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Porandubas Políticas

Por dentro da política.

Gaudêncio Torquato
quarta-feira, 30 de maio de 2012

Porandubas nº 317

Meu povo e minha pova Nesses tempos de preparo eleitoral, cai bem essa historinha. Parece absurda, mas é verdadeira. Deixamos de dar os nomes para evitar constrangimentos às famílias. Um ex-prefeito de Aracati, cidade litorânea do Ceará, em comício animado, gritou no palanque : "Meu povo e minha pova. Vou ser reeleito prefeito de Aracati com minha fé e as fezes de vocês". A burocracia tem pernas O cidadão chega à repartição e pede para ver seu processo. Ouve do chefe do departamento : "ah, meu senhor, tem muitos outros na frente do seu. Vai demorar um tempão até ser despachado. Papel, doutor, não tem pernas". Agastado, o interlocutor reage : "e quanto o senhor quer para por dois pés nesse papel?". Tirou do bolso um maço de dinheiro (que já tinha separado em casa para não dar na vista e, de maneira disfarçada, entregou ao sorridente chefe). Tiro e queda. O adjutório fez o papel correr rapidinho com seus dois pés. A corrupção se espraia por todos os lados. Política, sempre uma gangorra A política é uma gangorra. Eleva seus participantes, em um momento, e os rebaixa, instantes depois. Quando se pensa que o fulano está sentado à direita de Deus, Pai, eis que é flagrado na beira da estrada. Vejam os eventos mais recentes. Luiz Inácio, do alto de seu carisma e em plena convalescença, desce um degrau na escada do sucesso. Pediu ao amigo Nelson Jobim um encontro reservado com o ministro e ex-presidente do STF, Gilmar Mendes. Dito e feito. O encontro, um mês depois, veio à tona. Por quê ? Gilmar na onda Gilmar Mendes abriu a expressão por uma razão : percebeu que seu nome estava passando de boca a boca como integrante do círculo de amizades do senador Demóstenes Torres. Mais : que teria marcado encontro com o senador em Berlim. Lula sabia do encontro. Por isso, na conversa teria sugerido - não solicitado - que o mensalão não fosse julgado nesse ano eleitoral. Poderia prejudicar os quadros petistas. O PT quer fazer 1.000 prefeitos municipais. Em troca, poderia dar cobertura a Gilmar, administrando eventual passagem danosa pela esfera da CPI mista. O ministro, ao perceber a insinuação, disse que não havia nada a temer. Lula : "e a visita a Berlim ?", indagou o matreiro ex-presidente. O ministro argumentou que ia sempre a Berlim por ter uma filha morando lá. Rebu Gilmar deu detalhes, como se quisesse comprovar a fala. Lula teria ainda dito que pediria a Sepúlveda Pertence para monitorar a ministra Carmen Lúcia, enquanto ele próprio administraria os ministros Lewandowski e Toffoli. Teria ainda cometido o deslize de dizer que o ministro Joaquim Barbosa era um "complexado". Quanta informação comprometedora. Lula, por meio de seu Instituto da Cidadania, fez o desmentido. O rebu está formado. O encontro realmente ocorreu e os detalhes fornecidos por Gilmar criam um escudo contra falsas versões. O que pode ter ocorrido Digamos que Lula tenha feito uma observação de cunho pessoal. Até aí, tudo bem. Inaceitável é a ideia de sugerir proteção ao ministro. Um jogo de recompensas. Gilmar repeliu a sugestão. Lula deve ter achado que a viagem do ministro a Berlim tenha sido financiada pelo esquema de Cachoeira. Comprou bilhete errado. Gilmar Mendes, por seu lado, caiu numa encruzilhada. Não poderia se negar a um encontro arrumado pelo amigo Nelson Jobim. Que acabou negando tudo. O imbróglio está formado. Vai ter consequências. Perguntinha necessária : Por que Gilmar Mendes passou um mês para dar conhecimento da abordagem feita por Lula ? Só ouviu bochichos a respeito de seu nome um mês depois do encontro ? Efeitos O caso vai render na feira eleitoral. Por mais que Lula se valha de seu cobertor carismático, será difícil cobrir parte do corpo com as chamas da fogueira que acendeu. Projeta-se o efeito sobre a campanha paulistana. Seu candidato Fernando Haddad deverá ser chamuscado. É possível também que o assunto sirva de combustível para acender outras tochas em cidades que abram a polarização PT x Oposições. Outro efeito : o mensalão, agora sim, entra por inteiro na agenda do STF. Que não poderá mais postergar o julgamento. O próprio presidente da Alta Corte, ministro Ayres Britto, acaba de proclamar : a fruta está madura, pronta para ser tirada da árvore. Pérolas do Enem (I) - A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos. - Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia. - O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas. - A Previdência Social assegura o direito à enfermidade coletiva. - O Ateísmo é uma religião anônima. Retrocesso ? A crise na Europa poderá chegar por estas plagas. Há quem defenda a tese de que, desta feita, o Brasil não passará incólume pelo corredor turbulento do euro. Se o país crescer menos de 3% este ano, sob um dólar mais alto - R$ 2,20, por exemplo - o PIB brasileiro atingirá R$ 4,24 trilhões. Em dólares, seria US$ 1,93 trilhão. Com esse PIB menor, o Brasil seria novamente superado pela Grã-Bretanha, Itália e Rússia. Cairia novamente para a 9ª economia mundial. Previsão do bom pensador e diplomata Marcos Troyjo. Caldeirão fervente Junte-se a economia em declínio e a política pegando fogo, sob pano de fundo do julgamento do mensalão em curso, para se ter uma visão do caldeirão fervente em que mergulhará o país nos próximos meses. Claro, isso é apenas a ponta de um cenário. O governo Dilma poderá encontrar a fórmula mágica para segurar o crédito e o programa de bolsas para as margens. Nesse caso, o governismo continuará, faceiro, a desfraldar sua bandeira vitoriosa. No cenário de turbulência, as oposições terão chance de fazer grande baciada de prefeitos. Lula, o articulador O PC do B vinha mantendo conversações com o PMDB de São Paulo para fechar acordo em torno do candidato Gabriel Chalita. A ideia era que o PC do B apresentasse a candidatura a vice na chapa do Chalita. Lula entrou no jogo e desfez as cartas dadas. PSB paulista conversava muito com o PSDB sobre o apoio à candidatura Serra à prefeitura paulistana. Afinal, o secretário de turismo do governo Alckmin é o deputado Márcio França, presidente do PSB paulista. Lula entrou no baralho e redistribuiu as cartas. No Ceará, Lula dará as cartas ao PT para seguir a indicação do governador Cid Gomes para a prefeitura de Fortaleza. Em Recife, idem. Luiz Inácio nem bem se recuperou do grave problema de saúde que o afastou, temporariamente, das lides políticas e começa a sacar a arma, atirando para todos os lados. Pérolas do Enem (II) - A respiração anaeróbica é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos. - O calor é a quantidade de calorias armazenadas numa unidade de tempo. - Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto. - Caráter sexual secundário são as modificações morfológicas sofridas por um indivíduo após manter relações sexuais. Aliança das civilizações Amanhã, o vice-presidente da República, Michel Temer, fará a palestra de abertura do Encontro dos Parceiros da Aliança das Civilizações, em Istambul, na presença do primeiro ministro da Turquia, do primeiro ministro da Espanha e do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon e outros chefes de Estado. Esta iniciativa, proposta por José Luis Zapatero, primeiro ministro da Espanha, em 2004, tem por objetivo mobilizar a opinião pública mundial com vistas a superar preconceitos, percepções equivocadas e "polarizações entre o mundo islâmico e o ocidente". Doação O vice-presidente Michel Temer, vai discorrer sobre o Brasil, um país multicultural, plurireligioso e multiétnico, e anunciará a decisão do governo brasileiro de apoiar o novo modelo de desenvolvimento para a Aliança das Civilizações. O Brasil vai contribuir com US$ 250 mil para financiar iniciativas na área da educação. Temer tem participado, em nome do Brasil, de importantes foros mundiais. Régua eleitoral Há 2 meses, a régua eleitoral mostrava a pontuação de 75% a 80% de candidatos situacionistas com grandes possibilidades de vitória em outubro. Esse índice, hoje, está entre 65% a 70%. A persistência (I) A persistência é uma das principais virtudes dos grandes homens. Cristóvão Colombo aferrava-se à obsessão de que poderia chegar ao Oriente pelo caminho do Ocidente. O pensamento não lhe dava trégua. Esta foi a diferença entre Colombo e os seus contemporâneos. Estava convencido. Queria partir. Mas seria forçado a esperar muito. Enquanto aguardava, falava do sonho. D. João II, Rei de Portugal, interessou-se pelo assunto e submeteu o projeto de Colombo a uma junta de sábios. Estes condenaram a ideia. Quando morreu a esposa, Colombo gastou a maior parte de suas economias com o enterro. E foi para a Espanha. A persistência (II) Fernando e Isabel, empenhados em dispendiosa guerra com os mouros, deram apenas meio ouvido à proposta do genovês. A Rainha, entretanto, foi simpática a ele. Concedeu-lhe uma pensão, enquanto a junta de notáveis do Reino estudava o assunto. Depois de dois anos, a pensão foi suspensa. Obrigado a se manter sem ajuda, durante os oito anos seguintes vendeu livros e mapas que confeccionava. Seus cabelos ficaram brancos. Foi atacado pelo artritismo. Mas nunca desesperou. E, um dia, realizou seu sonho. Nomes próprios Abrilina Décima Nona Caçapavana Piratininga de Almeida Acheropita Papazone Adalgamir Marge Adegesto Pataca Adoração Arabites Aeronauta Barata Agrícola Beterraba Areia Agrícola da Terra Fonseca Alce Barbuda Aldegunda Carames More Aleluia Sarango (Próxima lista em outras Porandubas) Lula na 1ª instância ? O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhará para a primeira instância a representação que pede uma investigação contra o ex-presidente Lula. Ontem, DEM, PSDB, PPS e PSOL protocolaram pedido contra Lula por causa de reunião em que ele teria pedido ao ministro do STF, Gilmar Mendes, o adiamento do mensalão. Gurgel encaminhará o caso para a chefe da Procuradoria da República do DF, Ana Paula Mantovani. O ex-presidente não tem mais foro privilegiado. A decisão terá consequências ? Demóstenes na CPI O senador Demóstenes Torres respondeu a todas as questões que lhe foram feitas na CPI mista. Experiência de promotor. Sensação é a de que a corda no pescoço começa a ser afrouxada. Governadores vão ou não ? Os governadores Marconi Perillo (PSDB), Agnelo Queiroz (PT) e Sérgio Cabral (PMDB) serão convocados pela CPI ? Entre 0 a 10, as chances de permanecerem em seus palácios é de 9. Zé Abelha Eis uma historinha do repertório de Zé Abelha, o nosso mineirinho contador de causos. Dr. Luís da Costa Alecrim, juiz de Direito da comarca de Conselheiro Pena, interroga um cidadão acusado de ter esfaqueado uma prostituta, residente na Boate Luar. - O senhor conhece esta faca ? - Não, doutor, nunca vi essa peixeira. Dr. Alecrim manda recolher o indiciado. Mês seguinte, novo interrogatório : - O senhor conhece esta faca ? - Conheço sim senhor, responde com malícia o indiciado. - Então o senhor confessa a tentativa de homicídio ? - Não senhor ! Eu disse que conhecia a peixeira. Não é aquela que o senhor me mostrou, mês passado ? Conselho aos membros da CPI Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos candidatos. Hoje, sua atenção se volta aos membros da CPI : 1. A essa altura do campeonato, poucos acreditam na efetividade da CPI mista. Corre a impressão de que uma gigantesca pizza começa ser a preparada. 2. Se os componentes da Comissão Mista pretendem resgatar a credibilidade, urge retomar o foco, avaliar as investigações já realizadas, convocar os implicados - pertençam a qualquer partido - e fazer os encaminhamentos necessários. 3. Todo esforço se faz necessário para não transformar a CPI em palanque de partidos nesse ciclo pré-eleitoral. ____________
quarta-feira, 16 de maio de 2012

Porandubas nº 316

A circulação do dinheiro Numa pequena cidade, os habitantes endividados passam um momento vivendo às custas de crédito. A sorte chega com um gringo. Que procura o único hotel. O gringo saca uma nota de R$ 100,00, deposita-a no balcão e pede para ver um quarto. Enquanto o turista sobe ao quarto, o gerente do hotel sai correndo com a nota de R$ 100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas ao açougueiro. O açougueiro pega a nota e vai até o criador de suínos a quem deve. Paga tudo. O criador, por sua vez, pega a nota e corre ao veterinário liquidar sua dívida. O veterinário, com a nota de R$ 100,00 em mãos, decide ir à zona pagar o que devia a uma prostituta. Expliquemos : em tempos de crise, a categoria trabalha a crédito. A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, onde levava os clientes. Ultimamente, deixara de pagar pelas acomodações. Liquida a conta de R$ 100,00. Nesse momento, o gringo chega novamente ao balcão, pede sua nota de R$ 100,00 de volta, agradece e diz que o hotel não correspondeu às suas expectativas. Sai do hotel e vai embora da cidade. Ninguém ganhou um vintém ! Mas todos saldaram suas dívidas. E, assim, mais felizes, começam a ver o futuro com confiança ! Moral da história : quando o dinheiro circula, não há crise ! ( Historinha de Luis Costa em Leia Comigo) Tempos nublados A definição para esses meados de maio pode ser esta : tempos nublados. Se a observação cai bem sob o aspecto do clima - entre 16ºC a 18ºC - e das nuvens plúmbeas fechando os céus do Sudeste e do Sul, também pode ser usada para definir a temperatura política. Vivemos tempos cinzentos. Não se tem clareza sobre o que poderá advir. Há uma CPI em pleno curso, que ainda não deixa ver limites e horizontes. Além de Demóstenes, alguns deputados, Cachoeira - de onde poderá fluir uma torrente de águas poluídas - a indagação persiste : os governadores Marconi Perillo (PSDB/GO), Agnelo Queiroz (PT/DF) e Sérgio Cabral (PMDB/RJ) serão chamados a depor ? E os braços da Delta em Mato Grosso e outros Estados serão apertados pela CPI ?Grandes dúvidas Os tempos nublados fazem emergir grandes dúvidas : afinal de contas, qual será o impacto das revelações e apurações da CPI das Águas Correntes sobre o processo eleitoral ? E mais : que impacto - influência - poderá ter a CPI sobre o julgamento do mensalão ? Os ministros do STF tenderiam a se sensibilizar com as ondas de indignação que se formam no seio da Opinião Pública, por ocasião das CPIs que ganham alta visibilidade na mídia ? Algumas situações podem ser interpretadas. Este consultor oferece algumas pistas. Aprender a suportar "É preciso aprender a suportar o que não é possível evitar. Assim como a harmonia do mundo, nossa vida é composta de coisas contrárias, e de diversos tons, doces e ásperos, pontudas e chatas, moles e duras. Que poderia exprimir o músico que só gostasse de um tom ? É necessário que saiba utilizar a todos e misturá-los; do mesmo modo nos cabe fazer com os bens e os males que são inerentes à nossa vida. Nosso ser não subsiste sem essa mistura, em que cada parte é tão imprescindível quanto a outra...". (Montaigne) O escudo do governo Ponto um. A imagem da presidente Dilma tende a continuar imune aos abalos e impactos por eventos na frente política. Do alto de sua aprovação, não terá a imagem chamuscada. A população a distingue como governante preocupada em dar eficiência à máquina. Ademais, firmou o conceito de "faxineira ética". Ponto dois. É possível, isso sim, que a agenda do Executivo sofra atrasos em função da CPI ou por conta de desdobramentos nas relações com o Parlamento : liberação de recursos, etc. Ganha força, porém, a ideia de que não haverá veto da Câmara ao veto da presidente ao Código Florestal, se isso efetivamente ocorrer. O próprio PMDB estaria disposto a mudar seu posicionamento. O escudo dos governadores Como deixar de convocar um governador e convocar outro ? Cristaliza-se a tendência de posição homogênea. Se um governador for convocado, outros também o serão. Ou seja, o pau que bate em Chico bate em Francisco. Nesse caso, até Cabral poderá ser convocado a depor, se Perillo e Agnelo entrarem no envelope da convocação. Mais uma projeção : os partidos que integram a Comissão tendem a absolver os comandantes dos Executivos estaduais. O escudo do procurador O procurador-geral, Roberto Gurgel, não deverá ser convocado. Depois do ímpeto inicial do PT, animado e liderando a ideia, constata-se certo arrefecimento. Não seria de bom tom. Ademais, a questão poderia bater no STF e esta Corte tende a abrigar o procurador sob seu escudo com o argumento de que as funções que lhe competem asseguram o direito de não dar depoimento à CPI. O mesmo argumento é usado para evitar a ida de sua mulher, Cláudia Sampaio, subprocuradora da República. A gravidade do senador "Apareça o pregador : se a natureza lhe deu uma voz rouquenha e feições estranhas, se o barbeiro não o barbeou direito, se além disso o acaso ainda o salpicou de manchas, por maiores que sejam as verdades que ele esteja pregando, eu aposto na perda da gravidade do nosso senador." (Blaise Pascal) O escudo de Demóstenes Quebrado. Eis como se apresenta o escudo do senador Demóstenes. E, por isso mesmo, estará sujeito às chuvas e trovoadas da CPI. Deverá ser arrastado pela correnteza que jorra das águas correntes da (o) Cachoeira. Mas o senador vai lutar até a última gota de sangue. Tem DNA de promotor. É perito na arte de acusar e, claro, de colocar curvas em quem o acusa. No mais, ver-se-á um denso acervo no entorno do Direito. Amor próprio Um maltrapilho dos arredores de Madrid pedia esmolas com grande dignidade. Um transeunte lhe disse : "Não tem vergonha de exercer essa infame atividade quando pode trabalhar ?" - "Senhor, respondeu o mendigo, peço-lhe esmola e não conselhos"; e tendo dito isto, deu-lhe as costas, com toda a empáfia castelhana. Era um mendigo orgulhoso esse; pouca coisa bastava para ferir-lhe a vaidade. Por amor de si mesmo pedia esmola; e ainda por amor de si mesmo não permitia que lhe fizesse qualquer reprimenda. (Voltaire) CPI no momento errado ? Dizem que a CPI nasceu sob a vontade do ex-presidente Lula. Que desejava dar uma sinuca de bico em Demóstenes e Marconi Perillo, mesmo sabendo que poderia sobrar veneno na água de Agnelo Queiroz. O fato é que as oposições, até então sem discurso e sem ação, ganharam um copo de vitamina com essa CPI. Se Perillo, do PSDB, está na dança, Agnelo, do PT, está no centro da roda. Ademais, essa CPI cria um clima de indignação que tende a fazer pressão indireta a favor de apurações de ilícitos em todos os campos. Nessa moldura, entra o mensalão. Que estará na pauta do STF logo mais. Não há como protelar a decisão de julgá-lo. O momento é propício. O clima ambiental sugere aperto de parafusos. Condenação a culpados. A impunidade gera revolta no meio da pirâmide. Venda da Delta Até agora é inexplicável a venda da empreiteira Delta ao grupo JBS. A empresa está sendo considerada inidônea. Como o governo dá cobertura - via BNDES - a esse empreendimento ? Um dos acionistas do JBS garantiu que a venda se fez com o endosso do governo. Mais um caso a entrar no rol das explicações. A verdade da comissão Nem bem foi instalada, a Comissão da Verdade já debate sobre as veredas a seguir. Um dos integrantes, o advogado José Carlos Dias afirma que a Comissão apurará questões de todos os lados. Outros integrantes defendem a tese de que o grupo vai apurar os desmandos e os crimes cometidos pela Ditadura Militar. O outro lado, alegam, foi assassinado. Já o Clube Naval vai formar uma Comissão Paralela da Verdade. Militares da reserva vão fazer algum barulho. Acesso à informação O Brasil dá, hoje, mais um passo no território da Cidadania. Começa a valer a lei de acesso à informação. A Constituição prevê que todos os cidadãos têm direito a receber dos órgãos públicos informações do seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade. A lei estabelece obrigações para os órgãos e entidades do poder público quanto à gestão da informação e define os tipos de informação que podem ser solicitadas. Uma das novidades é a obrigação de cada órgão da administração pública criar uma Comissão Mista de Reavaliação de Informações, responsável pela implementação da norma. Maus modos "É indecente expressar com intensidade as paixões que se originam de certa situação ou disposição do corpo, pois não se pode esperar que quem está conosco, não possuindo a mesma disposição, simpatize com elas. Fome intensa, por exemplo, embora em muitas ocasiões seja não apenas natural, mas inevitável, é sempre indecente; e comer vorazmente é universalmente visto como demonstração de maus modos." (Adam Smith) Ficha Limpa no executivo Mais um passo nas veredas da moralização. O executivo quer barrar na administração pública perfis maculados de sujeira. Nos próximos dias, deverá ser produzida a norma para cercear a inserção de pessoas sem ficha limpa nas malhas da administração. Tem lógica a decisão. Se uma pessoa nessas condições não pode ser candidata, da mesma forma deverá ser afastada da função de cuidar da res publica. Tolerância zero : álcool Deve-se mesmo acreditar na hipótese de que o Brasil começa a andar nos trilhos da racionalidade. A defesa da tese de que o cidadão tem liberdade para consumir doses de álcool, evitar o flagrante da embriaguez por meio da recusa do uso do bafômetro, não resistiu a uma audiência no STF, presidida pelo ministro Luiz Fux. Os depoimentos dos convidados fecharam com a posição : tolerância zero para consumidores de álcool que decidem dirigir veículos. E Haddad, hein ? Entremos, mais uma vez, no túnel da campanha de São Paulo. Para uns, o túnel está ainda muito escuro, a essa altura. A escuridão não deixa ver se Fernando Haddad, candidato de Lula e do PT à prefeitura, chegará ao final da jornada eleitoral. O PT abriu, ontem, uma bateria de inserções publicitárias para alavancar o candidato. Somará 15 minutos nos próximos dias. Lula e Dilma aparecerão nos spots. Este consultor acredita que Fernando Haddad chegará aos 25 pontos percentuais, margem que lhe dá condições de entrar no segundo turno. Claro, seu adversário será José Serra. Que contará com o empuxo das máquinas estadual e municipal. Entre 0 a 10, Serra tem 8 pontos na chance de ser um dos disputantes do segundo turno. Testando identidade e imagem Candidato precisa ter forte identidade. Que significa seu conceito. O tronco da árvore. Que lembra semente, história de crescimento, tradição, valores, princípios, caráter. A imagem que projeta é resultante desta identidade. Tênue, a imagem será frágil. Forte, a imagem será clara, retilínea. Que imagens, eleitores, têm os candidatos a prefeito de sua cidade ? Vamos oferecer alguns parâmetros : experiência, conhecimento, força política, tradição partidária, inovação, compromisso com cidade, proximidade do eleitor, firmeza religiosa, apoio de entidades e grupos, arrojo, coragem, honestidade/desonestidade, moral/ética, assepsia, conservadorismo, ficha suja, infidelidade, oportunismo, populismo. Esse acervo serve para enquadrar um perfil. Royalties, Dilma A presidente Dilma foi vaiada e aplaudida, ontem, em Brasília, por prefeitos participantes da 15ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Que queriam cobrar sua posição sobre os royalties do petróleo. A presidente irritou-se com os gritos e mandou ver : "Vocês não vão gostar do que eu vou dizer. Não acreditem que vocês conseguirão resolver a distribuição de hoje para trás. Lutem pela distribuição de hoje para a frente". Encerrou o discurso abruptamente. Prefeitos se dividiam entre aplausos e vaias. Trens para a Copa A CAF Brasil, subsidiária da espanhola Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles, está na frente na disputa para execução da obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande/MT visando a Copa do Mundo de 2014. A empresa é uma das integrantes do consórcio VLT Cuiabá, que apresentou o seu projeto ontem à Comissão de Licitação no valor de R$1,4 bilhão. A decisão sairá daqui a 10 dias. Aécio apagado Grande decepção. É assim que muitos enxergam a figura do senador Aécio Neves. Por onde se passa, ouve-se : trata-se de uma figura apagada. Sem brilho. Sem discurso. Uma estrela cadente. Este consultor acha que o senador está perdido no mar. Um naufrago à procura de uma tábua de salvação. Um truque do Padre Vieira O Padre Antônio Vieira, o célebre pregador, escritor, político e diplomata jesuíta, subindo certa vez ao púlpito, iniciou estranhamente o seu sermão exclamando : - Maldito seja o Pai !... Maldito seja o Filho !... Maldito seja o Espírito Santo !... E quando a assistência, horrorizada, pensava que o grande orador houvesse enlouquecido, ele tranquilamente prosseguiu : - Essas, meus irmãos, são as palavras e as frases que se ouvem com mais frequência nas profundezas do inferno. Houve um suspiro de alívio no templo, mas com esse recurso teve Vieira despertada e presa a atenção dos fieis como poucas vezes, por outra via, houvera conseguido. (Narrado por Luis Costa em Leia Comigo) Conselhos aos candidatos Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros da CPI das águas. Hoje, sua atenção se volta aos candidatos : atenção, candidatas e candidatos. Se quiserem receber a atenção do eleitorado, se empenhem em arrumar os traços de sua identidade para que sua imagem possa ser bem recebida. Atentem para estes aspectos : 1. Procurem compor um acervo de valores, princípios e ideias. E sempre que possível tentar expressar tal acervo. 2. Estabeleçam um denso e abrangente programa de ações, contemplando regiões, bairros, classes sociais e categorias profissionais. 3. Identifiquem as lideranças e as organizações sociais que mobilizam e animam as comunidades regionais. Tentem fazer parcerias com os elos da organicidade social. ____________
quarta-feira, 9 de maio de 2012

Porandubas nº 315

Da casa do...! Primeiro mandato de Garibaldi Alves Filho como governador do Rio Grande do Norte. Dava-se a largada dos projetos de aprimoramento dos recursos hídricos do Estado. O coroamento se deu posteriormente com as adutoras que se tornaram uma marca registrada do seu governo. Na cidade de Patu, participando de uma inauguração oficial, Garibaldi foi cobrado do público pelo início do serviço de abastecimento d'água da cidade, esperado com muita ansiedade. Sem se afobar, como é do seu hábito, o governador discursou, pegando carona na cobrança popular e colocando nas palavras indisfarçável irritação : - Vou botar água em Patu nem que a água venha da casa do....! Parou. Sentindo que não podia ir além, o governador repetiu a frase : - Já autorizei Rômulo Macedo a elaborar o projeto e vou botar água em Patu nem que a água venha da casa do...! Parou de novo. Populares na frente do palanque apressaram-se a ajudar o governador : - Da casa do cacete.... O orador, sutil e perspicaz, arrematou : - Eu não queria dizer essa palavra...! Risos gerais. Gari guardara a postura e conseguiu aplausos. (Do acervo de Valério Mesquita) O desempenho da presidente A presidente Dilma Rousseff supera as expectativas no campo da gestão. É o que se infere de conversas com empresários, esfera política e jornalistas. Mexeu no mecanismo da poupança sem o estardalhaço da estabanada era Collor. Com ganhos um pouco mais baixos, a poupança, mesmo assim, continua a ser um bom porto para os investimentos. A presidente, na verdade, quis conter a avalanche que poderia inundar o mecanismo, caso continuasse a oferecer a base de incentivos que proporcionava. Não mexeu nas contas de poupadores antigos. E força a queda dos juros. Colchão social Desenhada a nova arquitetura da poupança - e na esteira de movimentos que tendem a forçar os bancos a diminuir seus spreads - o governo Dilma parte para nova frente : o colchão social. Decide aumentar o Bolsa Família e estabelecer um pacote com ações para a primeira infância - crianças de 0 a 6 anos. Ou seja, o governo ampliará os repasses do Bolsa Família para quem tem filhos nessa faixa etária, além de reforçar oferta de serviços de saúde e educação. O governo fornecerá gratuitamente 3 remédios contra asma, como já existe nas áreas de hipertensão e diabetes. Plasmando a identidade O modus operandi do governo Dilma exibe algumas metas e preocupações : fechar os buracos em toda a malha administrativa ; gerir com parcimônia as demandas políticas ; arrochar os cinturões do governo, particularmente os que circundam os cofres públicos ; avaliar os atrasos nas frentes obreiras ; evitar estouros de contas em algumas frentes ainda sem muito controle ; centralizar processos da gestão. Há críticas a esse modo de governar, particularmente no que toca à excessiva centralização. Diz-se, por exemplo, que a presidente é capaz de passar três horas analisando planilhas, detalhes, curvas crescentes e descendentes. É seu jeito. Por isso mesmo, tem uma visão mais abrangente e plena da administração Federal. Pequena e tão grande Alcides Carneiro, advogado, poeta, político, um dos maiores oradores da Paraíba. Vamos entremear a coluna com algumas de suas frases. "Paraíba : Terra que se fez pequena para não parecer tão grande!" (Durante campanha para a Câmara Federal). "Paraíba que é pequenina na sua configuração geográfica, mas, que é grande no heroísmo dos seus filhos..." Lula sem o viço A continuar nessa modelagem administrativa, não haverá espaço para eventual volta do ex-presidente Luiz Inácio. Que representa um tempo e um estilo de governo. Popular, carismático, discursivo, exuberante, animador de plateias, mobilizador de multidões. Pois bem, esse estilo teve seu espaço e seu tempo. Regressar a ele é, de alguma forma, retroceder. O país agora abre fronteiras no território da racionalidade. Ademais, Lula já não tem o viço, o dinamismo, a força física que exibia para enfrentar os mais espinhosos caminhos. Vê-se um perfil debilitado. Em convalescença. Lula como consultor Por mais que possa ser considerado um paciente curado de grave enfermidade, sobrarão sempre lembranças e resquícios de um ex-doente que não pode e não deve cometer exageros. Dona Marisa Letícia é a primeira a se opor a um programa que ameace debilitar seu marido. Por todo esse conjunto de coisas, o cenário mais viável é o que aponta a permanência de Lula no lugar mais confortável de consultor, orientador, moderador, apaziguador de querelas. Campina Grande Num comício em Campina Grande, Alcides Carneiro falava e foi aparteado por um popular. - "Campina Grande é de Argemiro !..." De imediato respondeu : - "Campina, és muito grande para pertenceres a um só homem...". Enfrentando o aríete político É evidente que os políticos da base tendem a fazer cada vez mais pressão junto ao Executivo para que este atenda seus pleitos e demandas. Na verdade, o que um político quer é que as verbas alocadas para ações e projetos em suas bases sejam liberadas. Ele tem esse direito e pressiona o Executivo, chegando a fazer ameaças de não votar de acordo com a orientação do Palácio do Planalto. Mas teme represálias da opinião pública. Afinal, a presidente surfa numa alta onda de prestígio, hoje em torno de 86% de aprovação. Os políticos não querem enfrentar um governante no auge de sua aprovação. E Dilma, sob esse escudo, vai plasmando a administração à sua imagem e semelhança. Hipótese : a possibilidade de um governante executar com êxito programas e ações é maior quando está no clímax da aprovação popular. A recíproca é verdadeira. CPI das águas correntes Nem bem foi aberta, a CPI das Águas Correntes já cria traumas. Os parlamentares que a integram queixam-se do excesso de vigilância e da falta de dados na sala que guarda os documentos. São obrigados a deixar o celular e outros objetos do lado de fora. Muitos dizem que entrar na sala é um mico. Ocorre que os vazamentos diários, em tempestades torrenciais, não justificam medidas de extremo cuidado como as que estão sendo tomadas. É pouco provável que os documentos ali guardados contenham informações mais bombásticas do que as divulgadas todos os dias. 1º cenário : águas quentes 1º cenário : águas quentes em Goiás. O senador Demóstenes e o governador Marconi Perillo tomarão um banho quente. Demóstenes sairá mais chamuscado do que Perillo. A temperatura de sua imersão deverá ser de 90º C. Água quase em ebulição. Mas o banho de Carlinhos Cachoeira será com água fervendo a 100º C. Já a pele do governador poderá ser preservada com a aplicação de pomadas compradas na lojinha de conveniências. O deputado Carlos Alberto Leréia também aproveitaria a pomada. 2º cenário : águas podres 2º cenário : águas fétidas do Lago Paranoá. O governador Agnelo Queiroz será inundado por águas do lago, mas é bem possível que, na hora H, surja uma canoa saída da lojinha de conveniências recíprocas, guiada pelos partidos, que seria sua tábua de salvação. É possível que o banho do governador respingue em parte de sua equipe. 3º cenário : águas 3º de cenário : Baía da Guanabara esplendorosa. O governador Sérgio Cabral, que adora festas, poderá dar um mergulho na baía, não a ponto de se afogar. Respingos cairão sobre a cabeça do deputado Stepan Nercessian. Cruz das armas Em Cruz das Armas, na campanha política de 1950, iniciado o discurso de Alcides, o tempo mudou e começou a chover. Motivado, Alcides declarou : - "Sou recebido com palmas, bênção dos homens e, sob a chuva, bênção de Deus, que umedece e fertiliza o generoso solo da nossa Paraíba". Perfis Registro, com satisfação, o recebimento do livro do amigo, advogado, ex-ministro do TSE, ex-conselheiro Federal da OAB, membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas e, sobretudo, figura celebrada pelas sementes de amizade que espalha por todos os cantos onde circula, Roberto Rosas : "Perfis do Mundo Jurídico". A obra contempla perfis no Supremo Tribunal Federal ; perfis no Tribunal Superior Eleitoral ; perfis acadêmicos e perfis do mundo jurídico. Editado por Migalhas, 345 páginas. Código Florestal A presidente Dilma tem, até o dia 25 de maio, para se manifestar sobre o projeto do Código Florestal. Certamente fará vetos. A essa altura, há quem diga que a presidente vetará o projeto totalmente. Outros acham que o veto será sobre partes, incluindo o artigo que trata da recomposição de matas ciliares. Mais Alcides "Os que menos recebem, são os que mais agradecem...". "Pedir não ofende, humilha mais a quem nega, do que a quem pede...". "Deus estava irado quando inventou a paixão". Dívida dos Estados O calendário de votação do Congresso está apertado. Ainda mais tendo pela frente o desdobramento (imprevisível) da CPI do caso Cachoeira. Haverá recesso parlamentar em julho, enquanto o segundo semestre será praticamente dedicado às eleições municipais. Deputados e senadores querem ajudar seus candidatos, sendo que muitos parlamentares (da Câmara) serão, eles mesmos, candidatos. O governo se angustia ante a necessidade de se aprovar, ainda este ano, a mudança no indexador da dívida dos Estados com a União e as novas regras de rateio do Fundo de Participação dos Estados. Por determinação do Supremo Tribunal Federal, deveriam ser aprovadas até dezembro. 2º turno paulistano Grande dúvida cerca o pleito paulistano, principalmente o segundo turno. Entre 0 a 10, o candidato tucano José Serra ganharia, hoje, nota 8 como provável candidato ao segundo turno. A questão é : quem disputaria com ele ? O PT aposta em Fernando Haddad, confiando nos 30% históricos de intenção de voto que o partido arruma em São Paulo. Desta feita, porém, a dúvida se instala com mais intensidade, eis que o ex-ministro da Educação patina em parcos 4% a 5%. Lula teria condições de levá-lo nas costas ? Muitos garantem que sim. Há controvérsias. Por isso, cresce a expectativa em torno de Gabriel Chalita. Que já anuncia o cenário : teria o apoio do PT contra Serra no segundo turno; ou teria o apoio do tucano Alckmin, governador e poderoso, contra Haddad, se este desbancar o Serra. Difícil de apostar nesse momento. Recorde de público Esta coluna registra dois aniversários, semana passada, que bateram recorde de convidados : o do presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, pré-candidato do PTB à prefeitura de SP, e o do deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB. Compareceram aos eventos cerca de 2 mil pessoas. A festa no Jockey Club para D'Urso reuniu muitas personalidades, entre os quais o vice-presidente Michel Temer, o governador Alckmin, o prefeito Kassab, os candidatos José Serra (PSDB), Celso Russomano (PRB), deputados Federais e estaduais, vereadores e secretários de Estado, e de Gabriel Chalita, que também recebeu, dias depois, no bar Brahma, o abraço de importantes figuras da vida pública, a partir do vice-presidente Temer. Paes em paz ? Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, candidato à reeleição pelo PMDB, não deverá ser atingido por eventual borrasca a cair sobre Sérgio Cabral, governador. Hollande e a realidade François Hollande ganhou as eleições francesas com um discurso focado para a quebra de austeridade. Sua visão é de que não é com ortodoxia que a Europa sairá da crise que aperta suas finanças. Os gregos fazem a ele um desafio : apoiar os partidos gregos que também rejeitam a austeridade. Pedem que ele não endosse a firme decisão da primeira ministra alemã, Ângela Merkel, que é a de apertar os controles e equilibrar os orçamentos. Significaria extraordinário esforço para renegociar o pacto fiscal da União Europeia. A dúvida entre afrouxar e apertar - eis o manto que cobre o perfil do socialista Hollande. Selo de qualidade : empresas contábeis Hoje, será realizada no Expo Transamérica, em São Paulo, a 7ª edição do Programa de Qualidade de Empresas Contábeis (PQEC 2012). Serão mais de 400 organizações certificadas com o selo que garante a excelência dos serviços prestados na área da contabilidade. "Com a velocidade da informação e o aumento da exigência dos consumidores, a qualidade dos serviços passou a ser fundamental para o sucesso das organizações", afirma José Chapina Alcazar, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento no Estado de São Paulo (Sescon/SP) e idealizador da premiação. Parte das empresas certificadas conquistarão também o selo internacional ISO 9001:2008, fruto de uma parceria entre o Sescon/SP e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O evento contará com o show da dupla Victor e Leo. São esperadas 4,5 mil pessoas. Bom samaritano A China começa a adentrar o território das boas ações. Incentiva com dinheiro a quem pratica as virtudes do bom caráter. O brasileiro Mozer Rhian Oliveira, 27 anos, gaúcho, evitou que uma chinesa fosse furtada na rua. Levou uma surra dos larápios sob os olhares de transeuntes que não lhe prestaram nenhum socorro. O governo chinês reconheceu a boa ação e, como estímulo e reconhecimento, lhe deu 50 mil yuans, R$ 15,2 mil. Será que essa prática seria bem acolhida por estas plagas ? Tenho, aqui, minhas dúvidas. Sanatório para tuberculosos "Esta é uma casa que por infelicidade se procura, mas por felicidade se encontra". Hospital dos servidores "Este hospital nasceu da bondade dos que sentem e viverá da confiança dos que sofrem". Alcides Carneiro, um grande tribuno. Conselho aos membros da CPI das águas Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do Ministério Público. Hoje, sua atenção se volta aos membros da CPI das águas : 1. Estejam atentos ao que é principal e ao que é acessório. Procurem ajustar o foco para as questões centrais, evitando que as querelas partidárias acabem canibalizando as investigações. 2. Há muitas informações vazando pelos ralos dos investigadores. A essa altura, a teia é tão cheia de fios, que chega a confundir os mais experientes leitores. Procurem separar os fios de cada rolo. 3. Não se deixem levar pela fosforescência midiática. Ajam como parlamentares na função investigativa. Sem excessos. Sem maneirismos. Sem manobras que possam prejudicar o andamento das apurações. ____________
quarta-feira, 25 de abril de 2012

