande cidade, Marília. Em 1923, o lusitano Antônio Pereira da Silva e seu filho José Pereira da Silva adquiriram 53 alqueires do Major Elezeário de Camargo Barbosa, em terra da antiga Companhia Pecuária e Agrícola de Campos Novos. Nessa gleba, marcou o patrimônio do Alto Cafezal, iniciando a venda de datas. Ao lado do Alto do Cafezal, floresceu, paralelamente o patrimônio da Vila Barbosa, aberto pelo senhor Vasques Carrión. Aos 3 de agosto de 1926, pelo presidente Carlos de Campos, foi criado o Distrito Policial de Alto Cafezal, no município de Campos Novos e Comarca de Assis. Logo em seguida, surge um terceiro patrimônio, no lugar onde ficava o velho cafezal do espigão, para as vertentes do Cincinatina, limítrofe do Alto Cafezal. Mais ou menos no ano de 1925, o senhor Bento de Abreu Sampaio Vidal deliberou a abertura do referido patrimônio, confiando o traçado ao engenheiro Dr. Durval de Meneses.

O mesmo progresso que animava o Alto Cafezal e a Vila Barbosa, empolgou, de pronto, o novo núcleo concorrendo o fundador, com o seu prestígio e a sua inteligência, para que ele se desenvolvesse com maior impulso. Cedeu gratuitamente terras para as instalações da Companhia Paulista de Estradas de Ferro que se aproximava. Em 22 de dezembro de 1926, o novo patrimônio foi elevado a distrito de paz, com o nome de Lácio, e integrando no município e comarca de Cafelândia. Em 3 de dezembro de 1928, chega a Marília o primeiro trem de passageiros da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, inaugurando-se a estação.

A Lei 2320 de 24 de dezembro de 1928, resultando do trabalho e iniciativa do senhor Bento de Abreu Sampaio Vidal, criava o município do Marília, com território desmembrado dos de Cafelândia e Campos Novos Paulista e elevou a sede municipal à categoria de cidade, verificando-se sua instalação em 4 de abril de 1929. Em 15 de junho de 1929, o senhor bispo de Botucatu, D. Carlos Duarte Costa, criava a paróquia de São Bento de Marília. A comarca de Marília foi criada pelo Decreto n° 5956, de 27 de junho de 1933, sendo o único termo judiciário da comarca de Marília formado pelos municípios de Marília e Vera Cruz. Por força do Decreto-lei estadual n° 13.334, de 30 de novembro de 1944, o município de Oriente foi anexado a termo judiciário da comarca de Marília e em síntese, Marília nasceu da incorporação de três patrimônios: Alto Cafezal, Vila Barbosa e Marilia.

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  • Origem do nome

A partir de Piratininga, a Paulista vinha dando nomes das estações em ordem alfabética, na seguinte ordem: América, Brasília, Cabrália, Duartina, Esmeralda, Fernão Dias, Gália, Hespéria, Jafa, Kentukiua e Lácio. A letra “M” caberia à nova estação. A ferrovia propôs vários nomes: Maratona, Macau e Mogúncia. Entretanto, o senhor Bento de Abreu Sampaio Vidal, viajando para a Europa, a bordo do navio italiano “Giulio Cesare”, encontrou na biblioteca do mencionado barco o livro “Marília de Dirceu”, famoso poema de Thomaz Gonzaga. Nenhum nome pareceu-lhe mais oportuno. De bordo mesmo, despachou correspondência para a direção da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sugerindo o nome de batismo da nova estação, que seria futura cidade, o qual foi aceito entusiasticamente. Assim, nascia Marília, na zona Pioneira bandeirante.

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  • Personagens

Sebastião Carvalho Leme

Sebastião Carvalho Leme, conhecido como o inventor da máquina que registra fotos em 360º, patenteado sob o Nº 99.271 no "Departamento Nacional da Propriedade Industrial" em 26 de novembro de 1957, mora em Marília. Sebastião trabalhou como diretor do Departamento Fotográfico da Companhia Cinematográfica Vera Cruz na década de 50 e já fez diversas exposições pelo Brasil com as imagens produzidas pelo seu invento, e muito premiado em concursos fotográficos diversos. Foi o Fundador do "Foto Clube de Marília" e participou ativamente da Comissão de Registros Históricos da Cidade de Marília e da União dos Treze. Também ministrou cursos no Clube de Cinema de Marília.

