dr. Pintassilgo

Cravinhos

Data da Fundação: Ano de 1876.

Município: O município foi criado pela mesma lei e na mesma data.

A fundação de Cravinhos deve-se a alguns membros da família Pereira Barreto que, atraídos pela fertilidade do solo, a esta região chegaram com o propósito de formar plantações de café. Fato este ocorrido em princípios de 1876.

O doutor Luiz Pereira Barreto foi o primeiro membro de uma família de cafeicultores a procurar outros locais para a aplicação de seus conhecimentos na lavoura. Depois de algumas pesquisas, deixou o estado do Rio de Janeiro e veio para São Paulo para residir em Jacareí. Os demais membros tentaram por algum tempo ainda a permanecer na então mais rica região cafeicultora do Brasil, onde possuíam ricas e grandes propriedades no munícipio de Rezende, sua terra natal.

Com as infrutíferas tentativas de reanimar os cafezais e aumentar a sua decadente produção, a exemplo de Luiz, os demais membros dessa tradicional família começaram a pensar em outro local para as suas atividades agrícolas. Ouviram então dizer que no oeste do estado de São Paulo, havia terras de melhor qualidade que aquelas com que sempre trabalharam. Despertaram para os fatos, e para compravar as informações, prepararam uma caravana para chegar ao chamado sertão paulista, para depois, possívelmente, transferirem-se para a região.

A iniciativa foi do irmão mais velho do Dr. Luiz, o Coronel José Pereira Barreto, que com seus irmãos, filhos e sobrinhos, seguiram inicialmente por via férrea, através da D.Pedro II, indo até o seu final, na cidade de Cachoeira, já no estado de São Paulo. Desse ponto, com escravos-pagens e pesados cargueiros, seguiram por estradas de rodagem até Jacareí, para em companhia do Dr. Luiz Pereira Barreto, seguirem para o oeste de São Paulo, para reconhecerem de perto a já famosa terra roxa, especial para o cultivo do café.

A caravana deixou Jacareí em uma caminhada pelo Verde Vale do Paraíba, entrou no estado de Minas Gerais, escalando as ramificações da Serra da Mantiqueira, chegando em Camanducaia, para na etapa seguinte aportar em Espírito Santo do Pinhal, já novamente em território paulista. Então seguiram pela velha estrada real de Campinas e, os meados de fevereiro do mesmo ano, chegaram a Casa Branca, local que serviria de ponto de observação.

Em casa Branca conheceram propriedades que contando apenas 60.000 (sessenta mil) pés de café, davam 18.000 (dezoito mil) arrobas da rubiácea. Fato que na época, e, principalmente para os Pereira Barreto, era extraordinário, pois nem em terras férteis do Rio de Janeiro, no auge de sua produtividade, produziam tanto assim.

Souberam, então, os Pereira Barreto sobre a região de Ribeirão Preto, ainda em matas virgens, onde já despontavam pequenos cafezais que faziam verdadeiros milagres, produzindo por mil pés, de quatrocentas à quinhentas arrobas. Isto há algumas léguas do sertão adentro.

Deixaram, então, Casa Branca, seguiram até a cidade de São Simão, onde já surgiam as exuberantes plantações de café, iniciadas em 1872. Seguiram pela antiga estrada que serpenteava até a cidade de Ribeirão Preto, passaram pela fazenda Cravinhos, com uma extensão de 800 (oitocentos) alqueires de terras roxas de primeira ordem. Inegavelmente, eram as melhores terras por eles já percorridas. Essa propriedade foi adquirida pela Família Pereira Barreto por R$ 600$000 (seiscentos mil réis). A concretização do negócio foi efetuada na cidade de Franca, onde passou-se o talão de sisa, pois, Ribeirão Preto, na época, apesar de ser sede de município, ainda não possuía coletoria, fato que, por força da lei o deixava apenas como distrito de Paz.

Mais tarde, com o trabalho de 60 (sessenta) escravos, foram erguidos os primeiros prédios e abertas as primeiras estradas, começando aí a grande peregrinação para as terras roxas do já afamado Cravinhos.

Assim nascia Cravinhos, cujo o ano de fundação foi estipulado como 1876, pela lei 27/25, de 09 de outubro de 1975.

Em 1880, com a abertura das estradas de rodagem, ligando as Fazendas Boa Esperança a Chumborazo (na década de 50, São Francisco e Santo André, respectivamente), grande foi a influência de pessoas que chegaram àquelas paragens, para o plantio do café.

Como só ia acontecer com a maioria das cidades brasileiras, a chegada dos trilhos da estrada de ferro é fator decisivo de progresso. Tal aconteceu com a região de Cravinhos.

