O primeiro entrante das terras onde hoje se situa o município de Jaboticabal deve ter sido João Rodrigues de Lima, e por volta 1809.
Sendo suas aquelas terras pela posse primeira, ele as vende para João Pinto Ferreira. Na escritura de venda - datada de 2 de dezembro de 1816 - João Rodrigues de Lima e sua mulher, Joana Eufrosina de Jesus, se dizem senhores e possuidores de“uma sorte de terras, composta e campos e matas virgens, cerrados e capoeiras, e uma casa de morada, paiol, monjolo e rego d'água, currais e seus pertences e árvores de espinhos, bananeiras de seis ou sete anos, de posse atual, sem contradição de pessoa alguma nesta paragem denominada Ribeirão da Cachoeira”.
O novo proprietário, João Pinto Ferreira, tinha espírito empreendedor. Nascido por volta de 1794, na Freguesia de Santo Estevão de Regadas, Conselho Celorico de Bastos, em Portugal, no ano de 1808 deixa a metróple em busca de seu sonho. Chega aqui com apenas 14 anos.
Ganhando bom dote, casou-se com a filha de um rico fazendeiro aos 24 anos.
Povoadas as terras da fazenda comprada, João Pinto Ferreira verificou a dificuldade de comunicação com o povoado de São Bento de Araraquara (o mais próximo, 12 léguas da fazenda). E não só pelas famílias que vieram a constituir seus numerosos descendentes, como também pelos agregados. Estes, eram sempre bem recebidos, por constituírem elementos de defesa contra eventual invasão de intrusos e por todos aqueles a quem Pinto e os seus fizeram as primeiras vendas de terras do grande latifúndio.
Homem de fé, devoto de Nossa Senhora do Carmo, cogitou construir uma capela em homenagem e dedicação à Santa. Visionário, ele bem sabia que ali seria um ponto inicial para um povoado.
Para a execução da obra, doou à Nossa Senhora do Carmo uma gleba de terras e edificou uma pequena igreja, coberta com folhas de palmeira.
No dia 16 de Julho de 1828, dia de Nossa Senhora do Carmo, é inaugurada a obra. Começa aí a história de Jaboticabal.
O local da construção ficava numa das extremidades de sua propriedade que já na época era conhecida por Jabuticabal, pois lá havia grande quantidade das brasileiríssimas jabuticabeiras.
Aliás, jabuticaba é uma palavra tupi que significa : "iauoti Kaua" ou fruto de que se alimenta o jabuti.
Para já dizimar as dúvidas que fatalmente surgem, sobre se o correto é Jabuticabal, já que a fruta é jabuticaba, o nome da cidade tornou-se oficialmente Jaboticabal, com "o" mesmo, pela lei municipal n° 421 de 20 de setembro de 1960. Em verdade, a grafia sempre usada na cidade foi Jaboticabal.
Assim, graças ao rijo português João Pinto Ferreira, é fundado o município de Jaboticabal.
- Mas Migalhas não vai achar nenhum vínculo com o mundo jurídico nessa história ?
Calma leitores. Calma. Não subestimem o poder de uma grupo de valorosos redatores, ainda mais quando o chicote do amado Diretor fica em lugar bem visível no suntuoso prédio que abriga esta Redação.
Compondo a árvore genealógica do lusitano João Pinto Ferreira, encontramos seu tetraneto Antonio Mendes dos Santos Neto. Residente em Fernandópolis, interior do Estado de São Paulo, o descendente do fundador de Jaboticabal é funcionário público estadual (Tribunal de Contas do Estado) , professor universitário e.....vejam só.....advogado.
Formado pela Faculdade de Direito de São Carlos, Antônio Mendes dos Santos Neto colou grau em 10/8/90, e tem a inscrição na OAB/SP número 118.097.
Em 1º de dezembro de 1848, é criado o Distrito de Paz; a 30 de abril de 1857 ocorre a elevação à categoria de freguesia (Distrito de Paróquia) e depois, a 5 de junho de 1867, à categoria de Vila, sendo criada a Câmara Municipal no dia 3 de fevereiro de 1868.
A expansão da cafeicultura para o oeste do Estado de São Paulo, na segunda metade do século XIX, além da implantação das ferrovias, foram os marcos do desenvolvimento da região.
A primeira metade do século XX foi marcada pelo predomínio da imigração, com destaque para os italianos, portugueses, espanhóis e japoneses.
