Migalheiros, permitam-me convidar a vocês para tomar um cafezinho. Esse acanhado convite de minha parte, na verdade é a senha para o diálogo, seja ele crucial, sério ou mesmo para jogar conversa fora, usadas milhares de vezes ao dia, nos intervalos de repartições ou empresas, nos lares abertos às visitas (sejam elas.benquistas ou não).
Os prezados migalheiros têm alguma preferência ?
Venham comigo saborear um café cremoso, daquele encorpado que toma nosso paladar de pronto. Entrem comigo em Cafelândia, a "Terra do Café".
Traduzindo ao pé da letra, o sufixo "lândia" é a nossa resposta portuguesa ao land inglês, este mais inclinado ao chá das cinco do que ao café.
Por ter sido rodeada pelo que foi muito tempo nosso símbolo internacional, eis o nome direto e simples. Ah, se todas as coisas fossem simples e diretas ! Teríamos menos dissabores, iguais ao café que passou do ponto.
Vamos seguindo nosso cafezinho. Está bom ?
Talvez qual um café coado mais de uma vez, os amigos (como sou atrevido ! permitem-me chamar-lhes assim ? ) perceberam nestes nossos encontros um certo desconforto, pelo fato de os problemas se repetirem em cada paragem !
Mas, ora, aí que está o fio da meada ! Assistimos a tudo e ficamos parados como um pé de café !
Sei que este tópico pode ser tão inquietante, como a azia cortante depois de um cafezinho, mas é necessário.
Homens do direito, eis a hora de apostarmos na colheita, lavrarmos com alma. Não sossegarmos parrudos e conformados, esperando que o governo nos compre as sacas.
Nós temos as letras nas mãos e as palavras mágicas no céu da boca, coisas estas que nossos irmãos brasileiros não têm ! Os irmãos que plantam, que colhem, transportam, carregam os fardos até os portos. Esses não têm a norma culta que pode mexer o poder ! Para eles, nada de doutrinas e teorias.
O café que tomamos agora é...deveras amargo. Em Cafelândia, não puder olhar dentro do bule, vislumbrar dentro da Casa.
Os causídicos daqui não têm a condição de apreciar o café coado e servido nos Fóruns e nos Tribunais na capital. Eles estão distantes. Longe, longe, como é longínquo o tempo em que o café a tudo dominava.
Aceita mais uma xícara desse café? Certamente que não o quer.
Tenho certeza de que prefere o feito na hora, com carinho, coado com esmero. Coisa que parece fácil, mas nunca um café é igual a outro.
Então, que tal fazermos agora? Vamos servir um Direito encorpado, feito dos melhores grãos, selecionados entre muitos milhares. Como disse, nem todos são iguais.
Assim, despeço-me da Terra do Café com mais vontade ainda de servir a muitos. Oferecer de bandeja minha solidariedade e meu empenho, ainda que para alguns, meu café esteja requentado.
Mesmo assim, é nosso.