Em 1883, três anos após a chegada de Santos Lopes, engenheiro da Cia. Mogiana de Estrada de Ferro, os habitantes locais viram chegar a primeira locomotiva. Estava, pois, Cravinhos diretamente ligada à Capital do Estado. Nesta ocasião chega ao pequeno povoado Francisco Rodrigues dos Santos Bomfim. Cuidou logo da construção de várias casas, chegando mesmo a formar uma rua inteira, que até a década de 50 conservava o seu nome, Bonfim.

Em 1887 foi iniciada a construção de uma Igreja, sob a égide de São José do Bonfim (na década de 50, São Benedito), por iniciativa de Santos Bonfim.

Além dos Pereira Barreto, João Evangelista Nogueira e José Alves Guimarães Júnior muito contribuíram para o desenvolvimento e progresso de Cravinhos.

Pela Lei 125, de 27 de abril de 1893, Cravinhos foi elevada a Distrito de Paz. Pela Lei 551 de 22 de julho de 1897 passou à categoria de Município.

A Câmara Municipal de Cravinhos surgiu em 30 de Janeiro de 1898 às quatro horas da tarde em sessão, sob a presidência do cidadão José Ferraz de Carvalho, vereador mais velho entre os demais.

O prédio da Câmara Municipal se localizava na esquina da rua Tiradentes com a rua Cerqueira César , é o mesmo onde funcionava o Grupo Escolar João Nogueira. Edifício amplo, com jardim em sua entrada e sala de espera com cadeiras e mesas para escrever, sala de sessão e um corredor que ligava ao gabinete do prefeito, prestando assim um bom atendimento a todos.

A Câmara hoje está localiza na rua Tirandentes, 263 no centro da cidade, com estrutura mais moderna e informatizada.

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  • Origem do Nome

CRAVINHOS = Pequenos cravos.

Era antigamente, hábito dos primeiros moradores de paragens brasileiras, notadamente dos mineiros, dar ao local em que aportavam, o nome de mudas de flores ou árvores, especialmente frutíferas, que nelas existissem abundantemente.

Quando os Pereira Barreto chegaram em Cravinhos e adquiriram suas primeiras glebas de terra, não cogitaram de indagar o motivo porque o local era denominado "Cravinhos".

Passados anos, porém, sendo interpelados a esses respeito não hesitaram em responder que a origem do nome Cravinhos lembrava, a grande quantidade de "cravinhas" (cravos pequenos), como chamavam, existentes nas imediações das moradas dos que aqui residiam.

Contestados por afirmativas de que esse nome deveria ser oriundo da corruptela escravinhos, que diziam existir nas referidas terras; os mesmos Pereira Barreto limitavam-se a dizer que não haviam escravos nas terras por eles compradas, derrubando assim tal hipótese quando levantada.

Alegam, porém, alguns historiadores, que antes dos Pereira Barreto já aqui existiam pequenas lavouras cuidadas por escravos. Daí o fato de chamar-se Cravinhos o município. Entretanto não há provas concretas da existência desses escravos; atribui-se, então, a origem do nome às pequenas flores que existiam naturalmente enfeitando as frentes das casas de seus primeiros habitantes e que eram chamadas cravinhas.

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  • Personagens

Doutor Luiz Pereira Barreto

Fluminense recentemente formado em medicina na Bélgica, foi o primeiro membro de uma família de cafeicultores a procurar outros locais para a aplicação de seus conhecimentos na lavoura. Depois de algumas pesquisas, deixou o estado do Rio de Janeiro e veio para São Paulo para residir em Jacareí.



Francisco Rodrigues dos Santos Bomfim

Nasceu na cidade do Porto em Portugal, em 8 de maio de 1849, filho de Manoel Rodrigues dos Santos e de Rita Margarida da Silva. No Brasil, estabeleceu residência a princípio na cidade de Resende – RJ, onde desenvolveu atividades como pequeno comerciante. Posteriormente transferiu-se para São Simão e por volta de 1886 para Cravinhos (região de Ribeirão Preto), onde tornou-se rico proprietário de terras e comerciante. Foi proprietário das seguintes fazendas: Limoeiro (São Simão), Bonfim (Cravinhos), Sapecado, Jardim, Santa Luzia, Boa Esperança, Santa Silvéria, Brasil e Fazendinha Bonfim. Considerado o fundador de Bonfim Paulista, doou a Paróquia 10.000 metros quadrados para a construção da Capela do Senhor Bom Jesus do Bonfim, fundada em 1894, 1 alqueire para construção do cemitério e ½ alqueire para a construção da Estação Ferroviária (depoimento de sua neta Isabel Felix Bonfim Alagão). Em 1894, doou para a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro um lote de terra para a construção de um viaduto para a passagem de trem. Em 2 de junho de 1898, faleceu na cidade de Cravinhos, vítima de um atentado. Deixou os seguintes filhos: Simeão, Urbano, Ubalda e Domingas, todavia seus descendentes se reportam a existência de um total de 11 filhos, entre os quais Gregória Bonfim (filha de Jacinta Tereza de Jesus). Domingas se casou em Ribeirão Preto com Julio Pedro Pontes, que também trouxe melhorias para Cravinhos.