"Athenas Paulista"
Os teatros Municipal, Polytheama, Rio Branco e Arthur Azevedo são edificados com o dinheiro do café. Essa riqueza também possibilita a implantação do Colégio Santo André e do Colégio São Luís (atual Estadão), que foi um dos maiores colégios do interior paulista, cuja educação foi comparada à escola modelo Pedro II, do Rio de Janeiro.
O Colégio Santo André foi fundado em 1913 pelas irmãs Andrelinas, vindas da Bélgica. Em 1918, o Colégio foi transferido para o Edifício Tódaro. Em 1923, vai definitivamente para a rua do Sacramento, hoje chamada Floriano Peixoto. A fama do Colégio Santo André se espalhou por todo o interior do estado. O número de alunas se multiplicou, vindas em busca de formação cultural, social e religiosa.
Outro marco da cidade foi o teatro Polytheama, onde eram exibidos filmes franceses e italianos, com músicos e orquestras fazendo um fundo musical (valsinhas ou músicas populares). Ao seu lado havia um bar, que atraía a juventude com vários divertimentos: tiro ao alvo, pau de sebo com prêmios e ponte movediça. No local também aconteciam as festas de carnaval, os encontros entre amigos, em busca de lazer e paquera.
Em 1931 o Polytheama transforma-se numa bela obra arquitetônica, tornando-se um dos mais modernos teatros do país, servindo de palco para momentos importantes da cultura e da arte na cidade, onde se apresentaram companhias internacionais de canto, balé, teatro. Porém, em 1967, um incêndio de quatro horas o destrói por inteiro, restando apenas sua fachada e paredes. O terreno do Polytheama foi desapropriado e trocado com o prédio do Banco do Brasil, onde este funciona até hoje.
A cidade ganhou fama de “Cidade das Rosas”, numa referência aos belos jardins e à beleza das moças. A poetiza gaúcha Lola de Oliveira fez essa associação, escrevendo que Jaboticabal era um autêntico roseiral.
Outro epípeto de Jaboticabal é o de “Cidade da Música”, em referência às conceituadas bandas Gomes e Puccini e Pietro Mascagni, que conquistavam os primeiros lugares em concursos estaduais.
Em 1911 Jaboticabal torna-se o lar de Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas, que o país viria a conhecer como Cora Coralina.
A renomada poetisa nasceu em 1889 na cidade de de Goiás/GO (também chamada de Goiás Velho - nome que seus moradores abominam), filha do desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e de Jacinta Luiza do Couto Brandão Peixoto. Já jovem e casada, veio com o marido, o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, para as terras jaboticabalenses. Foi na cidade que nasceram seus cinco filhos: Cantídio Bretas Filho, Jacintha, Guajajarina, Vicência e Paraguassú. No período em que viveu em Jaboticabal escreveu para os jornais locais, com crônicas e artigos, por vezes combativos. Apesar de sempre declarar um amor pela terra natal, ela sempre afirmou que os momentos mais marcantes de sua vida ocorreram na “Cidade das Rosas”.
“Lindas Jaboticabeiras, enfeitavam nossa cidade
João Pinto Ferreira, descobriu na Antigüidade
Terra boa e hospedeira, gente de muito amor e bondade
Berço do artista, poeta, músico, escritor.
Athenas Paulista, Rosa é a nossa flor
De grande conquista, povo trabalhador
Estas linhas escritas são presente de um trovador
A fazenda cachoeira, doada na ocasião
Por João Pinto Ferreira, família de tradição
Terras de primeira, muitos alqueiros de chão
Hoje moderna e alterneira, orgulho de nossa nação
Uma capela foi erguida, em meio ao matagal
Jabuticabeira florida, existiam no local
Era o fruta preferida, pelos índios sem igual
E assim foi escolhida, com o nome de Jaboticabal.”
Cora Coralina
“Vó Cora falava pouco de si, muito contavam dela os quatro filhos, um homem, três mulheres. Conheceu Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, recém-nomeado chefe de Polícia de Villa Boa, durante uma tertúlia literária. Tinha 20 anos, já era uma "solteirona". Entre poemas, récitas e acirrados debates culturais se apaixonaram. Fugiu com ele para Jaboticabal, interior de São Paulo. Cantídio era homem separado, tinha filhos na capital paulista. E uma outra filha, fruto de romance com uma índia, durante passagem pelo Norte de Goiás. Essa, Cora criou. Saraus literários ou não, Cantídio nada gostava do pendor da mulher. A Cora ousada, que deixou para trás preconceitos sociais, pouco ligava. Publicava artigos nos jornais de Jaboticabal (....)” Ana Maria Tahan, neta de Cora Coralina
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Recebeu este nome devido à existência de muitas jaboticabeiras no local onde hoje se acha a cidade.
