Os primeiros relatos sobre a região em que se encontra a cidade de Araxá/MG iniciam no ano de 1669, onde foram encontrados os primeiros habitantes Índios Arachás, descendentes dos Cataguás que viviam nas cercanias de Bambuí.
Segundo consta os relatos, um grupo de índios Cataguás, chefiado pelo guerreiro Andaia-Aru teria se desvinculado da tribo e rumado para as terras ao norte da Serra da Canastra, onde se instalou e viveu tranquilo até a vinda do homem branco, em meados do século XVII.
As terras férteis, cobertas de florestas, onde habitavam os índios Arachás e as águas minerais nela existentes, constituíram uma poderosa atração para os exploradores. Para que estes obtivesse o controle daquele território, muitas tentativas de ocupação foram feitas, na primeira metade do século XVII.
Mas foi somente em 1766, com o sucesso da expedição comandada pelo mestre de Campo Inácio Correia de Pamplona, foi vencida a tenaz resistência que o índio opunha ao invasor. Conseguiu assim, a capitania de Minas Gerais o controle efetivo, por pouco tempo, da região. Pois, a região do Desemboque e todo o então chamado Sertão da Farinha Podre (região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba) passam a capitania de Goiás.
Em 1770, Araxá recebe seus primeiros habitantes atraídos pela fertilidade das terras da região, pelas águas e pelo sal mineral da região do Barreiro. Surgem ali, as primeiras fazendas de gado.
Oito anos depois era fundação da cidade de Araxá, data em que foi celebrada a primeira missa do território.
Em 1791 foi elevada à condição de Freguesia de São Domingos de Araxá, em honra a São Domingos de Gusmão (Santo originário da Espanha, fundador da Ordem dos Pregadores).
No início do século XIX, em 1811, foi elevado à condição do Julgado de São Domingos do Araxá, a partir de então, um juiz passou a residir permanentemente na vila, que permanecia sob a administração da Comarca da Villa Boa de Goyaz.
Em 1815, os moradores de São Domingos do Araxá, por meio de Requerimento à Coroa, solicitam a passagem do domínio da mesma para a Capitania de Minas Gerais.
Em 1831 foi elevada à condição de Município, desmembrado do município de Paracatu.
Dona Beja
Em 1800, nascia na cidade de Formiga, há 245 km de Araxá, uma das mais importantes e conhecidas personagens da história da cidade, a famosa Dona Beja. Anna Jacintha de São José era filha de Maria Bernarda dos Santos e de pai desconhecido. Ainda muito pequena mudou-se para Araxá. Apesar de ser filha de uma índia – e seu pai ser desconhecido – Dona Beja era loira e tinha lindos olhos azuis.
Com o passar do tempo tornou-se uma bela moça e apaixonou-se por um jovem fazendeiro da região. Dizem que o apelido de Dona Beja, foi dado pelo rapaz, que a comparava com a flor "beijo". Sua beleza também atraiu a atenção de outros homens, como Ignácio Silveira da Motta, ouvidor da corte portuguesa.
Segundo conta a história, Motta teria ficado fascinado com a bela Anna Jacintha e teria a raptado da casa do avô que a criava. Durante os dois anos que ficou com a jovem, o nobre tornou-se seu amante e protetor. Muitos dizem que Dona Beja teria influenciado o amante na decisão de devolução para Minas das terras do Triângulo que, até então, tinham sido transferidas para Capitania de Goiás.
Durante o período que foi amante do ouvidor, Dona Beja conquistou prestígio junto a políticos da Corte e à nobreza da região tornando-se uma importante personalidade da região, rica, poderosa e bela.
Aos 17 anos, Anna Jacintha retorna à Araxá e encontra um ambiente agressivo e desagradável. A sociedade da época não a via como vítima, mas sim como uma mulher sedutora e de comportamento duvidoso. Era alvo de fofocas, inveja e ameaças. As mulheres a consideravam um grande risco, pois tinham receio que ela seduzisse e roubasse seus maridos, noivos ou namorados.