José Ferraz de Carvalho


Vereador que presidiu a sessão em que surgiu a Câmara Municipal de Cravinhos, em 30 de Janeiro de 1898.




 

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  • Locais históricos










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  • Curiosidade

A TERRA ROXA*

Transcrição dos artigos publicados no jornal "A Província de São Paulo", nos dias: 2,3,5,6,7,8 e 10 de dezembro de 1876,pelo ilustre resendense,Dr.Luiz Pereira Barretto, que antecedeu de alguns anos a derrocada plena dos cafezais fluminenses e apregoava que um novo ciclo cafeeiro estava nascendo nas terras roxas encaracoladas do "Oeste" paulista. Com a precisão de um sismógrafo,pressentiu e anunciou em uma série de ar-tigos publicados sob o título de "A Terra Roxa", que vislumbrava a calamidade iminente da lavoura cafeeira fluminense, em estado potencial e apontava S.Paulo como a tábua da salvação pública."

A Província do Rio de Janeiro - dizia ele - todos o sabem, manifestou um rápido desenvolvimento material e mental,e tornou-se em pouco tempo a primeira dentre as principais províncias do império.Entretanto, não se precisa ser profeta para se avançar sem receio de errar,que os seus dias estão contados e que o mais sombrio prospecto de futuro já a ameaça e a domina efetivamente."Grande,como natural,era o prestígio do culto e bondoso cidadão junto à sua originária "grei",quando pela imprensa dava ele conta das suas impressões sobre as "terras roxas" que visitara, sobre a rara fertilidade delas ,sobretudo para a cultura do café, ali então apenas embrionária, foi o começo do êxodo por parte dos cafeicultores daquele recanto a sudeste da Mantiqueira, onde ,como aliás algures, ecoava forte a voz do ilustre patrício. Despovoavam-se, Resende,Barra Mansa, Queluz, S.José do Barreiro, Silveiras,Bananal e terras adjacentes. Resende sobretudo. As lavouras de café e de cana de açucar, produziram a riqueza, mas haviam decaído definitivamente.

Os grandes capitais acumulados, não se renovavam mais nas lavouras e a geração contemporânea e a seguinte estavam condenadas a viver das economias dos seus predecessores. E sobre a ubérrima terra roxa do "Oeste"paulista, dizia ele - "É na constituição física e na espessa camada do terreno roxo que reside o segredo da sua uberdade e toda a garantia da província de São Paulo. E explica:é ela que determina o estado granuloso, pulverulento, encaracolado, do terreno roxo, e que o faz mole, logo permeável e perfeitamente esponjóide.É este estado esponjoso e não a suavidade dos lançantes dos chapadões, que explica o alto poder higrométrico da terra roxa, a sua fácil embebição pelas águas pluviais e a absorção completa e imediata das águas de chuva, que nos dá a razão do fato de não haver aí essas pavorosas enxurradas que em outros lugares, destituem em breve tempo a terra de suas funções fitogênicas.

"Contudo, meu intuito é resgatar a memória deste que foi uma das mais ilustres e inteligentes personalidades da nossa intelectualidade científica. Seus artigos nos jornais: "A Província de São Paulo" e "O Estado de São Paulo", durante 36 anos, marcaram época e iluminam em muitas ocasiões, os caminhos e rumos de nossa sociedade, até então dominada pelos literatos e publicitas, em detrimento de nosso desenvolvimento científico e tecnológico.

*A Terra Roxa - "A Província de São Paulo"- 2/12/1876

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Hino

Letra de Francisco Gomes

Música de Euclides Ferreira

(Piano: Maurício Funcia de Bonis)

Minha terra tão formosa,

Cheia de tantos encantos,

Onde a infância descuidosa

Vivi sem dores nem prantos!

Cravinhos, linda terra

De pujantes cafezais,

Quase se perdem no horizonte

Como imensos matagais!

As manhãs de minha terra,

Farta de luz, de perfume,

Como nenhuma outra encerra,

Bem podem cantar os numes!

E as noites enluaradas,

De um céu coalhado de estrelas

Tais como contos de fadas,

Nunca mais hei de esquecê-las!

Oh! Meu Cravinhos querido!

Tão meigo, belo torrão!

Oh! Recanto estremecido

Que guardo em meu coração!...


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