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Albano do Prado Pimentel
Sergipano que instala em Jaboticabal a Usina Pimentel, marco inicial da agroindústria na cidade, que funciona de 1912 a 1920.
Anselmo Bellodi e Adele Rossi Bellodi
Casal de imigrantes italianos. Em 1891, se instalaram nas lavouras de café da região.Trabalharam primeiro como colonos em terras de fazendeiros e, após 10 anos de trabalho, compraram terras na região do Coco. Tiveram dois filhos em Socorro e oito em Jaboticabal. Deixaram mais de 400 descendentes.
Carlos Tonanni
O maior industrial de todos os tempos em Jaboticabal, vencedor de prêmios em diversos países. Foi representante da colônia italiana na região e chegou em Jaboticabal em 1902. Como empresário, conquistou importantes metas na indústria, no comércio e nas finanças. Representou vários estabelecimentos de Jaboticabal, mas sua maior responsabilidade foi pelo desenvolvimento sócio-cultural da Athenas Paulista, na propagação de seu nome.
Antonio Ruete
Educador espanhol, veio para o Brasil em 1924 e em 1933 para Jaboticabal. Foi professor do antigo Ginásio São Juiz, do Colégio Santo André e do Instituto de Educação. Conquistou amizades e respeito pela sua cultura e sabedoria.
Wilhelm Von Trexler
Após participar da 2ª Guerra Mundial, esse francês desembarcou no Brasil, caindo nas mãos dos poderosos fazendeiros. Depois de muito sofrimento, chega à Jaboticabal e abre uma construtora, que projetou e construiu igrejas nas cidades vizinhas, sedes de fazendas e benfeitorias, casas, o Seminário e o Teatro Municipal. Foi um exigente professor de francês. Pela falta de diploma, a lei o tirou duas vezes da profissão, primeiro de engenheiro e depois de professor. Então, ele abriu uma fábrica de raspa de mandioca para substituir o trigo, que era escasso, na fabricação de pães. Mas o governo resolve importar o trigo da Argentina. Toda vez que iniciava um trabalho, algo de errado acontecia. Ficou conhecido pelo seu senso de humor ao conduzir essas situações. Foi caricaturista e publicou muitas charges no Combate.Alcibíades Fontes Leite: dentista sergipano, veio para Jaboticabal em 1910, quando se casou com uma jaboticabalense. Pelo fato de ter sido a primeira pessoa que tratou do escotismo no Brasil, foi eleito vice-presidente da "Associação dos Escoteiros de Jaboticabal". Era dono do primeiro carro que circulou na cidade, um Brasier francês. Fundou uma das primeiras "Linhas de Tiro", hoje denominado "Tiro de Guerra". Destacou-se como pesquisador na área odontológica. Foi atuante na história de Jaboticabal, pelas diversas participações na vida da cidade, como na fundação do Jaboticabal Atlético, da Associação Teatral de Jaboticabal, do Colégio Municipal São Luís, etc.