Porandubas nº 314

Escola para quê ? O presidente Dutra tinha um auxiliar capixaba, oficial do Exército, gago. Quando Dutra dava uma ordem, ele ficava mais gago ainda. Resolveu dar um jeito de curar a gagueira. Soube que o Méier tinha uma escola para gagos, tocou para lá. O endereço que levou não coincidia. Procurou no bairro todo, nada. Foi ao português da esquina, desses de bigode e tamanco, cara de quem desceu na praça Mauá : - O sesenhor popopodia me inininformar se aaaqui temtem uma escola para gagagago ? - Mas o senhor já fala gago tão bem, para que quer escola ? (Do acervo do imperdível Sebastião Nery). CPI das Águas Correntes A CPI do Cachoeira, que pode também ser chamada de CPI das Águas Correntes, se apresenta como uma borrasca que pode ser devastadora ou chegar à praia sem estardalhaço. Grandes dúvidas cercam a movimentação de deputados e senadores. O PMDB e o PT darão as cartas, eis que contam com ampla maioria dos membros da CPI mista. Mas as oposições - PSDB e DEM - tentarão agitar as ondas. Quantas frentes serão abertas de início ? Eis uma grande dúvida. O presidente, senador Vital do Rego (PMDB/PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT/MG), terão muitas dores de cabeça. 4 sub-relatorias O PPS, por meio do líder Rubens Bueno, sugere a criação de quatro sub-relatorias : 1) Movimentação financeira, responsável por analisar as quebras de sigilo bancário e fiscal; 2) Contratos, para investigar negócios entre as empresas ligadas ao esquema, com a construtora Delta, e governos Federal, estaduais e municipais; 3) Jogos ilegais e loterias, para esmiuçar o funcionamento do esquema de contravenção e de loterias estaduais comandado pelo grupo de Cachoeira e 4) Normas de combate à corrupção, responsável por elaborar sugestões da CPMI para o combate aos crimes de colarinho branco. Mensalão em plenário É bem razoável apostar na hipótese de que o mensalão abrirá um nervoso segundo semestre. O ministro Ricardo Lewandowski afastou-se do corpo do TSE para ter mais tempo e fechar seu parecer. Entenda-se : será o parecer do revisor. Que não anulará o ponto de vista do relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, hoje vice-presidente do STF. O ministro Barbosa deverá logo mais apresentar seu relatório. Pode-se inferir que deverá ser um documento forte. Lembre-se que o ministro foi promotor. Acostumado a fazer a defesa da sociedade. O novo presidente do STF O novo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, é um humanista por excelência. Seu discurso de posse é uma obra-prima. Arriscou-se a sair da abordagem meramente jurídica para abrigar vertentes mais largas nas áreas do conhecimento. Mostrou que sabe interpretar a alma. Sua visão holística contemplou eixos da sociologia, da antropologia, da neurociência e, até, da física quântica. Sem falar nos largos vãos do canto poético com os quais emoldurou a sua peroração. Teremos por apenas 7 meses um perfil de grande intérprete do ser humano e da vida coletiva no comando da mais alta Corte. Um nome que orgulha a Nação. Um freio à corrupção Uma comissão de juristas, sob encomenda do Senado, está fazendo uma revisão no Código Criminal. E abre importante capítulo na história de combate à corrupção. Juiz ou servidor público que exibir patrimônio incompatível com sua renda - a renda declarada na Receita Federal - será levado às barras da Justiça, podendo receber pena de até 8,5 anos de prisão, além da perda de bens adquiridos ilegalmente. Trata-se de mais um passo na trajetória de combate à corrupção no país. O Brasil, dessa forma, alinha-se à tendência mundial na punição ao enriquecimento ilícito. Barbosa versus Peluso A querela entre dois ministros da Suprema Corte é ruim para a imagem de ambos. E, de certa forma, a contenda acaba batendo na imagem do Judiciário. O ministro Carlos Ayres Britto, além de suas imensas responsabilidades e atribuições funcionais, desempenhará mais um papel importante : o de ser algodão entre cristais. Xaxixo Antônio Constâncio de Sousa, deputado pelo antigo PSP (PR), pediu um aparte a Armando Queiroz, líder do então governador Ney Braga na Assembleia Legislativa . - Não dou o aparte, não. V. Exa. não está à altura de participar dos debates. V. Exa. não é capaz de citar uma palavra com 3 x. - Sou, sim. Xaxixo. Pensava em salsicha. Código Florestal Se o Código Florestal contemplar a anistia aos desmatadores, nos termos do relator, deputado Paulo Piau (PMDB/MG), a presidente Dilma revogará a medida por meio de Medida Provisória. Lembre-se que a presidente aprovou a exclusão de pequenos produtores da obrigatoriedade de recompor as matas nativas desmatadas de maneira ilegal, mas exigiu a manutenção da regra para os demais produtores. Operação militar A tarefa de uma operação militar é dissimuladamente concordar com as intenções do inimigo... chegar ao que eles querem primeiro, para sutilmente antecipá-los. Manter a disciplina e adaptar-se ao inimigo... Assim, no princípio você é como uma donzela e o inimigo abre a porta. A seguir, você é como um coelho solto, para que o inimigo não possa impedi-lo de entrar. (Sun-Tzu, século quarto a.C.) O papel de Lula O ex-presidente Luiz Inácio, mesmo com a imensa vontade de alavancar a performance do PT neste ano eleitoral, terá papel limitado. Ele sabe que, agora, tem limites muito bem definidos. Não poderá exagerar no verbo. Os palanques deverão ser limitados. Dona Marisa é cheia de cuidados. Lula deverá, isso sim, dar um pouco mais de esforço em São Paulo. Fernando Haddad tem pouca visibilidade. Lula quer arrastá-lo ao patamar dos 30% históricos do PT. Deverá conseguir. Torresmo no angu Deus não manda cozido nem assado.Com menino e com muié, orelha em pé.Galinha velha é que dá bom caldo.Dois tatus machos não moram num buraco.Quando o mar briga com a praia quem apanha é o caranguejo.Quem fala muito, dá "bom dia !" a cavalo.Quem nasce torto morre envergado.Debaixo desse angu tem torresmo. (No Tempo de Lampião - Leonardo Mota) Pegadinhas nos bancos Os bancos expandem a propaganda sobre juros, chamando a atenção da clientela com o mote : os juros caíram. Pegadinha : juro pequeno só para empréstimos de curto prazo; ou tempo mínimo de conta no banco. Em alguns bancos, a nova taxa é para quem está no negativo e está usando mais de 50% do limite há dois meses. Nesse caso, o banco faz um CDC em 24 parcelas a 3%. Dá aqui e toma acolá. Em outros bancos, os novos percentuais são concedidos para quem dividir o pagamento em quatro prestações. Rio +20 Aguarda-se a presença de 135 autoridades na Rio+20. A ONU confirmou presença de muitos chefes de Estado e de seus vices. O Rascunho Zero, de 19 páginas, primeira versão do documento que deverá ser debatido na Conferência, tem sido muito criticado por ambientalistas. Deverá ser fechado entre 13 e 15 de junho. O evento ocorrerá entre 20 e 22 de junho. ACM Neto sem PMDB Está cada vez mais difícil - quase impossível - uma aliança entre PMDB e DEM para a prefeitura de Salvador. O DEM lançou o deputado ACM Neto. O PMDB esperava ser chamado para debater a aliança. Foi tomado de surpresa. É mais viável uma aliança com o PSDB. Atualmente, o PMDB pensa em lançar Mário Kertész e o PSDB, Antônio Imbassahy. PSB e PT O jogo entre PSB e PT está confuso no meio de campo. O PT tenta fazer com que seus correligionários apoiem candidatos do PSB nas capitais para, em troca, conseguir o apoio deste partido ao seu candidato em São Paulo, Fernando Haddad. Não está sendo fácil. O populismo argentino Cristina Kirchner vive dias de glória. Tomou para o Estado argentino a fatia espanhola da YPF. A Espanha se esforça para retaliar. Defende que a União Europeia negocie com o Mercosul sem a presença da Argentina. Mas o Brasil também está, há tempos, sob o chicote argentino. Máquinas agrícolas, móveis e carne suína do Brasil esperam há um ano para entrar nesse país "irmão". Não passam pela aduana. Cristina, dessa forma, ganha mais aplausos das massas. Resgata o velho peronismo. Aliás, suas falas são emolduradas com a foto, ao fundo, de Evita Perón. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Norte-Sul E a ferrovia Norte-Sul, hein ? As obras da ferrovia Norte-Sul, fundamentais para a logística e a redução do "custo Brasil", estão praticamente paradas. Motivos ? Projetos não disponíveis, desapropriações em atraso, falta de empenho de verba, falta de coordenação administrativa da VALEC, contratante das obras. Todos estão bem intencionados. Ocorre que processos simples permanecem sem solução pela falta de diálogo entre diretores e equipes de campo. Algumas empresas contratadas já admitem que serão obrigadas a abandonar a obra. Em termos de prazo, obras que deveriam permitir operação de trens em 2012 não estarão realizadas antes de 2014. Triste destino para um empreendimento que seria um símbolo das grandes realizações do PAC. Brasil ameaça borrar sua imagem. Pagot mira PR Luiz Antonio Pagot, que saiu do DNIT sob bombardeio, espera a vez de ser chamado pela CPI mista para abrir o bico. Infere-se que atirará no PR com balas de alto calibre. Pagot quer "pagar" o preço que lhe cobraram. Advocacia solidária Esta coluna abre espaço para o Grupo da Advocacia Solidária. O que faz essa turma ? Trata-se de um grupo de jovens advogados e estudantes que compreende a solidariedade como sendo um valor imprescindível ao exercício da profissão de advogado. Os líderes Marco Antônio Moreira da Costa e Pedro Guerra explicam : "compreendemos que o advogado deve ser livre para desempenhar seu ofício solidariamente a tantos quantos quiser. Pretendemos desmistificar algumas 'verdades' que fundamentam visões corporativas, desumanas e inconstitucionais. Finalizamos recentemente uma parceria entre a Advocacia Solidária e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo para promovermos palestras em instituições de ensino superior pelo Estado de São Paulo sobre o tema Ampliação do Acesso à Justiça". Tape os ouvidos Em Morro Agudo, a 80 quilômetros de Ribeirão Preto/SP, havia um comerciante e chefe político muito ativo, de muito prestígio, mas analfabeto. Tinha um empregado que lia as coisas para ele. Um dia, o comerciante brigou com a mulher, separaram-se, contrataram advogados, foram para a Justiça. E, de repente, chegou uma carta dela de inúmeras folhas, passando a limpo (ou a sujo) os longos anos de vida em comum. Ele não poderia dar ao empregado para ler, chamou o melhor amigo : - Você pode ler esta carta para mim ? Mas você vai me fazer um favor. Eu sei que ela vem falando tudo, contando tudo. Então você leia alto para mim, mas tape os ouvidos. Conselho aos membros do Ministério Público Nos últimos tempos, temos visto se espraiar um denuncismo que, em muitos casos, ultrapassa os limites das boas regras do Direito e da Justiça. O Brasil precisa, sim, ser passado a limpo. E, para esta tarefa, é imprescindível a atuação firme dos membros do Ministério Público. Recomenda-se, apenas, que se pautem pelo bom senso. Nesse sentido, a coluna sugere : 1. Tenham cuidado e ajam com responsabilidade ao oferecer denúncia contra qualquer cidadão. A prova material é fundamental para amparar as ações previamente planejadas. 2. Ilações ou prejulgamentos constituem um perigo por ferir preceitos constitucionais. É bom lembrar que o Inciso LVII do art. 5º da CF preconiza : "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Inverter a norma significa agir de maneira irresponsável e incompatível com a função. 3. Urge ser humilde, evitar a arrogância e a prepotência. O prestígio da Instituição foi alcançado com muitas lutas. Cuidado para não mancharem a imagem desse Instituto que faz a defesa da sociedade. ____________
quarta-feira, 18 de abril de 2012

Porandubas nº 313

Vendendo aspirador de pó A dona de casa, em um vilarejo, ouve alguém batendo palmas em sua porta... - Ó de casa, tô entrando ! Ela se depara com um homem que vai entrando na casa e joga esterco de cavalo em seu tapete da sala. A mulher apavorada pergunta : - O senhor está maluco ? O que pensa que está fazendo em meu tapete ? Sem deixar a mulher falar, o vendedor deita o verbo : - Boa tarde ! Eu estou oferecendo ao vivo o meu produto ; e vou provar pra senhora que os nossos aspiradores são os melhores e mais eficientes do mercado, tanto que vou fazer um desafio : se eu não limpar este esterco em seu tapete, eu prometo que irei comê-lo ! A mulher se retirou para a cozinha sem falar nada. O vendedor curioso, perguntou : - A senhora vai aonde ? Não vai ver a eficiência do meu produto ? A mulher responde : - Vou pegar uma colher, sal e pimenta e um guardanapo de papel. Também uma cachaça para te abrir o apetite, pois aqui em casa não tem energia elétrica ! Moral da história : conheça o seu cliente antes de oferecer qualquer coisa. ____________ A CPI de águas turbulentas A CPI do Cachoeira vai inundar muitos espaços. À guisa de lembrança, o jorro d'água abrirá alguns braços formando : 1) o rio Demóstenes; 2) o lago Perillo; 3) a lagoa Agnelo; 4) o arquipélago Delta; 5) os riachos da Câmara e 6) ramificações aqui e acolá. O senador Demóstenes Torres, com grande experiência no Ministério Público, vai usar tudo que sabe do campo das letras jurídicas. Os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz contarão com boas estruturas de defesa. O arquipélago Delta tem um arsenal insuperável para brigar. Os parlamentares envolvidos da Câmara poderão ser acolhidos no abrigo do corporativismo. A CPI vai ferver água durante boa parte do ano. A tormenta do mensalão Há, ainda, dúvidas sobre as águas que rolarão da montanha do mensalão. Não se sabe se virá um tufão ou um tsunami. Na incerteza, pode-se apostar em tormenta. Claro, se o julgamento começar neste semestre. Carlos Ayres Britto, que assumirá a presidência do STF amanhã, pensa em iniciar o julgamento agora em junho. Tudo depende da liberação do processo para análise do plenário da Corte. Liberação que está nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski. Ainda há gente querendo apor novo conjunto de provas. O advogado Tolentino, ex-sócio de Marcos Valério, é o autor deste novo capítulo. Visão técnica e visão política Começa a guerra de grupos, facções, núcleos e partidos. Distingue-se, por parte do PT, o interesse em pressionar os membros do Supremo para que analisem o mensalão sob a exclusiva ótica técnica. Os implicados que integram o PT acreditam que, sob os parâmetros da técnica, o STF não encontrará provas da existência do mensalão. Ora, mas esse processo, pelo que se sabe, não pode ser apartado da visão política - que implica conluios, rede de interesses manobrada por recursos financeiros, pressões partidárias. O fato é que intermediação política foi comprovada. A engenharia jurídica deverá encontrar meios para demonstrar a existência do fenômeno. Agora, dizer que o mensalão foi apenas o uso de caixa dois é - como se diz - substituir a versão pela verdade. O caldo geral O que sairá do caldeirão onde estarão sendo cozidos os condimentos do mensalão e da CPI mista do Cachoeira ? Pergunta difícil de responder. Mas é possível alinhar o pano de fundo para eventuais respostas. Primeiro : o governo irá colaborar para deixar a água ferver e transbordar, queimando quem deve ser queimado, ou deverá se esforçar para acender um fogo lento ? A água fervente transbordando poderá prejudicar o fluxo parlamentar e, consequentemente, a carruagem administrativa. Segundo : as insatisfações da base parlamentar serão administradas ? Se a indignação continuar, o risco de o governo ser prejudicado é real. Particularmente no que diz respeito à principal empreiteira do PAC, a Delta, que teria recebido cerca de 800 milhões de reais. Terceiro : as investigações podem trazer revelações bombásticas e, nesse caso, os horizontes serão escuros como trevas. E as eleições ? Costumo lembrar que o eleitorado brasileiro, bombardeado todos os dias por denúncias de desvios e corrupção, fará uma distinção entre a deterioração política generalizada e as demandas que afligem seu cotidiano. Ou seja, o discurso local predominará sobre o discurso abrangente. A micropolítica suplantará a macropolítica. As necessidades dos bairros e regiões - creches e escolas, transporte, estabelecimentos hospitalares, alimentos baratos, segurança e proteção - influenciarão mais os eleitores que as maracutaias e redes de corrupção. Jogo partidário PT e PMDB disputam a possibilidade de fazer o maior número de prefeitos. O PT é mais fechado, o PMDB mais aberto; aquele olha mais para si; este vê também os outros. PSB, por sua vez, olha para a esquerda e para a direita, abrindo brechas por todos os lados. PDT, PTB, PR terão menores chances. E as oposições ? O PSDB tende a perder espaços, com exceção de São Paulo, Paraná e Goiás. O DEM é quem mais perderá. Até poderá fazer bonito em algumas - poucas capitais e cidades médias. O PSD vai depender do tempo de TV e rádio. DEM e PMDB As conversações em torno de eventual e futura fusão entre PMDB e DEM estão avançadas. PMDB é mais preferido pelo DEM que PSDB para efeito de fusão. Prestígio de Dilma A presidente Dilma atingiu o maior pico de aprovação popular já alcançado por um presidente nas últimas quatro décadas : 76%. Colada à imagem a tinta da faxina ética. A crise que abate atores políticos não chega nem perto à imagem presidencial. Com essa bagagem de apoio, ela faz o que pensa e quer. A base governista teme fazer represálias quando não se sente atendido em suas demandas. Espera que o tempo traga algum desgaste à presidente. O fato é que sob o escudo de alto prestígio, a presidente Dilma tem definido a pauta que quer e escolhido o roteiro de percurso sem dar muita bola às pressões. PMDB contido O PMDB é um partido que contém seu ímpeto. Não está satisfeito com a conduta do governo, que diz governar com o PMDB. Este partido sabe que não é verdade. Diminuiu seu espaço na administração em mais de 40% quando comparado ao espaço que detinha no governo Lula. Ideli Salvatti é a ministra mais repudiada pelo partido. O jantar de Ideli Na noite em que o PMDB comemorava seus 46 anos, com a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, Ideli jantava com um grupinho de peemedebistas descontentes. É claro que o "ágape idelístico" gerou indigestão em estômagos do partido. Por um bom tempo, o líder Henrique Alves deixou de atender telefonemas da ministra, que queria se desculpar. Panos quentes foram jogados sobre a mesa. EMTUpidas...! Há alguma coisa confusa na EMTU. Foram divulgadas as exigências para as empresas que fariam a supervisão e fiscalização da construção e reforma das subestações elétricas de um corredor de ônibus, aliás, um importante investimento para a melhoria do transporte urbano. O estranho é que a única empresa a atender todas as exigências foi uma especializada em Saneamento e não no objeto da licitação. Onde estamos, a que país pertencemos ? Gestão comunicante ? A CPTM criou um setor de "Gestão de Meio Ambiente". Parabéns. Agora, colocar este setor sob a direção de um comunicólogo não é arriscado ? Será que, em uma mesma diretoria, engenheiros, biólogos e comunicólogos falarão a mesma linguagem ? A intenção parece boa. Mas, o tempo é o senhor da razão. Veremos como funcionará. ABSESP Nesta quarta-feira, a Associação Brasileira dos Sindicatos e Entidades de Segurança Privada, fundada em 2010 e presidida pelo empresário José Adir Loiola, inaugura sua sede em Brasília/DF. Há tempos o segmento de segurança privada carecia de uma representação nacional que correspondesse à altura de sua importância econômica. A ABSESP vai representar mais de 80% do mercado de segurança privada em 18 estados brasileiros. No Brasil, o efetivo da segurança privada é de 540 mil vigilantes trabalhando em 1.500 empresas autorizadas a funcionar pela Polícia Federal. PSD e a decisão TSE O PSD do prefeito Gilberto Kassab tem esperança de ganhar tempo de mídia eleitoral. TSE julga o caso. O DEM argumenta que o tempo de TV e rádio e os recursos partidários são estabelecidos a partir das cotas alcançadas pelos partidos nas eleições. O PSD alega que, ao ser criado dentro da lei e das regras eleitorais, deve receber não apenas os migrantes partidários, mas os direitos que eles detinham. Se o parlamentar deixa legalmente um partido deve carregar com ele todos os direitos que tinha. Haddad avançará ? Dúvida no ar : Fernando Haddad avançará ? Hoje, tem 3% de intenção de voto. Este consultor avalia que o candidato petista tende a alcançar os 30% que o PT, historicamente, alcança na capital. Chalita e Serra Se, por um acaso, não for Haddad e sim Gabriel Chalita o opositor de José Serra, no segundo turno, o tucano tem grandes chances de.... perder o pleito. Tipologia eleitoral 1. O continuista - Candidato à reeleição na prefeitura, máquina a serviço da candidatura, cabos eleitorais multiplicados, o continuista tem grandes vantagens sobre outros. Particularmente se construiu forte identidade junto à comunidade. Pontos fortes : ações e obras a mostrar. Pontos fracos : mesmice e eventuais denúncias de corrupção/nepotismo, etc. 2. O oposicionista - Deve encarnar situação de mudança, troca de peças velhas na máquina administrativa. Para ter sucesso, precisa captar espírito da comunidade, auscultar demandas, fazer um corpo a corpo, deixar-se mostrar, ganhar confiança do eleitor. Pontos fortes : alternativa à velha ordem; encarnação do espírito do novo. Se for um perfil já conhecido, impregná-lo com o verniz da renovação. Pontos fracos : pequena visibilidade; estruturas de apoio mais tênues. 3. A terceira via - O candidato da terceira via apresenta-se como perfil para quebrar a polarização entre situação e oposição. Para angariar apoio de todos os lados, carece organizar um discurso moderado, ouvindo todos os segmentos, buscando uma linha intermediária. E demonstrar que tem melhor programa do que os dois candidatos. Pontos fortes : bom senso, alternativa à polarização acirrada entre grupos, inovação. Pontos fracos : falta de apoios das estruturas. Estratégias e táticas Candidatos de todos os partidos ganham mais força quando estabelecem planejamento de suas campanhas. Pequenos conselhos : - Buscar o apoio de entidades organizadas da municipalidade - sindicatos, associações, federações, clubes, movimentos, núcleos; - Montar sistema de aferição (pesquisa) de modo a mapear demandas e interesses dos bairros e regiões; - Estabelecer um programa abrigando ações e projetos específicos para as áreas e elegendo como focos determinados setores da sociedade (mulheres, crianças, jovens, etc.); - Criar agenda de eventos - pequenos eventos, bem articulados, com pequenos grupos, de forma a estabelecer forte interação entre os interlocutores; mais eventos pequenos funcionam melhor que eventos grandes; - Criar forte identidade - eleger dois ou três grandes eixos que possam identificar rapidamente o candidato, de forma a estabelecer um diferencial em relação a outros; - Escolher um grupo de conselheiros entre os nomes mais respeitados da comunidade e que sirva de referência; - Estabelecer um fluxo de comunicação para a campanha, obedecendo aos ciclos : lançamento do nome; crescimento da campanha; consolidação da visibilidade; maturidade; clímax da campanha e declínio. Deixar volumes maiores para as últimas fases; - Formar ampla rede de apoiadores/cabos eleitorais de confiança, fazendo com que cada eleitor seja, ele mesmo, um cabo eleitoral; - Formar uma teia de divulgadores/trombetas de campanha, pessoas que começam a falar das virtudes e qualidades do candidato, de modo natural, conquistando, assim, a simpatia dos ouvintes. Sem demonstrar arrogância; - Planejar o dia D. Dia das Eleições. Logística, visibilidade/publicidade (controlada), sistemas de articulação/mobilização/apuração, etc. Conselho aos membros da CPI Os componentes da CPI mista, a ser criada para investigar as denúncias envolvendo Carlinhos Cachoeira, serão muito pressionados por partidos e sistemas de forças. Por isso, precisam se guiar por um conjunto de princípios e ideias, dentre os quais : 1. Definir de maneira criteriosa a pauta da CPI, nomes e estruturas a serem investigadas. 2. Estabelecer um prazo para finalização dos trabalhos. 3. Evitar tumultos e balburdias que possam vir a prejudicar o andamento dos trabalhos e a comprometer a própria CPI. ____________
quarta-feira, 4 de abril de 2012

Porandubas nº 312

Mais ignorante não é O famoso Padre Levy, que gostava mais de voto do que de Deus, era candidato a deputado estadual na região de Patos, na Paraíba. Disputava a eleição com o deputado José Gaioso, velho sertanejo atrasado e desabusado. Na campanha, o Padre Levy fez, com sucesso, uma passeata de jumentos em Santa Terezinha, então distrito de Patos. Os aliados de Zé Gaioso cobraram dele uma reação. Zé Gaioso mandou arranjar um burro novo, forte, para atravessar a vila e chegar à feira montado. Quando montou, o burro saiu pulando e derrubou Zé Gaioso na frente de todo mundo. O deputado mal conseguiu levantar-se, todo quebrado e dolorido. Avançou no burro, pegou uma orelha, deu uma dentada que lhe deixou sangue escorrendo na boca e gritou bem no pé da orelha : - "Você pode ser mais burro do que eu. Mas mais ignorante não é não." (Do grande narrador Sebastião Nery) Demóstenes e as oposições As oposições saem feridas do tiroteio que abate o senador Demóstenes Torres. A razão é simples : ele encarnava um canhão das oposições. Atirava quase todos os dias no governo e nas malfeitorias que enxergava. Logo, seu nome se incrusta no arsenal oposicionista. Derrubado, o senador goiano atinge, na queda, o baluarte que fustigava os paredões situacionistas. O DEM, que pediria a expulsão do senador da sigla caso ele não houvesse se antecipado, mesmo assim sai chamuscado do episódio. Como já o fora por ocasião da renúncia do governador do DF, José Roberto Arruda. O novo artilheiro O presidente do DEM, que acumula a liderança do partido no Senado, José Agripino, vai de ter de esperar um pouco até poder recuperar o poder de fogo. Porque sair atirando agora, quando um de seus companheiros é flagrado em gravações comprometedoras pela PF, seria um bumerangue. O projétil acabaria caindo sobre sua cabeça. Por isso, as oposições vão ter de procurar um novo artilheiro. Quem se habilita ? Aécio Neves, que já começou a disparar tiros mais fortes ? Aécio é mineiro. E mineiro acaba embalando o tiro em pacotes de algodão. Para amortecer o impacto. Usando as próprias pernas Se quereis atingir as alturas, usai as vossas próprias pernas. (Nietzsche em Zarustra) Situação confortável Vejamos, agora, o affaire Demóstenes sob a perspectiva do situacionismo. Parcela expressiva de governistas gostaria de apertar os cinturões do governo Dilma. Os deputados queixam-se de que as verbas aprovadas no Orçamento são liberadas a conta-gotas. Deram alguns recados. E aí os recursos começaram a ser despejados nas regiões. Mas continua a existir certa má vontade do Executivo para com as demandas parlamentares. Daí o motivo de continuada insatisfação. Mas o episódio que assola o senador goiano acaba contribuindo para arrefecer ânimos situacionistas mais exaltados. Ou seja, na esteira do enfraquecimento das oposições, os governistas mais aguerridos também perdem fôlego. Pacote cheio Desta vez, ao que parece, o pacote para amparar a indústria veio cheio. O governo deixará de arrecadar cerca de R$ 10 bilhões. Entre as medidas, uma é bem expressiva : desonerar empresas de 15 setores mais afetados pela crise da economia mundial (11 setores e mais quatro contemplados no programa Brasil Maior - confecções, couro e calçados, tecnologia da informação e "call centers"). O governo libera-as do pagamento dos 20% de contribuição patronal do INSS, barateando, assim, o custo do trabalhador. Atraso nas obras As obras para a Copa do Mundo de 2014 estão muito atrasadas. Faltando 800 dias para o início da competição, 8 das 12 arenas exibem apenas 50% de realização. Só duas obras estão mais adiantadas : o estádio Castelão, em Fortaleza (60,4%) e os estádios de Belo Horizonte e Salvador, ambos com 55%. O de Brasília está com 54%. Os mais atrasados são os estádios do Beira-Rio, em Porto Alegre, com 20%; a Arena das Dunas, em Natal, com 20,5%; o Itaquerão, em São Paulo, com 30% e o Maracanã, no Rio de Janeiro, com 39%. Razão e loucura Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre, também, alguma razão na loucura. (Nietzsche em Zaratustra) Pré-candidatos Há 131 pré-candidatos no Congresso : 13 do PT; 19 do PMDB; 20 do PSDB; 10 do PSB: 14 do DEM; 10 do PSD; 9 do PR; 3 do PV; 6 do PC do B; 2 do PDT; 2 do PPS; 2 do PSC; 2 do PTC; 4 do PP; 1 do PRP; 1 do PT do B; 1 do PMN; 3 do PV e 3 do PRB. Pode haver algumas desistências. Campanha paulistana As atenções se voltam para a campanha paulistana. A interrogação que todos fazem é : Lula conseguirá carregar seu pupilo, Fernando Haddad ? Este consultor aventura-se a responder : sim. Apesar de Lula não ter dado a vitória a Marta Suplicy, na campanha para a prefeitura, ou a Aloizio Mercadante, para o governo do Estado, o PT tem obtido, em todos os pleitos, um índice em torno de 30% dos votos na capital. Cada campanha é diferente de outra. Lula poderá obter um resultado melhor neste pleito. Tudo vai depender do clima ambiental. A geografia do voto O clima ambiental, por sua vez, é movido por fatores que começam na economia. Ou, em outros termos, o voto obedece a uma geografia peculiar. A geografia do voto começa no bolso. Quanto mais espaçoso o bolso e mais dinheiro guardar, maior o índice de satisfação do eleitor. A seguir, a geografia do voto abriga o espaço do estômago. O estômago, por sua vez, vale-se das geladeira; quanto mais cheia, mais satisfeita a barriga do eleitor. Geladeira cheia depende, claro, do bolso. Pois bem, continuemos com a geografia do voto. O espaço adiante é o do coração. Estômago satisfeito manda um recado para o coração e este envia a mensagem para a cabeça, que é o destino final. Ou seja, o coração comovido diz à cabeça : vamos agradecer a situação e votar no perfil que está no nosso coração. Transformar-se no inimigo "Transformar-se no inimigo é colocar-se no lugar do adversário. Notamos que, em geral, existe uma tendência de julgar forte o inimigo, mesmo sendo ele um ladrão que, após cometer um roubo, se fecha numa casa. Mas, se soubermos nos colocar no lugar desse inimigo, veremos o quanto ele deve se sentir perdido ao ter que enfrentar todo o mundo ou fugir. Aquele que se isola é, pois, um faisão, e o que acossa para matá-lo, um falcão. Essa situação exige uma boa reflexão." (Miyamoto Musashi) Quem será o beneficiário ? Dito isto, indaga-se : quem será o beneficiário final do processo ? Quem receberá o voto em agradecimento do coração e do estômago ? Eixos de apoio É evidente que a geografia do voto também é desenhada por outros eixos que figuram na planilha da política : a proximidade entre o candidato e o eleitor; simpatia gerada pelo perfil; empatia, que liga ainda mais o candidato do eleitor; boa apresentação pessoal - semântica (expressão) e estética (maneira de se vestir, falar, gesticular, etc.); histórico do candidato e experiências anteriores junto ao eleitor; visibilidade; programas de ação, projetos, compromissos, principalmente os que envolvem a micropolítica (coisas voltadas para o cotidiano dos moradores das regiões e bairros, etc.). Capital e trabalho "Quando o capital se acovarda, o trabalho morre." (Olavo Bilac) Empate em Porto Alegre Manuela D'Ávila (PC do B) está tecnicamente empatada com o prefeito José Fortunati (PDT), segundo pesquisa feia pelo Correio do Povo/Instituto Methodus. A vantagem de Fortunati sobre Manuela é ínfima, variando de 0,9 ponto percentual a 3,1 pontos. As chances de Manu são muito boas, até porque ela encarna renovação, mudança, avanço, valores ansiados pela comunidade política. Justiça do Trabalho Ante recurso feito por espólio de técnico de informática falecido em acidente de trânsito, o TST, em recente decisão, responsabilizou a empresa contratante pela morte e consequente indenização por danos morais à família do mesmo. A Corte entendeu que a função de "técnico de informática" é de risco, uma vez que exige o constante deslocamento por estradas. Fica no ar a indagação : a responsabilidade pela segurança nas estradas não é do governo ? Dano social A mesma Justiça do Trabalho começou a condenar empresas por dano social. Quando alguém é demitido e fica desempregado, mesmo por uma semana, entende a Justiça do Trabalho que a empresa que o demitiu causou um "dano social". Portanto, deve indenizar a sociedade por meio de multas e recolhimentos extraordinários ao Fundo de Amparo ao Trabalhador. Mais uma indagação fica no ar : qual o destino dos impostos recolhidos e de contribuições compulsórias ? Alavancas do discurso I Nesse momento, os pré-candidatos começam a se preparar para o pleito. Este consultor oferece pequena ajuda, mostrando como conseguir a adesão dos ouvintes e participantes de um evento de massa ao discurso. Como conseguir atrair a atenção da multidão ? Pincemos pequenas lições dos clássicos da política. Existem alguns símbolos detonadores e indutores do entusiasmo das massas em, pelo menos, quatro categorias. Eis as quatro alavancas psíquicas : 1. Alavancas de adesão - Discurso voltado para fazer com que a população aceite os programas, associando-se a valores considerados bons. Nesse caso, o candidato precisa demonstrar a relação custo-benefício da proposta ou da promessa. 2. Alavancas de rejeição - Discurso voltado para o combate à coisas ruins (administrações passadas, por exemplo). Aqui, o candidato passa a combater as mazelas de seus adversários, os pontos fracos das administrações, utilizando, para tanto, as denúncias dos meios de comunicação que funcionam como elemento de comprovação do discurso. Alavancas do discurso II 3. Alavancas de autoridade - Abordagem em que o candidato usa a voz da experiência, do conhecimento, da autoridade, para procurar convencer. Sob essa abordagem, entram em questão os valores inerentes à personalidade do ator, suas qualidades pessoais. Quando se trata de figura de alta respeitabilidade, o discurso consegue muita eficácia. 4. Alavancas de conformização - Abordagem orientada para ganhar as massas e que usa, basicamente, os símbolos da unidade, do ideal coletivo, do apelo à solidariedade. É quando o político apela para o sentimento de integração das massas, a solidariedade grupal, o companheirismo, as demandas sociais homogêneas. Sede de poder Nordeste, capital da sedeE é com sede que a sede cresceE o Poder a poder da sedeNão deseja que a sede cesse. Quem sepulta um cristão na redeVai vivendo a poder de preceÉ sertão num pé-de-paredeVendo tudo morrer de "EDE"Pois ali já beberam o "S". (Jessier Quirino - Prosa Morena) Conselho aos ministros do STF Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos organizadores da Rio+20. Hoje, sua atenção se volta aos ministros do Supremo Tribunal Federal : 1. A sociedade brasileira espera que o STF coloque em sua pauta o caso do mensalão. Todo esforço se faz necessário para que não haja protelação. 2. Nesse momento em que tanto se questiona a transparência das Cortes Judiciárias do país, o julgamento do caso mais rumoroso/escandaloso de nossa história política recente redundará em significativo avanço para a credibilidade da Justiça. 3. Quanto mais se postergar a decisão sobre o mensalão, mais versões fantasiosas, suspeitas e interrogações se multiplicarão, com danosos efeitos sobre a imagem da Instituição Jurídica. ____________
quarta-feira, 28 de março de 2012

Porandubas nº 311

Abro a coluna com uma historinha do Maranhão, contada por Sebastião Nery. José Burnet, chefe da Casa Civil do governador do Maranhão, João Castelo, era deputado estadual do PSD. Em 1962 candidatou-se à Câmara Federal e saiu pelo interior fazendo campanha. Chegou à cidade de Santa Helena, foi para o comício : - Povo de Santa Helena. Eu gosto tanto desta terra, tanto, que se pudesse nascer de novo pediria a Deus para nascer aqui em Santa Helena. Foi um sucesso. No dia seguinte estava em Pinheiro : - Povo de Pinheiro. Eu gosto tanto desta terra, tanto, que se pudesse nascer de novo pediria a Deus para nascer aqui em Pinheiro. Lá de trás, um caboclo, que por acaso tinha assistido ao comício da véspera em Santa Helena, gritou : - Doutor, e Santa Helena, doutor ? - Santa Helena ? Santa Helena ? Santa Helena que me perdoe. E desceu. PT em chamas O PT, por meio de seu comando, avisa que está tranquilo. Não é verdade. O partido nunca esteve tão nervoso. Não se trata apenas da candidatura de Fernando Haddad, imposta pelo ex-presidente Lula, ao partido. Lula espera que Haddad seja eleito prefeito de São Paulo confiando na vontade dos eleitores em querer ver um perfil novo, asséptico. Alas do partido, principalmente a da senadora Marta Suplicy, não engoliram facilmente a encomenda lulista. Há, também, o episódio de troca de liderança do governo na Câmara. O líder Vaccarezza estava desempenhando bem a missão. Em seu lugar, entrou o deputado Arlindo Chinaglia, ex-presidente da Casa e integrante da mesma ala do presidente da Câmara, Marco Maia. Dizem, porém, que o ex-líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira, da mesma ala de Chinaglia e Maia, era o preferido da ministra Ideli. Enfim, o PT não está calmo. Hegemonia petista Prosseguem intensas as articulações intra e inter-partidárias com foco no pleito municipal de outubro. Os partidos da base aliada desconfiam que o PT quer por em ação a mais arrojada operação do projeto de expansão política : eleger o maior número de prefeitos em cidades médias e grandes. Na verdade, ao PT não interessa muito colégio eleitoral pequeno. Se obtiver entre 18% a 20% do eleitorado, estará na dianteira do processo político-eleitoral. Esta é sua meta. Daí a disposição (o termo adequado seria ambição) de não abrir mão de candidaturas em capitais e cidades estratégicas. O projeto de hegemonia petista está em curso. PSB, a terceira via ? A maior interrogação do momento é sobre a decisão a ser tomada pelo PSB do governador Eduardo Campos em São Paulo. O partido se faz presente no governo Geraldo Alckmin, por meio do secretário de Turismo, Márcio França. Que, aliás, dirige o PSB no Estado. Mas Eduardo Campos é quem dá as cartas. E Eduardo é amigão de Lula. Que injetou recursos nunca vistos em Pernambuco, algo perto de R$ 20 bilhões. Edu parece irmão mais novo de Lula. Veio visitar o ex-presidente para dizer a ele : o PSB não vai caminhar com Serra. Tem duas alternativas : ir de candidato próprio, formando a terceira via, ou fechar com Haddad. A primeira hipótese seria mais compreensível e menos trágica para uma sigla que, até o momento, participa ativamente da administração estadual. Pimentel, o silencioso Fernando Pimentel é uma incógnita. Ministro do Desenvolvimento, não se sabe muito o que faz e o que pensa. Não participa de eventos importantes nas frentes de produção. Mas é um acompanhante fiel da presidente Dilma nas viagens internacionais. Está sempre ali na foto, como papagaio de pirata. Pimentel continua em silêncio também sobre as consultorias que lhe teriam dado a bolada de R$ 2 milhões. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República deu 10 dias para o ministro explicar o imbróglio em que se envolveu. Ficha Limpa no Judiciário Mas é claro que a adoção da Ficha Limpa nos sagrados espaços do Judiciário será uma decisão a ser aplaudida. Afinal de contas, o Judiciário deve dar o exemplo. O CNJ quer que os tribunais do país contratem apenas pessoas com ficha limpa para ocupar cargos de confiança. A intenção é a de estender as exigências da lei da Ficha Limpa a todos os que não foram aprovados em concurso público. Dois pesos e duas medidas Qual será o critério que o Governo do Estado de São Paulo se utiliza para fixar o salário mínimo estadual ? Vejamos os números. Em 2011, ele era fixado em R$ 600,00. Em 2012, foi para R$ 690,00, um aumento de 15%. Tudo seria maravilhoso não fosse esse aumento repassado para as empresas contratadas pelo Estado. Os contratos reajustados neste mês foram aquinhoados com apenas 4,60%. Ora, quem paga a diferença ? Os empresários já fizeram os esforços possíveis para continuar na luta. Enfrentam o alfabeto dos poréns e todavias ! Conclusão : o próprio Governo os joga na informalidade, no buraco da ilegalidade. Não está na hora de uma revisão de critérios de reajustes, senhor governador ? Imagem da Justiça Infelizmente, a imagem da Justiça em nosso país está bastante embaçada com as denúncias em série que têm assolado juízes e desembargadores. Lobão no Senado ? A presidente Dilma Rousseff dá sinais de que deseja influir na política partidária. Sabe-se, por exemplo, que ela quer emplacar o nome do ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, na presidência do Senado. Com o gesto, a presidente mataria dois coelhos com uma só cajadada : desalojaria um político do comando da área energética, diminuindo o poderio do grupo Sarney, para colocar um técnico, Márcio Zimmermann, de sua inteira confiança; e colocaria Lobão no lugar de Sarney, tirando o atual líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, do tabuleiro. Dilma sugeriu a Renan que se candidatasse ao governo de Alagoas. E mandou que Zimmermann se filiasse ao PMDB. Renan dispõe, hoje, do apoio da maioria dos senadores peemedebistas. E projeções do momento lhe garantem cerca de 50 votos entre os 81 senadores. A estratégia da mandatária até pode dar certo, mas haverá reações fortes. Páscoa salgada Nesta Páscoa, os contribuintes enfrentarão uma alta carga tributária incidente sobre os principais itens consumidos, como vinho, bacalhau e os tradicionais ovos de chocolate. A carga tributária do bacalhau importado é de 43,78% e no vinho chega a 54,73%. Já a colomba pascal tem uma carga tributária de 38,68%. Caso o consumidor opte por comemorar a data em um restaurante, os tributos sobre a comida fora de casa e os serviços atingem a margem de 32,31%. PT versus PMDB Até o momento, não há razões para deixar de acreditar na polarização PT x PMDB em São Paulo. Serra, uns 35%-38%, contra Haddad, uns 30%. Chalita, a dúvida Se Gabriel Chalita conseguir despertar o eleitorado, colocando-se como alternativa capaz de desfazer a polarização, tem condições de avançar. Mas isso dependerá também do jogo dos candidatos do PC do B (Netinho de Paula), PRB (Celso Russomano) e outros. Russomanno, por exemplo, não segurará seus 20% ? Tempo pequeno de Rádio e TV. PMDB, imersão na identidade O PMDB atravessa um ciclo de intensas conversas internas. As lideranças do partido, a partir do vice-presidente da República, Michel Temer, se esforçam para fazer uma imersão no tronco da identidade, procurando responder as questões : o que somos, para onde vamos, o que precisamos ? Há um enorme esforço para unir todas as alas do partido. Haverá, sempre, um grupo de descontentes, mas a integração de propósitos tende a ser o fio condutor das disposições partidárias. O futuro do PMDB será redesenhado a partir dos resultados eleitorais de outubro. Seja qual for o resultado, a estratégia de buscar parceiros menores para uma integração/fusão parece consensual. O bispo Uma historinha de Zé Abelha, o nosso contador de causos de Minas. No auge da discussão nacional sobre a lei do divórcio, o então bispo auxiliar de Belo Horizonte, D. Serafim Fernandes de Araújo, reitor da Universidade Católica de Minas Gerais, democrata, liberal, torcedor roxo do Galo, o Clube Atlético Mineiro, foi entrevistado : - O senhor não acha que o bom senso evitaria muitos divórcios ? - Acho sim, meu filho, e muitos casamentos também. Câmara e Senado Ao PMDB, por acordo, o PT decidiu dar apoio para a presidência da Câmara na próxima legislatura, a se iniciar em fevereiro de 2013. Mas o PT, a essa altura, já dá sinais de que poderá não cumprir o prometido. Principalmente, se o Senado continuar nas mãos do PMDB. O estilo Dilma Pouco a pouco, a presidente Dilma dá sinais de que pretende intensificar as relações com partidos, comandos e líderes. Chega à conclusão de que seu perfil técnico deve tomar, periodicamente, um banho nas águas mornas da política. Fusões Depois de outubro, partidos vão avaliar possibilidades de continuar como estão ou como deveriam ficar. Projeta-se um cenário de fusões, incorporações e parcerias. As pequenas unidades deverão ser engolidas pelas grandes. A conferir ! Demóstenes "A fim de que possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias, comunico à Vossa Excelência meu afastamento da Liderança do Democratas no Senado Federal". Assim o senador Demóstenes Torres apresentou sua renúncia. O corregedor da Casa, senador Vital do Rêgo (PMDB/PB), enviou pedido de informações ao Ministério Público para saber se há envolvimento de Demóstenes no esquema da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Recife Embora Francisco Rocha, o Rochinha, da tendência CNB do PT, tenha antecipado que o candidato do partido no Recife "é" João da Costa (PT), atual prefeito do Recife, o diretório estadual petista não aceitou a revelação e permanece analisando as possibilidades de realizar prévias com Maurício Rands (PT), que tem apoio camuflado do governador Eduardo Campos (PSB), e até com a probabilidade do ex-prefeito João Paulo (PT) entrar na disputa contra o seu ex-afilhado político, ex-secretário de Planejamento e ex-amigo durante 30 anos João da Costa. Domingo passado, em São Bernardo do Campos, Lula, Eduardo, Rui Falcão e Rochinha conversaram sobre as eleições no Recife. Os três primeiros nada disseram sobre o que teria sido decidido. Só não se contava com a indiscrição de Rochinha. Natal I A campanha em Natal/RN aguarda a posição da ex-prefeita de Natal e ex-governadora do RN, Wilma de Faria (PSB). Se for candidata, deverá ir para o segundo turno. O outro candidato forte é o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), que lidera as pesquisas. O PSDB, aliado ao DEM da governadora Rosalba e do senador José Agripino, trabalha com o nome do deputado Federal Rogério Marinho. O PMDB, com apoio do Ministro Garibaldi Filho e do líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Alves, lançou o nome do deputado estadual Hermano Morais. Caso haja união entre PSDB, DEM, PMDB e o PR do deputado João Maia, Rogério ou Hermano teriam força competitiva. Isolados, não conseguirão andar. Natal II O PT aposta no deputado estadual Fernando Mineiro, apesar de Fátima Bezerra, deputada Federal ser o nome mais forte do partido. Por fim, a atual prefeita, Micarla de Sousa, do PV, com grande rejeição, portanto, sem chances. Até maio, ela definirá sua posição. Wilma Faria será o termômetro. Em 2010, seu candidato, Iberê Ferreira de Souza (PSB) perdeu para Rosalba Ciarlini (DEM) a campanha para o Governo do Estado. Derrotada para o Senado, Wilma poderá voltar, este ano, à cena em grande estilo, demonstrando que a política faz curvas. Espera por uma curva na Ficha Limpa. Demita o sujeito Severino Cabral, pai do senador Milton Cabral, eleito prefeito de Campina Grande/PB, chamou o secretário : - Demita fulano. - Ele não é funcionário da prefeitura. - Eu sei. Mas quero que ele receba a portaria de demissão, para saber o que eu faria com ele, se fosse. Conselho aos organizadores da Rio+20 Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos novos líderes do governo no Senado e na Câmara. Hoje, sua atenção se volta aos organizadores da Rio+20 : 1. O mundo estará de olho no Brasil, particularmente no Rio de Janeiro, em junho, por ocasião da Conferência Rio+20. Celebridades, especialistas e autoridades da esfera ambientalista se farão presentes ao maior evento mundial da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. 2. A essa altura, já se projeta a defasagem da estrutura receptivo-hoteleira do Rio de Janeiro, sinalizando carências e apontando para falhas que poderão manchar a imagem do Brasil às vésperas de outros grandes eventos internacionais. 3. Diante dessa moldura, todos os esforços devem ser empreendidos para que o Brasil não tenha sua imagem borrada com as tintas do despreparo, desorganização, improvisação e incapacidade. Autoridades, olho vivo. E mãos à obra ! ____________
quarta-feira, 21 de março de 2012