MÁQUINA FOTOGRÁFICA 360º

Em 1957 um empresário solicitou uma fotografia de seus prédios em uma confluência de 3 esquinas e o seu interesse era mostrar o conjunto dos prédios em uma só foto, o que necessariamente teria de ser em 360º. Usando uma Rolleiflex com cabeça panorâmica foram tirados 10 negativos que, ampliados e montados, resultaram numa foto com 360º.

Daí surgiu o desafio: Por que não tirar num só negativo uma foto 360 graus? Leme pôs este desafio na "agenda" de sua mente e passou a cogitar uma solução. O embrião de uma idéia surgiu. Numa latinha de massa de tomate instalou uma objetiva, um dispositivo interno que é o princípio da invenção e um pedaço de filme fixo dentro da lata.

Com a mão fez girar a objetiva, fazendo, assim, o primeiro teste para sentir as possibilidades. Este teste foi feito em frente ao Senai. Revelando o filme foi comprovada, precariamente, a possibilidade de se tirar fotos em 360º. Feito o primeiro protótipo, já mecanizado, veio a confirmação.

Foram feitos 3 protótipos que consumiu cerca de um ano de aperfeiçoamento. Neste ínterim, certo de ter conseguido a solução para tirar fotos com 360º, Leme providenciou o processo de patente que tramitou durante alguns anos no Departamento Nacional da Propriedade Industrial, tempo em que são pesquisadas a viabilidade do sistema e a existência de similares.

Cerca de 20 anos após a concessão da patente surgiu nos Estados Unidos um sistema similar, sem contudo, o dispositivo interno acima referido.

A máquina esteve inativa durante 15 anos. No final de 1997 foi reativada e aperfeiçoada, passando, novamente, a ser usada. "O não aproveitamento industrial da invenção é outra história, muito comprida, que não dá para abordar aqui".

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  • Locais históricos

A estação de Marília foi aberta como ponta de linha do então Ramal de Agudos no final de 1928. A estação deveria ter a letra "M", no alfabeto da Paulista. Quem sugeriu o nome da estação não foi o diretor da Cia. Paulista, Adolfo Pinto, que havia indicado Marathona, Macau e Mogúncia, mas sim o então deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal, que possuía muitas terras na região que não gostou dos nomes e, numa viagem de navio à Europa, lendo o livro "Marília de Dirceu", de Thomáz Antônio Gonzaga, teve a idéia de sugerir o nome de Marília, que foi prontamente aceito. Já existia lá então uma vila, chamada de Alto Cafezal. A partir de 1941, passou a fazer parte do tronco oeste da Paulista. A cidade cresceu muito, e hoje é a principal cidade da região que vai dali até o rio Paraná. O prédio original foi substituído pelo atual em 1955.

Histórico da linha: O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros, a partir de novembro de 1998 operados pela Ferroban, seguiram trafegando pela linha precariamente até 15 de março de 2001, quando foram suprimidos.

Igreja Tenrikio

Instalada por Sumi Nozaki, uma imigrante de Kyoto. A igreja possui instrumentos musicais raros como: Shamissen "Koto Kikio" e "Tsutsumi", além de vestiários típicos considerados de grande valor religioso. No templo possui um Buda de Ouro.

Igreja "Shinshu Hongaji"

Possui um belíssimo altar folheado a ouro; veio do Japão.

Igreja Budista "Hompa Honganji Kiokai"

Tem a finalidade de praticar atividades religiosas e festivais folclóricos.

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  • Curiosidades

27 marilienses se juntaram ao Exército Brasileiro durante a Grande Guerra na Itália partindo em 2 de julho de 1944, regressando todos em 16 de julho de 1945. Os marilienses mostraram bravura, mas um deles se destacou – Cabo Marcílio Luís Pinto, que recebeu a medalha “Silver Star”, por ato de bravura, concedida pelo Exército Americano, através do General Mark Clark. Os demais foram agraciados com medalha da Cruz de Combate de Segunda Classe.

O primeiro Diretor da Santa Casa de Marília foi o médico Carlos de Moraes Barros, neto do então Presidente da República Federativa do Brasil, Prudente de Moraes. Quem o contratou foi Bento de Abreu Sampaio Vidal.

O primeiro caixa eletrônico do Brasil foi instalado em Marília pelo Banco Bradesco.

A primeira fotografia em 360º foi tirada em Marília, com a câmera inventada pelo fotógrafo mariliense Sebastião Leme.

Um dos destaques do Livro dos Records é a Vó Nena, a pessoa mais velha a saltar de pára-quedas

Tetsuo Okamoto – 1ª medalha Olímpica em Natação - 1952

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