Alfredo Buzaid
Nasceu na cidade de Jaboticabal, no dia 20 de julho de 1914, filho de Felício Buzaid e D. Rosa Latofo. Fez os cursos primário e secundário no Ginásio São Luís, dirigido pelo Prof. Aurélio Arrobas Martins, bacharelando-se no ano de 1930. Sua inclinação pelas letras despertou cedo. Cursava o quarto ano do ginásio quando entrou para o corpo de redação do jornal publicado pelo Centro Joaquim Nabuco. No quinto ano ginasial, encerrando o curso denominado de bacharelado, foi eleito orador oficial das três turmas de reservistas, respectivamente, do Ginásio, da Escola de Farmácia e da Escola de Odontologia.Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1931. Prossegue sua atividade de jornalista, escrevendo especialmente para O Combate, de Jaboticabal, e depois para A Gazeta Comercial, da qual foi diretor. Concluído o curso acadêmico, advogou, por dois anos e meio, em Jaboticabal, transferindo-se para São Paulo em fins de 1938. Desde então revelara seu interesse pelos estudos de Direito Processual Civil, publicando, em 1939 um artigo sobre “Despacho Saneador”, na Revista Judiciária. Quando Enrico Tullio Liebman iniciou seu curso de extensão universitária na Faculdade de Direito, foi Alfredo Buzaid um dos mais assíduos freqüentadores, tornando-se, em pouco tempo, amigo pessoal do notável mestre italiano. Em 1943, publicou seu primeiro livro — Da Ação Declaratória no Direito Brasileiro — com que se inicia a Coleção de Estudos de Direito Processual Civil, dirigida pelos professores S. Soares de Faria e Tullio Liebman. Inscreve-se, em 1945, com a monografia — Do Agravo de Petição no Sistema do Código de Processo Civil —, no concurso à docência livre, tendo sido aprovado, e nomeado no dia 17 de agosto de 1946. Em 1952 inscreve-se no concurso à Cátedra de Direito Judiciário Civil na PUC/SP, apresentando a monografia denominada Do Concurso de Credores no Processo de Execução. Venceu o concurso, obtendo a média 9,9. Foi nomeado e empossado no dia 23 de maio de 1953. Em 1957, inscreveu-se, nas Arcadas, no concurso à cátedra de Direito Judiciário Civil, vaga com o falecimento do Prof. Benedito de Siqueira Ferreira. Sua monografia se denomina Da Ação Renovatória de Contrato de Locação de Prédio Destinado a Fins Comerciais ou Industriais. Alcançou distinção em todas as provas e com todos os examinadores, tendo sido nomeado e empossado na cadeira no dia 8 de maio de 1958, em sessão solene da Congregação. Em 1958 fundou, na cidade de Porto Alegre, juntamente com os Professores Luiz Eulálio de Bueno Vidigal, José Frederico Marques e Galeno Lacerda, o Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil, cuja sede fica na cidade de São Paulo. Foi nomeado Diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, em julho de 1966, sendo investido no cargo no dia 3 de agosto seguinte. O exercício nas funções de Diretor foi interrompido duas vezes, por ter de assumir a Reitoria da USP, em cujo exercício permaneceu cerca de um ano. Figurando em lista tríplice, foi nomeado, em maio de 1969, Vice-Reitor da USP. Em 30 de outubro de 1969, foi nomeado Ministro da Justiça, tendo exercido as suas funções até 14 de março de 1974. Foi autor do Projeto de Código de Processo Civil que, discutido e votado no Congresso Nacional, converteu-se em Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Retornando à vida privada, dedicou-se às atividades de professor, advogado e parecerista, com grande intensidade. Imortal, pertenceu à Academia Paulista de Letras, sendo titular da cadeira nº 31. Foi nomeado Ministro do STF, por decreto de 22 de março de 1982, do Presidente João Figueiredo, na vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Cunha Peixoto, tomou posse no dia 30 do mesmo mês. Era casado com D. Judith Alexandre Buzaid. Faleceu na cidade de São Paulo, em 10 de julho de 1991.
Odetto Guersoni
Estudou pintura e artes decorativas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, entre 1941 e 1945. Após o sucesso de sua participação na exposição 19 Pintores, em 1947, viaja com bolsa de estudo do governo francês para Paris, onde se inicia em gravura. Estuda no College d'Art Graphique Estienne e faz estágio no setor de artes gráficas da École Normale d'Apprentissage Industriel. De volta para o Brasil, é um dos fundadores e orientadores da Oficina de Arte, em São Paulo, em 1952. Com bolsa da Organização Internacional do Trabalho, viaja de novo para a Europa, onde permanece de 1954 a 1955. Em Genebra, cursa gravura com René Cottet, e em Paris trabalha no ateliê de Stanley H. Hayter. Como estagiário freqüenta, a partir de 1960, algumas escolas de arte no exterior, como a The New York School of Printing, nos Estados Unidos, e a Osaka University, no Japão. Também no Japão, freqüenta em 1971 o ateliê de I. Jokuriti. Dois anos mais tarde, é eleito melhor gravador do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Participa, com sala especial, da Bienal Ibero-Americana de Montevidéu, Uruguai, em 1983. No ano seguinte, passa a integrar os conselhos do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea da USP e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 1994 é realizada uma retrospectiva da sua obra na Pesp e, em 1995, é novamente eleito pela APCA o melhor gravador do ano.