Porandubas nº 310

Abro a coluna com a verve do passado. Ao abrir a sessão da Câmara Federal, quando ainda era sediada no Rio de Janeiro, o presidente Ranieri Mazzilli concedeu a palavra a Carlos Lacerda, então representante do Distrito Federal. Rápido e agressivo, o deputado Bocaiúva Cunha gritou ao microfone, sob os risos do plenário : - Agora vocês vão ver o purgante ! Lacerda, num piscar de olhos, respondeu : - Os senhores acabaram de ouvir o efeito ! Nem os adversários prenderam o riso. Frentes abertas Sob as glórias de 76% de aprovação popular, a presidente Dilma Rousseff quer inaugurar uma nova forma de governar. À sua imagem e semelhança. Impondo conceito, regras, formas, métodos. Será bem-sucedida. É possível. Na política, tudo é possível. Por conta de seu estilo, algumas frentes foram abertas contra o Governo. Vejamos. I - A onda política A nomeação de novos líderes do Governo para o Senado e Câmara é prerrogativa da presidente. Incontestável. Mas a cultura política aconselha que as nomeações deveriam ser precedidas de um sistema de consultas. Se houve consulta, não se sabe. Deve, isso sim, ter havido muita conversa de bastidor entre Dilma, Lula e um pequeno grupo de assessores. Resultado : a demissão do senador Jucá e do deputado Vaccarezza de seus postos para dar lugar ao senador Eduardo Braga e ao deputado Arlindo Chinaglia pegou de surpresa o mundaréu político. O PT mostrou-se rachado. E o PMDB, ferido. Para complicar, o PR do Senado saiu da base do governo. Os políticos não estão satisfeitos com o estilo rompante da ministra Ideli. Que, como se deduz, não dá um passo sem consultar a presidente. Forma-se uma onda no Congresso que poderá inundar os vãos e desvãos do Palácio do Planalto. II - A onda empresarial Os empresários, principalmente os integrantes do universo industrial, se queixam do processo de desindustrialização a que vem sendo submetido o país. De cada quatro produtos adquiridos no mercado brasileiro, um é chinês. O PIB industrial despenca. O chão de fábrica se estreita. Os empregos estão migrando da indústria para os setores de serviços. A insatisfação se expande. O governo promete medidas pontuais. Mas não age. Fábricas são fechadas. Polos têxteis, como o de São Paulo, enfraquecem. A mais poderosa Federação das Indústrias do país, a FIESP, toma a frente da movimentação. Dia 4 de abril fará um grande movimento em São Paulo, juntamente contra as Centrais Sindicais. As Centrais querem mobilizar cerca de 100 mil pessoas. Essa é mais uma poderosa frente contra a inércia do governo em relação à indústria. III - A onda militar A terceira frente contra o governo Dilma emerge na área militar. Mais exatamente, no refúgio dos militares aposentados. Que, agora de pijama, expressam um discurso de insatisfação/indignação contra as pretensões da Comissão da Verdade. O Ministério Público pretende resgatar a história dos desaparecidos. E quer que a Comissão da Verdade abra o véu do passado. Os militares sustentam o argumento de que a lei da anistia passou uma borracha no passado. Os desaparecidos foram dados como mortos. Como poderiam, agora, ser considerados vivos ? Não é possível, segundo eles, restabelecer essa condição. Mas os nossos aposentados das Forças Armadas não têm forças, ou seja, armamentos. Ocorre que os verbos contundentes que expressam poderão criar fagulhas nos quartéis. Não se pode desprezar a insatisfação nesse meio. IV - A onda sindical A quarta frente contra o estilo Dilma de governar age no seio das Centrais Sindicais. Que se sentem desprestigiadas. Sem a intensa interlocução que possuíam na era Lula. Naqueles tempos, os líderes sindicais desfilavam quando queriam pelo Palácio do Planalto. Agora, só esporadicamente. Não dispõem mais das portas abertas do poder central. Lutam para fazer chegar à presidente seu clamor. Por isso, as Centrais Sindicais se juntam aos empresários industriais, insatisfeitos, para adensar o bolsão de contrariedade contra o governo. Farão movimentação por todo o país, a partir de uma grande passeata, em São Paulo, dia 4 de abril. V - A onda cultural Há, ainda, uma frente contra o Governo, mais exatamente contra uma ministra do governo Dilma, Ana de Hollanda. A classe artística pede sua substituição. As manifestações pedindo a mudança da ministra se expandiram, recentemente, a partir da informação de que o Ministério da Cultura advogou em favor do ECAD (escritório de arrecadação e distribuição de direitos) em um processo no qual a instituição autoral é acusada de cartelização e gestão fraudulenta. O processo está em julgamento no Conselho de Administrativo de Defesa Econômica. VI - A onda internacional Há certo acirramento de ânimo entre o Brasil e alguns países. Na última viagem da presidente Dilma à Europa, ela fez sérias críticas à política monetária expansionista dos países europeus, que produz efeitos nocivos por desvalorizar de forma artificial as moedas. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em tom crítico, respondeu com o argumento de que o Brasil exerce políticas protecionistas muito duras. A posição do Brasil em relação à ditadura síria e ao Irã também é motivo de críticas. Mineirinhas Frases de Augusto Zenun, de Campestre, sul de Minas - político, industrial, filósofo e, antes de tudo, udenista ortodoxo da linha bilaqueana (Bilac Pinto, o Bilacão, seu dileto amigo). Sempre infernou a vida de seus adversários, com as suas atitudes destemidas e sua natural mineirice. "Quando estamos no governo, todo adversário que quer se encaixar, diz ser técnico". "O preço do voto de um eleitor mentiroso é sempre o mais caro". "Há um fato na política que a torna bastante interessante : o choque dos falsos políticos com os políticos falsos". "Político é dividido em duas partes. Uma trabalha para ser eleito. A outra trabalha para conseguir um cargo público se for derrotado". "Muita campanha eleitoral se parece com sauna : depois do calorão vem uma ducha fria". (Pinçadas de A Mineirice, de José Flávio Abelha) Riscos Não existe política sem riscos; o problema é de limites. 22% de insumos importados Um dado revelador : 22,4% dos insumos utilizados por fabricantes brasileiros, no ano passado, foram importados. O maior patamar da série histórica iniciada desde 1996. Uma frente por vez Lição geral da política : ataque um inimigo por vez. Cuidado quando entrar na arena de guerra. Se você tem muitos adversários, poderá perder o foco. Velhas lições As lições de táticas e estratégias dos clássicos da política e das guerras parecem não merecer nenhuma consideração por parte de nossa presidente. Lembremos pequenos conselhos de Sun Tzu : a) "Quando em região difícil, não acampe. Em regiões onde se cruzam boas estradas, una-se aos seus aliados. Não se demore em posições perigosamente isoladas. Em situação de cerco, deve recorrer a estratagemas. Numa posição desesperada, deve lutar. Há estradas que não devem ser percorridas e cidades que não devem ser sitiadas". b) "Não marche, a não ser que veja alguma vantagem; não use suas tropas, a menos que haja alguma coisa a ser ganha; não lute, a menos que a posição seja crítica. Nenhum dirigente deve colocar tropas em campo apenas para satisfazer seu humor; nenhum general deve travar uma batalha apenas para se vangloriar. A ira pode, no devido tempo, transformar-se em alegria; o aborrecimento pode ser seguido de contentamento. Porém, um reino que tenha sido destruído jamais poderá tornar a existir, nem os mortos podem ser ressuscitados". Não perder o controle Lembro mais esses dois princípios : - Nunca descuide da perda de controle sobre o processo de governo, se a governabilidade cai abaixo de seu ponto crítico; - Se isso ocorrer, tente imediatamente reverter o processo de desacumulação de força, evitando ingressar nos limites de perda de capacidade de reverter o processo. Serra nas prévias No próximo domingo, ocorrerão as prévias tucanas para escolha do candidato do PDSB à prefeitura de São Paulo. Claro, José Serra será eleito. Apesar de José Aníbal garantir que ele ganhará essa pequena eleição. Serra será o candidato. Ganhará as eleições ? Perspectivas : tem competitividade; poderá polarizar a campanha; ir para o segundo turno. E a rejeição ? Se for muito alta, na margem dos 30%, babau. Perderá. Se conseguir baixar para a casa dos 15%, terá condições de chegar ao topo. 30% do PT Fernando Haddad, candidato do PT, chegará aos 30% de intenção de voto. Essa é a margem histórica do PT. Lula carregando seu pupilo nas costas terá condição, sim, de elevar essa margem. PR na oposição ? Onda. Não vejo PR na oposição. Coisa de momento. Crise de nervos. Passa com qualquer calmante. Um cargo melhor aqui, um Ministério acolá. Nada que possa mudar a índole governista do partido. A união do PMDB Deputados e senadores do PMDB serão convocados para refletir sobre a equação : a unidade partidária é a porta do futuro. Quanto mais unidos, mais larga será a porta. A recíproca é verdadeira. PT e PSB Eduardo Campos continua a tricotar sua roupa para desfilar em 2014. Mas o PT e o PSB começam a brigar em algumas capitais. Em João Pessoa, o PT quer lançar candidato próprio, quebrando a aliança com o PSB do governador Ricardo Coutinho. Em São Paulo, avançam as negociações em torno de uma aliança entre PSDB e PSB. Em Fortaleza, também será possível que o PSB lance candidato próprio, rompendo a parceria com o PT da prefeita Luizianne Lins. 65% de conteúdo local A nova presidente da Petrobras, Graça Foster, promete que a indústria nacional de serviços de petróleo usará 65% de conteúdo local. Ou seja, para cumprir a meta de buscar óleo nas camadas de pré-sal, a empresa investirá muito dinheiro. Seu programa de investimentos é da ordem de US$ 225 bilhões em 5 anos. As compras locais fazem parte da política de fortalecimento da indústria nacional. Trata-se, segundo ela, de "requisito básico da Nação e da Petrobras". Rumores Sobre rumores de crise ministerial, face a demissão do Ministro Clemente Mariani, da Fazenda, Jânio Quadros dirigiu um bilhete ao seu secretário particular José Aparecido de Oliveira : "Aparecido : Leio num jornal que o Ministério está em crise... Veja se localiza para mim. Leio, também, que recebi, da Fazenda, um bilhete enérgico. Desminta. O ministro é educado bastante, para não o escrever ao presidente. E o presidente não é educado bastante, para recebê-lo... Assinado - Jânio Quadros 09/08/1961". (Historinha contada pelo escritor e jornalista amigo Nelson Valente em seu livro sobre Jânio Quadros) Conselho aos novos líderes do Governo Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos novos líderes. Hoje, sua atenção se volta aos novos líderes do governo no Senado e na Câmara, respectivamente, senador Eduardo Braga e deputado Arlindo Chinaglia : 1. Na política, nem sempre a menor distância entre dois pontos é uma reta, como na geometria euclidiana. Portanto, procurem fazer também algumas curvas. Ou seja, não queiram andar apenas nas retas da política. Sob pena de tropeçarem. 2. Significa que deverão anotar as demandas de parlamentares e partidos. E implementar, pontualmente, tais demandas sob pena de um alto preço a pagar, mais adiante. 3. Os novos líderes precisam se lembrar que a imposição de uma nova modelagem na esfera da gestão e articulação política implica combinação/acordo com as partes envolvidas no processo. ____________
quarta-feira, 14 de março de 2012

Porandubas nº 309

Einstein no Brasil Abro a coluna contando uma historinha do amigo Sebastião Nery sobre a relatividade das coisas. Quando Einstein esteve no Brasil, foi ciceroneado por Austregésilo de Athayde. Saiu olhando as coisas, Austregésilo a tiracolo, explicando a relatividade do jeitinho brasileiro. A toda hora, Austregésilo tirava do bolso um caderninho e fazia anotações. Einstein ficou curioso : - O que é que o senhor anda escrevendo aí ? - Suas opiniões, Mr. Einstein, suas observações. Às vezes as minhas também. Tenho o hábito de anotar sempre as ideias que me ocorrem para aproveitá-las nos meus artigos. O senhor não anota suas ideias ? - Não anoto, Dr. Austregésilo, porque até hoje só tive uma, a teoria da relatividade. Tensão no Planalto Parece pleonasmo falar em tensão no Planalto. Porque os ares de Brasília são permanentemente contaminados pela água em ebulição nos fornos do poder. A semana começou tensa com a substituição dos líderes do Governo no Senado e na Câmara. No Senado, Romero Jucá (PMDB/RR) cede lugar ao também senador da região amazônica, Eduardo Braga (PMDB/AM). Que já foi prefeito de Manaus, governador do Amazonas por duas vezes, depois de ter iniciado a carreira política como deputado Federal. Hoje, faz parte da ala que se diz independente do PMDB. Jucá vem lá de trás e já serviu o governo FHC. Passou pelo ciclo Lula e chegou até o governo Dilma. Cândido Vaccarezza (PT/SP) sai da liderança do Governo depois de um bom tempo. Trata-se de um perfil cordato, conciliador, um dos quadros do PT com melhor articulação junto aos partidos. Entra Arlindo Chinaglia (PT/SP), perfil também cordato. Foi presidente da Câmara e conhece bem os meandros das articulações. O significado A substituição dos dois líderes não se deu apenas por conta da insatisfação das bases governistas. Afinal, a não aprovação do nome de Bernardo Figueiredo para a ANTT não se deu por conta da inabilidade do senador Jucá. O nome não tinha bom conceito na casa. E passou a ser alvo do tiroteio do senador Roberto Requião. Já a indignação que se espraia nos corredores da Câmara também não pode ser contida por Vaccarezza. Afinal de contas, a rebeldia que ali se desenvolve é fruto de alguns fatores: 1º) represamento de verbas aprovadas no Orçamento para obras patrocinadas por deputados; 2º) a não contemplação dos pleitos partidários nos ministérios e o próprio fechamento de portas para as demandas parlamentares; 3º) a equação mal resolvida de preenchimento das vagas ministeriais a cargo da presidente Dilma. Como será ? Pode ser que as coisas melhorem nas frentes de articulação. Mas outros atores também deverão ser trocados. Por exemplo, a ministra Ideli Salvatti faz muita força para acertar. Mas não tem sido eficaz. A esfera política não a considera com estofo para fazer articulação política. Que depende, e muito, do perfil pessoal, do DNA de cada um. Ideli é amarga e zangada. Um ente fora do habitat natural. PMDB, o maior polo O maior polo de insatisfação se encontra no PMDB. Que vê seus ministros sem autonomia decisória; monitorados por secretários executivos nomeados pelo PT; com verbas de seus parlamentares represadas. O PMDB acredita que essas barreiras são todas planejadas : o PT quer bloquear o crescimento do partido, temendo que ele continue com o maior número de prefeituras e vereadores. O projeto petista tem como meta fazer do partido uma gigantesca estrutura a serviço da continuidade de mando do PT. Temer, o conciliador Michel Temer, o vice-presidente da República, tem sido muito importante nesse momento de foguetório desvairado. É cercado de pressão por todos os lados. Tem agido como algodão entre vidros. E até suportado fogo amigo. Não se sabe até quando. Pequeno conselho aos fogueteiros : quando a fumaça é constante, ela mesma avisa onde se localiza a fogueira. Tudo valerá Nem bem o processo eleitoral começou e as jogadas no tabuleiro mostram que a campanha deste ano será a mais contundente da contemporaneidade. Uns contra uns e outros contra outros; podendo ser também de ex-adversários contra ex-aliados. Tudo valerá. O jeito Dilma de ser A cada dia, a presidente Dilma mostra seu jeito de ser. E de fazer política. Ouve um pequeno grupo. E toma decisões. Ao que parece, não faz consultas à área política. Apenas comunica suas decisões aos líderes. Sua cartilha é a cartesiana. Os políticos, segundo ela, precisam andar na linha reta. Mas a política, como se sabe, é, frequentemente, uma curva. Os tropeços ocorrem a cada momento. Lula tem aconselhado a presidente a ouvir mais os políticos. Por mais que ela tenha conversado com alguns, a sensação é a de que falta lábia nas conversas. Churchill 1 O General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na batalha da África, na 2ª Guerra Mundial. Discurso do General Montgomery : 'Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói'. Churchill ouviu o discurso e com ciúme, retrucou : 'Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele'. (As historinhas sobre Churchill, que continuam adiante, foram enviadas por Jorge Massad) O Brasil vai bem O Brasil vai muito bem. Essa é a versão que as autoridades fazem questão de expressar. Crise internacional ? Ah, o Brasil passa ao largo. Estamos indo bem na frente de comércio exterior. Nossas commodities têm ajudado a alcançarmos bons resultados comerciais. Nossas reservas estão aumentando. O que nos permite um bom lastro para eventuais problemas cambiais. Esse é o discurso do ministro Guido Mantega. E a indústria ? Ora, a indústria vive um momento difícil. Mas é um momento só, frisa o nosso ministro da Fazenda. A indústria vai mal A verdade é que a indústria vai mal. De cada quatro produtos adquiridos no mercado, um é importado. A indústria manufatureira registrava uma participação no PIB de 27,2% em 1985; esse índice despencou para 15,8% em 2010. A queda de emprego na indústria entre setembro de 1985 e setembro de 2010 foi de 28%; já a participação dos manufaturados na pauta de exportações baixou de 55% em 2005 para 39,4% em 2010. A pauta de importações engorda a olhos vistos. Em 2003, o coeficiente de importação era de 12,5%; no segundo trimestre do ano passado, 22,9%. China ganha todas E quem está devastando a indústria brasileira ? A China. Ganha concorrências a torto e a direito. E mais : vende gato por lebre. Não entrega as encomendas nos prazos. Não dá manutenção. Faz comparações absurdas. Compara o preço de um trem com 4 carros (o que fabrica) sendo apenas 50% motorizados, com um trem de 6 carros, todos motorizados. E há Estados que entram na "emboscada" chinesa, como o Rio de Janeiro, com a maior tranquilidade. Churchill 2 Certa vez, Einstein recebeu uma carta da Miss New Orleans onde dizia a ele : "Prof. Einstein, gostaria de ter um filho com o senhor. A minha justificativa se baseia no fato de que eu, como modelo de beleza, teria um filho com o senhor e, certamente, o garoto teria a minha beleza e a sua inteligência". Einstein respondeu : "Querida miss New Orleans, o meu receio é que o nosso filho tenha a sua inteligência e a minha beleza". Capital e trabalho juntos A FIESP e as Centrais Sindicais estabeleceram um programa de ações e eventos em defesa da indústria nacional. O primeiro evento em prol da indústria nacional está previsto para o dia 27 de março, com o lançamento de uma frente parlamentar no Congresso Nacional. Outro, em 4 de abril, reunirá cerca de 100 mil pessoas em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo. A mobilização de entidades empresariais e sindicais tem o objetivo de alertar o governo para a adoção de políticas que visem proteger a esfera industrial e, consequentemente, os empregos. Desaceleração ? E se a economia mundial desacelerar em 2012 ? O Brasil será afetado ? Não há razão para acreditar que o Brasil é uma ilha de segurança em um mar agitado. Todos os continentes sofrerão com as águas batendo em suas costas. Passando a perna nos trabalhadores Funcionários de empresas terceirizadas, a serviço do Governo, que quebram e não arcam com os passivos trabalhistas vão precisar de paciência. É que a Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho, decidiu, por unanimidade, suspender a tramitação dos processos que tratam da responsabilidade subsidiária dos órgãos públicos tomadores de serviços, no caso de não cumprimento de obrigações trabalhistas pela empresa prestadora. Algumas decisões monocráticas têm acolhido liminares em reclamações e cassado decisões tomadas pelo TST em que se aplicou a súmula 331, alterada em maio de 2011 para limitar a responsabilidade subsidiária aos casos de conduta culposa do ente público no cumprimento da Lei das Licitações. Churchill 3 Telegramas trocados entre o dramaturgo Bernard Shaw e Churchill, seu desafeto. Convite de Bernard Shaw para Churchill : "Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação de minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver". Resposta de Churchill : "Agradeço ilustre escritor honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer à primeira apresentação. Irei à segunda, se houver". 8 mil recursos no TST Mais de oito mil recursos extraordinários sobre o assunto estão paralisados no TST. Com a decisão da SDI-1, uma quantidade ainda maior de processos deve permanecer à espera da definição do STF. O fato é que não haveria impasse, se a contratação tivesse como preceito a idoneidade financeira, operacional, fiscal e a qualidade da prestação de serviços da contratada. Algo que pode ser perfeitamente definido por uma legislação específica. Jegue para o Japão A China quer importar do Brasil 300 mil jumentos. Que sairão do Nordeste. O jegue já inspirou poetas e escritores. E agora mobiliza os nordestinos que querem evitar sua exportação para a China, onde seriam industrializados - carne e derivados. As campanhas pela "salvação do jegue" estão no ar. Uma dela, "Adote um Jumento. O menino Jesus lhe agradecerá". Churchill 4 Quando Churchill fez 80 anos, um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse : - Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos. Resposta de Churchill : - Por que não ? Você me parece bastante saudável. Modernização no futebol ? Ricardo Teixeira, ufa, deixou a CBF. Poucos acreditariam que um cartola tão cheio de poder pudesse, um dia, renunciar a um dos mais ambicionados cargos por estas plagas. Teixeira saiu não apenas por conta de sua saúde, que merece cuidados. Mas por desgaste de material. Muito tempo no mesmo canto desgasta as pessoas. Por mais força que pareçam ter. É de esperar que, doravante, o futebol seja vitaminado com novas ideias, ajustes de programas e projetos, reordenação estratégica. Mas, sabem quem assumiu ? Um cartola que vai completar em breve 80 anos. Nada contra ele. Felizmente, o próprio se comprometeu a implantar rodízio no comando da Confederação. A sociedade, hoje, tem o mando das coisas. Lula puxará Haddad ? Essa é a pergunta que este consultor tem tentado responder. O candidato do PT, Fernando Haddad, está com apenas 3%. Pois bem, respondo : Lula vai arrastar Haddad para o patamar histórico do PT, cerca de 30%. E mais : Haddad continua competitivo. Por isso, qualquer tentativa de resgatar o nome de Marta Suplicy é coisa de apressadinhos. E Serra é o favorito ? É. José Serra continua como favorito. Mas tem uma grande rejeição para administrar. É bem provável que seja um dos candidatos do segundo turno. Mas não se pode, a essa altura, apontar para nenhum vencedor ou perdedor. Chalita entra no meio ? Esta é também mais uma pergunta que me fazem. Gabriel Chalita, hoje com 7%, poderá quebrar a polarização entre PT e PSDB. Vai depender dos tempos nebulosos ou claros de outubro. O caldeirão eleitoral O sistema cognitivo do eleitor tende a conjugar aspectos múltiplos : condições folgadas ou apertadas do bolso; mais alimentos ou menos alimentos na geladeira; simpatia proporcionada pelo candidato; proximidade/distanciamento que o candidato represente para o eleitor; qualidade das propostas - credibilidade, factibilidade, utopia/factóides, condições de realização; apoiadores do candidato; bom programa de TV; presença nos bairros e regiões da cidade, etc. Churchill 5 Bate-boca no Parlamento inglês. Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, Lady Astor, conhecida pela chatice, que pediu um aparte (Sabia-se que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos, mas concedeu a palavra à deputada. E ela disse em alto e bom tom : - Sr. Ministro , se Vossa Excelência fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá ! Churchill, lentamente, tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu toda a plateia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, mandou : - Nancy, se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse chá com prazer ! Conselho aos novos líderes Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma Rousseff. Hoje, sua atenção se volta aos novos líderes : 1. Cuidado. Examinem as demandas de grupos e regiões. Não prometam coisas que não poderão cumprir/realizar. 2. Procurem convencer a presidente Dilma que o governo de coalizão é uma via de duas mãos. 3. Tentem alcançar consenso junto às bancadas; a cartilha cartesiana da presidente Dilma há de conter sambas variados, não apenas um sambinha de uma nota só, ou seja, atendimento às demandas de um único partido. ____________
quarta-feira, 7 de março de 2012

Porandubas nº 308

Os quatro semáforos Certo prefeito de Santa Rita do Sapucaí, nas Minas Gerais, ao ver nomeado um amigo para comandar o DETRAN, correu a Belo Horizonte, e não se fez de rogado. Foi logo pedindo : - Amigo, me arranje umas sinaleiras para minha cidade. Vai ser o maior sucesso. Vai ajudar muito a minha popularidade. O diretor, tomado de surpresa, ante tão inusitado pedido, procurou administrar a euforia do prefeito, mas não tinha como escapar à pressão : - Compadre, está difícil arrumar esses aparelhos. Tenho de fazer uma grande reforma aqui na capital. Mas vou me esforçar para lhe arrumar quatro semáforos. Mas, por favor, não espalhe. Insisto : não espalhe. E assim foi. Ao chegar a Santa Rita, um mês depois da entrega, ficou embasbacado. Viu os quatro semáforos colocados no mesmo lugar : o centro da cidade. Perguntou ao alcaide : "por que você mandou colocar todos eles naquele lugar" ? Sorriso no canto da boca, o prefeito respondeu : - Ora, compadre, você esqueceu ? Me lembro bem : você bem que me pediu para não espalhar os faróis. Manifesto do PMDB O manifesto do PMDB, assinado pela maioria da bancada, é a gota d'água tirada do pote da insatisfação no qual mergulha o corpo partidário. O partido está insatisfeito com um 'certo' desprezo do governo. Não se trata apenas de queixas contra o menor espaço que tem hoje, comparado ao dos tempos de Lula. Trata-se da constatação de que a coalizão, na prática, não funciona. O Executivo quer os votos do PMDB. E só. Não faz consultas ao partido. Na hora H, a presidente Dilma vale-se da habilidade e do perfil harmônico do vice-presidente Michel Temer para acalmar os ânimos. Mas há limites nessa história de "vem-aqui-e-chega-pra-lá". Mais reuniões Diante da crise que pode se alastrar pelos desvãos do Parlamento, o vice-presidente Michel passa a ter papel transcendental. Não por acaso, a presidente Dilma quer fazer reuniões periódicas com ele. Agenda aberta, conversa franca. Votação em peso Por mais que existam divergências internas, o PMDB tem dado exemplo de unidade. Basta ver os votos por ocasião do Código Florestal e do Fundo Complementar do Servidor Público. Mostrou que vota unido. O líder Henrique Alves tem trabalhado com afinco para aprovar as matérias de interesse do Executivo. Mas não tem havido correspondência do governo. Só cobranças. Os peemedebistas desconfiam - e com razão - de que o governo quer minar suas forças e, ao mesmo tempo, ampliar as condições político-eleitorais do PT. Presidência da Câmara O PMDB quer presidir a Câmara Federal na próxima legislatura. E seu candidato é Henrique Alves, aliás, o parlamentar com o maior número de mandatos na Casa, 11. Henrique, para assegurar sua posição, procura se equilibrar entre a meta de atender os pleitos do Executivo e as demandas de sua bancada. Satisfazer, ao mesmo tempo, a uns e outros é tarefa quase impossível. Por isso, há um certo grupo - cerca de 20 - que tenta obstruir sua posição de liderança. Mas o vice-presidente, Michel Temer, do alto de sua índole equilibrada, funciona como algodão entre cristais. Geddel, a trombeta Há no PMDB alguns perfis que fazem barulho. Quem toca mais alto a trombeta é Geddel Vieira Lima, que exerceu o cargo de líder do partido, foi ministro da Integração Nacional, comanda o PMDB na Bahia, e hoje ocupa uma diretoria da Caixa Econômica Federal. Geddel é uma das melhores cabeças do partido. Pensa bem, mas é muito atirado. Não tem papas na língua. E não se cansa de fustigar, quase diariamente, o governador Jaques Wagner, adversário com quem quer medir forças. Ora, com tantas vozes dissonantes, torna-se mais complexa a tarefa do líder Henrique, de agradar todas as alas do partido. Ameaça concreta O PMDB está ameaçado de perder a posição de partido que detém o maior número de prefeituras do país, quase 1.200. O PT poderá tomar o seu lugar. E se isso ocorrer, o partido verá diminuídas as chances de poder vir a ser o parceiro principal do PT em 2014. Eis uma ameaça que paira sobre o PMDB. Condições para ser governador Solenidade de promoção da Polícia Militar em andamento, os agraciados com ascenso na carreira da corporação são chamados pelo cerimonial. Um a um recebe diplomação. Absorto em seu lugar, olhar atento a tudo, a maior autoridade presente à solenidade - governador Dinarte Mariz - resolve cochichar à orelha de Luciano Veras, secretário da Segurança do Estado : - Coronel, eu não estou vendo entre os promovidos aquele meu afilhado que lhe fiz recomendação... A resposta do secretário justifica o porquê da ausência do indicado pelo governador : - Eu estive avaliando a carreira dele e observei que não havia condições para ganhar a promoção pretendida pelo senhor. Sem maiores reservas, Dinarte alardeia sua contrariedade com a exclusão técnica : - Luciano, que condições você está falando ? Se eu fosse atrás dessas condições nunca teria sido governador. (Quem conta o "causo" é Carlos Santos em seu livro Só Rindo 2) Blocão Há um bloquinho na Câmara, composto pelo PSB, PC do B, PMN e PRB. Pois bem, o sonho de Eduardo Campos é dar a esse ajuntamento o nome de blocão. A ideia é atrair o PSD de Kassab. Com essa junção, o bloco teria 110 deputados, que seria o maior da Casa. E, claro, com direito a reivindicar o comando parlamentar. Essa é mais uma ameaça que paira sobre o PMDB. Mais insatisfeitos Não é apenas o PMDB que se mostra insatisfeito com a participação no governo Dilma. Outros partidos também estão acusando o isolamento. Entre eles, o PSB, o PDT e o PR. A presidente reluta em nomear um indicado de Valdemar Costa Neto para o Ministério dos Transportes. Paulinho da Força quer indicar, pelo PDT, o novo ministro do Trabalho, mas a presidente tende a escolher o deputado gaúcho, Vieira da Cunha. O PSB, insatisfeito, deu apenas 2 votos favoráveis ao projeto do Fundo Complementar do Servidor Público. Dilma, a durona Pois é, depois de um ano, a presidente Dilma deixa ver, na plenitude, seu perfil : durona, cobradora, exigente, detalhista, apuro técnico, rigorosa, mandona, puxadora de orelha. O perfil da presidente amedronta ministros e assessores. Como consequência, distingue-se uma moldura de ministros sem autonomia, medrosos, pouco proativos. Muitas obras estão paradas. Verbas aprovadas para parlamentares não são liberadas. Esse é mais um motivo para descontentamento. A humildade "A humildade é virtude lúcida, sempre insatisfeita consigo mesma, mas que o seria ainda mais se não o fosse. É a virtude do homem que sabe não ser Deus". (André Comte-Sponville) Militares da reserva Pois é, os militares de pijama conseguiram o que queriam : ampla visibilidade. Fizeram um manifesto contra a Comissão da Verdade. E, de quebra, uma crítica ao governo. A presidente Dilma mandou puni-los. E, com essa decisão, a corrente de solidariedade entre os militares aposentados cresceu. Era o que eles queriam. Ora, a presidente deveria ter fechado os olhos a esses queixumes. Quem está na reserva só tem mesmo, como arma, o direito à livre expressão. Garantido pela Constituição. A impressão é a de que houve erro de conduta por parte do Executivo. Quadro paulistano A decisão de Serra, de participar do pleito paulistano, abre as seguintes hipóteses : maior probabilidade de segundo turno é com ele e Haddad. Mas tudo vai depender do papel de Lula. Terá o ex-presidente condições efetivas de participar ativamente do pleito ? Até onde vai a motivação de Marta Suplicy com a candidatura Haddad ? Geraldo Alckmin ajudará de maneira efetiva ou ficará na moita ? Os tucanos estarão todos unidos ou haverá dissidentes/inconformados/indignados, como eventuais perdedores das prévias (Zé Aníbal e Ricardo Trípoli, por exemplo ?). Lula, corajoso Quem conversou com Lula, recentemente, o achou muito deprimido. Ora, o ex-presidente passou por uma dura bateria de quimioterápicos. Os estados de depressão são previsíveis. Lula tem sido muito corajoso. Esta Coluna torce pela rápida recuperação deste grande brasileiro. Governos sem grana Os governos estaduais estão com a faca no pescoço. Os cofres estão vazios. Muitas obras paradas. Acorrem à Brasília. Ministros fazem ouvidos moucos. Loucinha pintada Etelvino Lins tomou posse no governo de Pernambuco. Logo no dia seguinte recebeu a visita de um tio do interior, que queria abraçar o sobrinho glorioso. O velho entrou meio desconfiado, sentou no sofá largo, começou a conversar. Mas tinha uma bronquite de abade. Tossia sem parar. Um emprego do palácio apanhou uma escarradeira toda desenhada em azul e a colocou discretamente ao lado. O velho tossiu, cuspiu no canto do chão. O empregado puxou a escarradeira mais para perto. O velho empurrou com o pé : - Tervino, tira essa loucinha pintada daqui, senão eu acabo cuspindo dentro. (Quem conta o "causo" é Sebastião Nery em seu Folclore Político) O caso Valcke Esse secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke, é mesmo um desastrado. Sugeriu que o Brasil deveria ganhar "um chute no traseiro" para avançar na organização da Copa de 2014. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, pediu que a FIFA troque de interlocutor junto ao Brasil. Pano de fundo : soberania do Brasil e poderio da FIFA na organização/realização do evento. Até onde os poderes de ambos se cruzam ? Dilma para Merkel A chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, perguntou a presidente Dilma, que criticara "o tsunami" financeiro : "o que você gostaria que nós fizéssemos?". Nossa mandatária respondeu : "primeiro, esterilizem a enxurrada de euros; segundo, queremos fazer boa parceria com Alemanha, desde que haja reciprocidade; terceiro, temos que tomar medidas de proteção à nossa moeda para proteger o mercado". Ajudando Haddad A presidente quer ajudar o pupilo de Lula, Fernando Haddad, a se eleger prefeito de São Paulo. Até toparia mexer no Ministério por conta dessa candidatura. Mas já avisou que não vai enfiar o pé na lama. Ajuda de longe. Para evitar desgaste. Aliás, esse tem sido o aviso da presidente aos correligionários. Epílogo "Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naus, de ilhas, de peixes, de moradas, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto". (Jorge Luis Borges) Conselhos à presidente Dilma Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à José Serra. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma Rousseff : 1. A insatisfação na base governista tende a se expandir caso não sejam liberadas as verbas aprovadas no Orçamento para as regiões indicadas pelos parlamentares. Em um ano eleitoral, fechar os cofres para a esfera política parece incongruente. 2. A postura técnica, elogiável e recomendada, precisa ter uma contrapartida política. Não se governa sem apoio da base política. 3. A responsabilidade deve iluminar os caminhos decisórios. E vossa Excelência acerta em cheio quando decide colocar a régua no meio das demandas e pressões. Mas tenha cuidado para não exacerbar na postura. ____________
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Porandubas nº 307

"Foi o que me valeu" Carlos Pedreira, advogado e engraçado, entra no relato engraçado de Leonardo Mota, no Tempo de Lampião, lá no Nordeste. A passagem é esta : Certa vez, passei a atuar num processo de desquite. Como esses processos são sempre escandalosos, interferi suasoriamente junto aos cônjuges, a ver se os reconciliava. Consegui um entendimento de ambos. A esposa era uma jararaca velha ciumenta. Feia e desdentada, casara-se em segundas núpcias com o meu constituinte. Atendendo ao meu pedido para que dissesse francamente as razões que a levavam a desquitar-se, ela não hesitou : - Doutor, eu não aguentei ingratidão do finado, quanto mais deste ! Felizmente, o defunto meu primeiro marido está hoje prestando contas a Deus das noites e noites que me fez passar em claro. Agora, faz seis mês que eu estou casada com este cidadão. Os primeiros três mês viveu-se em paz. Ele tratava de me agradar e eu a ele. Mas, de certo tempo pra cá, este homem se desencabeçou, pensa que eu sou peixe podre, se esqueceu que é casado comigo, virou oficial de varruma (conquistador) e vive espalhando o sacramento pela rua..( prevaricando..). - Mentira sua ! Exaltou-se o acusado. E como prova de que cumpria os seus "deveres", e procurando desabotoar a camisa : - Inda na semana passada você deu-me uma dentada aqui no peito, que eu não sei como não me arrancou um chaboque... Está aqui a roncha ! - É menos verdade ! Titubeou ela, mostrando as gengivas. É menos verdade : a prova é que eu nem dente tenho... Ele pôs levemente a mão sobre o peito equimosado e resmungou : - Foi o que me valeu... Serra, ufa, saiu do muro Até que enfim, José Serra decidiu encarar a realidade. Não tinha alternativa melhor que a de entrar no páreo paulistano. Elenco as seguintes razões : o ciclo Serra de Vida Política não aguentaria mais uma esticada no limbo até 2014. Sem poder e sem visibilidade, chegaria trôpego e com a fala engrolada no ano do pleito presidencial. A eleição paulistana fecha o ciclo da polarização PT versus PSDB. Mas essa polarização só ocorreria com Serra candidato para disputar com Fernando Haddad. Nenhum outro candidato tucano teria cacife para ser competitivo. Apoio e visibilidade Serra conta com o apoio de duas máquinas, a da prefeitura, comandada por Kassab, e a do Estado, comandada por Alckmin. Serra tem alta visibilidade e já entra na disputa carregando uns 25% de intenção de voto. Tem ele uma rejeição alta - 33% - mas pode diminuí-la ao correr da campanha. Experiente, conhece os problemas de São Paulo mais que outros. Ademais, FHC e a cúpula tucana já avisaram que o candidato tucano, em 2014, para enfrentar Dilma é Aécio Neves. Portanto, ante a melhor alternativa, Serra desceu o muro. O novo quadro Diante da moldura que se estabelece com a decisão de Serra, é possível fazer as seguintes projeções : um segundo turno envolvendo Haddad e Serra, em campanha polarizada; a estrutura das máquinas - municipal e estadual - tende favorecer a candidatura tucana; Serra tentará comer o prato do centro para as bordas, ou seja, das classes médias para as margens sociais; Haddad, sob o império carismático de Lula, tentará comer a sopa das bordas para o centro, ou seja, tentando fisgar o eleitorado de Marta Suplicy e, vir com ele, das margens para o centro. O PT começa com seus 30% históricos de votos. Mas sua decolagem carecerá de mais alguns pontinhos. Nacionalização ? A questão é : com a entrada de Serra, a campanha será nacionalizada ? Este consultor tende a apostar que poderá, sim, ser nacionalizada, até porque a entrada de Lula na arena contribuirá para essa ideia. Táticas de guerra "Prepare iscas para atrair o inimigo. Finja desorganização e esmague-o. Se ele está protegido em todos os pontos, esteja preparado para isso. Se ele tem forças superiores, evite-o. Se o seu adversário é de temperamento irascível, procure irritá-lo. Finja estar fraco e ele se tornará arrogante. Se ele estiver tranquilo, não lhe dê sossego. Se suas forças estão unidas, separe-as. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado, apareça quando não estiver sendo esperado".(Sun Tzu) Chalita no meio Mas há a candidatura de Gabriel Chalita, pelo PMDB, que não pode ser desprezada. Chalita é carismático e junta um voto fiel de parcela importante da Igreja Católica. Terá um bom tempo de TV e rádio, mais de quatro minutos, e expressa um discurso de renovação. Poderá, portanto, fazer barulho. Seu desafio : quebrar a polarização entre tucanos e petistas. Se não entrar no segundo turno, fechará posição com Haddad. Neste caso, o petista contará com a maior parcela do eleitorado de Chalita. Claro, nem todos os eleitores deverão entrar na corrente, pois há, em São Paulo, forte onda contra o petismo. A partir das classes médias. D'Urso Na telinha estará também a imagem de Luiz Flávio Borges D'Urso, candidato do PTB, que poderá surpreender nos debates. D'Urso é bom de embate. Se tiver um tempinho razoável de TV, pode crescer. Renda mínima "As rendas mínimas asseguradas aos cidadãos que não trabalham podem fazer com que grupos sociais inteiros caiam em um alçapão de pobreza por inatividade, de onde terão as maiores dificuldades de sair. E assim se reduz a oferta de trabalho". (Majnoni D'Intignano) PSB com Haddad O PSB do governador Eduardo Campos deverá formar aliança com o candidato petista. Lula e Campos são muito amigos e conservam uma admiração recíproca. Mas há um imbróglio : Marcio França, que comanda o PSB estadual, é secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin. Será que se curvará à orientação/determinação do governador Eduardo Campos ? Há, como se pode depreender, muita interrogação no ambiente pré-eleitoral. PC do B e PR O PT quer atrair, ainda, o PC do B, o PR e outros partidos que compõem a aliança governista na área Federal. O PC do B tem Netinho de Paula, o cantor e vereador, como pré-candidato a prefeito. O PR é o partido de Paulo Maluf. Seria interessante Maluf no palanque de Haddad, ao lado de Lula e Marta Suplicy. Como o pleito deste ano é o do samba do crioulo doido, Maquiavel faz o patrocínio. Dilma virá ? Claro, a presidente Dilma, convocada por Lula, deve aparecer para dar um abraço em seu candidato Haddad. Mas, como ela própria já anunciou, não gastará sola de sapato com os contendores, porque na maior parte dos 5.564 municípios os candidatos pertencem à base governista. Agradar a um significará desagradar a outro. A exceção deverá ser São Paulo. Trazida pela batuta do Papa Lula. PSD de Kassab O PSD do prefeito Gilberto Kassab terá papel importante no cenário político. O fato de apoiar Serra, em São Paulo, não implicará uma teia de apoios aos tucanos em outros espaços. Kassab tem sido muito claro : esse apoio se restringe a São Paulo. Até porque a tendência do partido é a de vir a integrar a base governista, logo após o quadro eleitoral. O PSD lutará para eleger 500 prefeitos. Com uma bancada de 53 deputados, terá cacife suficiente para influir no processo legislativo. Kassab pisca com um olho para o norte e, com o outro olho, para o sul. Um dos mais hábeis articuladores da política nacional. Centrais e empresários A FIESP promoveu, nesta segunda-feira, um encontro/almoço entre Centrais Sindicais e empresários. O motivo : debater a desindustrialização em marcha no país. Em torno de uma comprida mesa, dirigentes de entidades sindicais e industriais expressaram sua indignação com a falta de sensibilidade do Governo Dilma para com os setores produtivos. Paulo Skaf deu o tom dos discursos. Mostrou como o país está estrangulando seu parque industrial. A contrariedade se dirigia também ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que prometera comparecer ao encontro e, na última hora, deu o cano. Por que Pimentel não apareceu ? Cochichos : desprezo por São Paulo; falta do que dizer aos participantes; medo de ser foco de grande indignação (e foi mesmo); veto da presidente Dilma à sua presença na FIESP. A lição de Lincoln "Não criarás a prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás o assalariado, se arruinares aquele que paga. Não estimularás a fraternidade humana, se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres, se eliminares os ricos. Não poderás criar estabilidade permanente, baseada em dinheiro emprestado". (Lincoln) Dados contundentes Sindicalistas e empresários cantaram a mesma música : o Brasil está patrocinando milhares de empregos no exterior. O presidente da Marcopolo, gigante da fabricação de ônibus, exibiu dados contundentes : a hora trabalhada em sua fábrica, na Índia, é de R$ 12,00; no Brasil, é de R$ 54,00. Essa tende, dentro de poucos anos, a ser a maior fábrica do grupo. E desfilou o rosário de contas negativas, que termina na nossa logística, que cunhou com o adjetivo : "podre". Pano de fundo A presidente Dilma Rousseff dá visíveis demonstrações de desconsideração à maior Federação de Indústrias do país, FIESP. Diferentemente de Lula, que sempre visitou a entidade, quando convidado, Dilma é indiferente aos convites para encontros com empresários na avenida Paulista. Parece ter optado por uma aliança tática com a Federação de MG e com o mineiro Robson Andrade, que dirige a CNI. Em suma, Minas faz a cabeça (e o coração) da presidente. Fernando Pimentel, amigo dileto da mandatária, dá sinais de que a FIESP não existe em seu sistema cognitivo. PDT em chamas O PDT parece um partido em chamas. Paulinho, da Força Sindical, diz que será candidato a prefeito de São Paulo. Mas pode vir a apoiar José Serra. Ou não ? Depende. Depende de quem será nomeado ministro do Trabalho. Se for alguém de sua ala, poderá debandar para o lado de Haddad, em São Paulo. Se não for, baterá cabeça com o governo e com o PT em São Paulo. Lupi, por sua vez, espera que o ministro seja alguém de sua confiança. Não pode ser o deputado Vieira da Cunha ou Brizola Neto. Se for Vieira, Paulinho garante que pulará para a oposição. Ninguém sabe para onde a sigla caminhará. Base da Antártica A base brasileira na Antártica foi destruída por um incêndio. Pesquisas de 30 anos foram destruídas. Retrato brasileiro do desleixo e displicência. Marketing de campanhas Este consultor, ancorado em sua vivência, chama a atenção para o planejamento do marketing das campanhas. Senhores candidatos e assessores, atentem para estas abordagens : 1) priorizem questões regionalizadas, localizadas, na esteira de um bairro-a-bairro, ou seja, façam a micropolítica; 2) procurem criar, logo, logo, o diferencial de imagem, elemento que será a espinha dorsal da candidatura, facilmente captável pelo sistema cognitivo do eleitor; 3) desenvolvam uma agenda que seja capaz de proporcionar "onipresença" ao candidato (presença em todos os locais); 4) organizem uma agenda contemplando as áreas de maior densidade e, concentricamente, chegando às áreas de menor densidade eleitoral; 5) eventos menores e multiplicados são mais decisivos que eventos gigantescos e escassos; 6) despojamento, simplicidade, agilidade, foco para o essencial, mobilidade, propostas fáceis de compreensão e factíveis - eis aí um ligeiro escopo de conceitos-chave. Maia e Garotinho Cesar Maia e Anthony Garotinho formalizaram a aliança entre PR e DEM. Minha velha mãe, Chiquita, sempre me lembra : "meu filho, nunca diga : desta água não beberei". Porandubas populares Pois é, esta coluna Porandubas Políticas tem a satisfação de registrar a peça Porandubas Populares ou Paulicéia Desvairada, de Carlos Queiroz Telles. Misto de teatro de revista, circo e ópera-rock. Ora, Porandubas é isso mesmo, coisa como fragmentos. Vivem perguntando a este consultor : o que significa Porandubas ? Digo : em tupi guarani, quer dizer notas, notícias curtas, flashes, fragmentos de texto, pílulas. O nome dos ministros ? Pequeno teste : quem é capaz, agora mesmo, de citar sete ministros do governo Dilma ? Até o final deste texto, procure se lembrar. Num regime presidencialista forte, como o nosso, e ainda por cima controlado com mão de ferro, sob o regime do medo, ministro que aparece muito tem a língua cortada. Bom, chegamos ao final. E os cinco ministros ? Lembro : há 37 ministros. Mais que uma rosa "Quero ser algo mais que uma rosa na lapela de meu marido" (Margaret Trudeau, então casada com o primeiro ministro do Canadá, Pierre Trudeau) Conselho a José Serra Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos foliões. Hoje, sua atenção se volta à José Serra : 1. Não perca tempo. Alinhe o discurso, com abordagens convincentes, para justificar sua decisão de ser candidato, depois de tanto tempo indefinido. 2. Desta feita, evite coisas espalhafatosas, como registro em Cartório com o compromisso de permanecer até o final da administração, caso seja eleito. Uma vez, é aceitável. A segunda vez, mesmo sob o colchão da sinceridade, ninguém vai aceitar. Lembraria o compromisso não cumprido. 3. Tente usar a experiência para estabelecer seu diferencial. E administre sua conhecida índole de auto-suficiência, arrogância e superestima. Os olimpianos também despencam dos céus. ____________
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Porandubas nº 306