Ao contrário de outras mulheres comuns, Anna Jacintha tinha trânsito livre em repartições públicas, cortes de justiça e participava de movimentos políticos e de decisões que afetavam a vida da sociedade da época.
Por volta de 1830, Dona Beja construiu um sobrado na Praça da Matriz. Local privilegiado e onde se encontravam algumas das principais construções da Vila. Fora da cidade, tinha também uma chácara onde passava a maior parte do tempo. Nesta chácara, que a Sesmaria do Bebedouro denominou singelamente de "Retiro de Anna Jacintha", ela recebia e abrigava revolucionários durante a Revolução de 1842, conflito entre as elites dominantes da época. Além disso, promovia em seus sofisticados e deslumbrantes salões famosos saraus. O local era frequentado por homens ricos e poderosos que admiravam sua beleza e fama. Tornou-se famosa, atraindo também homens de regiões distantes para conhecer seus encantos. Dona Beja escolhia seus homens a dedo e estes a cobriam de dinheiro, jóias e pedras preciosas. Conseguiu juntar considerável riqueza, transformando-se em uma das pessoas mais poderosas da região do Triângulo Mineiro.
Com o passar do tempo a beleza de Dona Beja aumentava cada vez mais. Segundo a lenda, este feito era resultado dos banhos que ela tomava diariamente na Fonte da Jumenta, atual Fonte Dona Beja. Acreditam, até hoje, que o local de água milagrosa era capaz de conceder juventude, saúde e beleza. Atualmente, a Fonte Dona Beja é um dos pontos turísticos mais procurados de Araxá devido a sua água, fonte de vigor e rejuvenescimento.
Anna Jacintha teve duas filhas. A primeira delas foi Tereza Thomázia de Jesus, que nasceu em 1819. Joana do Deus de São José foi sua segunda filha e nasceu em 1838. Suas duas filhas se casaram com homens de família importantes e influentes da cidade. Beja teve também muitos netos e netas.
Em data não muito precisa, Anna Jacintha mudou-se para Bagagem, atual Estrela do Sul, em Minas, onde acontecia uma busca por diamantes. Beja participou ativamente da vida diária da cidade e financiou a construção de uma ponte sobre o Rio Bagagem.
Anna Jacintha morreu em Bagagem, em 1873, aos 73 anos.
Foi uma mulher que viveu à frente de seu tempo, sem se importar com as regras impostas pela sociedade. Foi e continua sendo um mito fascinante não só na cidade de Araxá, mas em todo o país.
A curiosidade e o fascínio pela vida dessa famosa mulher renderam diversas homenagens como livros, novela e até enredo de escola de samba.
Complexo Barreiro – Parque das Águas
Principal ponto turístico da cidade, o Complexo do Barreiro atrai milhares de visitantes por sua magnitude, riquezas minerais, suas águas radioativas e sulfurosas e sua natureza em abundância.
São 450 mil metros quadrados que oferecem atrações para todos os gostos e idades. Fazem parte do Complexo o imponente Grande Hotel Ouro Minas, as relaxantes Termas, equipamentos esportivos, Fonte Andrade Júnior (água sulfurosa), Fonte Dona Beja (água radioativa), bosques, lagos e um lindo jardim projetado por Burle Marx. A preservação deste patrimônio é garantida pelo tombamento feito pelo governo do Estado de Minas Gerais.
O Grande Hotel atrai as atenções por seu tamanho e beleza. O edifício, com 45 mil metros quadrados de construção foi inaugurado em 1944, pelo então presidente Getúlio Vargas. Apesar de restaurado e reformado, o Hotel ainda preserva móveis e decoração da época de sua inauguração.
As Termas reservam relaxamento e descanso para os turistas. Seus banhos, tratamentos de estética e saúde compõem uma das maiores atrações turísticas do estado de Minas.
A Fonte Andrade Júnior foi construída em 1947 e é visitada por turistas atraídos pelos poderes da água alcalina-sulfurosa. A água é indicada para diversas doenças e tratamentos.
A Fonte Dona Beja surge de uma rocha alterada pela ação hidrotermal. A água radioativa da fonte é conhecida pela ação desintoxicante no organismo.
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