Salgar meu pai Abro a Coluna com uma historinha do Rio Grande do Norte, mais precisamente de Macaíba, vizinha à Capital, Natal. Em certa administração municipal, constituída em sua grande maioria por pessoas de Natal, um pobre rapaz procurou o gabinete do prefeito com um problema urgente. Era uma sexta-feira. "Meu pai morreu e vim pedir o caixão", suplicou o jovem à secretária natalense da mais fina flor da moderna burocracia. "Hoje não há como atender. O prefeito e todo o pessoal foram a Natal. Volte segunda-feira, está bem ?", respondeu a funcionária conscientíssima do dever cumprido. Desolado o rapaz recuou e abriu novamente a porta do gabinete para nova abordagem : "Dona, poderia me arranjar dois reais ?". "Pra quê você quer o dinheiro ?", interrogou a eficiente servidora."É pra comprar sal grosso, salgar o meu pai até segunda-feira !". Quem conta o "causo" é Valério Mesquita. Cenários eleitorais - Vermelho/encarnado Este cenário é o do PT. Nele, vê-se o partido abocanhando entre 1200/1300 prefeituras das 5.564 existentes no país. Significaria passar à frente do PMDB e, desse modo, garantir a argamassa para a decolagem do avião de 2014, com as maiores bancadas - estaduais e federais - sob o embalo da reeleição da presidente Dilma. Este é o desenho que o PT tentará compor. E mais ainda : sua meta é eleger o maior número de prefeitos nas 200 mais populosas cidades do Brasil. Faz parte da estratégia de prolongar o ciclo petismo/lulismo/dilmismo. - Vermelho/preto Este é o cenário do PMDB. O desenho que o partido quer ver no país abriga entre 1300/1400 prefeitos. Acha que, por ter, hoje, o maior número de administrações municipais e o maior número de vereadores, pode ambicionar meta mais larga, ou seja, expandir sua base municipalista. Trata-se do partido de maior capilaridade nacional, posição que vem mantendo desde 1986, quando elegeu 21 dos 22 governadores de Estado. Eram os tempos áureos de Sarney e do confisco do boi no pasto. A grande luta do partido será com o PT, que quer desbancá-lo da posição. - Azul/amarelo Este é o cenário tucano. O PSDB tentará eleger entre 800 a 1000 prefeitos. Conta, para isso, com a força de administrações estaduais nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo (Geraldo Alckmin), Minas Gerais (Antonio Anastasia), e em Estados importantes como Paraná (Beto Richa) e Goiás (Marconi Perillo). Lembre-se que MG tem o maior número de municípios do Brasil e o governador Anastasia é bem avaliado. A administração Alckmin também goza de razoável prestígio. - Verde/amarelo/branco Este é o cenário do PSD de Kassab. Que governa, hoje, cerca de 270 prefeituras, com a migração de prefeitos vindos principalmente do DEM. O PSD já tem 53 deputados Federais e espera ser vitorioso em 500 municípios. O partido pisca de um lado e de outro, ensaiando estabelecer alianças de todos os lados. Seu objetivo é formar uma grande base política. O prefeito é exímio articulador. Conta com governos de Estado (SC, AM) e com políticos influentes. Tenderá a participar da base governista. - Vermelho/amarelo Este é o cenário do PSB, do governador Eduardo Campos. Espera fazer uns 800 prefeitos, principalmente na região Nordeste, a partir dos Estados de Pernambuco e Paraíba, onde tem as rédeas. Campos sonha com 2014, seja como candidato a presidente da República seja como vice na chapa da presidente Dilma. Pisca com um olho para o tucano Aécio Neves e com outro para Kassab. É um poço de ambições. E aprecia Maquiavel. - Azul/verde/branco Este é o cenário do DEM. Que foi visivelmente enfraquecido pelo PSD de Kassab. O partido terá o pleito de outubro como um parâmetro para projetar suas estratégias e abrir os horizontes de futuro. Caso perca tempo eleitoral e recursos do Fundo Partidário - ameaça real que sobre ele se projeta - a saída para o DEM seria uma fusão. E o partido com quem começa a abrir conversações é o PMDB. Os dois, juntos, formariam um grande ente com mais de 100 deputados Federais. O DEM quer eleger uma boa bancada de prefeitos, mas seu desempenho será uma incógnita.Prosperidade e adversidade "Na prosperidade, nossos amigos nos conhecem. Na adversidade, conhecemos os nossos amigos". (Collins) A policromia partidária Como se pode aduzir das próprias cores que adornam os cenários, a imbricação de posições, ações, metas e comportamentos é patente. Todos pensam de forma assemelhada. Falamos, claro, dos grandes e médios partidos (lembrando ainda o PDT, PTB, PP, PRB, PV) que agem no centro - e nas bandas esquerda e direita - do arco ideológico. Não estamos, aqui, incluindo os entes com maior coloração doutrinária, como PSOL, PCO, PSTU, etc. A constelação partidária deverá obter 90% dos votos nacionais, deixando percentagem mínima para siglas das margens ideológicas. A régua de cada um Quem tem se sobressaído nas administrações estaduais ? A maior visibilidade dos governadores, convenhamos, ocorreu na esteira de eventos negativos - acidentes/incidentes naturais no Rio, greves de policiais militares, epidemias, etc. Quem apareceu de maneira positiva ? Ninguém. Anastasia, sobre o qual se projetava a marca de exímio gestor, mergulhou. Renato Casagrande, do Espírito Santo, não é nem referência de passagem. Alckmin, em São Paulo, talvez seja o mais visível, particularmente por conta de eventos conjuntos com a presidente Dilma Rousseff, em São Paulo. Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, fica distante dos eixos centrais. Perillo e Beto Richa, tucanos, parecem não terem ainda deslanchado. Cabral, do Rio, aparece sempre em meio a tragédias. E com a imagem de turista parisiense. Wagner, da Bahia, acaba de sair de uma greve. Quem ficou acima de cinco na régua ? Difícil dizer. Tudo o que somos "Morrer é deixar tudo o que temos e levar tudo o que somos". Serra quase aceitando E aqui estou eu novamente fazendo a recorrente leitura do quadro paulistano. Digo e repito : aqui nessa arena ocorrerá a mais sanguinolenta e emblemática luta eleitoral dos últimos tempos. Terá Lula, careca e curado, no comando de um exército; Alckmin, na vanguarda de outro; e Kassab, abrindo novas frentes na arena. Pois bem, a briga tende a se acirrar, caso José Serra, que sempre nega ser candidato, decida enfrentar o páreo. Este consultor soube que, nas últimas horas, ele deixou de refugar. Já não manda o interlocutor recolher-se ao silêncio. Mostra-se disposto a pensar. Serra está quase com a decisão pronta. Se sair, Kassab deverá recuar da ideia de fechar posição com o PT de Haddad. Daí a pressa de Serra para evitar a decisão de Kassab.Rejeição nas nuvens Caso Serra tope a parada, deverá enfrentar a maior luta de sua vida : contra ele mesmo. Tem uma rejeição altíssima, por volta de 35%. Significa que Serra deverá ajustar sua identidade, na esteira de um processo que demanda mudança de atitudes, comportamentos, ações, gestos, etc. José Serra não provoca simpatia. O que mata um jardim "O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar vazio de quem por ele passa indiferente". Mário Quintana. Ministros na ordem unida Em tempos idos, era fácil apontar o ministro com maior força, de maior prestígio, o mais simpático, o mais arrogante, etc. Nos últimos tempos, essa tarefa tornou-se difícil. Porque o governo gira em torno de dona Dilma. Que centraliza tudo, que dá as ordens, puxa a orelha, cobra, dá corda, motiva e desmotiva. Os ministros temem enfrentar a ira da presidente. O Ministério recolheu-se. Quem bota as manguinhas de fora pode levar bronca. Mais ordem unida A presidente Dilma recomendou, ontem, aos 15 partidos que compõem a base aliada - presentes à primeira Reunião do Conselho Político - que mantivessem a unidade. Que as eleições de outubro não fossem obstáculo para brigas partidárias. Estiveram presentes líderes e presidentes dos seguintes partidos : PT, PMDB, PSB, PSC, PP, PDT, PTB, PR, PCdoB, PRTB, PRB, PT do B, PRP, PSL e PHS.Ansiedade "Ansiedade é a incapacidade de saber o que é importante e o que não é". Plasmando a cara A cara do Ministério vai tomando a feição de dona Dilma. A nova ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e a nova presidente da Petrobras, Graça Foster, são carne e unha com a presidente. De maneira lenta, segura e gradual, a comandante-em-chefe das forças do país vai escolhendo os seus generais e coronéis. Magistrados em nova briga Nem bem saíram da batalha sobre o CNJ, cujas funções queriam ver mais restritas, as associações de magistrados acenam com mais querelas. Querem, agora, lutar contra o Executivo por não aceitarem a criação do Fundo Complementar para os Servidores Públicos. As demandas dos magistrados, convenhamos, contribuem para expandir o contencioso que entope os canais da Justiça. Cada qual empresta sua cota para as curvas da Justiça. Justos e pecadores "Só há dois tipos de homens : os justos que se crêem pecadores e os pecadores que se crêem justos. Mas nunca sabemos em qual dessas categorias nos classificamos - se soubéssemos já estaríamos na outra". (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes - André Comte-Sponville) Governo sob pressão O governo não tem cumprido o compromisso de mandar pagar as emendas dos parlamentares feitas no orçamento de 2011. A insatisfação das bases bate no teto. As ministras Ideli e Gleisi são uma pilha de nervos. Os deputados miram em três alvos : aprovação do Fundo Complementar dos Servidores Públicos, o Código Florestal e a Lei Geral da Copa.Prócer e liderança Historinha contada por Carlos Santos, em seu livro Só Rindo 2. Auxiliar direto do governador Dinarte Mariz, Grimaldi Ribeiro apresenta-lhe outro político interiorano no Palácio Potengi : - Este é um prócer político do Trairi - define. Noutra oportunidade, utiliza vocábulo diferente : - Governador, esta é um liderança política da região Oeste. Intrigado com as constantes distinções, mas sem captar a sutileza da separação, o arguto Dinarte interpela Grimaldi : "Por que uns são próceres e outros lideranças ?". Professoral, Grimaldi justifica : - Governador, prócer só tem pose, e liderança é que tem voto. Conselho aos foliões Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do Judiciário. Hoje, sua atenção se volta aos foliões : 1. Tempo de folia é tempo de catarse, de alegria, de descontração, de convívio social. Aproveitem a folia carnavalesca, mas sem exageros que possam causar problemas ao físico e ao espírito. 2. Que o carnaval lhes proporcione viver momentos de relaxamento e lazer ao lado de familiares, amigas e amigos. 3. E que voltem ao espaço do labor com disposição e o compromisso de realizar bem as suas tarefas e funções. Pelo seu bem e pelo bem da sociedade ! ____________
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Porandubas nº 305

Malícias de Tancredo Abro a Coluna com historinhas de Tancredo Neves, o avô do senador Aécio, contadas pelo amigo Sebastião Nery. Tancredo dava uma entrevista e o jornalista anotava tudo. Quando acabou, Tancredo Neves leu. Estava escrito : - Não pretendo ser governador de Minas. Tancredo pediu licença, emendou com a própria caneta : "Não pretendo ser candidato a governador de Minas". E outra. Geraldo Rezende, editor político de O Diário, sábio e santo, conversava com Tancredo no final da campanha para o governo de Minas, em 1960, contra Magalhães Pinto : - Tancredo, você precisa ter fé. Dê uma passada no Santuário de São Geraldo, em Curvelo, que São Geraldo não esquece seus devotos. Tancredo foi lá. Perdeu as eleições para Magalhães. Telegrafou a Geraldo : - Geraldo, São Geraldo esquece seus devotos. Meses depois, Jânio renuncia, assume Jango. Tancredo é primeiro-ministro. Geraldo telegrafa a Tancredo : - Tancredo. São Geraldo não esquece seus devotos. Bahia violenta A Bahia de Todos os Santos virou terra da barbárie. 54 mortos, até o momento, vítimas da violência que assola Salvador, desde o início da greve dos policiais militares. Surpreendente é que a greve assumiu proporções inusitadas, deixando as autoridades governativas sem rumo. O governador Jaques Wagner, sempre cioso de seus deveres, diz que não cederá. O aumento de 6,5% que deu ao funcionalismo será o mesmo para a PM. O mais incrível é ver a situação de caos nas terras santificadas da Bahia, nas proximidades do carnaval, um dos maiores e mais animados eventos do país. O affaire poderá sujar a imagem do governo e servir de discurso aos opositores na campanha eleitoral deste ano. Salário vergonhoso Um policial militar, em início de carreira, ganha na Bahia R$ 1.550,00. Será que este salário sustenta uma família com 3 filhos ? No Rio de Janeiro, o salário é menor ainda, de R$ 1.137,49. Abaixo, só os salários dos policiais no Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, de R$ 1.111,00 e R$ 996,00, respectivamente. Já no Distrito Federal, os policiais ganham R$ 4.129.73. Neto sobe A crise baiana poderá servir de impulso à candidatura de ACM Neto. Que tem condições de alçar voo. Para ser o próximo prefeito de Salvador. A privatização de Dilma Pois é, os aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília foram a leilão e passarão a ser concessões privadas. O vencedor do leilão de Guarulhos (R$ 16,213 bilhões, ágio de 373,5%) foi a Invepar, empresa de investimentos criada pela OAS, que tem como acionistas os fundos de pensão Funcef (Caixa Econômica), Previ (BB) e Petros (Petrobras). A empresa ganhou em acordo com a ACSA, da África do Sul, que opera principais aeroportos africanos. O de Campinas (R$ 3,821 bilhões e ágio de 159,8%) vai para as mãos de Triunfo Participações, consórcio formado pela Constran, que pertence à UTC Engenharia ; Aeroservice, empresa de projetos de aeroportos ; e Egis Airport Operation (França), operadora de aeroportos. E o de Brasília (R$ 4,5 bilhões e ágio de 673,4%) ficará sob o controle da Engevix, em sociedade com a Corporación America (Argentina). Participações No aeroporto de Guarulhos, a Invepar tem 90% e a ACSA, 10% ; no de Campinas, Triunfo fica com 45%, Constran com 45% e Egisavia fica com 10% ; o aeroporto de Brasília foi repartido entre 50% para a Engevix e 50% para a Corporación Argentina. Atenção : a Infraero terá participação de 49% nos consórcios. E mais um dado para entender a moldura : o BNDES financiará 80% dos investimentos. Claro, com a Infraero pagando parte da conta. Privatização sob vigilância O dado acima permite inferir : a privatização ficará sob o olhar do governo. Ou seja, a Infraero terá uma lupa para enxergar as situações de cada consórcio.Ágio médio O ágio médio no leilão de privatização dos aeroportos foi de 348%. Total arrecadado : R$ 24,5 bilhões. Empreiteiras fortes como Odebrecht e CCR ficaram de fora. Grandes operadores de aeroportos, como os que operam em Cingapura, Zurique e Houston perderam seus lances. O caráter e o silêncio Há dois grandes traços que pintam o caráter : a atividade em prestar serviços, o que prova generosidade, e o silêncio sobre os serviços prestados. PELISSON (Paul, escritor francês, historiógrafo de Luís XIV. Pinçado por José da Silva Martins em sua Coletânea de Pensamentos) Mais recorde Brasil dos bilhões. R$ 14,6 bilhões de lucro líquido. O maior lucro líquido já alcançado por um grupo na história do Brasil. Foi o que conseguiu o grupo financeiro Itaú/Unibanco em 2011. Esse é o Brasil da dinheirama. Pão e circo "Os povos gostam do espetáculo; através dele, dominamos seu espírito e seu coração". Luís XIV. Maquiavel já aconselhava ao Príncipe "divertir e reter o povo em festas e jogos". Os tiranos que surgiam nas cidades gregas entre os séculos VII e VI A.C. já utilizavam intensamente as festas populares em benefício de sua propaganda. Dilma cautelosa A presidente Dilma, após a recomposição do Ministério, deverá recolher o excesso verbal em matéria de política. Tende a ser mais cautelosa. O Congresso retoma a agenda e há projetos importantes, como o Fundo Complementar do Servidor Público, a ser votado nas próximas semanas. Partidos e silentes Os partidos também entenderam que a presidente Dilma não aprecia muito os salamaleques, pressões e contrapressões. E também recolhem o lixo verborrágico. Procurarão usar sua força expressiva (e eleitoral) em tempo e condições mais convenientes. Agora, não é hora. Passarinho na muda não pia. Quem não crê em nada "Quando um homem vem me dizer que não crê em nada e que a religião é uma quimera, faz com isso uma confidência muito ruim, pois devo ter, sem dúvida, ciúme de uma terrível vantagem que ele tem sobre mim. Como ? Ele pode corromper minha mulher e minha filha sem remorsos, enquanto eu seria impedido de fazer o mesmo por medo do inferno ! A disputa é desigual. Que ele não creia em nada, com isso posso consentir, mas que vá viver em outro país, com aqueles que se lhe parecem, ou, pelo menos, que se esconda, e que não venha insultar minha credulidade". Montesquieu em seus Escritos. Cenário paulistano Esta coluna não abre mão de fazer um recorrente cenário eleitoral para a capital paulista. Pede desculpas aos leitores pela retomada da paisagem paulistana. Afinal, trata-se do pleito mais importante do país, eis que abrigará o maior eleitorado e as maiores lideranças políticas nacionais, a partir de Lula, careca e santificado, que faz articulação em prol de seu candidato, Fernando Haddad, até em quarto do hospital Sírio-Libanês. Então, vamos lá. Desenho I Fernando Haddad, pelo PT, com o apoio do PSD, de Kassab, disputa com Gabriel Chalita no segundo turno. Vale lembrar que o PT tem históricos 30% dos votos na capital paulista. Gabriel Chalita, do PMDB, terá um bom tempo de TV e rádio. Alguém poderá objetar : e o candidato tucano ? Esse é o busílis. Se for um dos japoneses - muito parecidos - será pouco provável. Japoneses : Zé Aníbal, Ricardo Trípoli, Bruno Covas e Andrea Matarazzo. Bruno Covas poderia tirar Geraldo Alckmin da retaguarda e deixá-lo na vanguarda. Mas o neto de Mário Covas não conta com número suficiente de adesões para ganhar as prévias. Andrea conhece bem a cidade, até mais que os outros. Também não contaria com votos suficientes. Desenho II A questão de sempre : e Serra ? Cercado de pressões por todos os lados, tem jurado que não topa. Mas há uma esperança entre os tucanos. A de que ele poderia aceitar e salvar a Pátria. Receberia o apoio irrestrito do PSD de Kassab e, assim, desfazer a aliança que ele tende a estabelecer com o PT. Serra candidato poderia entrar no segundo turno. Ganharia a campanha ? Dependerá do seu índice de rejeição, hoje muito alto. O ambiente social e econômico do 2º semestre influirá na diminuição/manutenção do índice de rejeição. Nesse caso, poderíamos ver o restabelecimento da velha polarização PT x PSDB. Pano de fundo : santo Lula protegendo Haddad. Mais paisagens Alckmin protegeria Serra ? Há quem duvide. E se o vice-governador Guilherme Afif fosse o candidato ? Teria chances caso dispusesse de tempo eleitoral (rádio e TV) suficiente. Outra perguntinha recorrente : Serra tem futuro ? Sem dúvida. Mesmo se não for candidato a prefeito, Serra terá um horizonte de média distância para contemplar. Se não for o candidato tucano em 2014, perdendo para Aécio a vaga, teria de fazer opções antes daquele ano decisivo. Poderia disputar o Senado. Ou, mesmo, a presidência da República por outro partido, o que o levaria a sair do PSDB até outubro de 2013.Vitória ou derrota de Lula E se Fernando Haddad for derrotado ? Seria uma derrota de Lula. E se ganhar ? Mais uma vitória de Lula. Que parece vitaminado. O ex-presidente está muito ativo. Parece somar forças em momentos críticos.Mantega capengou O affaire em torno da Casa da Moeda pegou de leve no ministro Guido Mantega. Foi ele quem escolheu o presidente que saiu. Sob grande suspeita. Quis atribuir a escolha ao PTB. Que negou. Ao tentar argumentar, Mantega escreveu torto por linhas tortas. Que ganho real é esse ? Há pouco tempo, nesta coluna, fizemos reflexões sobre os critérios estabelecidos pelo Decreto Estadual 48.326/2003 para conceder reajustes ao setor prestador de serviços. Ocorre que o Estado impõe fórmulas que levam em consideração apenas a variação do IPC. Ou seja, no acordo da categoria dá-se um reajuste de 15%, mas o governo repassa ao setor menos que 7% (IPC apurado). Como isto vem ocorrendo há alguns anos, a perda, nos últimos 3 anos, já chega a mais de 25%. Sem condições de honrar dissídios trabalhistas, o setor obreiro começa a mobilizar suas bases em torno de uma greve geral. Seria prudente que governo e empresários procurem os meios e as condições para uma abordagem que possa equacionar a pendenga. O setor privado é o maior gerador de empregos do Estado. Merece um pouquinho mais de atenção. A não ser que o governo queria estrangular a galinha de ovos de ouro. Governantes Quando Confúcio visitou a montanha sagrada de Taishan, encontrou uma mulher cujos parentes haviam sido mortos por tigres. - Por que não se muda daqui, perguntou Confúcio. - Porque os governantes são mais ferozes que os tigres. Descontroles No Rio, três prédios desabam deixando um rastro de mortes. Descalabro. Falta de fiscalização. Rio de Janeiro mais parece uma Beleza em Apuros. Agora, é em São Bernardo que um prédio despenca. Descontroles por todos os espaços. Esse é o Brasil do jeitão que é, da incúria, do desleixo, da falta de planejamento, da ausência de critérios racionais, da folgança de todas as horas.Notas dos partidos Pesquisa informal da coluna. Notas dos partidos aliados ao governo Dilma. De 1 a 10. PT avaliando o governo Dilma : 9. PMDB : 7,5. PP : 6. PTB : 6. PRB : 7. PDT : 6. PSB : 8. PC do B : 8. Aferição dos três principais partidos da oposição : PSDB : 5. DEM : 5. PPS : 5. Andréa Andréa Neves da Cunha, irmã de Aécio, bem articulada, começa a surgir na paisagem mineira. Sucessora de Anastasia no governo ? O exemplo de Maomé Maomé levou o povo a acreditar que poderia atrair uma montanha. E que, do cume, faria preces a favor dos observantes da sua lei. O povo reuniu-se; Maomé chamou pela montanha, várias vezes; e como a montanha ficasse quieta, não se deu por vencido, mas disse : "Se a montanha não quer vir ter com Maomé, Maomé irá ter com a montanha". Dessa forma, os homens que prometeram grandes prodígios e falharam sem vergonha (porque nisso está a perfeição da audácia), passam por cima de tudo, dão meia-volta e realizam o seu feito. (Francis Bacon em seus Ensaios) Conselho aos membros do Judiciário Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos partidos e seus líderes. Hoje, sua atenção se volta aos membros do Judiciário : 1. Após a decisão do STF convalidando as funções do CNJ, resta ao corpo do Judiciário fazer intensa reflexão, mapeando seus altos e baixos, pontos fortes e fracos. O momento é de recolhimento. 2. Urge recompor a força moral do Judiciário, o que implica posturas mais sóbrias e circunspectas. Os Tribunais de Justiça dos Estados devem fazer o exercício da limpeza em suas fichas. Joio, mesmo isolado, não pode contaminar o trigo. 3. Conceitos para cobrir o manto sagrado da Justiça : transparência, dignidade, zelo, organização, agilidade, sabedoria, ética, vigor cívico e isenção. ____________
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Porandubas nº 304

Abro a coluna com uma historinha engraçada da semana. A realidade é, frequentemente, mais interessante/impactante que a ficção. Cadê meu dente ? Cena hilária : faxineiros pacientes fazendo uma varredura no campo de futebol para ver se encontram... um dente. Um dente ? Pois é : foi o que aconteceu. Marcelinho Paraíba perdeu um dente no clássico em que o Sport venceu o Náutico por 4 a 3. Marcelinho prometeu R$ 1 mil a quem achasse seu dente. Piada ? Não. Ocorre que o jogador investiu R$ 4 mil naquele dente implantado. Perderia R$ 1 mil, mas livraria R$ 3 mil. Detalhe : Marcelinho deixou de sorrir. O dente, um centroavante, jogava bem na frente da boca do atleta. "Contundido", escondeu-se no gramado após trombada com Siloé, do Náutico. A jogada violenta ocorreu aos 29 minutos do segundo tempo. O goleador ainda não foi encontrado ! Plasmando a criatura A presidente Dilma Rousseff - é visível - começa a plasmar um governo com a sua cara. Forma "um governo pra chamar de seu". Cumpriu o compromisso com Lula, de segurar alguns perfis durante um ano, e substitui peças no tabuleiro. A decisão mais difícil foi a de tirar o petista Sérgio Gabrielli do comando da Petrobras. A presidente nunca aceitou o flagrante de Gabrielli naquele hotel de Brasília, sendo recebido por José Dirceu. O governador da Bahia, Jaques Wagner, abriu uma vaga no secretariado para abrigar o ex-presidente da Companhia, que começa a vestir o figurino de candidato a governador em 2014. As mudanças na Petrobras, dizem, irão além da ascensão de Maria das Graças Foster à presidência. Deverão abrir arestas em alguns partidos, principalmente o PMDB e o próprio PT.Outras áreas Mudanças ocorrerão nos escalões inferiores de toda a estrutura. Além do DNOCS, mudanças ocorrem na Casa da Moeda, no Banco do Brasil (alterações em 13 Diretorias), e em alguns Ministérios. No Ministério das Minas e Energia, as tensões começam a energizar os espíritos. A nova identidade A identidade do governo tem como vértice a gestão eficaz. Técnica, focada em resultados, a presidente quer ver uma estrutura mais ágil e comprometida com os parâmetros da gestão moderna. Conta, para essa missão, com a valiosa colaboração de um Grupo de Gestão, coordenado pelo megaempresário Jorge Gerdau, um ícone da revolução de métodos e sistemas administrativos. Dilma parte de uma correta visão : a nova classe média (classe média C) - cerca de 30 milhões de brasileiros - não dispõe de recursos para implantar todos os padrões usados por estratos médios superiores (B e A), devendo, assim, continuar a usar os serviços essenciais do Estado, particularmente nas áreas da Educação e da Saúde. Portanto, exigirá serviços cada vez mais qualificados.Leitura geral Atenção para estas questões, hipóteses e inferências. Pela ordem : a) perfil técnico da presidente pode acirrar tensões com o Congresso; b) insatisfação de aliados, nesse momento de alto prestígio da presidente, não gera efeitos de impacto; c) PMDB e PT enfrentam dilema de não terem perfis novos em suas cúpulas; d) Dilma tem forças, hoje, para promover o choque de gestão que a inspira; quanto mais demorar, mais difícil será implantar seu modelo; e) o partido que fizer a maior bancada de prefeitos e vereadores terá melhores condições para eleger o maior número de deputados estaduais e federais em 2014, consequentemente, será parceiro preferencial; f) a campanha paulistana será questão de honra de Lula. Se Haddad ganhar, PT terá condições de esticar projeto de poder. A recíproca é verdadeira.Negromonte Quem ficará no lugar do ministro Mário Negromonte (PP) ? A presidente enfrenta o desafio de achar um perfil com traços mais técnicos. Não quer fazer apenas a troca de 6 por meia dúzia. Questão é : onde estão os políticos com formação técnica ?PSD E PT juntos ? No final de semana, em conversa com o prefeito Gilberto Kassab, a moldura da política paulistana ficou mais nítida : 1) O PSDB não aceita a indicação do nome do vice-governador Guilherme Afif (PSD) como cabeça de chapa para a prefeitura em eventual aliança com os tucanos. 2) O PT dá demonstrações de topar a indicação do PSD para vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad. No caso, o atual secretário de Educação da prefeitura, Alexandre Schneider. 3) Lula é o grande articulador da aliança com o PSD de Kassab, por parte do PT. 4) O PT tem históricos 30% de votos na capital paulista. Somada aos votos do prefeito Kassab, hoje em torno de 15% a 20%, essa votação confere ao candidato Haddad ótimo posicionamento. 5) Kassab espera, mais adiante, ter o apoio do PT para seu projeto político. Esse é o busílis. Chances de Chalita O projeto do PMDB para o Estado de São Paulo será ambicioso. O partido quer eleger uns 200 prefeitos. E espera boa performance de Gabriel Chalita, na capital. Chalita tem boa penetração em alguns núcleos, terá bom tempo de rádio e TV, e poderá crescer bem. Na capital, se a campanha for para o 2º turno, descortina-se um cenário entre Haddad, sob o escudo de Lula/PT, e Chalita, sob o abrigo do PMDB e a maioria de outras legendas, que poderão se unir contra o PT. Seria um embate histórico.O trunfo do PTB Já o PTB confia na expressão fácil e fluente de seu candidato, Luiz Flávio Borges D'Urso. Que é bastante convincente em debates. Russomanno cairá É pouco provável que Celso Russomanno (PRB), hoje com 19% das intenções de voto, segure sua atual posição. Terá mínimo tempo de TV. Será inevitável sua queda.Netinho de Paula, idem O mesmo pode ser dito sobre o cantor e vereador Netinho de Paula (PC do B). Ganha a segunda maior rejeição. Tende a cair na campanha.Que tucano ? Só com muita boa vontade e fechando os olhos, dá para acreditar no triunfo do candidato tucano. Serra desistiu. Aliás, quem será vitorioso nas prévias ? Não dá para fazer previsões. Vou ter de consultar o amigo José Henrique Lobo, que sabe das coisas.Aécio, ganhando força Aécio Neves, senador tucano das Minas Gerais, ganha força nas hostes tucanas. Já se ouve abertamente na cúpula do PSDB que será ele o candidato à presidente da República pelo partido em 2014. Há tempos, essa era mera especulação. Hoje, Fernando Henrique, o cacique maior, diz que Aécio será o nome. O presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra, também vai nessa linha. Alckmin, apesar de calado, não teria dúvidas.Tempo de falar e de calar "Há tempo de falar e tempo de calar, e quem mede este tempo é a prudência, que é regra prática do nosso obrar". Padre Manuel Bernardes. Ciro, senador ? Ciro Gomes planeja reingressar na política pela porta mais generosa do Senado. O irmão governador, Cid, quer vê-lo senador no final de 2014. INA cai O INA - Indicador de Nível de Atividade da indústria paulista divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) registrou queda de 0,4% em dezembro ante novembro, descontados os efeitos sazonais. Em novembro, o indicador havia caído 0,6% (dado também divulgado ontem pela instituição), após queda de 0,9% em outubro. Na comparação interanual, o INA caiu 5% em dezembro, fechando 2011 com crescimento de 0,6% em relação a 2010. Já o NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada em dezembro caiu para 80,9% (ajustando a sazonalidade), ante 81,5% em novembro e 83,4% em dezembro de 2010. Segurança em jogo A bola começa a rolar no campo da segurança da Copa 2014. É que ontem, (31/1), representantes de entidades de classe e de sindicatos de empresas de segurança privada, de 12 cidades sedes, fizeram a 1ª reunião com a Gerência Geral de Segurança do Comitê Organizador da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, no Rio de Janeiro/RJ. "Foi um primeiro encontro nacional com o segmento para discutir o modelo de segurança a ser implantado na Copa das Confederações 2013 e na Copa 2014, alinhar as exigências com os interesses do setor e esclarecer como se dará a contratação das empresas", explica o presidente do Sesvesp - Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo, José Adir Loiola. A intenção é que as empresas privadas atuem na parte interna dos estádios, com vigilantes desarmados.Beleza em apuros Explodem bueiros. Um atrás do outro. Caem prédios. Um ao lado do outro. Mortos e feridos. Despencam-se mecanismos de teatro, vitimando atores, atrizes e pessoas da plateia. Buracos por todos os lados. Ruas sem vagas para deficientes e idosos. Rio de Janeiro é uma Beleza em Apuros. Que desolação !A forca mais alta "Canuto, Rei dos Vândalos, mandando justiçar uma quadrilha, e pondo um deles embargos de que era parente del-Rei, respondeu : Pois se provar ser nosso parente razão é que lhe façam a forca mais alta." Padre Manuel Bernardes Pinheirinho e Cracolândia Comentários a boca pequena : o episódio do Pinheirinho será usado na campanha eleitoral. Contra os tucanos. Que poderão fazer o contraponto : operação na Cracolândia é aprovada por mais de 80% dos paulistanos. A percepção social sobre operações violentas é relativa. Essa é, infelizmente, a constatação. A violência é inadmissível.Direção das casas Por acordo com PT, PMDB deverá presidir a Câmara dos Deputados em 2013/2014. Se o PT não cumprir acordo, a parceria se desfaz e o trunfo será paus. No Senado, a tradição é a de que a maior bancada tenha o comando da Casa. Portanto, o PMDB deverá comandar as duas cúpulas. Para a Câmara, o nome do PMDB é o do deputado Henrique Eduardo Alves. Para o Senado, o nome é o do senador Renan Calheiros. Coisas de Jânio Historinhas selecionadas pelo jornalista e escritor Nelson Valente. Primeira : o Prefeito Jânio Quadros, em 1987, dava entrevistas para os jornalistas sobre a sua administração (sobre a polêmica dos homossexuais do Teatro Municipal), quando uma jovem jornalista o interrompeu : - Você é contra os homossexuais ? Você vai exonerá-los ? O ex-presidente não gostou de ser tratado de "você" e deu o troco : - Intimidade gera aborrecimentos e filhos. Com a senhora não quero ter aborrecimentos e, muito menos filhos. Portanto, exijo que me respeite. Adão O agricultor Antenor Vieira Borges, residente em Santa Catarina e que mandou ao presidente Jânio Quadros uma maçã de 850 gramas, colhida em sua plantação, recebeu o seguinte bilhete do presidente da República : "Prezado Antenor : Abraços. Recebi a maçã de 850 gramas, que você enviou, produto da técnica e das terras catarinenses. Um colosso ! Não há Adão que resista a essa fruta". Colega O próprio presidente Jânio Quadros, às vezes transmitia seus bilhetinhos para os ministros por meio do aparelho de Telex que mandou instalar em seu gabinete, ligado diretamente com os Ministérios em Brasília e no Rio de Janeiro. Ele mesmo datilografava os "memorandos". Transmitiu ele um bilhete para um ministro e na mesma hora recebeu a seguinte resposta, pelo telex : "Prezado colega. Não há mais ninguém aqui". Ao que o presidente respondeu : "Obrigado, colega. Jânio Quadros". Do outro lado do fio, porém, o outro não se perturbou : "De nada. Ás ordens, John Kennedy...". (Nelson Valente, jornalista e escritor, em seu livro "Jânio Quadros - O Estadista") Conselho aos líderes e partidos Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos ministros do STF. Hoje, sua atenção se volta aos partidos e seus líderes : 1. O momento é de muita tensão. A presidente Dilma Rousseff não admite questionamentos em matéria de trocas ministeriais. Por isso, todo cuidado deve ser tomado para evitar querelas e polêmica. 2. Como ensina o Padre Manuel Bernardes, um clássico da literatura portuguesa, há tempo de falar e há tempo de calar. Passarinho na muda não pia. Fechem o bico nesse momento, senhores líderes e dirigentes partidários. 3. Não adianta insistir com pressões ou contrapressões. Cautela e caldo de galinha, ensinam os mineiros, não fazem mal a ninguém. Se a presidente pedir um nome para algum Ministério ou cargos de segundo escalão, ofereçam três ou mais nomes. Para que não tenham decepção com a rejeição do perfil indicado. E Boa Sorte ! ____________
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Porandubas nº 303

Abro a coluna com um desafio de cantadores do sertão. Pergunta complicada de um e resposta atravessada de outro. "Vou fazê-lhe uma perguntaPra você me destrincháQuero que me diga a contaDos peixe que tem no má...". Impossibilitado de "dizer a conta", o segundo cantador procura contornar a questão impondo, para resolvê-la, condições também impraticáveis : "Você vá cercá o máCom moeda de vintém,Que eu então lhe digo a contaDos peixe que nele tem,Se você nunca cercá,Nunca eu lhe digo também". "Meu anel de sete pedras" - prof. Júlio César de Mello e Souza (Malba Tahan) A moldura de 2012 O palco de 2012 começa a ser aberto, deixando ver as primeiras movimentações dos atores políticos. Há muita expectativa em torno da reforma ministerial. Os grandes partidos querem melhorar suas posições no tabuleiro, ganhando, claro, pastas mais endinheiradas. Será difícil contentar a todos. De pronto, já se pinça a conclusão de que os ânimos partidários desfilarão suas contrariedades no mês de fevereiro, por ocasião do fim do recesso e reinício das atividades parlamentares. Sob manifestação de descontentamento, aliados buscarão caminhos mais firmes na direção do pleito eleitoral de outubro. O que significará o samba do crioulo doido na formação de alianças municipais. Autossuficiência Passada a primeira quinzena de janeiro, já se ouve nos bastidores : a autossuficiência bateu no teto do Palácio do Planalto. Movimentos na Galáxia  O PT vai lutar de maneira denodada para fazer a maior bancada de prefeitos municipais de toda a história brasileira. Essa é a meta fechada pela cúpula partidária. A presidente Dilma e o ex-presidente Lula darão os apoios táticos e estratégicos que se fizerem necessários. Os aliados, ao perceberem que a lógica petista é a do domínio exclusivo do centro do poder, tenderão a firmar alianças entre si e deixar sozinho o PT. Essa intenção, porém, pode não ser bem-sucedida, porque, detendo as maiores fatias de poder, o PT agirá como buraco negro : atrairá as massas menores para seu centro. As formações serão as mais exóticas na galáxia partidária : PT olhará para o PMDB, que piscará para o DEM, que tentará colar no PSDB, que procurará atrair o PSB, que tentará abraçar todos os anteriores, os quais, por sua vez, trocarão sinais de boa vontade com o restante da constelação partidária. PTB garante D'Urso O deputado Campos Machado, presidente do Diretório Estadual e Secretário Geral Nacional do PTB, desmente categoricamente que o partido cogita apoiar outro candidato para prefeito de São Paulo que não seja Luiz Flávio Borges D'Urso. "Nunca uma notícia ficou tão longe da verdade como esta", enfatiza, ao criticar especulação de apoio do PTB a outros nomes. O PTB pretende lançar mais de 500 candidatos a cargos majoritários no Estado. E arremata : "nunca o partido cogitou em ser vice de nenhum partido nestas eleições municipais", lembrando que a sigla criou a única TV política partidária existente no país e, no dia 1º de março, vai inaugurar a primeira rádio partidária. A amizade com o governador Alckmin também não o fará abandonar o compromisso assumido com o presidente da OAB/SP. Liderança do PT O líder do PT, deputado Paulo Teixeira (PT/SP), que deixa a liderança do partido na Câmara sob um acervo de grandes conquistas, diz que reunirá, na próxima terça-feira, em Brasília, seus coordenadores e vice-líderes para traçar o roteiro e a metodologia que guiarão a escolha do novo líder. Que será um destes dois deputados : Jilmar Tatto (PT/SP) ou Josué Guimarães (PT/CE). Ambos exercem grande influência nas bases. Voz da experiência "Pai, vou me divorciar. Há seis meses minha mulher não fala comigo". O pai fica em silêncio, bebe um gole de cerveja e diz : "Pensa bem meu filho... mulher assim é difícil de arranjar". PMDB, o centro O PMDB é o partido que exerce a maior capilaridade no país, pelo fato de abrigar o maior número de prefeitos, vereadores e deputados estaduais. Disputará com o PT o primeiro lugar na eleição de prefeitos. O resultado eleitoral garantirá sua posição de principal parceiro do PT para 2014. A recíproca é verdadeira. Se não conseguir ultrapassar a casa dos mil prefeitos, poderá ameaçar sua condição, alternativa pouco provável. Espera o partido continuar a ser o alvo predileto da coligação governista. 114 municípios O PMDB tem, hoje, 114 prefeitos de municípios com mais de 50 mil habitantes. Destes, 59 se candidatarão à reeleição. Grandes cidades integram o território político do partido, como Arapiraca/AL, Jequié/BA, Linhares/ES, Aparecida de Goiânia/GO, Timon/MA, Montes Claros/MG, Uberaba/MG, Barbacena/MG, Campo Grande/MS, Rondonópolis/MT, Ananindeua/PA, Campina Grande/PB, Petrolina/PE, Angra dos Reis/RJ, Barra Mansa/RJ, Macaé/RJ, Magé/RJ, Rio de Janeiro/RJ, Volta Redonda/RJ, Queimados/RJ, Caxias do Sul/RS, Rio Grande/RS, Santa Maria/RS, Florianópolis/SC, Palhoça/SC, Araraquara/SP, Barueri/SP, Bauru/SP, Guarujá/SP, Itapecerica da Serra/SP, Itapetininga/SP, Rio Claro/SP, Santos/SP e Taubaté/SP. O passado é noite escuraO futuro é sol nascenteÉ feita de luz e sombrasA incerteza do presente (Antônio Correia de Oliveira) De Jânio Os memorandos de Jânio Quadros são folclóricos. Denotam o estilo inconfundível do inesquecível ex-presidente da República e ex-prefeito de São Paulo. Eis o Memorando JQ 506/86 de 2/4/86, pinçado do livro do amigo jornalista Nelson Valente, "Jânio Quadros - O Estadista". Dr. Ricardo Veronesi : Secretaria de Higiene e Saúde Elogie a servidora Dra. Thácia Leimig, pela sua conduta funcional, fazendo constar o elogio em sua folha de serviços; Suspenda os médicos, Drs. Aldo Francisco Bárcia Alves; Cecília Regina S. Marques; Maria Silva Furquim Leite de Almeida, por 3 (três) dias; Suspenda o médico, Dr. Francisco M. de Medeiros Neto, por 10 (dez) dias; Demita o médico, Dr. Paulo Ribeiro da Cunha. Demissão imediata. Agora, poderá dormir. Advirta o diretor do Hospital de que, na próxima fiscalização, farei submeter os faltosos, todos do Hospital "Tide Setúbal", a inquérito administrativo. Advirta a firma que faz limpeza do Hospital, enquanto considero penalidade mais grave. Cumpra-se imediatamente. Jânio da Silva Quadros, prefeito PSB, a maior ambição  O PSB, por sua vez, dá sinais de que tem grande ambição. Primeira : quer emplacar o governador Eduardo Campos, presidente da sigla, na chapa de 2014 se Lula voltar a ser candidato. Mas a doença de Luiz Inácio sugere seu afastamento. Sua contribuição será a do aríete : empurrar o balão de Dilma em 2014. Nesse caso, Eduardo Campos se sentiria em condição de entrar no páreo como a alternativa. Daí as suas piscadelas para muitos partidos. Campos e muitos outros próceres, mesmo não expressando publicamente seu pensamento, enxergam no perfil exclusivamente técnico de Dilma uma barreira que pode prejudicar sua caminhada política. É claro que essa análise passa ainda pela performance do Brasil na rota da nova crise internacional. Neves e Campos Por isso, Eduardo Campos mantém um braço estendido a Aécio Neves. O tucano procura, desde já, viabilizar seu nome ao pleito de 2014. Uma aliança entre ambos seria entendida como o encontro de políticos da mesma geração. E um adeus aos representantes da velha guarda. O PSB quer formar parcerias com todos os lados, principalmente partidos que abriguem os quadros da nova geração. Saúde O fator saúde estará pontuando a análise de viabilidade política nos próximos tempos. Saúde de Lula; saúde de Dilma; saúde da economia brasileira. A projeção é a de que os três estejam muito bem na caminhada de 2014. Morrer jovem Pergunto à tia Rute, 83 anos, espertíssima : - Tem coisa pior do que envelhecer ? E ela, curta e grossa : - Tem. Morrer jovem. (Enviado por Álvaro Lopes) Regrinhas para candidatos  Primeira orientação para um candidato : procurar saber para onde vai o vento, descobrir o rumo a seguir. Cada município comporta modelagem própria : condições geográficas, proporção entre votos das áreas urbanas e rurais, demandas regionais (bairros), cultura das comunidades, infraestrutura, colchões sociais (confortáveis/desconfortáveis), linguagens comuns, líderes populares, tipos folclóricos, caciques e elites, meios de comunicação, etc. Colocar todos esses ingredientes no liquidificador e extrair o caldo grosso. Bebericar em doses pequenas apurando o gosto. Adicionar pitadas dos elementos que faltam no caldo. Testar essa receita entre agosto e outubro. Ciclos da campanha Segunda orientação para um candidato : estabelecer adequado cronograma dos ciclos da campanha. Que, como se sabe, possui 5 ciclos : lançamento, por ocasião da Convenção; crescimento, entre quatro e cinco semanas após a Convenção; maturidade/consolidação, quando a campanha se firma no sistema cognitivo do eleitor, após ampla visibilidade; clímax, momento em que o candidato alcança seu maior índice de intenção de votos; e declínio, quando o candidato tende a cair nas pesquisas de opinião. Todo esforço se faz necessário para o clímax ocorrer na semana das eleições. A dosagem dos ciclos há de obedecer ao funil da comunicação - jogando-se mais água (volume de comunicação/visibilidade) na segunda quinzena de setembro. Candidato que começa a decair antes do tempo corre o perigo de morrer na praia. "O maior sinal da derrota é quando já não se crê na vitória". (Montecuccoli) Curitiba O ex-deputado Federal Gustavo Fruet/PDT continua na frente dos concorrentes ao pleito para a prefeitura de Curitiba, pontuando entre 20,3% a 28,5% das intenções de voto. Logo atrás, aparece o deputado Federal Ratinho Júnior/PSC, com índices variando de 18,9% a 27,7%. Luciano Ducci/PSB, o atual prefeito, situa-se entre 16,3% e 22,7% nos cenários pesquisados. A moldura em que os três conseguem menos votos é o que abriga políticos conhecidos que já disputaram a prefeitura : Angelo Vanhoni/PT, Rubens Bueno/PPS e Rafael Greca/PMDB. Vitória O ex-governador Paulo Hartung garante que só será candidato a prefeito de Vitória se o PT o apoiar. Nesse caso, toparia o nome das Mulheres, Iriny Lopes/PT, como vice. Se não for candidato, Hartung tende a trabalhar para eleger um dos pré-candidatos colocados, como o deputado estadual Luciano Rezende/PPS ou o peemedebista Lelo Coimbra.Que horas eram ? Adivinhe esta : Duas damas, altamente elegantes, recém-chegadas de avião, dirigem-se a um hotel de luxo e falam ao porteiro; discutem, a seguir, com o gerente. Momentos depois as duas damas retiram-se do hotel muito contrariadas. Pergunta-se : que horas eram ? Solução : Faltava um quarto para as duas. De Malba Tahan, Prof. Júlio César de Mello e Souza. Goiânia Em Goiânia, os palanques começam a ser armados. Apesar de muitos tucanos desejarem candidatura própria, o governador Marconi Perillo, o dono da flauta, quer emplacar o senador Demóstenes Torres como seu candidato à prefeitura de Goiânia. Ele pensa na reeleição de 2014. Marconi, ao que se diz, não morre de amores pelo vibrante senador do DEM, mas é um pragmático. Vai sobrar necas para o deputado Fábio de Sousa, do PSDB, que sonha com a candidatura. Natal Em Natal/RN, o ex-prefeito Carlos Eduardo/PDT aparece, na última pesquisa, com 41,57% e a ex-governadora Wilma de Faria/PSB com 19,43%. O deputado estadual Hermano Morais/PMDB está em terceiro com 5%. Três candidatos aparecem dentro dos 4 pontos percentuais (Rogério Marinho 4,86%, Felipe Maia 4,29% e Fernando Mineiro 4,29%). A prefeita Micarla de Sousa/PV surge com 2,86% e o deputado Federal Fábio Faria/PSD com 2,43%. Rio Branco Fernando Melo, advogado, 53 anos, sindicalista, secretário municipal de Administração da prefeitura de Rio Branco, será o nome mais forte que o PMDB pretende apresentar como candidato a prefeito de Rio Branco. São Luís O PT vai escolher seu candidato a prefeito de São Luís entre 5 nomes : o vice-governador, Washington Oliveira; os deputados estaduais Bira do Pindaré e Zé Carlos; o secretário estadual do Trabalho, Antônio Heluy; e o secretário de Relações Institucionais, Rodrigo Comerciário. A estratégia do diretório municipal é estabelecer um diálogo com os pré-candidatos. João Pessoa O prefeito de João Pessoa, Luciano Agra/PSB, um técnico, não vai concorrer à eleição. Desistiu. Sentiu que a política não é a sua praia. Quer concluir bem a gestão. Cinco nomes de sua base disputarão a vaga. O luxo do funeral "O luxo do funeral e a suntuosidade do túmulo não melhoram as condições do morto; satisfazem apenas a vaidade dos vivos". (Dante Veoléci) Conselho aos ministros do STF Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma. Hoje, sua atenção se volta aos ministros do Supremo Tribunal Federal : 1. O processo do mensalão tem 50 mil páginas. É tarefa hercúlea ler todo o conteúdo, analisar, interpretar, consultar, decidir, julgar. Mas a demora no julgamento desse processo ameaça seriamente a imagem da mais alta Corte do país. Todo esforço se faz necessário para que, já no ano em curso, o mensalão entre na pauta de decisões do STF. 2. Se os autos estão digitalizados e à disposição de todos os ministros, espera-se que as análises comecem a ser feitas imediatamente, entendendo-se, ainda, que pedidos de vista e constantes ausências de ministros poderão postergar o processo. 3. A sociedade terá uma grande decepção se algumas das penas previstas para os crimes arrolados sejam prescritas. ____________
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Porandubas nº 302

I.N.R.I. - IESUS NAZARENUS REX IUDAEORUM Abro as primeiras Porandubas do ano com a historinha do impagável folclorista Leonardo Mota. Conta ele que o mestre Henrique era reputado marceneiro nos sertões de Sergipe. Sua especialidade estava nas camas francesas à Luís Quinze. Quando o freguês achava que o leito era baixo, recebia a explicação de que a cama era francesa, mas era à Luís Quatorze ; se se queixava da excessiva altura, ficava sabendo que aquilo era cama francesa à Luís Dezesseis... O mestre Henrique pôs toda a sua ciência no Cruzeiro do patamar da igreja de Aquidabã. No topo do sagrado madeiro, o vigário da freguesia fizera o mestre Henrique colocar uma tabuinha com as letras I.N.R.I., iniciais de Jesus Nazareno Rei dos Judeus, a irônica inscrição latina de que a ruindade de Pilatos se lembrara na ignominiosa sentença de morte do filho de Deus. Decorrido algum tempo, um sertanejo sergipano, intrigado com a significação daquelas quatro letras, perguntou a um seu conhecido : - Que é que quererá dizer aquele negócio de INRI, que tem escrito em riba do Cruzeiro ? - Você não sabe não ? Ali falta é o Q-U-E. Esse QUE não cabeu na tabuinha : aquilo é a assinatura de quem fez, que foi o mestre INRIque... Ano político 2012 se abre sob o signo do acirramento político. Teremos em outubro o maior pleito eleitoral de todos os tempos : o maior número de candidatos a prefeito e vereador. A disputa aguça o interesse de todas as esferas da sociedade. Por trás dela, as razões : 1) a política deixou de ser missão para ser profissão no Brasil ; 2) a organicidade social exige que os núcleos de defesa de interesse - associações, movimentos, sindicatos, federações, clubes etc - tenham seus representantes na esfera político-institucional ; 3) a esfera produtiva passou a regular sua dinâmica pela régua da representação política nas três instâncias federativas ; 4) a taxa de racionalidade, em expansão, aumenta o civismo e adensa o interesse na participação política. Foco dos grandes partidos O pleito de 2012 será a base de lançamento da campanha presidencial / governadores / deputados / senadores de 2014. Quem fizer o maior número de prefeitos em cidades médias e grandes estará na frente da corrida. Os grandes partidos estabelecem como metas a eleição de prefeitos nas maiores 200 cidades do país. As cidades com um colégio em torno de 120 mil/150 mil eleitores estarão no foco das campanhas das maiores agremiações. O PT e o PMDB trabalham com a hipótese de eleger uns 1.200/1.500 prefeitos. Meta bem razoável. As oposições trabalham com a meta de eleger uns 1.000 prefeitos. O PMDB terá candidatos em 22 capitais ; o PT em 19. Do Congresso 27 congressistas planejam trocar de função e disputar a prefeitura em outubro. Segundo a FSP, 121 deputados federais e seis senadores -21% do total de 594 parlamentares- tentam viabilizar seus nomes. Os congressistas não precisam se licenciar para a disputa. Os parlamentares têm vantagens : visibilidade do mandato, possibilidade de terem, até abril, verba para produzir jornais e vídeos a título de divulgação do mandato. Em 2004, 96 congressistas saíram candidatos a prefeito ou vice. Mas apenas 16 foram eleitos. "Não há vício que cubra de ignomínia um homem do que o procedimento falso e pérfido". Francis Bacon PSB fazendo pontes Chama a atenção nesse início de ano a estratégia do PSB, comandado pelo governador Eduardo Campos, de abrir pontes em muitas direções. O PSB pisca um olho para o PT, outro para o PSDB, enquanto ensaia um namorico com o PSD do prefeito Gilberto Kassab. O neto de Arraes abre a vista para 2014 : quer se habilitar a uma candidatura presidencial ou, como sobra de uma grande arrancada, pegar a vice em qualquer chapa, contanto que a alternativa seja razoável. Faz algum tempo, Eduardo Campos me confessava : "meu sonho é juntar a geração pós-64 e tomar as rédeas do país. Reunindo em um só grupo todos os políticos de minha geração". PMDB e DEM juntos ? Ninguém se arrisca a apostar numa futura fusão entre PMDB e DEM. É claro que os Democratas, por exemplo, rejeitam a hipótese porque isso poderá prejudicar sua performance eleitoral de outubro. Mas as conversações foram abertas entre próceres das duas legendas. A ideia é a de formar o maior número de alianças para outubro, um partido cedendo lugar ao outro, dependendo das condições políticas nas regiões. Depois das eleições, os dois partidos fariam um balanço de suas performances. A fusão estaria voltada para a formação de uma agremiação muito forte. E que teria o compromisso de fazer avançar o chamado presidencialismo de coalizão. Os partidos dividiriam a responsabilidade/gestão governativa. Veríamos um presidencialismo mitigado e a aproximação do modelo parlamentarista. Dez valores emergentes 1. A organização e o controle.2. A autoridade.3. A experiência bem-sucedida.4. A assepsia política.5. O equilíbrio/bom senso.6. A objetividade e a clareza.7. A coragem de enfrentar desafios.8. O despojamento pessoal.9. A disciplina para a luta.10. Mais ação, menos discurso. (Do meu Livro Tratado de Comunicação Organizacional e Política)A questão de ACM neto ACM, de maneira apropriada, pergunta : quem chefiaria, por exemplo, uma agremiação dessas na Bahia ? Ele ou alguém do PMDB ? O deputado tem razão para fazer o questionamento. Mas a política não tem regras. Mais adiante, o DEM poderá constatar que não terá futuro se não se aliar a uma sigla governista. Tem vocação pelo poder. E se os tucanos não tiverem chance em 2014 ? O partido simplesmente se estiolará. O Tempo é o Senhor da Razão. Esperemos que ele seja o juiz. "Os homens devem ser ganhos com agrados ou destruídos, pois que, se podem vingar-se das ofensas leves, das graves não o podem fazer. Assim, a ofensa que se faz a alguém deve ser tal, que não se tema a vingança". Maquiavel, em O Príncipe Bezerra seguro de si O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, demonstra muita segurança. Diz que tem a confiança absoluta da presidente Dilma. Com razão. A presidente não quer comprar briga com o PSB de Eduardo Campos. Mas se a onda de denúncias esbarrar em coisas muito graves - no campo dos desvios - o ministro verá a corda apertar em seu pescoço. Ninguém é tão seguro. A presidente dá um voto de confiança - como fez com outros ex-ministros - mas é levada também pelas circunstâncias temporais. O ministro Bezerra não tem apoio firme do PT, que pretende tomar o seu lugar, mas o PMDB está firme com ele. Não é candidato O ministro Fernando Bezerra descarta candidatura à prefeitura do Recife. Quer se preservar para 2014. E ser o candidato de Eduardo Campos ao governo do Estado. Manuela Porto Alegre poderá eleger, este ano, uma das mais competentes e bonitas prefeitas do país : a deputada Manuela D'Ávila, do PC do B. Com a torcida deste colunista. As alternativas de Kassab O prefeito Gilberto Kassab trabalha com algumas hipóteses : apresentar um candidato próprio do PSD a prefeitura de São Paulo, no caso Guilherme Afif ; apoiar José Serra se este decidir ser candidato pelo PSDB ; apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad, caso sinta restrições por parte do PSDB. Kassab pensa no futuro. Poderá apoiar o PT mesmo sem ganhar a posição de vice na chapa para seu PSD. Distingue alianças para 2014. Nesse caso, se afastaria da hipótese de apoiar Geraldo Alckmin à reeleição. Os tucanos se acham muito auto-suficientes. "Desde o condutor dos transportes e o tocador de tambor até o general, a ousadia é a mais a nobre das virtudes, o aço verdadeiro que dá à arma o seu gume e brilho". Clausewitz, em Da Guerra Vale, a pior ? A Vale é uma das seis finalistas do prêmio Public Eye Award. Eis a novidade : a empresa frequenta o ranking da pior empresa do planeta. O sistema de voto é on-line. A vencedora será anunciada no Fórum Econômico Mundial de Davos. A indicação da Vale teria sido iniciativa da Organização não-governamental Rede Justiça nos Trilhos, do Maranhão, por supostos impactos ambientais, trabalhistas e sociais. A informação causa surpresa, eis que a Vale sempre aparece como uma das melhores empresas brasileiras. Adversário e inimigo Aécio Neves (PSDB-MG), o tucano senador, de quem se espera maior arrojo no Senado, rebateu as críticas de parceiros que se mostram decepcionados com sua postura. O neto de Tancredo rebate : "Não confundo adversário com inimigo, nem tampouco governo com país." Aécio tem hoje o apoio de maior parte da cúpula tucana para ser o candidato do PSDB à presidência da República em 2014. Se continuar peso pluma, ameaça perder a condição. Dez linguagens para 2012 1. A linguagem da afirmação.2. A linguagem da factibilidade/credibilidade.3. A linguagem das pequenas coisas.4. A linguagem da participação - o NÓS versus o EU.5. A linguagem da verificação - exemplificação - como fazer.6. A linguagem da coerência.7. A linguagem da transparência.8. A linguagem da simplificação.9. A linguagem das causas sociais - os mapas cognitivos do eleitorado.10. A linguagem da tempestividade - proximidade (Adaptado do meu livro Tratado de Comunicação Organizacional e Política)Tragédias anunciadas O Brasil não escapa da imagem de "País do Eterno Retorno". Todo janeiro é mês de tragédias. Chuvas, inundações, desolação, famílias em prantos. Os governos Federal e estaduais prometem mundos e fundos. Nada. O Sudeste, o Sul e o Nordeste continuam a receber pacotes improvisados de ajuda. Saldo negativo A balança comercial apresentou saldo negativo na primeira semana de 2012. O resultado do saldo da balança comercial brasileira na primeira semana de janeiro chegou a um déficit de US$ 105 milhões, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, após registrar em dezembro um superávit de US$ 3,8 bilhões. O saldo negativo resultou de exportações mais fracas do que importações, quando comparamos com os valores registrados em dezembro, já na série ajustada sazonalmente. Nos cinco primeiros dias úteis do mês, as exportações totalizaram US$ 3,539 bilhões, indicando queda de 2,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Informações do Bradesco. A morada do doutor Fecho a coluna com outro "causo" do mestre Leonardo Mota. QUEM entra no "Hotel Roma" de Alagoinhas, na Bahia, vai com os olhos a uma tabuleta agressiva em que peremptoriamente se adverte : PAGAMENTO ADIANTADO, HÓSPEDES SEM BAGAGENS E CONFERENCISTAS Também, em Pernambuco, o proprietário do hotelzinho de Timbaúba é, com carradas de razão, um espírito prevenido contra conferencistas que correm terras. Notei que se tornou carrancudo comigo quando lhe disseram que eu era conferencista, a pior nação de gente que ele contava em meio à sua freguesia. Supunha o hoteleiro de Timbaúba que eu fosse doutor de doença ou doutor de questão. Por falar em Timbaúba. Há ali um sobrado, em cuja parte térrea funciona uma loja de modas, liricamente denominada "A Noiva". O andar superior foi adaptado para residência de uma família. Eu não sabia de nada disso quando tendo indagado do Major Ulpiano Ventura onde residia o dr. Agrício Silva, juiz de Direito da comarca, recebi esta informação chocante : - O Doutô Agriço ? O Doutô Agriço está morando em riba d' "A Noiva"... Conselho à presidente Dilma Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à comunidade nacional. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma Rousseff : 1. É complexa a tarefa de trocar nomes de um Ministério dentro de uma aliança partidária. O agrado a uns desagradará a outros. Mas, presidente, aproveite o momento para plasmar um Ministério com a sua Identidade. 2. A hora sugere igualmente um feixe decisório que abrigue os valores da racionalidade, enxugamento de estruturas, simplificação. Diminua a extensão desse imenso Ministério. 3. Escolha os melhores perfis. E, dentre os quadros políticos, aqueles com a melhor ficha de bagagem e conhecimentos especializados. ____________
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Porandubas nº 301

E assim nasceu o Peru Na última coluna do ano, brindo os leitores com a historinha do Peru (que será servido neste Natal), enviada pelo amigo Eduardo Nascimento, que não perde a oportunidade para exercitar sua verve : Há um conto japonês milenar que é mais ou menos assim : "Em uma planície, viviam um urubu e um pavão. Um dia, o pavão começou expressar certa angústia : - Sou a ave mais bonita do mundo animal, tenho uma plumagem colorida e exuberante, porém nem voar eu posso, de modo a mostrar a minha incomparável beleza. Feliz é o urubu que é livre para voar para onde o vento o levar. O urubu, por sua vez, também refletia no alto de uma árvore : - Que infeliz ave sou eu, a mais feia de todo o reino animal; e ainda tenho que voar e ser visto por todos. Quem me dera ser belo e vistoso tal qual aquele pavão. E aí as duas aves, pensando sobre suas conveniências e inconveniências, tiveram uma brilhante ideia : deveriam se juntar para realizar um cruzamento. O fruto que desse cruzamento surgiria seria uma ave esplendorosa, magnífica, um descendente que iria combinar o voo tão aerodinâmico do urubu com a graciosidade e elegância do pavão. Cruzaram-se. E daí .....nasceu o peru ! Que é feio prá cacete e... não voa ! Moral da história, senhoras e senhores : se a coisa tá ruim, não invente !!! Gambiarra só dá merda !!! CNJ sob restrição O Conselho Nacional de Justiça só poderá fazer investigação de juízes depois que as denúncias sejam analisadas pela corregedoria do Tribunal onde atua o acusado. Esse entendimento que tolhe a ação do CNJ é do ministro Marco Aurélio Mello, que, em liminar, acolheu posição defendida pela entidade dos magistrados. Ou seja, o órgão de controle do Judiciário perde poder e funções. O caso será analisado pelo Plenário do Supremo após o recesso da Corte, em fevereiro. Dilma pisa no freio A presidente Dilma, com seu olhar de economista, pisa forte no freio. Manda cortar recursos aqui e ali, no intuito de enxugar o Orçamento e deixá-lo menos pesado para subir a ladeira da crise. O Brasil, como se sabe, passou ao largo da crise de 2008 navegando nas águas do acesso ao crédito abundante. O consumo foi impulsionado e a economia ganhou fôlego. Agora, porém, a receita tem outros condimentos. A presidente teme que o país não possa bancar mais a fartura do crédito fácil. Ordena cortes. O Programa de Aceleração do Crescimento, símbolo da era Lula, está devagar quase parando. Mensalão vai ou não ? Cezar Peluso, presidente do STF, quer acelerar andamento do mensalão. Pretende que o caso entre na pauta da Corte logo no primeiro semestre de 2012. De certo modo, é uma resposta ao ministro Ricardo Lewandowski, que alertou : alguns crimes previstos no pacote do mensalão poderiam prescrever caso não sejam julgados em 2012. Mas o relator Joaquim Barbosa responde de maneira contundente : os autos estão digitalizados desde 2006. Portanto, estão disponíveis eletronicamente na base de dados do STF. Barbosa terminou de examinar o caso. E está ultimando seu voto. Que será dividido em capítulos, de acordo com os núcleos que atuavam na quadrilha. Quem vai fazer a revisão de tudo é o ministro Lewandowski. Falcão do PT O jornalista e deputado estadual Rui Falcão (SP) consolida, a cada dia, sua força no comando do PT. Guindado à presidência com o afastamento de Zé Eduardo Dutra, Falcão, hábil articulador, viaja pelos Estados para contato com as bases. Prepara o partido para a maior batalha já enfrentada na frente municipal. O PT quer eleger mais de mil prefeitos.O PMDB, 1300 Já o PMDB coloca como meta a eleição de 1.300 prefeitos. MP sob rédeas A CCJ da Câmara Federal aprovou projeto que impede o Ministério Público de fazer investigação criminal. Em 2009, o STF reconhecera que o MP tem poder investigatório. O setor político quer restringir a esfera de ação dos promotores. D'Urso animado Luiz Flávio Borges DUrso (PTB) motiva-se, a cada dia, com a campanha municipal de 2012. Candidato a prefeito de São Paulo pelo PTB, divisa grandes debates com os eventuais contendores Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Celso Russomanno (PRB), Soninha Francine (PPS), Netinho de Paula (PC do B). A campanha terá, ainda, o candidato tucano (quem?), podendo ainda abrigar mais um, o candidato do PSD de Kassab. D''Urso domina bem a técnica de expressão em rádio e TV. É um bom orador. E a campanha municipal será, sobretudo, um espetáculo midiático. As melhores performances liderarão a disputa. 20 mil quartos de hotéis até 2015 O Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) prevê a inauguração de 20.063 quartos de hotéis até 2015. A 3ª edição do Placar da Hotelaria projeta um crescimento de 59% em relação à oferta prevista no estudo anterior, publicado em fevereiro de 2011. As capitais com maior número de novas habitações até 2015 serão Belo Horizonte (2.974), Brasília (2.268), Recife (384), Rio de Janeiro (399), e São Paulo (876). Segundo Julio Serson, vice-presidente de Relações Institucionais do FOHB, o segmento hoteleiro já está qualificando mão de obra, de gestores a profissionais, para atender a demanda ocasionada pela Copa do Mundo de 2014. Ele apregoa a padronização do atendimento para receber bem e fidelizar o turista brasileiro e estrangeiro. Desde 2010, cerca de 2.500 profissionais das redes associadas ao FOHB já participaram de cursos de qualificação. Inflação e deflação O setor de serviços é, sem dúvida, um dos que mais gera empregos no Brasil, bem mais do que a indústria automobilística, que é protegida pelo governo, ora com redução de impostos, ora com aumento (para os importados). Mas este setor, ao prestar serviços para o Governo do Estado de São Paulo, sofre as consequências do decreto nº 48.326/03, onde se instalou um deflator que, a cada ano de contrato, faz o empresariado perder parte da remuneração que lhe é devida. Ganho real Os trabalhadores do setor de serviços, graças à ação legítima de seus sindicatos, vêm obtendo ganhos reais ano a ano, enquanto o empresariado perde. O lucro está sendo corroído a ponto de tornar inviável qualquer contrato com mais de um ano de duração. O reequilíbrio econômico está ameaçado. Do "couro sai a correia", diz o ditado. Quebrando a espinha dorsal do empresário, quebra-se a matriz do emprego. Remédio judicial Os empresários se organizam e pretendem recorrer à Justiça para equacionar este problema. Antes, aguardarão uma posição definitiva do Executivo. Na ausência de resposta, caberá ao Judiciário apreciar o caso. E, como se sabe, a Justiça acaba determinando fórmulas não convencionais para reajuste de contratos, propostas que podem desagradar às partes interessadas. Mais uma vez o ditado lembra : "mais vale um mau acordo do que uma boa demanda". "Quando o Capital se acovarda, o Trabalho morre." (Olavo Bilac) FMI : 150 bilhões de euros Os empréstimos bilaterais ao FMI chegarão a ? 150 bilhões, sem contar com a participação do Reino Unido. Os ministros de Finanças europeus, em teleconferência realizada ontem, divulgaram comunicado sobre os empréstimos bilaterais dos países da Zona do Euro ao FMI, que totalizaram ? 150 bilhões e que visam aumentar os recursos voltados à ajuda financeira aos países em crise. Dentre os países da região, Portugal, Irlanda e Grécia não deverão contribuir, já que atualmente já passam por programas de ajuda financeira. A Itália, por sua vez, contribuirá com ? 23,5 bilhões, Espanha com ? 14,9 bilhões e a Alemanha com ? 41,5 bilhões. Vale lembrar que, em alguns países, o empréstimo terá de ser primeiramente aprovado pelo Parlamento. Além disso, República Tcheca, Dinamarca, Polônia e Suécia manifestaram interesse em contribuir. (Col. Dep. Pesquisa Bradesco) O todo poderoso Ainda há gente tentando entender quem é Adair Meira. Adair é dono (ou dirigente, como ele gosta de afirmar) da ONG Fundação Pró-Cerrado, sob investigação por negócios irregulares com o Fundo de Amparo ao Trabalhador, do qual recebeu milhões de reais para capacitar jovens aprendizes (o que, supostamente, não fez) para o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, antecessor do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem). Mais conhecido por ter alugado um avião para que o ex-ministro Carlos Lupi pudesse passear no Maranhão, Adair já encontrou uma saída para não perder a fonte de renda : agora também é dirigente da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (RENAPSI), selecionada pela Caixa Econômica Federal, por meio de chamada pública, para responder pela contratação e capacitação de jovens para o seu Programa Adolescente Aprendiz. Pois bem. O mistério continua sem solução : quem é a figura que teria embolsado milhões, não entregado o objeto do contrato, e conseguido, mesmo sob investigação, vencer uma licitação na CEF e ainda derrubar um ministro ? "Seu Lunga" Esta Coluna aposentou seu Lunga há bom tempo. Mas alguns colaboradores insistem em querer ressuscitá-lo. Depois de muita insistência de leitores, abrirei uma exceção na última Porandubas Políticas do ano. Vai para a praia ? Seu Lunga, quando era motorista de ônibus urbano, um passageiro pergunta : - Esse ônibus vai para a praia ? - Pode até ir, se você arranjar um biquíni que dê nele ! Isso não é sabonete O cliente chega pra comprar um relógio na loja de seu Lunga. - Pode tomar banho com esse relógio, seu Lunga ? - Ô corno ! Isso é um relógio, não é um sabonete... Conselho à comunidade nacional Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos deputados. Hoje, sua atenção se volta à comunidade nacional: 1. 2102 será um ano voltado para a política. O discurso político impregnará o nosso espírito. Portanto, toda a cautela se fará necessária para evitarmos comprar gato por lebre. Desde já, será interessante acompanhar a trajetória de pré-candidatos, suas primeiras ideias, as propostas iniciais. A mudança política requer intensa participação da comunidade nacional. 2. Aparecerão candidatos de todos os naipes, formatos e com promessas as mais variadas. Temos de depurar o joio do trigo, a falsa versão da verdade. 3. Urge avaliar os candidatos, suas propostas, atitudes, ações. Vale a pena conferir seu passado e sua visão de política. Suas ideias serão viáveis ? As propostas são convincentes ? Têm eles adequada visão das necessidades das comunidades ? ____________
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Porandubas nº 300

A água tá se acabando Da verve do grande intérprete da alma brasileira, Leonardo Mota, pinço a historinha. Botão de rosa entreaberto, "menina e moça", Chiquinha era nas redondezas serranas de Campo Grande a mais linda promessa de mulher bonita, a mais perigosa ameaça para os corações adolescentes dos que se faziam homens. Seu pai, o velho Galdino Silva, antevia os cuidados que a filha lhe havia de dar às vezes, quando a sós com a esposa, dizia : - Biluca, minha velha, se prepare que nós temos de amargar com a Chiquinha... Essa menina, essa menina ! A mãe, envaidecida, achava era graça em tais apreensões. Noite de São João, houve um arrasta-pé na casa de Galdino. As danças iam muito animadas, quando Chiquinha sentiu súbita indisposição : dois ou três cálices de licor de tangerina lhe tinham subido à cabeça. Desculpando-se de não poder dançar aquela "figurada", ela tratou de ir repousar um pouco. No quarto, cuja porta aberta dava para o corredor que levava à sala de jantar, estirou-se a fio comprido numa rede. Mas, naquele estado de torpor, e quase inconsciência, não cuidou de ajeitar as saias curtas, resultando disso ficar meio desnuda. Um rapaz viu-a assim e saiu bisbilhoteiramente a avisar os companheiros. Daí a pouco, sob o pretexto da procura de água na sala de jantar, havia intenso trânsito no corredor... O velho Galdino observou a coisa e acabou descobrindo a razão de tanta sede. Mas, não deu nenhum escândalo. Chamou a mulher e ordenou-lhe calmamente : - Biluca, vá dizer a Chiquinha que se deite direito; a rapaziada acaba secando todos os potes. Dilma, primeiro ano O primeiro ano do governo Dilma certamente será avaliado sob abordagens as mais diversas. A maior parte das análises deve destacar o controle dos eixos macroeconômicos e a relativa tranquilidade no ambiente econômico. Não significa, porém, aplausos entusiasmados dos setores produtivos. Há fortes críticas de segmentos industriais que apontam para a estagnação da economia no último trimestre do ano, para a desaceleração da indústria e a inação na frente das reformas. O governo chega ao final do ano com uma taxa de juros um pouquinho mais alta do que a que se registrava no início do ano. O baixo desempenho do Brasil este ano - crescimento do PIB em torno de 3% - só é comparável ao da Índia. As metas não foram plenamente alcançadas. Para o próximo ano, a expectativa é de crescimento de 5%, prevendo-se crescimento de 4% já no primeiro trimestre de 2012. Gestão e controles  O estilo Dilma difere muito do modo Lula de governar. A presidente veste o figurino técnico, com o qual procura expressar a identidade do governo. Esta identidade reveste-se de alguns valores, dentre os quais sobressaem os controles de metas, a eficácia da estrutura governamental, as cobranças constantes aos ministros, não raro resvalando pelo terreno da rispidez. Economista, Dilma começa seu dia no Palácio da Alvorada, lendo, em um iPad, as principais publicações estrangeiras especializadas em economia. Sonha em realizar a convergência entre as taxas de juros brasileiras e as internacionais. Argumenta que, após 17 anos de estabilização, chegou o momento de avançar na normalização financeira do país. Autoridade A presidente inclina-se por um uso rígido do conceito de autoridade, fato observável quando despreza certas declarações e posições de subordinados. Exemplo disso teria sido o torpedo usado contra o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, com um comentário considerado impróprio. Dilma teria retrucado nesses termos : "primeiro, ele deve achar 53 milhões de votos, depois ele pode vir aqui e achar o que quiser". Defasagem O Programa de Aceleração do Crescimento derrapou na pista, não tendo alcançado as metas projetadas. O programa Minha Casa Minha Vida, um dos carros-chefes da campanha eleitoral de Dilma, é exemplo. Dos 12,7 bilhões de reais reservados para ele no Orçamento de 2011, apenas 0,05% (6,8 milhões de reais) foram desembolsados até agora. Ao mesmo tempo, foram quitados 5,6 bilhões de reais em restos a pagar do programa. Qual a explicação para essa defasagem ? Necessidade de conter a inflação é uma das causas apontadas para a baixa execução do PAC e outros investimentos do governo. Fechar as contas públicas  Tem mais : a contenção dos gastos ocorre também pela opção de fechar as contas públicas com saldo positivo este ano, uma medida de prudência diante da crise. O mesmo ocorreu com uma obra-símbolo do governo Lula, a transposição do São Francisco. Registra atrasos em alguns trechos. Rachaduras no concreto denunciam a paralisação de uma das obras mais alardeadas do governo Lula. O custo previsto do conjunto de obras em 2010 era de R$ 5,04 bilhões, mas em agosto o ministério anunciou que o processo ficaria 36% mais caro, saltando para R$ 6,85 bilhões. Problemas gerenciais nos ministérios se acumulam. A pasta dos Transportes, responsável pelo segundo maior Orçamento do PAC, passou meses mergulhado em crise. E outras pastas não tiveram autorização para gastar o que está no Orçamento. A política no rolo compressor  O governo Dilma saiu-se muito bem na frente política. Montou-se formidável rolo compressor. Cerca de 350 parlamentares integram a base governista. E as matérias de interesse central do governo foram aprovadas com relativa facilidade, como a DRU. O Código Florestal, apesar do caráter polêmico, acabou incorporando emendas de interesse do Executivo. Em muitas oportunidades, a presidente teve de se valer da experiência e habilidade do vice-presidente Michel Temer. Fazendo faxina ? O termo faxina foi usado para definir o estilo Dilma. Ora, a troca de nomes no Ministério se deu em função das pesadas críticas e denúncias feitas por alguns veículos de comunicação. A presidente, em todos os episódios, deu um tempo para que o ministro implicado fornecesse as explicações necessárias. Com a planilha das respostas, a presidente passou a fazer a sua avaliação e a sugerir as saídas dos ministros, evitando a demissão sumária. Seis ministros caíram sob o tiroteio midiático. O sétimo, Fernando Pimentel, ganha um diferencial pelo fato do apoio explícito da presidente, de quem é amigo desde os tempos da ditadura, quando se conheceram e militaram juntos. Apesar de ter incorporado o conceito de faxina - no sentido de depuração ética, assepsia - a série de substituições ministeriais deixa a imagem do governo bastante arranhada. O governo, afinal, tem responsabilidade sobre todos eles. Receita de crise ? O Brasil enfrentou a crise de 2008 com políticas de acesso ao crédito e fomento ao consumo. Há quem defenda a ideia de que essa abordagem não convém, agora. Alega-se que os estímulos ao consumo fariam efeito menor que em 2010, porque a população está sendo suprida por muitos produtos importados em detrimento da produção industrial. E há, até, economistas que só apostam em crescimento de 3% ou um pouco mais (e não 5%) em 2012 caso o país lance mão de diversos instrumentos de estimulo à economia. Eis algumas : ampliação dos depósitos compulsórios, fortalecimento dos bancos e agências públicas de fomento e novas rodadas de redução de juros pelo BC e investimentos mais pesados em infraestrutura. Deixo a polêmica com os economistas. Câmbio e juros   O governo trabalha com um dólar entre R$ 1,70 e R$ 1,80 em 2012 e um juro real (descontado o IPCA) menor que 4% em 2014. A taxa pode atingir 2,8%, segundo a Austin Rating. Se a projeção se confirmar, terá alcançado a meta da presidente Dilma de ter juros entre 2% e 3%. Pano de fundo : os juros pagos pelas famílias chegaram a 150 bilhões de reais no primeiro semestre de 2011. Os juros pagos pelas famílias refletem a taxa Selic estipulada pelo governo. A propósito, a FIESP acaba de instalar o jurômetro, sistema que permite acompanhar a escalada dos juros no Brasil e o que eles representam em muitas frentes da sociedade. Quatro ou três cortes  O economista chefe do Itaú BBA, Ilan Goldfajn, aposta em quatro cortes na Selic em 2012, chegando a 9%, o que resultará em taxa real entre 3% e 4% (perto da estimativa da Austin), já que a expectativa de IPCA em 2012 é de 5,2%. "Toda vez que a taxa real se aproxima de 4% a atividade econômica acelera", diz ele. Goldfajn espera um primeiro semestre mais fraco, mas com aceleração no segundo. Já Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, vê Selic a 9,5% em 2012, com três quedas. "Se o ambiente externo se agravar pode ir a 8,5%," avalia. Pré-candidatos paulistanos  A pesquisa Datafolha mostrou a primeira tomada de posição dos eleitores paulistanos com os nomes que frequentam a planilha de pré-candidatos. Serra é o tucano com melhor pontuação, 18%. Mas tem a maior rejeição, 35%. Bruno Covas, com 6%, está mais adiante que Zé Aníbal, com 3%. Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli, com 2%. Celso Russomanno aparece bem com 20%, Netinho de Paula, com 15%, Paulinho da Força com 9% e Soninha, com 11%. Mas esses traduzem o recall da última campanha. Não é razoável apostar em Russomanno, por exemplo. Gabriel Chalita, do PMDB, passou de 3% para 6%. E Fernando Haddad, ministro da Educação, exibe 4%. Mas poderá subir sob o empuxo do carismático Lula. Guilherme Afif aparece com 3%, mas é um perfil que poderia crescer bem, caso seja candidato. É bom de expressão televisiva. João Doria  O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, guarda a sete chaves pesquisa que também encomendou sobre a avaliação dos pré-candidatos tucanos. Inseriu o nome de João Doria, a quem motiva ingressar na política. Até por curiosidade, João topou entrar na lista. E hoje à noite, tomará conhecimento dos resultados. E Kassab, hein ? O prefeito Gilberto Kassab é constantemente dado como morto na política. Depois que alguns colunistas fazem festas em seu velório, eis que ele ressuscita e reaparece em cena com toda a força. Tem sido assim em sua trajetória. Criou um partido que tem, hoje, 56 deputados. Começou sua campanha para prefeito com 4% e venceu as eleições. Este colunista considera o prefeito de São Paulo um dos mais hábeis articuladores do país. A conferir em 2012. Prévias ou trevas ? Os tucanos vivem novos tempos. O PSDB não dispõe de nomes de peso para a prefeitura de São Paulo. Por isso, decidiu fazer prévias. A base tucana parece eufórica, o nome será decidido nas urnas e não mais pelos caciques que antes, em reuniões muito fechadas, decidiam o candidato a ser "ungido" pela sigla. Hoje, há uma pergunta no ar : se o Serra decidir ser candidato, participará das prévias ou simplesmente os outros declinarão ? E se o ex-governador se dispuser ao sacrifício, os outros entrarão em trevas, cruzando os braços ? Fundo dos servidores   A reforma da Previdência, sob o comando do ministro Garibaldi Alves Filho, toma corpo com a aprovação do Fundo de Previdência complementar dos servidores públicos. Hoje, deve passar pela Câmara. No Senado, apenas no início do próximo ano. No novo modelo, os servidores teriam uma aposentadoria complementar garantida até o teto de R$ 3.691,00. O Fundo, que absorveria os servidores concursados, corrigiria, ao longo do tempo, as injustiças e disparidades hoje existentes entre os aposentados dos sistemas privado e público. Conta não fecha A conta não fecha. Em 2011, com quase 30 milhões de aposentados, o déficit da iniciativa privada será de R$ 35,5 bilhões, enquanto o rombo provocado pelos 960 mil aposentados do serviço público Federal vai ser de R$ 57 bilhões. São necessários, hoje, quatro servidores na ativa para bancar um aposentado, mas a proporção é de 1 para 1. Daí o déficit que vem crescendo 10% ao ano. O Fundo é a chave da solução. O projeto está há 4 anos no Congresso e atingirá futuros servidores públicos Federais. Para o Fundo, o servidor pode contribuir com quanto quiser e a União, até o limite de 7,5%. Os deputados querem 8,5%.Partícula de Deus  A ciência está prestes a fazer a maior descoberta dos últimos 100 anos : comprovar a existência da partícula de Deus, o bóson de Higgs, que garante massa a todas as demais partículas e é considerada ponto central para a explicação do Universo. Há 93% de chances de que a partícula foi achada. Por que Higgs ? Nos anos 60, Peter Higgs desenvolveu uma teoria para tentar explicar o vácuo na ciência que tentava entender os átomos. Sua partícula hipotética (o bóson de Higgs) jamais foi encontrada. A ser confirmada sua existência, abrirá o caminho para detalhar o funcionamento de átomos e até mesmo de como o Universo funciona. Provocará enorme impacto nas religiões e credos. Mas não se acredita que fenecerá a crença em Deus. Canos furados Perilo Teixeira, chefe político de Itapipocas, foi ao governador Faustino de Albuquerque pedir para instalar o serviço de água da cidade. - Mas não há verba. - Não quero verba, governador. Quero que o senhor me autorize a levar para Itapipocas uns canos furados que estão ao lado da prefeitura de Fortaleza. - Se estão furados, leve. Levou e fez o serviço de água. Na semana seguinte, veio o escândalo. Os canos eram para o serviço de água de Fortaleza e tinham sido adquiridos com muita dificuldade pela prefeitura. Faustino Albuquerque mandou chamar Perilo Teixeira : - Que papel, heim ! O senhor me enganou. Disse que os canos eram furados, eu dei, e depois fico sabendo que os canos eram novinhos, para a água aqui de Fortaleza. O senhor mentiu, coronel. - Menti como, governador ? O senhor já viu cano que não seja furado ? Da verve do amigo Sebastião Nery Conselho aos deputados  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos pré-candidatos. Hoje, sua atenção se volta aos deputados : 1. Analisem e aprovem o projeto que cria o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos. O Brasil precisa fazer a Reforma da Previdência. Que começa por uma grande ideia que visa a tapar os buracos do sistema previdenciário. 2. Senhores parlamentares da oposição : nesse momento, urge olhar para os interesses mais altos e nobres da Nação. Vejam, com esse olhar, o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos. 3. Claro, se emendas se fizerem necessárias para aperfeiçoar o Projeto, devem ser encaminhadas e defendidas com vigor. E o Executivo, por sua vez, deverá compreender e aceitar emendas lastreadas pelo bom senso. ____________
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Porandubas nº 299

Vingt e o membro de fora   Líder político inconteste na região e com expressividade estadual, o deputado Federal (já falecido) Vingt Rosado viveu um período em Mossoró/RN em que sua presença beirava o status de um pop-star, estrela reverenciada de forma avassaladora. Sua projeção fazia sentido. Apresentava-se como um anteparo da cidade, com disposição indômita para qualquer luta em defesa de Mossoró. Fora do território mossoroense, sua força e empatia com a cidade também eram por demais conhecidas. Daí serem naturais as deferências de autoridades como governadores, ministros de Estado, presidente da República. Princípio da década de 70, ele faz mais uma viagem de volta a Mossoró, dessa feita trazendo a tiracolo uma alta autoridade de Brasília. O clube ACDP sintetizava ambiente como a Meca da sociedade mossoroense. Recepção marcada para o salão festivo do clube, Vingt chega ao local ladeado pelo visitante ilustre, causando um frisson entre os presentes. O locutor no interior da ACDP, com o papel de mestre de cerimônias, castiga : - Quem vai adentrando agora a ACDP é o deputado Federal Vingt Rosado, com um membro de fora ! Historinha contada por Carlos Santos em seu "Só Rindo". O caso Lupi Carlos Lupi se excedeu na linguagem da defesa. A presidente Dilma até que gostaria de fazer a troca de nomes em janeiro, por ocasião da reforma ministerial. A acumulação de funções e a solicitação da Comissão de Ética Pública apressaram sua saída. Lupi passará um tempo de férias e voltará ao comando do PDT, em fevereiro/março. O partido, por sua vez, não tem alternativa que a de continuar integrando a base governista. Com ou sem a posse do Ministério do Trabalho. A briga pelo cargo Há, sim, uma disputa muito forte entre PT e PDT pela Pasta do Trabalho. Como se sabe, a querela é por partilha de recursos. O Ministério do Trabalho estabelece as cotas para as Centrais Sindicais, a partir de seu porte. A CUT tem 37% dos trabalhadores sindicalizados no país e cerca de 2 mil sindicatos filiados; o PDT agrega 14% e 1,5 mil sindicatos. Logo, a CUT, que é ligada ao PT, reivindica o cargo de ministro do Trabalho. Para administrar a querela e evitar mágoas de uma das partes, a presidente Dilma tem uma saída : tirar a pasta da esfera do PT e do PDT. E escolher um perfil técnico com o respaldo de um grande partido. O caso Pimentel  A mídia provou da receita e quer repetir o menu : depois de um ministro abatido, a vez de outro. Pois bem, a artilharia, agora, foca para o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, sobre o qual recaem suspeitas de ter recebido recursos de empresas beneficiadas com serviços da prefeitura de Belo Horizonte. Pimentel teria sido consultor de empresas com licitações na prefeitura logo após deixar o mandato de prefeito. Há um detalhe a se observar : o ministro faz parte do grupo mais próximo de Dilma. Foi companheiro de Dilma no passado de lutas contra a ditadura. Dilma o tem como um amigo muito querido. Por isso mesmo, desta feita, a bateria de denúncias poderá não obter resultados, pelo menos no cronograma desenhado pela mídia. Lula no batente O ex-presidente Luiz Inácio gosta mesmo do batente político. Mesmo convalescente, tomou a decisão de voltar ao primeiro plano da política e começará, na próxima semana, a despachar em seu Instituto. Lula dará as diretrizes para as campanhas municipais do PT no país. O partido quer mais que duplicar o número de prefeitos, atualmente somando 545. O maior desafio de Lula é vencer o PSDB na prefeitura paulistana. Uma batalha a ser acompanhada em todos os detalhes. DRU, teste de fogo Até 22 de dezembro, a presidente Dilma quer ver a DRU (Desvinculação de Receitas da União) aprovada. O primeiro turno será votado amanhã. Se houver alguma emenda, retornará à Comissão de Constituição e Justiça. Neste caso, o governo convocaria o Congresso para trabalhar no recesso, após 23/12. Os obstáculos que alguns senadores estariam fazendo estão sendo contornados. Com a intermediação do vice-presidente Michel Temer. Emenda 29 Outra montanha de dificuldades é a Emenda 29, que destina recursos para a Saúde. Os partidos de oposição querem fixar em 10% a parcela da União, significando um aumento de R$ 30 bilhões em relação ao montante hoje aplicado. Por isso, o governo se esforça para protelar a votação. Ou arrumar um meio termo para se chegar ao consenso. "Use a lógica, quanto mais suicidas, menos suicidas". (Infame!...) Dengue Todos os anos, lemos sobre a crônica da dengue anunciada. Há uma ameaça sobre nova epidemia de dengue. 48 cidades estão ameaçadas. E mais 300 em estado de alerta. O Brasil é o país do Eterno Retorno. Lei da informação Ganhamos um estatuto avançado : a lei de acesso à informação. Mas será praticamente impossível que a lei entre em vigor em 180 dias. O Estado precisa se preparar para abrir seus arquivos. E as estruturas de dados e informações são muito precárias. Não andam no compasso eletrônico. Resultado : temos um instrumento avançado que pega carona num carro que anda a 10 km por hora. "Morrer é deixar tudo o que temos e levar tudo o que somos". Colaboração de Álvaro Lopes Brasil desmatado Que coisa esdrúxula : comemora-se o fato de o Brasil continuar a ser desmatado. Manchetes : Desmatamento na Amazônia é menor. Quando se confere o dado, lê-se : foram desmatados 6.238 km2 entre agosto de 2010 e julho de 2011. Apenas um pouquinho menos do que os 7.000 km2 do ano anterior. A comemoração deveria ocorrer quando a manchete fosse essa : Brasil teve desmatamento zero no ano que passou ! Fátima e Patrícia Coisas do Brasil : Fátima Bernardes, apresentadora do Jornal Nacional, é elevada ao pico da glória com a manchete : Fátima faz história. Ou seja, a troca de uma apresentadora por outra é considerada um marco histórico, quando deveria ser coisa corriqueira nos padrões televisivos. E a Patrícia Poeta, que toma seu lugar, ganha status de deusa do Olimpo. Mais interessante ainda : festeja-se o novo programa de Fátima sem se saber como será. Frita-se o ovo antes do esforço da penosa. Alemanha e França A Alemanha e a França, que lideram a União Europeia, potências mundiais, são ameaçadas de entrar na zona do rebaixamento. As notas que as Agências de Risco conferem aos países podem borrar a imagem do Merkozy, essa moeda fortíssima que domina a UE. A conferir ! Serra subirá no sobrenome ? Perguntinha que cala nas cabeças inquietas de tucanos e vizinhos : José Serra vai encarar o desafio de subir a serra da campanha paulistana ? Ouço de alguns tucanos : a ficha vai cair e ele vai topar ser candidato a prefeito. Ouço de outros : não topará mesmo. Já foi prefeito e renunciou para se candidatar a outro cargo. Cairá mal outra tentativa. Dizem mais : Aécio alugou o apoio dos caciques tucanos para ser o candidato presidencial em 2014. Tem o mandato de senador por Minas Gerais. E Serra não tem nada. Ficaria mais tempo no limbo ? Começo a acreditar na hipótese de Serra com o abacaxi paulistano para descascar. Temer com os líderes O vice-presidente da República, Michel Temer, estará, hoje à noite, às 19h30, no evento de premiação dos Líderes do Brasil, promovido pelo LIDE, no Palácio dos Bandeirantes. O evento, a ser comandado por João Doria, reunirá grandes lideranças públicas e empresariais do país. Ontem, esteve presente ao evento da Revista Isto É, que homenageou a presidente Dilma (Brasileira do Ano), o prefeito Gilberto Kassab (Política), o professor Antônio Cândido (Cultura), Anderson Silva (Esportes), José Mariano Beltrame (Cidadania), entre outros. Adélia Prado, a jeca refinada Adélia, o que tem de Minas no seu comportamento, no seu jeito, nos seus gestos ? - Talvez tudo : comidas, usos e costumes, no social e no religioso, devoções, inquietação metafísica, gosto pelo bucólico. Somos grandes roceiros, refinados jecas. No meu caso especial, amor pelo cerrado, por pedras, córregos, campanários, madrugadas, entardeceres, grilos, vaga-lumes, torresmo, angu, arroz com feijão e ovo frito, farinha e pimenta (indispensável), bananas, cheiro-verde e conversa, "pensação" e a nossa falta de mar. E ainda a fala, uai ! (Leda Nagle, no livro de entrevistas com mineiros, De Minas para o Mundo - editora Autêntica). Enviado por Álvaro Lopes O sono Pois é, cada um com seu sono : Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica, dormia apenas quatro horas de sono por noite. Era o suficiente. Já o cientista Albert Einstein precisava de 11 horas. Nosso guru de economia e finanças, Delfim Netto, carece apenas de quatro horas. Um estudo com 10 mil europeus apurou que os portadores do gene ABCC9 precisam de 30 minutos a mais de sono por noite. Um em cada 5 europeus tem esse gene. E você, hein ? E a transposição ?  A monumental obra de Transposição das Águas do rio São Francisco sofre atrasos em alguns trechos. O flagrante de abandono, nos jornais deste fim de semana, causou perplexidade. O ministro da Integração, Fernando Bezerra, começou a subir no telhado. Prestes a levar um puxão de orelhas. Vai se queixar ao protetor, Eduardo Campos ? Brasil de acidentes   O país abriu 2011 sob o impacto do maior desastre ambiental de sua história, o deslizamento de terras na região serrana do Rio de Janeiro, quando morreram 820 pessoas. O 8º pior deslizamento da história mundial. E termina o ano com o derramamento de óleo do poço da Chevron, na bacia de Campos : 440 mil litros de petróleo. E olha, preocupado, para o supercargueiro Vale Beining, com rachaduras no tanque de lastro, que seria carregado pela Vale, em São Luis, Maranhão, com 385 mil toneladas de minério de ferro. O Brasil deixou de ser um território imune aos grandes desastres naturais. Apostas abertas  Há um grupo que aposta numa reforma ministerial mais profunda, com enxugamento e fusão de pastas. De 38 ministérios, Dilma cortaria uns 8. Há outro que avisa : a reforma será cosmética. Quatro a cinco nomes serão trocados. Este consultor tende a apostar em uma reforma mais vertical, completa. Conselho aos pré-candidatos Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma Rousseff. Hoje, sua atenção se volta aos pré-candidatos : 1. Iniciem uma avaliação sobre seus pontos fortes e seus pontos fracos. Forças e Fraquezas. 2. Não deixem de lado levantamentos e prospecções sobre demandas, expectativas, anseios e vontades das coletividades. 3. Mapeie todos os aspectos positivos que devem ser continuados nas administrações municipais e os pontos negativos que precisam ser corrigidos. ____________
quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Porandubas nº 298

O poder é como água 1945. O Brasil inaugura a redemocratização. Hermes Lima, fundador da UDN, deputado constituinte, ex-presidente do STF, foi ao Nordeste conseguir apoio de democratas ilustres para fundar outro partido, o Partido Socialista Brasileiro. Em João Pessoa, procurou Luís de Oliveira : - Luís, o socialismo é como aqueles gramados dos castelos da Inglaterra. Cada geração dá por eles um pouco de si. Um jardineiro planta, o filho cuida, o neto poda. E vai assim, de geração em geração, até que, um século depois, torna-se o que é. - Doutor Hermes, me desculpe, mas não vou entrar não. Gosto muito do socialismo, mas vai demorar muito. Eu quero é o poder. E o poder é como água. A gente tem que beber na hora. Da verve do amigo Sebastião Nery. Reforma mais profunda Projeção feita por esta Coluna, semana passada, a respeito da reforma ministerial, possivelmente em janeiro, ganha corpo. A reforma não seria cosmética, com simples troca de nomes, mas densa, na medida em que mexeria na integração/fusão de espaços e áreas. A presidente Dilma quer fazer valer o compromisso com os conceitos de gestão, eficiência, eficácia e competitividade.2012, ano da gestão A propósito, 2012 será um ano particularmente voltado para a gestão. O primeiro ciclo - 2011 - foi o do atendimento à esfera política, acomodação dos aliados, ajustes aqui e ali com troca de nomes, na esteira da intermitente bateria de denúncias sobre a base aliada. A crise internacional aponta para a necessidade de controles mais rígidos e apertos nos parafusos da engrenagem. Esse é o pano de fundo que acolhe o conceito de gestão moderna, avançada, ancorada nos eixos da racionalização, resultados, competitividade. Gerdau, um ícone Sinalização forte na direção da Gestão foi dada pelo megaempresário Jorge Gerdau, em densa entrevista que ladeia reportagem de capa da Revista Exame. Jorge, como se sabe, coordena um grupo que se esforça para imprimir diretrizes ao governo visando racionalizar a máquina administrativa. Entusiasmado e muito ativo, este empresário tem seu perfil colado ao Brasil Competitivo. Por isso, pode dizer com muita naturalidade : é praticamente impossível governar com 40 ministérios. Este analista tende a aduzir que Jorge Gerdau sinalizou os caminhos do amanhã. Sua análise pavimentaria a reforma que está por vir. Reforma que ele sugere e cujos eixos começa a apresentar ao governo. FIESP/FIERJ Ainda na direção do Brasil Mais Eficiente, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e sua congênere do Rio de Janeiro se juntam ao esforço de puxar a alavanca da produtividade. Significa realização de ações conjuntas e propostas concretas para as áreas da Infraestrutura (logística), Educação, Banda Larga (Comunicações) e Energia. Trata-se de um esforço inédito, primeiro por deixar o terreno do discurso frouxo/abstrato para adentrar o campo prático. Defendem metas palpáveis. No campo da energia, por exemplo, as entidades apontam para a necessidade de cumprimento da lei que determina a realização de leilões para os ativos de energia que vencem em 2015. Nesse ano, começam a vencer as concessões de 114 usinas hidrelétricas. Essa decisão será um marco na era da energia mais barata. Mas uma ala do governo pensa simplesmente em renovar as concessões. (Que interesses estariam por trás do descumprimento da lei ?) Temer em Columbia O vice-presidente Michel Temer profere, amanhã, às 16h, aula magna na faculdade de Direito da Universidade de Columbia (EUA) sobre Direito Constitucional e Democracia. Na sexta, na mesma universidade, às 9h, participa de um encontro para debater a importância dos Brics no mundo : "The rise of Bric: impact in global policymaking". Michel falará das perspectivas e das relações do Brasil com os demais integrantes dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul). O FMI projeta que Brasil, Rússia, Índia e China serão responsáveis por 61% do crescimento mundial entre 2008 e 2014, enquanto o G-7 (os países mais ricos do mundo) contribuirá com 13%. Há estimativas de que o PIB dos Brics supere o do G7 por volta de 2032. No Líbano Há duas semanas, o vice-presidente esteve em visita oficial ao Líbano. Recebido pelo presidente libanês, Michel Sleiman, Michel ressaltou o incremento comercial entre os dois países. "Nos últimos oito anos, a corrente de comércio entre os dois países aumentou em quatro vezes. Hoje, nossos povos contabilizam cerca de US$ 230 milhões em trocas comerciais". Temer reuniu-se também com o presidente do Parlamento Libanês, Nabih Berry. No final de semana, teve outros encontros, entre os quais com o Conselho de Cidadãos Brasileiros. O vice-presidente Inaugurou o centro comercial Prime Center, iniciativa brasileira no Vale do Bekaa. Amizade de leiteria ? De Abelardo Jurema, Ministro da Justiça do governo João Goulart, filósofo de Itabaiana : "Amizade sólida só nasce em bar. Nunca vi amizade feita em leiteria". Grande acordo na Bahia ? Um grande acordo político pode vingar na Bahia. O acordo reuniria as forças do PMDB, DEM, PSDB, PPS, PR e siglas menores. Teria como foco imediato a eleição municipal de 2012, mas abriria caminho para um acórdão em 2014, ano da eleição para o governo do Estado e presidência da República. Hoje, há alguns pré-candidatos para a Prefeitura de Salvador : Mário Kertész seria o candidato do PMDB, que teria o patrocínio e simpatia de Geddel Vieira Lima, o comandante do PMDB baiano; o deputado Imbassahy sairia pelo PSDB e o deputado ACM Neto, pelo DEM. ACM Neto em 1º A moldura de hoje aponta ACM Neto em primeiro lugar nas pesquisas. Neto, porém, sabido como o avô, ACM, sabe que a maior distância entre dois pontos nem sempre é uma reta (como na geometria euclidiana), mas uma curva. Portanto, poderá declinar da candidatura à prefeitura, caso estejam abertos para ele os caminhos do governo em 2014. A conversa será finalizada em meados de março/abril. Na verdade, a intenção é a de criar um forte pólo de oposição ao PT de Jaques Wagner. João Doria, a novidade João Doria é jornalista, publicitário, empresário bem sucedido e ainda exímio condutor/entrevistador de programas de TV. Trata-se de um perfil que circula com desenvoltura pelos universos empresarial e político. Amigo pessoal de políticos de diversos calibres. Com o governador Geraldo Alckmin, sua interlocução é bem especial. Pois bem, Doria foi sondado por Alckmin para enveredar pelos caminhos um dia percorridos por seu falecido pai, o ex-deputado baiano João Doria. O governador vê em João um perfil competitivo, particularmente numa eleição majoritária. Como a de São Paulo, por exemplo. Mas há um porém. Há tucanos na floresta disputando à bicadas a candidatura. Tucanos na disputa O atual cenário mostra quatro tucanos em disputa : Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Trípoli e José Aníbal. Com exceção de Andrea, todos contabilizam votos em sua bagagem de vida. Andrea tem a vantagem de conhecer os problemas da capital, por ter sido Coordenador das Subprefeituras. José Aníbal já teve boa votação para o Senado Federal. Bruno Covas leva o sobrenome do famoso avô, Mário Covas. E Trípoli não é um jejuno em política. Cada qual tem seu cacife. A eleição paulistana, como se sabe, servirá de espelho ao Brasil. Trata-se do maior eleitorado brasileiro : 8,5 milhões de votos. Aqui, será travada a maior batalha municipal entre o PT e o PSDB. Disputa de gigantes. Um nome contra o PT Ora, quem teria maiores condições de vencer a disputa ? Por parte do PT, teremos Fernando Haddad, candidato a ser apresentado às massas por Lula (cuja voz será mais ouvida que em eleições anteriores por conta de sua doença); por parte do PMDB, Gabriel Chalita será o candidato; Luiz Flávio Borges D'Urso sairia pelo PTB; Netinho de Paula, pelo PC do B; Celso Russomanno, pelo PRB, e Soninha Francini, pelo PPS. A paisagem será enfeitada por perfis assemelhados. Uma vitrine de assepsia. Aduz-se que o PT começará a campanha detendo seus 30% históricos de intenção de voto. Serra, que tem, hoje, 25% dos votos, garante que não entrará na disputa. Qual o tucano com maior cacife ? Difícil apontar. Poderiam, até, crescer numa disputa polarizada. Ante a dúvida, surge mais um nome : Guilherme Afif, do PSD de Kassab. Mas os tucanos fecham a cara para ele. Diante da grande interrogação, entra João Doria, que é tucano (tem inscrição no partido) e amigo do peito de Alckmin. Já há pesquisas aferindo a posição dos tucanos aos olhos do eleitorado. Crianças superdotadas As crianças superdotadas têm raciocínio rápido, curiosidade intelectual e excepcional poder de observação, e por isso precisam ser assistidas de maneira diferenciada para que não percam o interesse nos estudos. "Precisamos orientar professores da rede pública e privada para que saibam como lidar com os alto habilidosos e incentivar a abertura de centros para diagnóstico e desenvolvimento de atividades extracurriculares direcionadas", explica a médica cirurgiã-cardíaca Luciana da Fonseca, que pretende criar uma Associação para defender a inclusão dos superdotados na sociedade. São Paulo é um dos Estados que menos adota políticas públicas específicas para a inclusão de crianças superdotadas ou alto habilidosas (AHs) - 5% da população, segundo a OMS - em seu sistema de ensino. A lei brasileira garante a diferenciação curricular para estes casos, mas efetivamente nada é praticado. Sob esse pano de fundo, realizou-se, segunda-feira, na Câmara Municipal um evento organizado pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB), reunindo profissionais da educação e medicina para "subsidiar a formulação dessas políticas". Maior fiscalização O segmento da Segurança Privada quer leis mais duras e maior fiscalização no setor. O segmento está conseguindo se aprimorar através da reciclagem de seus empresários. Essa foi a tônica das palestras do Fórum das Empresas de Segurança de São Paulo, realizado há pouco em Bragança Paulista, que contou, inclusive, com representantes da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. Botelha Aidar SBZ Advogados, escritório especializado em Direito Empresarial, anuncia a entrada do sócio Wagner Garcia Botelha, especialista em real estate affairs. Wagner Botelha, egresso do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, será responsável pela expansão da área de Direito Imobiliário do Aidar SBZ. Graduado pela PUC-Campinas e pós-graduado em Direito Societário, Botelha acumula 15 anos de experiência, atuando principalmente em Direito Imobiliário e Urbanístico. O escritório Aidar SBZ possui atuação abrangente nas áreas de Direito Tributário, Aduaneiro, Contencioso Cível, Aeronáutico, Bancário, Trabalhista, Societário, Infraestrutura, Família, Civil, Desportivo, Consumidor, Saúde, Imobiliário e Propriedade Industrial.Saúde na UTI Mero registro histórico : em 10 anos, o governo deixou de aplicar na Saúde R$ 45,9 bilhões. Desde 2000 - ao entrar em vigor a EC 29, que estabelece um piso de gastos para o setor - até o ano passado, o montante de recursos aplicados caiu de 1,76% para 1,66%. O que diz disso o sr. Padilha, que dirige o Ministério da Saúde ? Aécio deita e rola Aécio Neves está faceiro como nunca. Viaja pelo país afora, faz articulações, aproxima-se de aliados do governo como Eduardo Campos, do PSB, e, como ninguém é de ferro, relaxa nas melhores casas noturnas do eixo Rio/São Paulo. Hoje, a cúpula tucana bandeou para seu lado em matéria de candidatura tucana à presidência. Neves só é meio apagado no Senado. Ainda não pode dizer que faz um bom desempenho.Resolução 72 Hoje, ocorre uma Audiência para debater o Projeto de Resolução 72, da autoria do senador Romero Jucá, estabelecendo que a alíquota do ICMS seja de 0% (zero por cento) nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior e que, após o seu desembaraço aduaneiro, não tenham sido submetidos a processo de industrialização. Com essa medida, a mercadoria de procedência estrangeira com potencial para receber benefício da guerra fiscal em determinado Estado passará a ser transferida ao lugar de destino sem carga de ICMS, praticamente eliminando a possibilidade de concessão de incentivos fiscais para os produtos importados pelo ente que faz a importação. A "farra" fiscal Levantamento encomendado pelo Instituto Aço Brasil (IABr) mostra que 13 Estados brasileiros estão oferecendo benefícios fiscais para importações sem autorização do Confaz. Ou seja, os Estados estão fazendo uma "farra" com isenções para importações. Os incentivos vão desde postergação e reduções de base de cálculo do ICMS até o financiamento para pagamento do tributo. Mais uma ferramenta de desmonte da indústria brasileira. O presidente do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, comanda, hoje, em Brasília, movimento contra a política de desmonte de importantes segmentos da indústria. Conselho à presidente Dilma Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao ministro Carlos Lupi. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma Rousseff: 1. Aconselhe-se com os mais qualificados empresários e profissionais de gestão e decida fazer uma reforma em profundidade na frente ministerial, a partir de princípios da racionalização, eficiência e produtividade. 2. As pressões políticas por espaços na Esplanada dos Ministérios não podem e não devem se sobrepor aos altos interesses da eficácia administrativa. 3. A crise internacional poderá servir de pano de fundo para ajustes estruturais - sistemas, métodos e processos - podendo propiciar ao país grande oportunidade para avançar na trilha da modernização administrativa. ____________
quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Porandubas nº 297

Jânio QuadrosAbro a coluna com a figura inesquecível de Jânio Quadros. Nelson Valente acaba de escrever mais um livro sobre o ex-presidente : Jânio Quadros, O Estadista. Jornalista, pesquisador, autor de 14 livros sobre Jânio, Valente confessa jamais ter convivido com "pessoa tão inteligente e de personalidade tão complexa". Deste magnífico livro, pinço passagens curiosas. Jânio gostava de cães. Tinha alguns em casa, Guri e Totó, entre eles. Nomes bem brasileiros. Dizia : "Sempre desconfiei de cachorro com nome sofisticado. Cachorro nacional tem que se chamar mesmo Joli, Sultão, Jagunço, Toco. Minha vizinha tem uma cadela chamada Blue Gardênia. Não confio nesse bicho. Conheço uma cadela chamada Sonata. Confio menos ainda".Falta de terra Caso engraçado, que alguns atribuem ora a Jânio, ora a seu candidato a vice-presidente, o mineiro Milton Campos. Jânio tinha pavor das viagens aéreas. Certa feita, lívido, apertava fortemente a mão da esposa. Eis que a comissária, prestativa, se aproxima e pergunta : - Presidente, o senhor está sentindo falta de ar ? A resposta veio pronta : - Não, minha senhora, o que eu estou sentindo é falta de terra ! Sinceridade O relato é de Nelson Valente : "por formação e tendência, Jânio, ao longo da sua vida política, jamais escondeu ou disfarçou o pensamento que tange às coisas do interesse público. Jânio dizia : - Tenho desgostado a alguns e contrariado a não poucos. Faço-o insatisfeito por vezes, das insatisfações que provoco, mas recolhendo, no extremado culto da verdade, a certeza de não enganar os que me interpelam, a segurança de não ludibriar o Povo. Semelhante norma de conduta submete-me, amiúde, a querelas doutrinárias, facilmente arredáveis ou postergáveis. Ao falso, prefiro o genuíno, ainda que áspero. Ao polido, o exato. Ao fosco, a crua luz do Sol." Reforma ministerial Vem aí uma reforma ministerial. Dezembro ? Seria pouco viável em função das festividades de fim de ano. Deixar ministros sem cargo seria, convenhamos, uma decisão desumana. A reforma poderia ocorrer em janeiro ou, no máximo, fevereiro. Espera-se que a mudança contemple mais coisas que a simples troca de nomes. Abrigaria, como se comenta nos bastidores, enxugamento de estruturas e redefinição de funções. Vejamos o teor de algumas projeções. Enxugamento Diz-se que as 38 Pastas seriam reduzidas para umas 30. Ou até menos. Como poderia isso ser feito quando a tendência aponta para a extensão da estrutura para atendimento às demandas partidárias ? O raciocínio é o seguinte : o enxugamento da estrutura ministerial significará encolhimento de todos os entes partidários na máquina. Não significa perda para cada partido, pois todos serão atingidos. Seriam obedecidos critérios de porte e força partidária. Ou seja, as perdas seriam repartidas com cada um e, assim, os espaços de poder continuariam a contemplar de maneira isonômica os entes partidários. Fala-se numa modelagem com foco na concentração/integração de áreas temáticas comuns. Integração Vejamos alguns exemplos : a Casa Civil voltaria a ser aquela Pasta com funções clássicas de atendimento às demandas políticas e coordenação dos Ministérios. Incorporaria, assim, o Ministério das Relações Institucionais. As Pastas voltadas à defesa da Mulher (Secretaria Especial de Política para a Mulher), Promoção da Igualdade Racial e Direitos Humanos seriam concentradas em um único Ministério : Direitos Humanos. A Pasta da Agricultura seria adensada com as Pastas da Pesca e do Desenvolvimento Agrário. Esportes, Turismo e Cultura poderiam ser também agrupados. As Comunicações e os Transportes formariam o Ministério da Infraestrutura. Até o Ministério do Trabalho poderia sofrer transformações. Seria incorporado à Pasta da Previdência. Esta possibilidade é remota, segundo alguns, pela importância da Pasta na moldura governativa e posição forte adquirida pelas Centrais Sindicais. Há uma proposta para mexer com todo o corpo do governo. De alto impacto. Cadê a coragem ? Comenta-se, porém, que falta disposição para uma reforma em profundidade. Teme-se que a acomodação das placas tectônicas do terremoto ministerial demoraria muito tempo. Cuidado com o panga ! Estamos importando lixo dos Estados Unidos. Lençóis usados por veteranos de guerra se transformam em roupa de cama em hotéis de Pernambuco. Pois bem, agora estamos importando porcarias da Ásia. Um tal peixe chamado Panga ou Peixe-Gato. Recebi grave denúncia. Esse peixe vem do delta do rio Mekong e está infestado de venenos e bactérias - arsênio dos efluentes industriais e tóxicos e de metais pesados. O rio Mekong é um dos mais poluídos do mundo, sendo aquele em que foi despejado o "agente laranja", desfolhante e cancerígeno.Um poço de doenças ! Os pangas são alimentados com restos de peixes mortos, ossos e de solo seco, transformados em farinha com mandioca e resíduos de soja e grãos. Alimentação idêntica ao que gerou o vírus da "vaca louca". O peixe recebe cargas de hormônio (PEE) que dá capacidade de produzir 500 mil ovos de uma vez. O denunciante arremata : "ao abrir uma posta do peixe, notei que a massa estava impregnada de filamentos. Colhi uma amostra e levei para análise. Os filamentos, na verdade, eram vermes de até 2 centímetros".EXPO 2020 O prefeito Gilberto Kassab está em Paris onde participa, hoje, às 14h30, na sede da OCDE, da primeira apresentação de São Paulo como candidata à cidade-sede da Exposição Universal 2020. Trata-se do início da campanha diplomática que culminará na eleição da cidade-sede no segundo semestre de 2013. Além de São Paulo, Izmir (Turquia), Ayutthaia (Tailândia), Yekaterinburg (Rússia) e Dubai (EAU) concorrem ao direito de sediar o terceiro maior evento internacional em termos de impacto cultural e econômico - atrás apenas de Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos. O tema de 2020 é : "Poder da Diversidade - Harmonia para o Crescimento". A Exposição Universal se iniciou em 1851, no Palácio de Cristal, em Londres, Inglaterra, ganhando fama como marco para grandes descobertas mundiais e ideias inovadoras nas mais variadas áreas de atuação. Caso São Paulo seja a cidade escolhida, será a primeira vez na história da exposição que o evento acontecerá no Hemisfério Sul.O centro de Pirituba Caso São Paulo ganhe a disputa, a Expo será realizada no Centro de Convenções de Pirituba, que ocupará área de mais de cinco milhões de metros quadrados, distribuídos entre centro de conferências, área de exposições, shopping center, hotéis, instalações e serviços. Projetado para ter quatro vezes o tamanho do Anhembi. A última edição da Exposição Mundial aconteceu em 2010, em Xangai, na China, e levou para os pavilhões 73 milhões de pessoas, sendo a maior da história. Reforma política O projeto de reforma política, relatado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS) será objeto de muitas alterações. Como a reforma política bate de frente em muitos interesses, o mais provável é que se chegue a um meio termo. Nesse sentido, a proposta do PMDB seria a mais viável : financiamento público e privado; voto em lista para 50% das vagas e voto majoritário, sem adoção do coeficiente eleitoral, para os outros 50%. Significa o seguinte : os candidatos com maiores votações nos Estados, independentemente do coeficiente eleitoral, seriam os eleitos. PSB e Ciro A novidade da semana é a volta de Ciro Gomes ao foro político. Depois de um jejum silencioso, Ciro retoma o ritmo, falante a faceiro, para dizer que quer ser candidato à presidente, em 2014, apesar de reconhecer que Eduardo Campos, o poderoso governador de Pernambuco, tem mais chances de ser o indicado pelo PSB. Campos não quer dar opinião sobre a fala de Ciro. Como é sabido, o neto de Arraes arrasta o pé pelo país, abrindo conversas, articulando, desenhando cenários, fazendo projeções para 2012 e 2014. Este consultor antecipa : Eduardo Campos fechou posição em torno de Henrique Alves, líder do PMDB, que pleiteia ser o próximo presidente da Câmara. E Serra, hein ? Para onde irá José Serra ? Que caminho trilhará ? Continua a enxergar as colunas do Palácio do Planalto ou começa a olhar para o prédio da Prefeitura de São Paulo no Viaduto do Chá ? A versão, em seu entorno, é a de que ele, José Serra, quer algo além da prefeitura. Este consultor faz provocações constantes sobre o futuro de Serra. Tenho dito que a ficha vai cair e ele acabará descobrindo que a alternativa mais conveniente é a da Prefeitura. Nos últimos dias, recebi um aviso : ele não topará. Pois bem, então vai ter de disputar o Senado, enfrentando Eduardo Suplicy. Já se sabe que o senador Aécio Neves tem, hoje, o apoio da cúpula tucana para ser o candidato do partido em 2014. Aécio começou a tricotar sua candidatura com afiada agulha. Campanha paulistana Se Serra não entrar no páreo paulistano, quem será o candidato tucano ? Zé Anibal, dizem, por ter a maior quantidade de votos junto aos núcleos que integram o Diretório Municipal. Este consultor acha que o eleitor mais forte para decidir o imbróglio se chama Geraldo Alckmin, o governador. Será candidato quem ele quiser. Dizem que se inclinaria por Bruno Covas. Mas o rapaz é jejuno. Poderia esperar mais um pouco. É o que dizem a Alckmin, que começa a vê-lo assim. Se der muita confusão, a solução seria pinçar o nome de Guilherme Afif, o vice-governador, do PSD de Kassab. Com essa solução, Geraldo fecharia, logo, o acordo para 2014, sendo apoiado pelo PSD.E as possibilidades ? Fernando Haddad, do PT, e Gabriel Chalita, do PMDB, teriam boas chances, se Guilherme Afif não for o candidato. Ambos se enquadram na categoria de perfis novos, com possibilidades de causar sensação. Tudo vai depender do clima político e econômico de 2012. E, claro, da mídia eleitoral. Quem dispuser de um bom tempo na programação eleitoral - 5 a 6 minutos - terá grandes chances de entrar no segundo turno. Navios à vista na Copa ? Ainda não A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (ABREMAR) recebeu nesta semana, para um almoço em Campinas, a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados (CTD). Representada pelos deputados Jonas Donizette (PSB-SP) e Romário (PSB-RJ), a comissão, que visitava a cidade por ocasião do Fórum Legislativo sobre os Centros de Treinamento das Seleções, conheceu um pouco melhor o setor de Cruzeiros Marítimos. Presente no encontro, o senador Benedito de Lira (PP-AL), presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, afirmou que os grandes eventos não são importantes apenas para aumentar o número de visitantes no país, mas pelo legado que geram. Faltam acertos Ainda não existem tratativas consistentes para que os navios venham ao Brasil durante os grandes eventos, para complementar a oferta de leitos em algumas cidades. Para Ricardo Amaral, presidente da Abremar, as autoridades devem traçar um plano claro para desenvolver o turismo no País como um todo. Diz ele : "hoje, as empresas já estão programando seus roteiros para os anos de 2013/2014. Então, se não ocorrerem manifestações consistentes por parte dos interessados ainda no primeiro semestre de 2012, dificilmente teremos navios presentes na Copa do Mundo". O tiro A gozação se espalhou rápida no meio da rapaziada do Ipu/CE. O velho Faca Cega foi submetido à lâmina do dr. Benjamin Hortêncio, que amputou, quase pelo tronco, seu órgão genital. Faca Cega, tipo popular, detestava a alcunha. A operação era motivo de galhofa. E ocorreu um mês após seu casamento. Conta Leonardo Mota, em seu Sertão Alegre : "se o mero consórcio provocara picarescos comentários, imagine-se o que foi a maledicência ao se divulgar o que Faca Cega sofreu nas mãos do cirurgião. E as murmurações culminaram quando, um ano depois, a mulher do mutilado começou a apresentar os iniludíveis sintomas da maternidade. Nessa atmosfera de zombarias impiedosas, Faca Cega se dirigiu ao Padre Feitosa e lhe pediu uma hora para o batismo do filho. Espírito folgazão, o velho sacerdote, que jogava o gamão à calçada, fungou uma pintada e gracejou : - Mas, que história é essa ? Depois duma operação como aquela sua, você ainda consegue ser pai ? Risada geral. Pachorrento, Faca Cega retrucou : - Eu me admiro, Padre Feitosa, é de o senhor, um padre velho, homem prático na vida, vigário no sertão há tantos anos, ignorar que o tiro não saiu do cano e, sim, da culatra. Conselho ao ministro Carlos Lupi Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma Rousseff. Hoje, sua atenção se volta ao ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi : 1. Políticos e governantes têm uma vida útil nos territórios em que imperam. O ciclo de vida abriga as seguintes fases : apresentação/lançamento; crescimento; consolidação/maturidade; clímax e declínio. 2. O ator político deve se esforçar para esticar as fases de seu ciclo de vida. Nem sempre conseguem. O declínio, frequentemente, emerge mais cedo. 3. Quando isso ocorrer, a alternativa do político/governante deve ser a de saída de seu território e o ingresso em um novo espaço político. Portanto, os políticos devem administrar muito bem seu ciclo de vida. E saber quando é hora de partir. 4. Ministro Lupi : com todo respeito, chegou a hora de Vossa Excelência voltar ao seio partidário e recomeçar atividades como comandante do PDT. ____________
quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Porandubas nº 296

Verdade sem poesia  A verdade de hoje é bem diferente da realidade de ontem. Hoje, até a poesia se depara com outras pedras no caminho. Na sala de aula o professor analisa com seus alunos aquele famoso poema do Carlos Drummond de Andrade : "No meio do caminho tinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminho.E eu nunca me esquecerei...no meio do caminho tinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminho." O professor pergunta : - Joãozinho, qual a característica do Carlos Drummond de Andrade que você pode perceber neste poema ? - Se não era traficante, era usuário... Eterno retorno  O Brasil do eterno retorno entra mais uma vez em cena. Desta feita, envolvendo o sexto ministro do governo Dilma : Carlos Lupi. A denúncia é a mesma que percorreu corredores de outras Pastas : cobrança de propina, negócios escusos com ONGs, malversação do dinheiro público. Mais de 500 prestações de contas de entidades teriam sido engavetadas pelo Ministério. Leia-se, burocracia/assessoria. A defesa de Lupi anda no compasso de outros : pediu averiguação ao Ministério da Justiça e ao MP. O ministro promete resistir. Até o fim. Declarações também ditas por outros ministros. A assessoria   A burocracia estatal está tomada por um batalhão de assessores de todos os tipos. Os ministros enfrentam uma agenda diária densa e larga. Não têm como acompanhar todos os detalhes de convênios com ONGs. E assim muita coisa passa ao largo dos olhos dos ministros. É assim que esta coluna enxerga o affaire no Ministério do Trabalho. Por isso mesmo, não adianta mudar, trocar nomes de assessores. O buraco está nos sistemas e métodos adotados. Reforma administrativa  Os sucessivos episódios que corroem a imagem do Ministério estão a exigir profunda mudança de hábitos e atitudes. Ou seja, urge mudar as práticas na administração Federal. Critérios de seleção de ONGs mais rigorosos, definição clara de prioridades, sistema de controle de atividades e metas, liberação de recursos de acordo com o fluxo apurado de tarefas, atividades e programas cumpridos - eis aí pequena planilha de exigências. Sem esse pano de fundo moralizador, as coisas continuarão como hoje se apresentam : colaborando para o crescimento do Produto Nacional Bruto da Corrupção - PNBC. A reforma de Temer   Este analista conversou com o vice-presidente da República, Michel Temer, sobre a crise crônica que paira sobre a administração Federal. Do alto de sua experiência, Michel alinha alguns pontos que merecem reflexão : 1) defende uma reforma administrativa em profundidade. Os escopos programáticos devem ser distribuídos aos partidos. Educação, para o partido X; saúde, para o partido Y. E assim por diante. 2) O governo deve estabelecer metas, objetivos e programas para as áreas distribuídas. O partido que não cumpri-los (as) deixa seu lugar na administração, sendo substituído por outro. 3) O preenchimento de cargos, sob responsabilidade dos partidos, precisa atender a critérios técnicos. Sistema parlamentarista  O vice-presidente enxerga, com sua proposta, a metodologia adotada no parlamentarismo. O partido que exerce o poder no governo, a partir da indicação do primeiro-ministro, tem a responsabilidade (e o ônus) de conduzir o país. Se não acertar, cai e novo partido - com novo primeiro ministro - assumirá as rédeas do governo. A questão, como se pode intuir, é a nossa cultura política, propensa a agir de forma fisiológica. Rosa Weber  A ministra do TST, Rosa Maria Weber, vai para o STF. A presidente Dilma escolhe uma gaúcha para substituir Ellen Gracie. Muito considerada entre os pares do Judiciário. Boa escolha. Os gaúchos se dão muito bem no Supremo. Tucanos rachados  FHC dá a receita. Tucanos deveriam ser carinhosos. E até sugeriu um novo slogan para o partido : Yes, we care (Sim, nós cuidamos), na esteira do slogan de Obama - Yes, we can. Mas os tucanos estão de bico rachados. O grupo de São Paulo está desunido. Serra puxa sua ala para fazer aliança com o PSD de Kassab. Seu candidato seria Guilherme Afif. Ideia inteligente. Mas a turma de Alckmin é contra. Zé Aníbal, então, não suporta a sugestão de fazer aliança com o partido do prefeito. Acha que será um bom candidato. Agnelo, em fritura  O governador do DF, Agnelo Queiroz, também entrou no caldeirão. A deputada Celina Leão (PSD/DF) gravou depoimento de uma pessoa (Daniel Almeida Tavares) que afirma ter depositado R$ 5 mil na conta do então diretor da ANVISA, ele mesmo, Agnelo. O governador rebate : foi o ressarcimento de um empréstimo. Historinha que será apurada. Pergunta incômoda  Perguntinha incômoda : quando deputados do PDT dizem que vão acionar o ministro Lupi junto aos órgãos de controle, o que resta a ele - reagir aos correligionários ou pedir o boné ? Gastão desgastado  O ministro Gastão Vieira, endossado pela bancada do PMDB da Câmara Federal, já não tem tanto apoio dos correligionários. Está desgastado. Não tem dado atenção ao grupo que o indicou. Diz-se que está ancorado no presidente do Senado, José Sarney. A indicação partiu da Câmara, não do senador. CUT contra Força Sindical  A CUT trava uma batalha contra a Força Sindical. São as maiores centrais sindicais do país. Cada qual quer luta para arregimentar em seu entorno o maior número de sindicatos. O pano de fundo é dinheiro, muito dinheiro. E, claro, mais espaço na Esplanada dos Ministérios. A CUT quer tomar as rédeas do Ministério do Trabalho. A Força Sindical resiste. Vamos acompanhar a querela. PSD independente  Não é verdade que o PSD esteja lutando para nomear o ministro do Trabalho, caso Lupi saia do Ministério. O PSD, nesse primeiro momento, deseja ser independente, olhando para as bandas do espectro ideológico e contemplando os horizontes eleitorais de 2012. Quer fazer boa bancada de prefeitos. E não é interessante fechar posição exclusiva. Se mais adiante for conveniente ao fortalecimento do partido ingressar no Ministério da presidente Dilma, poderá fazer parte do bloco governista. Por enquanto, o partido ficará contemplando a cena. Por essa razão, não procede a informação de que um determinado parlamentar paulista, recém ingresso no PSD, seria bancado pelo prefeito para assumir o MTE - Ministério do Trabalho e Emprego. Projeto 4.330 : contra substitutivo  O substitutivo ao projeto de lei 4.330, proposto pelo deputado Roberto Santiago, que acaba de entrar no PSD oriundo do PV, é considerado pela maioria das centrais sindicais uma excrescência. É considerado um retrocesso à terceirização de serviços. Como se sabe, esta área carece de marco regulatório. O projeto 4.330, de autoria do deputado Sandro Mabel, foi simplesmente despedaçado pelo relator da Comissão Especial nomeada para tratar da questão. Santiago, com seu substitutivo, quer atender a um grupo muito restrito de grandes empresas do setor. Eis a crítica contra ele, que parte da CUT, CTB e NTSC, além de núcleos que se dedicam ao tema, como a Comissão de Alto Nível, formada no Ministério da Justiça, integrada por ministros do TST, OAB, Associação dos Procuradores e Anamatra. Os dois maiores sindicatos da terceirização , das áreas patronal e laboral (Sindeprestem e Sindeepres), também são contrários ao substitutivo de Roberto Santiago. 10 bilhões de dólares  Nação rica é outra coisa. Pois não é que o Brasil vai ajudar o FMI a salvar a Europa ? Vai contribuir com o reforço de US$ 10 bilhões, equivalentes a 3,3% das contribuições previstas para o Fundo e similar ao montante que o país despejou por ocasião da crise de 2009. Os gregos e os direitos  Será verdade ? Vejam essas coisas que dizem da Grécia, o berço da Democracia. Em 1930, um lago do país (Lago Kopais) secou, mas o governo mantém, até hoje, dezenas de funcionários para conservá-lo. As filhas solteiras de funcionários públicos têm direito a pensão vitalícia após a morte do pai. Há 40 mil mulheres que custam ao erário ? 550 milhões por ano. Há um hospital público com 4 arbustos e 45 jardineiros. Há 600 profissões que podem pedir reforma aos 50 anos (mulheres) e aos 55 (homens). Exemplos de profissões : cabeleireiras, apresentadores de TV, músicos, etc. Há um 15º salário para trabalhadores. Pensões continuam a ser depositadas mesmo após o falecimento de idosos. Algumas viaturas da administração têm 50 condutores. E como 90% da terra não têm cadastro, os proprietários não pagam impostos. É isso mesmo ? Sociedade condenada A filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), sobre esses nossos tempos inglórios : "Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada". Conselho para a presidente Dilma  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos parlamentares. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma Rousseff : 1. As crises envolvendo ministros se sucedem. Cada semana, um novo ministro entra na fogueira, consolidando a ideia do Brasil do eterno retorno. A situação tende a continuar caso não sejam mudados os critérios, os sistemas e métodos. 2. A reforma ministerial não será eficiente caso persista a obsoleta metodologia adotada pelas Pastas. Daí a necessidade de se promover profunda alteração na modelagem da gestão governamental. 3. Essa é a esperança que ainda resta, senhora presidente. O Brasil espera que ao lado da reforma ministerial se realize ampla e profunda reforma administrativa. ____________
quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Porandubas nº 295

Conjunção rachativa Historinha da Bahia. Grande de nome e pequeno de corpo. Magricela, esperto, inteligente, José Antônio Wagner Castro Alves Araújo de Abreu, sobrinho-neto de Castro Alves, herdou o DNA, o talento e a vadiagem existencial do poeta. Não gostava de estudar. No esporte, era bom em tudo. Colega de Sebastião Nery, no primeiro ano do seminário menor, na Bahia, em 42, na aula de português, o padre Correia lhe perguntou o que era "mas". - É uma conjunção. - Certo, mas que conjunção ? Zé Antônio olhou para um lado, para o outro e respondeu : - Conjunção rachativa, professor. - Não existe isso, Zé Antônio. - Existe, professor. Quando a gente quer falar mal de alguém, sempre diz assim : - Fulano até que é um bom sujeito, mas... E aí racha com ele. Cena paulistana A cada dia, a ficha desce um pouco sobre a cabeça de José Serra, eterno candidato à presidência da República. Por onde passa, ele é peremptório : não colocará seu nome na disputa para a prefeitura de São Paulo. Pois bem, este analista quer ver para crer. E mais : aposta que Serra será candidato a prefeito. A lógica sublinha o argumento : não há saída para ele. Aécio Neves, a essa altura, já ganhou o apoio da cúpula do PSDB. Mesmo com os horizontes distantes, Aécio tem maior cacife : um mandato de senador no início, energia e disposição, o apoio da cúpula tucana e o segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais. Ficha vai cair  José Serra alimenta a esperança da candidatura presidencial em 2014. Não ganhará o troféu de candidato. O vazio oceânico ainda não ocupou sua cabeça. Quando a ficha cair - e cairá lá pelos idos de março - ele concluirá que sua carreira política tem apenas uma fresta para decolar novamente : a candidatura à prefeitura. A não ser que ele decida encerrar a vida pública breve. Por tudo isso, esse analista vai apostar na hipótese: Serra será o candidato tucano para a prefeitura paulistana. Diante dessa possibilidade, os atuais pré-candidatos - José Aníbal, Bruno Covas e Ricardo Trípoli - desistiriam das prévias. A conferir ! Marta, tem chance ? E se for realmente José Serra o candidato tucano, Marta Suplicy poderia ser a candidata do PT ? Mesmo com 30% nas pesquisas de intenção de voto, será difícil. É claro que suas chances aumentam, tendo em vista a clássica polarização entre PSDB e PT, que tem nela um símbolo. Ocorre que há um cacique-mor por trás do patrocínio da candidatura petista : Lula. E o candidato dele é mesmo Fernando Haddad. A essa altura, será difícil remover Haddad sob pretexto que, para disputar com Serra, o melhor nome seria o de Marta. Lula acha que só uma cara nova vencerá os tucanos na capital paulista. Esse analista concorda, em princípio, com a tese. Cantadores da morena  O primeiro sapeca :- Se eu fosse Nosso SenhorDono do ouro e da prataMandava fazer espelhoDos olhos desta mulata O segundo replica :- Cabra, deixa de ser bestaTu não sabe apreciarEspelho queria eu serPra mulata me mirar. (Versos apanhados por Leonardo Mota) Avião de um dólar  Ricardo Teixeira, presidente da CBF, foi convocado pelo Congresso para falar sobre futebol. Claro, que falará menos sobre futebol e mais sobre as práticas de articulação que circundam a paixão nacional. Apura-se uma suspeita de que Teixeira teria adquirido um avião pela módica quantia (módica ?) de US$ 1. Isso mesmo. Um dólar. Há uma gigantesca teia de interesses no entorno da Copa. Por mais que haja esforço para desfazer essa teia ou tentar entendê-la, será impossível. Mas as coisas começam a ficar mais claras nos espaços futebolísticos. Os cartolas abrem os chapéus. O Brasil é um lixo ? Os containers com lixo hospitalar despachados pelos Estados Unidos para o Brasil carregam uma dura conotação sobre nosso país : um lixo. Só mesmo um território considerado bárbaro, atrasado, carente, pode servir ao de ser penico do mundo. A máfia que está por trás desse empreendimento deve ser destroçada. Se não houver rigorosa punição aos malfeitores, o lixo do mundo continuará a ser objeto de desejo de contingentes carentes. Cadê o ministro da Saúde ? Viajando, padilhando. Greve de médicos  Os médicos do SUS fazem sua greve. Têm direito, sim, a parar os serviços. As condições precárias dos estabelecimentos hospitalares e a péssima remuneração dos profissionais formam o argumento para a greve. Receber R$ 1.946,91 para uma jornada de 20 horas semanais é muito pouco. Onde está o pomposo ministro da Saúde, Padilha ? Só pode estar dentro de um avião. Viaja mais que piloto. Deixando a pilotagem da saúde ao léu. Lula e a nova vida  Lula continua o périplo pelo mundo. Recebe prêmios, faz palestra, embolsa alta grana, é homenageado aqui e alhures. Dizem que tem um olho no norte, outro no sul. Ou seja, um olho na reeleição de Dilma e outro na sua volta ao centro do poder. Este analista começa a achar que Lula aprecia muito o fato de ter uma agenda mais solta. E um bom tempo para encher as burras. Acostuma-se ao fato de não ter a corte de aspones. Afasta-se, gradualmente, da rampa do Planalto. Religião  Cresce na Grã-Bretanha, a cada ano, o número de jovens mulheres que deixa para trás suas carreiras, namorados e posses para se dedicar totalmente à religião. O fenômeno desperta curiosidades. Decepção com a vida mundana ? PSD com 700 prefeitos  O PSD do prefeito Kassab já tem 700 prefeitos. Ultrapassa o número de prefeitos do PT. Em Santa Catarina, os 42 prefeitos do DEM rumaram para o PSD, acompanhando o governador Raimundo Colombo. As chaves  O poeta manda o verso :Meu coração está fechadoNão se abre para ninguém,Foi-se embora o seu dono,A chave é ele que tem. O outro retoma :Sexta-feira faz um anoQue meu peito se fechou...Quem morava dentro deleTirou a chave e levou. E o terceiro lamenta :A chave da fechaduraQue trancou o seu caixãoÉ a mesma da fechaduraQue trancou meu coração. (Leonardo Mota em Sertão Alegre) Filiados partidários  O TSE fechou a conta de filiados aos 29 partidos políticos brasileiros. Um total de 15.381.121. Sete partidos concentram a maioria dos filiados. O PMDB encabeça a lista com 2.420.327. Na sequência aparecem o PT com 1.566.208; o PP com 1.436.670; o PSDB com 1.410.917; o PDT com 1.212.531; e o DEM com 1.124.069. Nomes  Caso Orlando Silva saia do Ministério do Esporte, dois nomes são apontados para ocupar seu lugar : o ex-deputado Flávio Dino, atual presidente da EMBRATUR e o deputado Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara. Há um 'porém' no caminho de Dino : ele pretende ser candidato à prefeito de São Luís, em 2012. Se for guindado ao Ministério, fecha a chance da candidatura. PSD no RN O vice-governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, é o presidente do PSD no Estado. E acaba de romper com o governo, comandado pelo único governador do DEM, no caso, a governadora Rosalba Ciarlini. Faria foi presidente da Assembleia por três vezes. Como o PMDB está aliado ao governo do DEM, o vice-governador tem campo livre para se firmar como eixo de oposição. A avaliação do governo não é boa. Grande parcela dos prefeitos está insatisfeita. A oposição tende a se expandir no Estado. 7 bilhões  A população mundial cresce a velocidade recorde. Atingirá 7 bilhões no dia 31 de outubro. Em 2050, este número deve alcançar 9,3 bilhões. Entre os fatores que contribuem para o rápido aumento populacional estão a alta taxa de natalidade em alguns países e a maior longevidade da população. Hoje, 893 milhões de pessoas tem mais de 60 anos. Até a metade do século, este número vai praticamente triplicar, chegando a 2,4 bilhões. A expectativa de vida média atual é de 68 anos, quando era de apenas 48 anos em 1950. Código Florestal   A senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD/TO), garante que o novo Código Florestal deve ser votado no Senado dia 22 de novembro. O texto, votado na Câmara dos Deputados, deve passar antes pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle. A proposta tem pontos polêmicos, como o que permite aos Estados legislar sobre a conservação de áreas rurais. Brasil e a FIFA O governo Federal se articula no Congresso para aprovar rapidamente a Lei Geral da Copa. Se o conjunto de normas que vão reger a realização do Mundial de 2014 no país demorar a ser sancionado ou nem sair do papel, a entidade máxima do futebol desfrutará de uma série de poderes que, em alguns casos, se sobrepõem à própria legislação brasileira. As garantias foram assinadas na gestão Lula. O Brasil promete à FIFA direitos soberanos, independentemente da aprovação de lei específica sobre o tema, até o fim do ano de realização do torneio. As promessas  O Brasil prometeu muita coisa à FIFA. As promessas estão em 11 documentos que tratam desde os trâmites para a entrada e a saída do país, a permissão de trabalho para a FIFA contratar funcionários, facilidades alfandegárias, isenção de impostos à proteção e exploração de direitos comerciais, incluindo hinos e bandeiras nacionais, além do pagamento de indenizações e o fornecimento de infraestrutura tecnológica e de telecomunicações que atenda aos requisitos da entidade. Vejam o que consta nos documentos : "Essa garantia do governo é e permanecerá obrigatória, válida e executável contra o Brasil e seu governo, bem como todas as autoridades estaduais e locais, desde a data desta garantia até 31 de dezembro de 2014, independentemente de qualquer mudança no governo do Brasil ou em seus representantes, ou qualquer mudança nas leis e regulamentos do Brasil". Entre as garantias, há, ainda, a liberação da venda e do consumo de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa, medida que fere o Estatuto do Torcedor, em vigor no país desde 2003. Conselho aos parlamentares  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos partidos. Hoje, sua atenção se volta aos parlamentares : 1. A aprovação da Lei da Copa requer minucioso cuidado sobre promessas e garantias oferecidas pelo Brasil à FIFA. Algumas são absurdas. Urge defender a Soberania nacional. 2. Os responsáveis pelas garantias e promessas devem ser chamados a depor. É inimaginável que tenham assinado documentos que contêm dispositivos que afrontam a dignidade da Nação. 3. Não é momento, porém, de radicalização. Urge avaliar o que é impossível fazer e o que inegociável. ____________
quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Porandubas nº 294

A sinfônica mineirice Zé Abelha registra em Mineirice, um dos seus imperdíveis manuais sobre os mineiros, este anúncio, veiculado no INFORME JB, de 1975. "A Orquestra Sinfônica de Belo Horizonte precisa dos seguintes músicos : cinco violinos, três altos, três violoncelos, dois contrabaixos, uma flauta, um trompete e um trombone. Paga de quatro a cinco mil cruzeiros por mês, 13 vezes ao ano. Custeia a passagem até a cidade e a instalação profissional. Assina contrato de dois anos. Não se pode garantir que a direção da Orquestra, em Minas, garanta tudo isso a músicos brasileiros. No entanto, é certo que o faz para músicos franceses, segundo anúncio publicado no Le Monde do dia 7 de janeiro (1975). Caso a Orquestra mantenha as condições para nacionais, tudo bem. Do contrário, recomenda-se aos interessados que sigam para Paris, onde devem apresentar suas candidaturas na Embaixada". Reforma ministerial   Ganha força a reforma ministerial que a presidente Dilma intencionaria fazer entre o fim do ano e o início de 2012. Os eventos negativos responsáveis pela queda de ministros e a continuidade de episódios e denúncias, desta feita envolvendo o Ministério do Esporte, embasam a tese reformista. À primeira leitura, a presidente Dilma gostaria de promover uma reforma mais profunda, tratando de fusão e/ou integração de pastas. É muito alto o número de ministérios : 38. Chegará a 39 com a criação do Ministério da Pequena Empresa. Trocar nomes, apenas, não seria suficiente para alavancar o segundo momento do ciclo Dilma. Nomes mais técnicos  Será muito difícil compor um Ministério com nomes exclusivos das áreas técnicas, quando se sabe que o mando político-partidário é fundamental para a sustentação do governo na esfera congressual. Mas a presidente, conforme se conversa nos bastidores, estaria interessada em nomear perfis de índole mais técnica, mesmo com o carimbo político de indicação dos partidos. Dilma pensa em ter uma equipe mais homogênea, capaz de interagir em projetos integrados. Com raras exceções, as pastas são espaços fechados, sob domínio dos partidos e de algumas lideranças. Parcela acentuada das fogueiras que queimam a imagem de ministros é acesa com a ajuda de gravetos amigos. Reforma política   O vice-presidente da República, Michel Temer, mostra o caminho para viabilizar a reforma política : um plebiscito em 2014. Com o conhecimento que detém - foi três vezes presidente da Câmara e é presidente do maior partido brasileiro (PMDB) - Michel propõe que a reforma passe pelo crivo popular. Enaltece as missões cumpridas por Ronaldo Caiado, Miro Teixeira e Henrique Fontana - deputados que deram grande contribuição ao escopo da reforma política, por meio de suas ideias aos projetos que tramitam na Câmara - e aponta o impasse de uma reforma que, para muitos, funcionaria como um tiro no pé dos congressistas. Para tirar dúvidas sobre tipologia do voto - distrital, distritinho, distritão, distrital misto - financiamento público de campanha, cláusula de barreira, etc., a proposta precisaria receber o endosso da sociedade. Ante o caráter Federal da reforma, é lógico que o plebiscito seja feito por ocasião de um pleito Federal, ou seja, em 2014. Muito bem argumentada a tese. Campanha emblemática  O palco mais fosforescente de 2012 será o da capital paulista. Pois em São Paulo, desenvolve-se a mais contundente polarização entre PT e PSDB. Não é a toa que Lula quer impor seu candidato - o ministro da Educação, Fernando Haddad - e os tucanos, sob comando do governador Geraldo Alckmin, pretendem escolher o seu sob o critério de maior viabilidade eleitoral. Ora, não há um grande candidato tucano. Os maiores nomes são os de José Serra e Aloysio Nunes Ferreira. Ambos rejeitam a hipótese da candidatura à prefeitura. Marta Suplicy, com seus 30% de intenção de voto, não desiste e irá às prévias petistas, desafiando Lula. Ganhará ? Pouco provável. Quatro filhos  "Quatro mães muito formosas geram quatro filhos muito feios. A verdade pare ódio; a prosperidade, orgulho; a familiaridade, desprezo e a segurança, perigo". (Padre Manuel Bernardes) Briga dos royalties  A briga pelos royalties do petróleo se acirra. Clima emocional envolve todos os atores, os chamados "Estados produtores e não produtores". A União não aceita reduzir sua receita de participação especial de 50% para 40%. Os Estados não produtores esperam que o relatório do senador Vital do Rêgo (PMDB/PB) seja aprovado. Se a confusão aumentar, a situação poderá ser decidida pelo STF. Caras novas  Ou seja, o candidato do PT deverá ser mesmo Fernando Haddad. O PMDB já escolheu como seu candidato, o deputado Gabriel Chalita. O PTB vai de Luiz Flávio Borges D'Urso. O PDT acena com o nome de sempre - Paulinho da Força. O PC do B, com o vereador Netinho de Paula. Celso Russomano, que saiu do PP e entrou no PRB, deverá sair por este partido. E o PSDB ? O secretário da Energia, José Aníbal, teria condições de ganhar as prévias. Mas o PSDB não fecharia totalmente com ele. O nome que pode desequilibrar o jogo é o de Guilherme Afif. Com boa visibilidade e um portfólio de muitos votos. Sairia pelo PSD de Kassab. Alckmin e o prefeito acenam com uma aliança. Ocorre que PSDB, com tempo de mídia eleitoral, só faria acordo caso conseguisse a cabeça de chapa, cedendo a vaga de vice ao PSD, que não dispõe de tempo de rádio e TV. Acordo Sescon e OAB/SP A OAB/SP firmou ontem acordo de cooperação mútua com o Sescon/SP em benefício dos jovens profissionais de ambas as entidades. "O Sescon tem sido um parceiro e nunca nos faltou nas grandes jornadas que caminhamos juntos. O objetivo dessa nova parceria visando os jovens é ressaltar que o futuro está em boas mãos e que o papel das instituições é trabalhar pela renovação", afirmou o presidente da secional da Ordem, Luiz Flávio Borges D'Urso. José Maria Chapina, presidente do Sescon, lembrou que a OAB/SP tem sido parceira fiel e aliada do Fórum Permanente do Empreendedor, que congrega dezenas de entidades. O presidente do Conselho Federal, Ophir Cavalcante, prestigiou o evento. A parceria foi assinada também pelo presidente da Comissão do Jovem Advogado, da OAB/SP, Gilberto Rodrigues Porto, pelo vice-presidente de Desenvolvimento, Sérgio Approbato Machado Júnior, e pelo presidente da Comissão do núcleo dos Jovens Empresários, Eduardo Serbaro Tostes. Meu Sergipe  Augusto Franco, governador, estava no aeroporto do Galeão, quando uma aeromoça da Varig, reconhecendo-o, jogou a pergunta : - O senhor é o Dr. Augusto Franco, de Sergipe ? - Não, minha filha, Sergipe é que é de Augusto Franco. (Da verve do Sebastião Nery) PT, mais próximo ? Se não houver acordo entre PSD e PSDB, o que poderá ocorrer ? PSD vai procurar outros partidos para fazer aliança e, assim, garantir mídia eleitoral. PSDB, idem. Quanto maior o número de candidatos, tanto melhor para o PT. Que é a sigla que alcança maior união eleitoral. O PT começa, sempre, com históricos 30% de votos. Esse índice lhe garantiria o ingresso no segundo turno. E, com o governo Federal funcionando como escudo e emblema, não seria difícil para o PT arrumar um grande acordo para o segundo turno. Claro, essa hipótese leva em consideração a maior dificuldade do PSDB em estabelecer alianças. A orquestra tucana será conduzida pelo maestro Alckmin. Resumo da ópera : o PT terá, em 2012, maiores chances que em pleitos passados. São Paulo é a sonhada cereja do bolo petista. Ministério do Esporte   O ministro Orlando Silva tomou a iniciativa adequada ante as denúncias que o envolvem : pediu urgente apuração do caso pela PF e PGR. E se dispõe a ir à Comissão de Ética Pública da presidência da República. Na Câmara Federal prestou depoimento. "Coloquei meu sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição. Eu sei qual meu compromisso ético. Da mesma maneira que fiz questão de impetrar a abertura de apuração para desnudar tudo o que está escrito na reportagem". Disse mais : "Creio que é uma ameaça grave à democracia tentar desqualificar a história de um partido. Por isso quero rechaçar a segunda acusação de que há qualquer tipo de esquema para beneficiar um partido político". Vamos ver, agora, os desdobramentos. Segurança privada Empresários do setor de segurança privada realizarão um encontro, quinta e sexta desta semana, por ocasião do VII Fórum Empresarial de Segurança Privada do Estado de São Paulo (FESP), em Bragança Paulista/SP - com o objetivo de discutir a atual situação do mercado de segurança privada, as tendências e os problemas inerentes ao setor. "Autoridades e especialistas debaterão as questões jurídicas, trabalhistas e operacionais, com ênfase para a aprovação do Estatuto da Segurança Privada, que prevê uma regulação maior", explica João Eliezer Palhuca, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (Sesvesp), organizador do evento. Terceirização evolui  Pesquisa feita pelo Sindeepres, o maior sindicato brasileiro, que reúne trabalhadores terceirizados, mostra que a remuneração média dos terceirizados era de R$ 972,40, em 2010. Em 1985, era de R$ 544,10. O número de terceirizados subiu, em média, 11,1% ao ano entre 1985 e 2010. A quantidade de empresas teve aumento médio de 16,4% ao ano no período. O mercado paulista possui 700 mil terceirizados contratados. Desse total, o Sindeepres representa cerca de 200 mil, abrigados em mais de dez categorias. "A falta de regulamentação dificulta a solução dos problemas de relações trabalhistas precárias que ainda existem no ambiente da terceirização", diz Marcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que realizou a pesquisa. "Melhores condições de trabalho, controle do número de horas de serviço e salários mais altos fazem parte das reivindicações dos trabalhadores terceirizados", defende Genival Beserra Leite, presidente do sindicato. Mário Sérgio   Mário Sérgio Cutait, ex-presidente e membro do Conselho do Sindicato Nacional da Indústria da Alimentação (Sindirações) e atual presidente da FeedLatina (Asociación de las Industrias de Alimentos para Animales de America Latina y Caribe), foi eleito para o cargo de presidente da International Feed Industry Federation - IFIF. A eleição ocorreu há duas semanas, em Roma, e o mandato é de dois anos. Ao ocupar este cargo, Mário Cutait enfrentará importantes desafios impostos pela indústria mundial de alimentos, a partir da elevação dos padrões de qualidade. Marketing eleitoral  Questões importantes que deverão florescer no jardim do Marketing Eleitoral de 2012 : Campanhas serão municipalizadas ou tendem a receber inputs Federais ? Micropolítica - política das pequenas coisas - ou macropolítica, temáticas abrangentes ? O discurso da forma (estética) suplantará o discurso semântico ? Campanhas privilegiarão pequenas ou grandes concentrações ? Qual será o papel das entidades de intermediação social (associações, movimentos, sindicatos, Federações, clubes, etc.) ? Telegráficas respostas : 1) Ambiente geral - estado geral de satisfação/insatisfação - adentra esfera regional/local (temas locais darão o tom, mas a temperatura ambiental será sentida); 2) Micropolítica, escopo que diz respeito ao bolso e a saúde, estará no centro dos debates; 3) O discurso semântico - propostas concretas e viáveis - suplantará a cosmética; 4) Pequenas concentrações, em série, gerarão mais efeito que grandes concentrações; 5) Organizações sociais mobilizarão eleitorado. O coice do jumento  Sócrates caminhava tranquilo quando um atrevido descomedido lhe deu um coice. Estranharam alguns a paciência do filósofo, que arguiu : - Pois eu que lhe hei de fazer, depois de dado o coice ? Responderam : - Demandá-lo em juízo pela injúria. Replicou : - Se ele em dar coices confessa ser jumento, quereis que leve um jumento a juízo ? (Padre Manuel Bernardes) Conselhos aos partidos  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao governador Sérgio Cabral. Hoje, sua atenção se volta aos partidos : 1. Procurem, desde já, mapear e estudar as questões municipais - demandas, gargalos, obstáculos, soluções - para o planejamento do discurso de seus candidatos nos 5.564 municípios brasileiros. 2. Elejam, dentre os temas estudados, entre 5 e 6 áreas prioritárias, que devem merecer atenção central. Esse será o vértice da Identidade dos candidatos. 3. Comecem, já agora em outubro/novembro, as tarefas de articulação/mobilização com vistas a parcerias, eventuais alianças, acordos, etc. Com início do mapeamento dos quadros locais para efeito de apuração do corpo de lideranças municipais. ____________
quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Porandubas nº 293

Pulé roti O negro Belarmino era um cozinheiro cheio de pompa e orgulho. Trabalhava no antigo "Hotel de France", em Fortaleza. Quem o azucrinava com sua cor, ele não deixava por menos : "roupa preta é que é roupa de gala". E arrematava : "pinico também é branco". Chegava um cliente, esnobava no francês : que tal um puassom (poisson, peixe) com petipuá (petit pois, ervilha) ? Mas nunca conseguiu entender que poulet rôti é frango assado e não simplesmente frango. Transferido para a Pensão do Bitu, reclamou ao patrão, logo no primeiro dia, ao passar diante do galinheiro : "seu Bitu, me dê a chave da despensa para eu tirar o mio, pois inté essa hora, os pulê roti estão tudo em jejum". (Historinha narrada pelo bem humorado Leonardo Mota em Sertão Alegre) Patinação a seco A reforma política patina. A seco. Não há avanços. Não há ideias luminosas. As sugestões mais lembram um repertório do passado. O capítulo mais avançado é o do sistema de voto. Que circula na esfera política com duas propostas centrais : voto em lista e voto distrital. O voto em lista, acusa-se, privilegia as cúpulas partidárias. Que comporiam as listas ao seu gosto. E numa ordem de prioridades. Os mais votados, de cima para baixo, seriam os eleitos. O outro voto é o do distrito. Que praticamente elegeria nomes entre a oposição e a situação. Esse modelo, segundo alguns, implantaria o bipartidarismo, eis que haveria polarização entre os nomes dos partidos oposicionista e situacionista. Muito caju Sabedoria do matuto cearense : "De ispiriencia de inverno só hai uma certeza - ano de muito caju é ano de muita castanha". Grana para as campanhas  Esse parece ser um quesito consensual. O financiamento público para as campanhas recebe endosso generalizado. Mas não se pense que, com a grana pública, o dinheiro privado desaparecerá. Não. Continuará a ser despejado pelos dutos do caixa 2. FIFA e o Brasil O Brasil se candidatou a sediar a Copa de 2014. Ganhou a parada. Agora, a FIFA quer que o Brasil aceite as normas da Federação. Quer impor, por exemplo, quem e como contratar. Ora, a soberania de um país é coisa sagrada. Uma Nação de respeito não pode esconder suas leis sob o tapete. Por exemplo : a lei do Idoso, que proporciona às pessoas com mais de 60 anos pagar um ingresso pela metade do preço. Portanto, os idosos teriam direito a pagar menos para assistir aos jogos. A FIFA quer que todos paguem por inteiro. Deve achar que, por aqui, o tempo ainda é o da Descoberta. Internet e cultura Em todas as épocas, aparecem os profetas da Sinistrose. Surgiu, agora, o profeta que anuncia : a internet destruirá a indústria da cultura. O nome do cara é : Robert Levine, jornalista americano. Parecer muito duvidoso. Internet socializa a cultura. Massifica conhecimentos. Daí para "destruir" a indústria cultural, há uma grande distância. O rio e os royalties   Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, lidera a campanha para defesa dos royalties dos Estados produtores de petróleo. Cabral quer que os recursos fiquem com os Estados produtores. Projeto de lei do senador Wellington Dias (PT/PI) favorece os Estados não produtores. O relator, senador Vital do Rego (PMDB/PB), ouve as partes. O Palácio do Planalto tenta costurar um acordo. Em vez de R$ 8 bilhões de receita extra que Estados não produtores querem abocanhar, o Planalto tenta ver se R$ 6 bilhões satisfazem. Mas essa cifra não agrada o Rio e os outros produtores. A União promete abrir mão de R$ 1,8 bilhão entre royalties e participação especial. O clima no Senado é de guerra. O STF pode determinar bloqueio da receita dos royalties até a pendenga ser equacionada. Impressão é de que feridas políticas já foram abertas. Compra e emendas O Brasil, urge acreditar, está sendo passado a limpo. Por todos os lados, vê-se alguém de vassoura na mão. Alguns usam luneta. Outros, ferramentas mais contundentes, como denúncias diretas ao MP a respeito de falcatruas. Em São Paulo, o deputado Roque Barbiere (PTB), que não é novato, garante que soprará aos ouvidos dos promotores o nome de empreiteira que "compra" emenda de parlamentares. O caso vai ter muita repercussão. A essa altura, ninguém acredita que será servida pizza na mesa do banquete parlamentar. Os fundos e ... Garboso e exuberante, o candidato a prefeito de Jaguaribe/CE não economizou nas promessas. Prometeu construir maternidade, abrir poços artesianos, melhorar as estradas do interior do município, construir mais escolas. Mas não podia deixar de fazer o brinde final à demagogia. Tinha de prometer algo mais : - Pois é, minhas conterrâneas e conterrâneos, se vocês tiverem em suas casas redes rasgadas, guardem os punhos. Pois quando eu me for eleito, darei os fundos. ... subterrâneos Na mesma linha dos conterrâneos, o nosso colaborador permanente, Geraldo Alckmin, costuma lembrar a historinha do prefeito, que, no cemitério, diante do caixão prestes a entrar na cova, aproveitou para fazer a última homenagem ao correligionário e eleitor. Depois da saudação à viúva, aos filhos e outros parentes, veio o cumprimento geral : - Meus conterrâneos - deitou a vista ao redor, parecia buscar inspiração nos túmulos que o cercavam. E arrematou a saudação : - Meus conterrâneos e subterrâneos. (Nem o morto deve ter sustentado o riso) 23% Reprovados O TCU, em seu cotidiano de investigações, chegou a um número : 23% dos contratos públicos são irregulares. Suas contas fazem subir a cotação do PNBC - Produto Nacional Bruto da Corrupção. Grécia e o default  A Grécia diz que não cumprirá as metas determinadas pelo FMI. Terá, agora, de demitir mais 30 mil funcionários públicos. A Alemanha aprovou um Fundo de Resgate no valor de 440 bilhões de euros. Mas, dizem os especialistas, é coisa pequena para salvar a Grécia e evitar que Portugal, Espanha e outros países europeus sejam contaminados. A Pátria da Democracia fenece sob a inclemência da economia. O calote grego parece inevitável. PSD entra no jogo Com mais de 50 parlamentares - podendo chegar aos 55 - o PSD é o mais forte parceiro da esfera político-parlamentar. Funcionará como pêndulo. Até sexta, está aberto aos políticos que pretendem se candidatar em 2012. E tem as portas abertas até o dia 28 para aqueles que não pretendem se candidatar no próximo ano. Novas pérolas do ENEM A Coluna recebe mais uma enciclopédia do Enem. Amostra grátis : - Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio. - A harpa é uma asa que toca. - O vento é uma imensa quantidade de ar. -O terremoto é um pequeno movimento de terras não cultivadas. - Os egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor. Bolsa ingresso  A presidente Dilma sugeriu que a FIFA reservasse uma parcela dos ingressos para os jogos da Copa a preços populares. Os mais pobres também têm direito a ver os jogos. Argumento plausível. A FIFA ficou de analisar a proposta. Carro elétrico  O Brasil quer entrar na onda do "carro-verde" : o carro elétrico. Na Europa, a discussão gira em torno da meta : abolir os carros convencionais até 2050. Em Paris, há 66 veículos elétricos à disposição em 33 estações. Quem quiser conhecer o carro-verde, pode alugar um ao preço de 8 euros a hora. Greves  Duas greves estão nas ruas. Estão ? Poucos percebem. A greve dos Correios se estende há muitos dias. Quem lidera a greve ? A CUT. Ligada ao PT. Quem dirige os Correios ? Um dirigente indicado pelo PT. Nos bancos, a comunicação eletrônica atenua os impactos da paralisação. Ao que parece, as partes não querem negociar. Deixam que a escada rolante as conduza até as margens das últimas negociações possíveis. Custo Brasil  O país poderá ganhar 6,2 mil vereadores a partir de 2013. O custo Brasil vai subir a montanha dos municípios. E o território passará a contar com 62 mil vereadores. Confiança  Os índices de confiança servem para medir a temperatura social. Uma pesquisa nessa direção, feita pelo Ibope, mostra que a instituição família é a mais confiável, enquanto os partidos políticos estão na ponta contrária, são as instituições menos confiáveis. Os governos - Federal e municipal - também acusam queda. O Congresso Nacional está lá embaixo, quase na ponta. Esse é o retrato do Brasil. A sociedade se distancia da esfera político-partidária, abrigando-se no seio do lar, na esfera dos amigos. Igrejas e Forças Armadas estão entre as instituições mais prestigiadas. O sistema de saúde foi o que apresentou maior queda. E até o Judiciário baixou a pontuação, perdendo quatro pontos percentuais. De favorito a azarão   Obama era considerado, até pouco tempo, franco favorito nas eleições do próximo ano. Hoje, ele se considera o azarão. Sabe que a economia detonou sua imagem. Vai ter de rebolar para chegar perto dos patamares d'outrora. Mas no Partido Republicano, os pré-candidatos são muito fracos. A propósito, Obama está com a cabeça quase toda esbranquiçada. Mais pérolas do ENEM - Péricles foi o principal ditador da democracia grega. - O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades. - A unidade de força é o Newton, que significa a força que se tem que realizar em um metro da unidade de tempo, no sentido contrário. - Lenda é toda narração em prosa de um tema confuso. - O nervo ótico transmite ideias luminosas ao cérebro. - A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo. Conselho a Cabral  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos senadores. Hoje, sua atenção se volta ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral : 1. Quem tudo quer tudo perde. Seja mais cordato. Aceite negociar em torno da partilha dos royalties. 2. Os Estados produtores, claro, devem receber a maior parte dos recursos gerados pelo pré-sal. Mas os entes Federativos não produtores fazem parte do mesmo território. Precisam ser contemplados. 3. Fazer da briga em torno dos royalties uma querela sem fim e ameaçar desestabilizar o nome de políticos - inclusive o da presidente Dilma - junto à população do Rio de Janeiro é fazer terrorismo interesseiro. Não condiz com o valor da honra e dignidade. ____________
quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Porandubas nº 292

"Me ajude, governador, me ajude" Geraldo Alckmin é um colecionador de "causos". Todas as vezes em que encontra este consultor, saca logo a pergunta : "E as Porandubas ?". O governador de São Paulo não é apenas um leitor assíduo desta coluna como um de seus colaboradores. Muitos "causos" engraçados saíram da verve de Alckmin. Leiam mais este, relatado logo ao chegar para a posse de Paulo Skaf no Teatro Municipal. Um prefeito de São Paulo (omite-se o nome para evitar constrangimento) chega ao governador, e, sem mais delongas, expressa a sua angústia, a sua desolação : - Governador, pelo amor de Deus, me ajude, me ajude, me socorra ! Estou perdido ! - Por que tanta aflição, prefeito, afinal você está apenas no meio do mandato. Há dois anos, ainda, pela frente. O prefeito, cochichando no ouvido do governador, em tom de confessionário, conta o motivo do desespero : - Governador, eu exagerei. Prometi demais, governador. Muito mais do que podia cumprir. E hoje, estou apertado por todos os lados. Não tenho condição de pleitear um novo mandato. Me ajude, governador, me socorra ! Alckmin abriu os braços, balançou a cabeça em sinal de dúvida, mas não teve coragem para dizer : "quem pariu Mateus que o embale". Preferiu abrir uma ruidosa gargalhada! (Prefeitos, as cobranças pelos exageros vão continuar) PSD nasceu : ator importante O PSD nasceu. Será um ator importante na cena nacional. Marcelo Ribeiro, que havia pedido vistas, deu um parecer consolidando o relatório da ministra Nancy Andrighi. O prefeito Gilberto Kassab é um craque. O PSD nasceu. Não foi por unanimidade. Mas o fato é que o PSD forma uma nova camada na estrutura partidária. Peso na balança do poder governamental. Posse prestigiada A posse de Paulo Skaf para o terceiro mandato no comando do sistema FIESP/CIESP foi muito prestigiada. Fazia tempo que este consultor não via tantas autoridades reunidas num mesmo evento. O Teatro Municipal de São Paulo ficou lotado. Skaf fez uma peroração em leque. Não leu documento. Fez um passeio panorâmico pelas realizações do mandato, de maneira solta, dando ênfases, fazendo pontuações, intercalando com agradecimentos a governadores, ministros, magistrados, representantes das Forças Armadas, senadores, deputados, prefeitos, etc. Skaf mostrou completo domínio do seu espaço e da conjuntura nacional. Competitividade Paulo Skaf, de maneira elegante e equilibrada, deu um recado ao governo. Não há condição de se aprovar nenhum imposto a mais para financiar a saúde. Reconhece que a saúde precisa de mais recursos. Que se arrumem outros mecanismos. A palavra-chave da peroração foi competitividade. Um ponto de convergência a ser atingido com a eficácia da gestão, passando pelos corredores da melhoria da educação, da diminuição do alto custo da energia, dos juros baixos, da ampliação da logística, do aperfeiçoamento da infraestrutura, do preparo da mão de obra especializada, da simplificação da burocracia, enfim, dos arranjos e ajustes nos gargalos que contribuem para maximizar o Custo Brasil. Vírus e epidemia O presidente da FIESP fez um alerta : o novo vírus que ameaça contaminar a economia mundial precisa ser muito bem controlado e monitorado por estes nossos trópicos. Sob pena de provocar uma epidemia. É melhor prevenir que remediar. Pimentel, jogo de cintura O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, um dos mais próximos da presidente Dilma, mostrou ter jogo de cintura. Aplaudiu vivamente quando Skaf detonou a possibilidade do Congresso aprovar mais impostos para a Saúde. Endossou as reivindicações e ponderações do presidente da FIESP e, na leitura do estágio por que passa o país, deu o devido crédito ao governo FHC. Comentei com o amigo Paulo Delgado, ao meu lado : "Será que ele vai se referir a Fernando Henrique?". O ex-presidente chegou ao evento por volta de 21h30, quando Pimentel discursava. Paulo alertou : "Ele poderá dizer que não viu Fernando Henrique chegar". Claro, seria desculpa esfarrapada. Não teve jeito. Ao mencionar FHC, as palmas se multiplicaram. O tucano levantou-se, comovido, para agradecer. Gesto que repetiu três vezes no evento. Quatro mães  "Quatro mães muito formosas parem quatro filhos muito feios. A verdade pare ódio, a prosperidade, orgulho, a familiaridade, desprezo e a segurança, perigo". ( Padre Manuel Bernardes) Maia, o mesmo tom Marco Maia, o presidente da Câmara, ganhou muitos aplausos, ao prometer que não será aprovado novo imposto. Nem nesse ou no próximo ano. O que deixou a ministra Ideli Salvatti carregando a cruz. Como se sabe, Ideli acaba de defender a aprovação de um novo imposto para a Saúde. Maia, no mesmo tom de Pimentel, também reconheceu os méritos do governo FHC. Mais palmas. O ex-presidente parecia emocionado. Ao final de cada elogio petista, sobrava a impressão : Lula se isola cada vez mais ao fustigar FHC e tentar apagar os vestígios do passado. Alckmin, feliz da vida Geraldo Alckmin, sorriso estampado todo tempo, parecia feliz com a parceria que o governo de São Paulo estabelece com o governo da presidente Dilma. Sua fala foi curta e formal. Ganhou muitos aplausos. Aloysio : "Nem pense nisso" O senador mais votado no Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, exibia um ar de felicidade ao argumentar que se sentia muito bem no acolhedor espaço do Senado. Este consultor faz a provocação : "Você seria o melhor candidato tucano à prefeitura. Teve mais de 10 milhões de votos. Conta com um recall extraordinário". E ele : "Nem pense nisso. Estou muito bem onde estou. E não trocarei por nada". Serra, fechado Já José Serra pareceu fechado. Em uma rodinha, cheguei a provocar, após intervenção do ministro Garibaldi Alves e do senador Valdir Raupp, de que haviam se encontrado, recentemente, na Paraíba : "Serra, você está viajando bastante". Ele : "Não, não estou viajando tanto". Repliquei : "Serra, estou dando parabéns. Viaje muito. É hora de conversar". Ele entendeu. Afinal, precisa correr mundo para evitar que Aécio Neves lhe feche as portas de 2014. E esse Jeová, hein ? "Gostaria de saber o que esse Jeová fez de errado para ter tantas testemunhas assim." (Colaboração de Álvaro Lopes) Garibaldi, sorriso pelo abacaxi  Pois é, o ministro Garibaldi cercou-se de técnicos e descasca com eficiência o abacaxi da Previdência. Muito elogiado nas rodinhas que falavam sobre o desempenho da equipe ministerial. O conterrâneo fruía os elogios exibindo os dentes com um imenso sorriso. Horário político na rede O horário político eleitoral está chegando ao Twitter. A empresa anunciou que aceitará veicular tweets pagos de candidatos políticos para as eleições presidenciais norte-americanas de 2012. O Twitter afirma que fará pequenas modificações no design dos pedidos por votos, para que eles não sejam confundidos com tweets comuns e nem sejam iguais aos Promoted Tweets, mensagens publicitárias de empresas inseridas obrigatoriamente na linha de atualizações. Quando o usuário passar o cursor por cima da mensagem política será aberta uma janela pop-up dizendo quem pagou pelo anúncio. Outra diferença : eles não aparecerão nas buscas (ao contrário dos tweets de empresas). Políticos também poderão entrar nos programas 'Promoted Account' (conta promovida), ganhando preferência no sistema de indicação de perfis, e em 'Promoted Trends' (Tendência promovida), aparecendo no topo da lista de tendências. Orlando, confiante   Orlando Silva é um poço de confiança. Discurso pronto e fluido. Os cronogramas da Copa serão cumpridos. Não haverá bumerangue. Crê nos parceiros e na boa-fé dos empreendedores. Vê chances do Brasil se sair melhor que outras sedes de Copas. O ministro Orlando exala otimismo. É uma ponta de lança nas frentes de simpatia do governo. Ocorre que o Ministério do Esporte, por assumir um escopo estratégico na preparação da Copa, passou a ser muito cobiçado. Partidos querem abocanhar aquele espaço. Copa 2014 ? "Faltam 3 anos, 12 estádios e uma seleção". (Anônimo) Moreira, indignado   Moreira Franco, nosso ministro de Assuntos Estratégicos, acaba de chegar de Ecaterimburgo, na Rússia, onde participou da Conferência de Altos Representantes nas Questões de Segurança, reunindo 59 países. Indignou-se por não poder se expressar em português. Era proibido. Foi escolhido para fazer o brinde de abertura. Confusão. Foi defendido pelo anfitrião russo. Que sabia espanhol. Moreira teve de brindar em espanhol. Para o russo fazer a tradução. Para a palestra técnica, mesma coisa : português era proibido. Moreira teve de se escudar no francês, que domina bem. Mas o piauiense-carioca não deixou por menos : botou a indignação no ar. Fez um protesto oficial. Sob o argumento de que o português é uma das línguas mais faladas do mundo. Kassab, expectativa  O prefeito Gilberto Kassab, muito chamado ao celular por correligionários aflitos que indagavam sobre a votação, esperada para ontem, no plenário do TSE : "Tenha calma, vai dar tudo certo". Kassab espera que o PSD comece com 60 deputados. E vai lutar por outros direitos, entre os quais, tempo de mídia eleitoral para o partido poder competir, em boas condições, ao pleito de 2012. Lewandowski, elogiado O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, recebia muitos cumprimentos por sua posição no comando da Corte. Trata-se de um magistrado atento ao espírito das normas. De onde virão os 10% O Senado poderá aprovar o texto original da regulamentação da Emenda 29, que estabelece o gasto mínimo de 10% das receitas da União com a Saúde. A questão é : de onde virão esses recursos ? De onde tirar mais R$ 30 bilhões ? Um dado de fundo : o setor privado gasta 2,5 vezes mais com Saúde do que o setor público. "Bandidos de toga" A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, foi dura : "magistratura está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos escondidos atrás da toga". E arremata : "Sabe que dia vou inspecionar o Tribunal de Justiça de São Paulo ? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro". Será que ela quis dizer : no dia de São Nunca ? Aparências "Se nós pudéssemos nos ver como os outros nos veem, aprenderíamos até que ponto as aparências são enganosas". (Franklin Jones) Prévias em São Paulo Com a oficialização de sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, praticamente reforça a tese das prévias. Entra para valer. Teria a simpatia do governador Alckmin. O PSDB inaugurará o sistema, pelo visto. O PT diz defender as prévias, mas nesse partido, as coisas parecem combinadas. Paes é favorito  No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) é franco favorito na disputa de 2012. Faz boa dobradinha com o governador Sérgio Cabral. O deputado Otávio Leite se esforça para ser o candidato tucano. E os Maia ? Rodrigo Maia, o filho de César, deverá se candidatar à prefeitura. E o pai quer começar tudo novamente, pela casa dos vereadores. Já Fernando Gabeira poderá ser o candidato do PV. Apelação em Natal ? Ouvi de alto político potiguar perplexa declaração : "A prefeita de Natal, Micarla de Sousa, decidiu apelar para Jesus". Como ? Decidiu abandonar o catolicismo e entrar no evangelismo. Como evangélica, espera que uma corrente religiosa a conduza aos céus da reeleição. Apelação ? Desespero ? Há quem garanta : é mais fácil o sol de amanhã não aparecer no nascente do que Micarla ganhar um novo mandato de prefeita. Honesto ganho  Leonardo Mota, o nosso estudioso de ritos, gestos e práticas do Brasil profundo, é quem conta : estava em Campo Maior, no Piauí. Acabava de fazer uma conferência em torno do tema "Ao Pé da Viola", no salão da Câmara Municipal. O calor fizera-me suar em bicas, e eu ensopara quatro ou cinco lenços. Quando, ainda suarento, recebia os cumprimentos do auditório, um dos meus ouvintes comentou : - Mas, home, seu doutô, grande dinheiro bem ganho só é esse de Vossa Senhoria ! - Por quê ? - Por que vamincé sua que só tampa de chaleira... Conselho aos senadores  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do STJ. Hoje, sua atenção se volta aos senadores : 1. Vale a pena um esforço extraordinário para se verificar onde e como abrir novas frentes de recursos para a Saúde. Contanto que estes novos espaços não impliquem criação de um novo imposto. 2. O Senado poderá fazer encaminhamentos e proposta ao Executivo no sentido de realocação de recursos, novas destinações, etc. 3. A definição de 10% de recursos do Orçamento aponta para a indicação de fontes dos novos recursos. Será que as planilhas das estruturas governativas não merecem um reestudo com vistas à redefinição de verbas? ____________
quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Porandubas nº 291

Fraco, mas cheiroso Nos sertões do Nordeste, caçadores e lenhadores costumam pôr na frincha de uma árvore da mata em que se encontram certa porção de fumo para Santa Clara. A santa, em recompensa, faz com que naquele dia a chuva lhes não estorve o trabalho. Em São Paulo há uma superstição semelhante : - quem sai a caçar, em dia de sexta-feira, tem a obrigação de levar um pedaço de fumo para o Saci-Pererê. De um caipira mentiroso, fértil no relato de inverossímeis proezas venatórias, repete-se que o mesmo contava : - Uma sexta-feira, eu me esqueci de levar o fumo. Estava pensando nisso, quando o Saci apareceu e me exigiu o tal tributo que lhe era devido. Fiquei atrapalhado, mas resolvi ver se enganava o Saci e o matava. Disse a ele : - "Fumo, mesmo fumo eu não truxe não, mas truxe o cachimbo carregado". Aí, meti-lhe o cano da espingarda na boca e puxei o gatilho. Quando o tiro falou e eu esperava ver o Saci esperneando e morrendo, ele mexeu com as bochechas, como se estivesse enxaguando a boca com os caroços de chumbo e, cuspindo a carga da espingarda, me disse : - O fuminho é fraco, mas é até cheiroso... (Quem conta é Leonardo Mota em Sertão Alegre) Nova crise A crise nunca foi embora. Às vezes, entra em refluxo. E reaparece sempre. Grécia dará calote. O temor de moratória volta com intensidade. Itália teve sua nota A+ para A, rebaixamento feito pela Agência de classificação de risco S&P. Espanha, Irlanda, Portugal e Chipre, além da Grécia, já tinham suas notas rebaixadas. O presidente Obama parte para uma ofensiva tributária com foco na redução de US$ 3 trilhões, além de US$ 1 trilhão, já acordado em agosto, mas os republicanos se opõem. E o Brasil, hein, passará ao largo da nova crise ? IPI, Um bumerangue ? O aumento de 30% do IPI para carros importados poderá se transformar em bumerangue. A medida foi tomada para proteger a indústria nacional. Significará recuo nas vendas de carros chineses e sul-coreanos. A medida afeta os consumidores, que sonham com um carrinho mais sofisticado. O mercado de carros importados deverá ser suprido por carros mexicanos e argentinos. Assim, não devem ser gerados empregos nas 19 montadoras sediadas no Brasil. Mas haverá, isso sim, sufoco no atendimento ao mercado interno pelo setor de autopeças. A decisão de aumentar o IPI dos importados foi tomada unilateralmente pelo governo. A FIESP, por exemplo, referência mor da indústria, não foi ouvida. Bolsa maior da família  É pouco, mas milhares de famílias agradecerão comovidas : R$ 32 como benefício extra por mês no Bolsa Família. O benefício será dado a famílias com 5 filhos menores (16 anos). Antes, tinham direito famílias com 3 filhos. A conta anual será de R$ 797 milhões no orçamento. O programa custa, ao todo, R$ 16 bilhões anuais. Mais um adjutório : quem sair do programa, por ter alcançado renda acima do permitido pelo Bolsa Família, poderá a ele retornar, caso volte à condição de pobreza. Dilma, dessa forma, estende os braços sociais até a ponta extrema das margens. Colherá agrados e, claro, votos. Poder centrípeto  Este consultor tem motivos para fazer um brinde à bandeira da esperança. Espraiam-se pelo território os sinais de conscientização cívica. Cresce o poder de indignação social. Multiplicam-se os atos pela moral e ética nas práticas políticas. Marchas e movimentos contra a corrupção se expandem. O poder centrípeto, das margens para o centro, faz pressão sobre o poder centrífugo, do centro para as margens. Ou seja, o poder social como pano de fundo do poder institucional. Maranhão Vejo, a cada dia, notas, observações e dados sobre o Maranhão dos Sarney. Vejo a força imperial do senador que comanda a Câmara Alta, José Sarney. Fico perplexo quando percebo que o Estado do Maranhão é um dos mais miseráveis do país. Não há recursos suficientes ? Os Sarney não conseguem tirar seu Estado do fundo do poço ? E aquela revolução que o jovem e vibrante governador Sarney prometia quando abriu seu périplo político no início da década de 60 ? Há um filme de Glauber Rocha que mostra as promessas do então símbolo da esperança dos maranhenses. Humor e mulher moderna "Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você". "Mulher moderna calça as botas e bota as calças". (Barão de Itararé) Reforma sem forma  A reforma política continua à procura de uma forma. Luiz Inácio promete se engajar na luta por sua aprovação. Mas a reforma de Lula se restringe ao duplo voto : voto distrital e voto em lista. Os eleitos sairiam dessa composição. E, ainda, teriam o financiamento público para suas campanhas. É pouco, convenhamos. Mesmo assim, nem esse mínimo será aprovado. Reforma política para valer apenas quando o poder centrípeto funcionar como aríete do Congresso. Acordo PMDB e PT O acordo entre o PMDB e o PT continua firme na esfera Federal, ou seja, no plano do apoio partidário ao governo da presidente Dilma. Na esfera estadual e municipal, tanto o PMDB quanto o PT trabalham na perspectiva de alianças com quaisquer frentes que contribuam para seu fortalecimento. O leque de alianças está aberto. O PMDB quer a garantia dos compromissos centrais assumidos pelo PT e que abrigam o comando da Câmara, no último biênio da Legislatura, pelo partido, e que já tem um nome escolhido : o deputado Henrique Eduardo Alves. O PT não é de todo confiável. Pois abre um olho para o Norte, outro para o Sul. O foco de Edu Campos Este consultor insiste na observação : o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, abre seu PSB para múltiplas alianças. Conversa com Deus e o diabo. Tem em mira fazer uma grande bancada de prefeitos e alargar as bases para seu projeto de 2014. Enquanto isso, faz campanha acirrada para colocar a mãe, a deputada Ana Arraes (PSB/PE), no TCU. Corre os Estados. Definição será hoje, quarta-feira, em sessão secreta. Disputam com ela Aldo Rebelo (PC do B/SP), Átila Lins (PMDB/AM), Milton Monti (PR/SP), entre outros. Registro absurdo   A partir de 3 de outubro, as empresas devem se adequar às normas da portaria 1.510/09 que determina novas regras para o Sistema de Registro Eletrônico de Ponto. Segundo o Ministério do Trabalho, o objetivo é impedir que horários anotados na entrada e saída do expediente de trabalho sejam alterados. Quase dois anos depois de anunciada, a nova legislação ainda é motivo de discussão e dúvida. Para José Chapina Alcazar, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis no Estado de São Paulo, a obrigatoriedade de adesão ao novo sistema é absurda. "A portaria 1.510 contém medidas onerosas, complexas e que demandam grandes investimentos das organizações, principalmente, das micro e pequenas", argumenta. As empresas terão de manter equipamento com capacidade de funcionamento de 1,4 mil horas ininterruptas em casos de falta de energia, disponibilizar impressora de uso exclusivo e papel para impressão com durabilidade de cinco anos. TV e mundo "A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana". "Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato". (Barão de Itararé) Haddad, ele mesmo  Fernando Haddad, ministro da Educação, consolida sua posição e certamente será o candidato do PT para disputar a prefeitura de São Paulo. Lula dá as cartas no PT. Haddad acaba de ganhar o apoio da corrente majoritária do partido, a ala Construindo um Novo Brasil. Marta, ao que se comenta, já está resignada. Lula acha que o eleitor quer ver e votar em caras novas. Tem razão. Mas há outras caras novas que deverão entrar no pleito, como Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB/SP, pelo PTB, e Gabriel Chalita, deputado Federal, pelo PMDB. Chalita em ministério ? Este consultor não crê que Gabriel Chalita aceite o convite da presidente Dilma para compor o Ministério. Especula-se que a ele estaria destinado o Ministério da Educação, a ser oferecido após a saída de Haddad. Chalita não aceitará o convite pela convicção firmada de que tem grandes chances de vir a ser o vitorioso. O PT, por sua vez, insistirá em um acordo com o PMDB. Lula não deverá convencer o vice-presidente Michel Temer com essa proposta. Acordo, se houver, será selado para o segundo turno. Afif, um bom nome Guilherme Afif, o vice-governador, poderá ser o candidato do PSD a prefeito de São Paulo. Já foi sondado. Deixou uma janela aberta. Se o partido nascer forte, como os sinais indicam, Afif topará entrar no jogo. Este consultor conhece bem o potencial do vice : bom comunicador, expressão forte na TV, fluente, objetivo, com grande visibilidade. Quase pegou Suplicy no contrapé, na campanha para o Senado. E o eleitor paulistano poderá querer repetir o voto nele. Dúvidas no Recife  Se João da Costa (PT), prefeito do Recife, vai ser o candidato do partido, para onde irá João Paulo, ex-prefeito e padrinho político de Costa, com quem está brigado ? O deputado João Paulo tem poucas semanas para decidir se fica ou se sai do PT, sendo assediado pelo PTB, PC do B e PSB. Mas é mais provável que João Paulo permaneça no PT, selando uma aliança com todas as alas petistas. Profusão em Natal  Na capital potiguar, não faltam nomes para a disputa municipal. Por enquanto, despontam seis nomes : a prefeita Micarla de Sousa (PV), a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), o deputado Federal Rogério Marinho (PSDB), o deputado estadual Hermano Morais (PMDB) e o deputado estadual Fernando Mineiro (PT). Carlos está na frente. Há, ainda, os nomes dos deputados Fábio Faria (PMN) e Felipe Maia (DEM). O senador José Agripino, presidente do DEM, tenta articular com o deputado Federal Henrique Alves, presidente estadual do PMDB, o ministro Garibaldi Filho (PMDB) e o ex-deputado Carlos Augusto (DEM), a formação de um bloco em torno de um nome para a prefeitura de Natal. Lei da Copa   O líder do Governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, anuncia para os próximos dias o envio, pelo Executivo, do Projeto de Lei Geral da Copa. O documento objetiva regulamentar todas as questões previstas nas Garantias Governamentais, acordadas com a FIFA para a realização da Copa 2014. Posse de Skaf  Paulo Skaf toma posse, dia 26, para um novo mandato na FIESP. A posse será no Teatro Municipal de São Paulo, em um evento que reunirá cerca de 2 mil pessoas. Na administração Skaf, a Federação tomou um banho de modernização. Abriu novas frentes, convocou quadros das administrações pública e privada para integrarem seus inúmeros foros, azeitou a máquina, produziu estudos em profundidade sobre temáticas nacionais. Promissória e forca  "A promissória é uma questão 'de...vida'. O pagamento é de morte". "A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda". (Barão de Itararé) Michel no palácio  O vice-presidente da República, Michel Temer, por solicitações insistentes de ministros do gabinete da presidente Dilma, despachou, ontem, pela primeira vez, no Palácio do Planalto. Michel, com sua discrição, nunca quis despachar no gabinete presidencial. Mendes Ribeiro muda  O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, empenha-se em uma cruzada pela mudança na estrutura de gestão da Pasta. Extingue áreas, cria novos setores, busca quadros. Foco : maior adequação da estrutura aos novos tempos. E quadros técnicos de alto nível. Confúcio e a cooperação   O governador Confúcio Moura (PMDB) promove ampla reordenação da estrutura governamental em Rondônia. Administra um Estado com imensos potenciais, mas ainda muito arraigado às velhas práticas. Confúcio ampara a gestão em um modelo de cooperação, pelo qual procura convocar e motivar a sociedade organizada a participar da administração. Trata-se de um governante com os olhos voltados para a eficiência de métodos e a eficácia de resultados. Conselho aos membros do STJ  Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos gestores públicos. Hoje, sua atenção se volta aos membros do STJ : 1. A anulação das provas da Operação Boi Barrica pode funcionar como cascata para desacreditar todas as investigações levadas a cabo pela Polícia Federal. 2. A invalidação de operações feitas pela PF pode vir a reforçar a tese de que o Judiciário age "a serviço das elites". Ora, a PF, ao que se sabe, só investiga nos termos da lei e sob fiscalização do Ministério Público. 3. A decisão de invalidar as provas sobre negócios envolvendo gente importante poderá redundar em desestímulo e desmotivação no aparato policial que tem como foco desbaratar as quadrilhas que corroem a administração pública. ____________
quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Porandubas nº 290

Cambada de ladrões Cabralzinho, líder estudantil em Campina Grande/PB, foi passear em Sobral, no Ceará. Chegou em dia de um formidável comício. No palanque, longos cabelos brancos esvoaçantes, o deputado Crisanto Moreira da Rocha, competente orador da província : - Ladrões ! Ladrões. A praça, apinhada de gente, levou o maior susto. - Ladrões ! Ladrões, porque vocês roubaram meu coração ! Cabralzinho voltou para Campina Grande. Candidatou-se a vereador. No primeiro comício, lembrou-se de Sobral. Suspiro. Imaginou os aplausos, sob a oratória do deputado cearense. Fechou os olhos. E tascou com ar furioso : - Ladrões ! Correu um frio na espinha da praça. - Ladrões ! Ninguém se mexeu. Cabralzinho bem sabia que a política em Campina Grande era briga de foice no escuro. Queria o impacto total. - Cambada de ladrões ! Foi uma loucura ! A multidão avançou sobre o palanque. Pedra, pau, sapatos. O rosto sangrando, acuado, Cabralzinho implorava : - Espera que eu explico ! Espera que eu explico ! Explicou. Ao médico, no hospital. (Com a verve do amigo Sebastião Nery). Emenda 29 Dia 28 de setembro, será votada a Emenda 29, voltada para socorrer o sistema de saúde, que está na UTI. Será aprovada. Mas quem pensar que será criado um novo imposto, pode tirar o cavalinho da chuva. Nenhum partido tem motivação para votar um novo tributo temendo represálias da população. Afinal, a carga de impostos é escorchante. O PMDB fechará questão contrária a um novo tributo. O líder Henrique Alves pronuncia esta tarde no plenário da Câmara veemente discurso com duas mensagens fortes : sociedade não tolerará novo imposto; e governos estaduais precisam fazer suas lições de casa e não desviar recursos da saúde para outras frentes. Carga escorchante Vejam, a seguir, como os impostos entram no processo produtivo : Média tributação sobre o faturamento Energia Elétrica : 38,65%; Comunicações : 36,97%; Indústrias : 35,47%; Combustíveis : 32,74%; Transportes : 29,56%; Comércio : 23,23%; Demais Serviços : 23,83%; Instituições Financeiras : 17,58%; Administração de bens : 14,94%; Agropecuária e Extrativista : 14,29%; Micro e Pequenas Empresas : 9,78%. A informação é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT. Impostos sobre produtos Já na frente de produtos, eis alguns exemplos dos tributos : Achocolatado : 38,06%; Agenda escolar : 43,19%; Água mineral : 43,91%; Aparelho de barbear : 40,78%; Balão de borracha : 34,00%; Batedeira : 44,37%; Cachaça : 81,87%; Calça (tecido) : 34,67%; Computador : 33,62%; Maisena : 33,87%; Fralda descartável : 54,75%; Gasolina : 53,03%. Mobilização do PMDB Amanhã, quinta-feira, o PMDB deve reunir, em Brasília, cerca de 3 mil militantes. Trata-se do primeiro movimento com vistas à mobilização geral que o partido promove para alavancar o pleito municipal de 2012. Não há uma agenda prefixada, eis que o partido tem a intenção de fazer um primeiro movimento de animação. Já o segundo será no início do próximo ano, quando as bases municipais serão convocadas para a batalha eleitoral. Nesse momento, o PMDB exibirá suas bandeiras, particularmente aquelas que atingem o bolso do eleitor. Beleza e paciência "Relacionamento é baseado em duas coisas : beleza e paciência. Se der certo, beleza ! Se não, paciência". (Colaboração de Álvaro Lopes) PT em 2012 O PT, como o PMDB, quer fazer a maior bancada de prefeitos de sua história. Porque acredita na hipótese de que a alavanca municipal será decisiva para abrir as portas das prefeituras em 2014. O PT quer atingir as cidades grandes e médias. Trabalhará acertando o foco para cerca de 150 municípios. É o bastante para iluminar o panorama eleitoral. Lula está se arrumando para comandar o espetáculo. Com (muito) dinheiro no bolso e (muito) tempo livre para se divertir nos palanques, Luiz Inácio será o maior cabo eleitoral do Brasil em todos os tempos. Vai ser interessante acompanhar e medir o tamanho e a importância de Lula para a eficácia eleitoral. Reforma política A cantada e decantada reforma política pode, sim, sair do papel. Este consultor vê viabilidade na aprovação de um sistema de voto misto : meio distritinho, meio distritão. Metade dos eleitos será tirada de uma lista de candidatos do distrito. E a outra metade será pinçada de uma lista geral do Estado, tomando-se como parâmetro os mais votados em todo o Estado. Com o fim das coligações proporcionais, esta fórmula poderá ser interessante por atender mais de perto aos interesses do eleitor. O PT gostaria de ver implantado o voto de lista partidária. Como partido de mando vertical, ele se beneficiaria. Elegeria seus comandantes. O PMDB defende mais o distritão. Duas formas de vida "Há apenas duas formas de viver a vida : uma é acreditar que nada é um milagre. A outra é acreditar que tudo é um milagre". (Albert Einstein) Dilma e Alckmin Pela segunda vez, a presidente Dilma vai ao Palácio dos Bandeirantes para realizar um ato conjunto com o governador Geraldo Alckmin. Trata-se de parceria entre o governo Federal e o estadual em torno do rodoanel Mário Covas. Dinheiro lá do Planalto para a planície. Dos tempos, ainda, de Lula. Que, convidado, refugou. Alegação : não quer empanar prestígio de Dilma. A esta altura, não empanaria. Ela conserva a liturgia presidencial. E não é de salamaleques. Dilma está demonstrando atitudes suprapartidárias, que merecem aplausos. Mais solta Aliás, a presidente Dilma está mais solta e mais leve. Desenvolta foi sua atitude na entrevista que concedeu ao Fantástico, quando perambulou pelo Palácio da Alvorada. Respondeu a todas as perguntas. E cometeu, até, a liberdade poética de chamar a ema macho de emo. A família e seu barulho animam o netinho da presidente. Enem, hein ? Por mais que o ministro Fernando Haddad se esforce para subir o conceito das escolas públicas em nosso país, não consegue. As escolas públicas e também privadas receberam notas insuficientes no exame do Enem. Quase 64% foram reprovadas. E destas, mais de 99% são da área pública. Não adianta sofismar dizendo que os alunos é que foram reprovados e não as escolas. Ou, por acaso, não há relação entre causa e efeito ? Alunos estudam em escolas... logo... ! UPPs marquetizadas A tentativa da bandidagem de reerguer bandeiras no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, quer dizer apenas uma coisa. As tais Unidades de Polícia Pacificadoras ainda não conseguiram se consolidar. A harmonia nas favelas está longe de aparecer. O governador Sérgio Cabral cosmetizou bastante a ideia. Há muito marketing enfeitando esse troféu de Cabral. Um olho, um ouvido, um coração "Para toda beleza, há um olho em algum lugar para vê-la. Para toda verdade, há um ouvido em algum lugar para ouvi-la. Para todo amor, há um coração em algum lugar para recebê-lo". (Panin). Colaboração de Álvaro Lopes. Mensalão à vista O ministro Joaquim Barbosa sinaliza muita vontade de jogar o pacote do mensalão no plenário do STF logo, logo. A depender dele, as coisas caminharão em ritmo adequado, de forma que, em 2012, antes das eleições, o processo seja concluído. Mas alguns advogados - dos melhores do país - tentam produzir curvas no meio do caminho. Finalidade : jogar a bomba para 2013, após as eleições. Justiça se faça : José Dirceu quer agilidade no julgamento do mensalão. Diz : "é a única coisa que peço, que me julguem nos autos. Porque juízo político já tive na Câmara dos Deputados. Fui cassado sem provas". Campos só vê aquilo Eduardo Campos passou a fazer política 25 horas por dia. A hora a mais é por conta da teoria de sistemas, na qual 2 + 2 pode ser cinco. Trata-se do adendo proporcionado pelo elemento organizativo, que junta as coisas. Ou seja, a capacidade de juntar, unir, mobilizar, tecer, costurar é mais um componente na cadeia aritmética. Campos deixou se ver por inteiro por ocasião do programa do PSB em rede nacional. Escolheu, até, uma moeda que entra direto no bolso das pessoas : tarifas de ônibus. Defende sua redução. Leia-se : quero ser candidato em 2014. Um posto nacional. Demonização da política  A presidente Dilma fez um alerta : não confundam faxina na administração com demonização da política. Ou seja, não queiram culpar os partidos por erros e desvios de alguns de seus integrantes. Recado dado, recado sentido. Políticos ficaram satisfeitos. Títono ou saciedade  "Formosa fábula, a que se conta de Títono. Estando por ele apaixonada, a Aurora, desejosa de lhe gozar para sempre a companhia, implorou a Júpiter que seu amado jamais morresse. Mas, em seu açodamento de mulher, esqueceu-se de acrescentar à súplica que ele também não padecesse as agruras da idade. De modo que Títono se viu livre da condição mortal. Sobreveio-lhe, porém, uma velhice estranha e miserável, como a que toca àqueles a quem a morte foi negada e que carregam um fardo de anos cada vez mais pesados. Então Júpiter, condoído, transformou-o finalmente em cigarra". (A Sabedoria dos Antigos, Francis Bacon). Comissão da verdade A Comissão da verdade está nascendo. Viva ! Precisamos abrir todas as frestas do país. Mostrar os buracos, as mazelas, os desvios, os erros. A verdade precisa aparecer como os raios do sol iluminando um novo horizonte. A diferença  "Sabe qual é a diferença entre as galinhas e os governos ? Simples : as galinhas botam ovos antes de cacarejar". Desencontro histórico Juscelino sempre foi um homem desencontrado com o seu tempo. Sempre mais adiante ! Tragédia de Kennedy em 1963. Juscelino, ex-presidente, era entrevistado e o assunto girava em torno das gestões avançadas dos dois presidentes. A certa altura da entrevista o repórter traçou um paralelo, perguntando : - O senhor já calculou o que seria, JK no Brasil e Kennedy nos EUA, no mesmo período ? Juscelino desabafou : - Foi um desencontro histórico... lamentável ! (José Flávio Abelha em A Mineirice) Conselho aos gestores públicos Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma. Hoje, sua atenção se volta aos gestores públicos. O sistema de saúde está na UTI. Precisa ser salvo. Para tanto, a aprovação da Emenda 29 se faz absolutamente necessária. Garantirá a aplicação rígida de índices orçamentários no sistema, sem desvios. Nesse sentido, urge fazer as seguintes observações : 1. Governadores e prefeitos precisam fazer a lição de casa e usar rigorosamente os recursos alocados nas frentes da Saúde, sem desvios e curvas na aplicação. 2. A população não aguenta mais criação de novos impostos. Se recursos extras são necessários, que se arrumem recursos em fontes como os royalties do petróleo, etc. 3. É comum dizer-se : dinheiro há, o que é ruim é a gestão. Aplicação rigorosa de recursos, diminuição do Produto Nacional Bruto da Corrupção (PNBC), enxugamento de estruturas, racionalização de processos, simplificação de rotinas seriam, entre outras, medidas absolutamente viáveis e necessárias para se chegar ao Pacote Financeiro para a Saúde. __________
quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Porandubas nº 289

Uma infelicidade Em Caruaru, PE, o Coronel João Guilherme, senador estadual e chefe político, comprou a um matuto um cavalo de sela. Cavalo bonito, mas com a pálpebra caída. Cego de uma das vistas. Ao descobrir o logro, o Coronel ficou indignado. Fez vir à sua presença o espertalhão. Ameaçou-o de cadeia. - Você teve a coragem de me vender um cavalo cego dum olho ! Isso é uma falta de seriedade ! Você fez negócio com um homem e não com um tratante da sua laia ! Por que você não teve a franqueza de me dizer que o cavalo tinha esse defeito ? - Mas, seu Coronéu, Vamincê me desculpe que eu lhe diga : o cavalo que eu lhe vendi não tem defeito, não ! - Não tem defeito ? Não tem defeito ? Então, você acha que um cavalo cego dum olho não tem defeito ? - Seu Coronéu, Vamincê me desculpe, mas eu acho que não tem não ! Ser cego não é DEFEITO : ser cego é uma INFELICIDADE... (Historinha de Leonardo Mota em Sertão Alegre) O estilo Dilma A presidente Dilma começa a imprimir marca forte ao governo. E que marca é esta ? Gestão. Por todos os lados, os conceitos-chave são : controle, monitoramento, cobrança. Um olho aqui, outro ali. Para enfrentar distúrbios gerados pelo agravamento da crise mundial, a presidente determina corte em receitas extras. E assim o país economiza R$ 10 bilhões. Esta semana, Dilma recomeça o périplo pelos Estados. Não o faz no estilo Lula, com subidas aos palanques e discursos exacerbados, mas com palavras medidas. O esforço para escapar do corredor de pressões e contrapressões do Congresso é visível. Não quer ficar refém das circunstâncias. Conta com a ajuda do vice, Michel Temer. A fixação de um estilo próprio vai sendo desenvolvida de maneira natural, de forma a não amedrontar parceiros e correligionários, saudosos dos tempos fartos de Lula. Aécio vai à rua Aécio Neves abre um segundo ciclo em sua vida senatorial. Digamos que o primeiro tenha se fixado na lição de casa, no estudo das ideias correntes, dos grupos que se formam ali nos corredores do Salão Azul do Senado. Aécio chegou a fazer dois discursos fortes. Um deles teve como foco uma análise do governo Dilma. Mas não tem usado a contundência de que José Serra tem se valido para bater no governo. Aécio mede as coisas no seu tempo. Pensar em ser uma espécie de candidato curinga, capaz de atrair gregos e troianos, ou seja, a base oposicionista e parte da base aliada. Sonha em fazer aliança com PMDB e PSB, onde tem muitos amigos. O novo ciclo de Aécio será dedicado a contatos, articulação, viagens pelos Estados e mais presença nos polos decisórios e midiáticos do país, a partir de São Paulo. A lei da liderança: é melhor ser o primeiro do que ser o melhor. (Al Ries& Jack Trout) José Serra José Serra está consciente do que lhe resta como opção na esfera política : a vaga de candidato das oposições em 2014 para a presidência da República. Serra afasta a ideia de se candidatar a prefeito. Queria, isso sim, que Aloysio Nunes Ferreira fosse o candidato. Mas este refuga. Está feliz e tranquilo no Congresso. Serra é um político racional que adora fazer contas. Teme sua alta rejeição como candidato à prefeitura. Bem perto da rejeição da Marta, por volta dos 30%. Como candidato a prefeito, chegou a registrar, em cartório, um documento dando conta de seu compromisso de continuar até o final do mandato. Foi eleito prefeito e deixou o cargo no meio para se candidatar ao governo. Receia que todas essas histórias venham à tona. Sob essa moldura, Serra divisa os horizontes de 2014. Um rio nunca corre duas vezes no mesmo lugar. Daqui a três anos, o Brasil se banhará em outras águas. Aperta-se, a cada dia, o beco de Serra na vida política. Em contraponto, alarga-se a via de Aécio. Sopro de renovação Os ventos da política sopram na direção dos horizontes da renovação. Para onde se olhe, aparece uma figura nova, um perfil com as vestes do novo. São Paulo deverá ser o espelho mais largo dessa tendência. Fundamento da alternativa : água transbordando no copo da mesmice ; saturação dos velhos discursos ; rejeição de velhas figuras ; obsolescência dos discursos bolorentos ; oxigenação de pulmões intoxicados pela fumaça do passado. Teremos, em 2012, um amplo espectro de perfis novos. PSDB versus PT Luiz Inácio Lula da Silva é o arquiteto-mor da construção petista nos amplos espaços de 2012 com vista para os horizontes de 2014. Lula montou um Instituto em São Paulo para legitimar as operações políticas que aprecia desenvolver. Uma boa grana, ele já acumulou, fruto de palestras pagas a peso de ouro. E continuará a locupletar o cofre. Mas a atenção central se volta para o pleito de 2012. O ex-presidente quer fazer a maior baciada de prefeitos da história do PT, uma meta em torno de 2 mil. Hoje, quem tem mais prefeito é o PMDB, com 1.200. Lula imagina que, tendo a maior fatia de prefeitos nas bordas do território, poderá vir de lá com tudo em 2014. Claro, Dilma ou ele. Não há coisa tão segura como a humildade nem mais arriscada do que a soberba. (Padre Manuel Bernardes) Dilma ou Lula ? Ora, a presidente é a candidata natural em 2014. Mas será uma personagem rodeada de circunstâncias, dentre elas, a configuração da nossa economia ante a moldura da crise intermitente que se projeta nos quadrantes do planeta. A economia é a locomotiva que puxará o trem da política. Significando : maior ou menor conforto social ; mais vazios ou mais cheios os bolsos das classes médias ; maior ou menor PNBF, Produto Nacional Bruto da Felicidade ; maior ou menor satisfação com os serviços públicos, particularmente nos mais de 2 mil municípios acima de 50 mil e até 100 mil habitantes ; maior ou menor segurança nas metrópoles. Qualquer que seja o candidato, essa paisagem é que medirá a pressão e o tamanho das urnas dos candidatos. Lula na água corrente Já lembrei anteriormente : o rio nunca corre duas vezes no mesmo lugar. As águas estão sempre se renovando. Uma pessoa nunca atravessa um rio duas vezes no mesmo lugar. Lula pensa que o Brasil de 2014 será o mesmo de 2006 ou de 2002. Ele imagina que tendo o mesmo discurso, desenvolvendo no palco o mesmo papel, fazendo a mesma performance, chegará novamente ao mesmo altar da glorificação. Improvável. Claro, em política, tudo pode acontecer, mesmo o imponderável cedendo temporariamente lugar ao previsível. No plural Eneas da Cruz Nunes foi nomeado funcionário público. Saiu no Diário Oficial "Ênea". Correu ao governador do Rio de Janeiro : "governador, quero que o jornal conserte. Todo mundo sabe que meu nome é no plural". Nêumanne e Lula José Nêumanne Pinto lançou o mais contundente livro sobre Luiz Inácio Lula da Silva : "O Que Sei de Lula". Trata-se de um precioso relato sobre o mito e o homem. Ou a escalada de um perfil conservador que, por qualidades e méritos, conseguiu driblar a massa dos atores políticos para aparecer como, diz o autor, no mais competente e genial político brasileiro de todos os tempos. A obra é arrojada. Atém-se aos fatos. Que viu, ouviu de fonte direta, ou resgata de fontes indiretas. Emerge o perfil de Lula, emoldurado por um jogo de cores que assombra apenas os desavisados : o conservador/reacionário ; o oportunista que se aproveita da teoria da mais-valia para auferir benefícios, engabelando companheiros ; o comunicador e o conciliador, que sempre tirava proveito de abordagens divergentes que ele mesmo incentivava ; o governante que "comprou" a governabilidade (o mensalão ? Coisa corriqueira do Caixa 2) ; enfim, o homem que aprendeu com as derrotas e utilizou o poder até o limite. Uma obra de peso Já se produziram muitos livros sobre Lula, alguns citados por Nêumanne. Mas a obra produzida pela verve do poeta, escritor e, sobretudo, pela aguda percepção do acurado e inquieto repórter é, seguramente, a mais abrangente. E densa. Pela teia de fios e relações que estabelece em torno do retirante "filho do Brasil dos pais canalhas, que sobreviveu por obra e graça das mães heroínas, quase mártires" ; por mostrar que Lula é "filho da mentalidade brasileira que produziu JK: a pressa que levou à imperfeição, a opção pelo ocasional em detrimento do permanente, do que pode vir para ficar, a submissão ao charme, ao encanto pessoal..." ; por saber abrir canais proveitosos com os "300 picaretas" da Câmara ; por ser "muito maior que o PT, este é que não sabia" ; e pela insensibilidade demonstrada ante os assassinatos de Celso Daniel e Toninho do PT, envolvidos em tramas sórdidas, conforme se depreende do pungente relato ouvido de familiares dos ex-prefeitos de Santo André e Campinas."Nunca antes ..." De fato a fato, na esteira de uma narrativa plena de nomes, datas e enredos, Nêumanne entra nas profundezas da administração petista para concluir que sua prática "tem sido a reafirmação de tudo o que de nobre e sórdido a política profissional tem produzido no Brasil desde os tempos da Colônia até hoje". Moldura convenientemente pintada com a maior falácia de todos os tempos do marketing político : "nunca na história desse país". Baixinho, argila segredou ao oleiro que a trabalhava: "não esqueças que já fui como tu... não me maltrates". (Omar Kháyyán) PSDB versus PT ? Há quem aposte que o clima eleitoral de 2012 será medido pela "eterna" polarização entre PSDB e PT. Em algumas praças, isso até pode ocorrer. São Paulo, capital, é, por excelência, o espaço dessa renhida luta. Mas sinais de esgotamento dessa possibilidade já aparecem. Inclusive, por meio de iniciativas suprapartidárias, como a integração de ações federais e estaduais, como é o caso do Brasil sem Miséria, lançado no Palácio dos Bandeirantes, com a presença da presidente Dilma, governador Geraldo Alckmin e Fernando Henrique. Cronograma da copa Discurso do governo sob foco da lupa : 9 estádios para a Copa de 2014 ficarão prontos até dezembro de 2012; as obras nos aeroportos serão concluídas em 2013 ; e 6 aeroportos já começaram as obras de ampliação/modernização. E 5 estão em fase de licitação. Vamos acompanhar o cronograma. Chove por aqui Agamenon Magalhães, interventor de Pernambuco. A seca assolava o Nordeste. De repente, começou a chover na região do São Francisco. Um prefeito aproveitou para bajular : "chove copiosamente na região graças à profícua administração de V.Excia". Agamenon não teve dúvidas. Demitiu o alcaide. Lupa da FIESP Aliás, a FIESP planeja formar um amplo Observatório sobre a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Com destaque para cronogramas de obras, preparação de sistemas de segurança, avaliação de pontos fortes e pontos fracos em cada cidade que sediará os eventos. Pé de pezão na estrada O mais certeiro nome para a candidatura ao governo, em 2014, é o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Na verdade, é o executor dos programas. Sérgio Cabral é o Relações Públicas/Embaixador do Governo. Pezão vai ao campo, controla, fiscaliza, cobra, toma providências. Cabral, vez ou outra, entre suas inúmeras viagens internacionais, acompanha Pezão. Eu e Deus O "causo" ocorreu em Conchas/SP. Era a audiência de um processo - requerimento do Benefício Assistencial ao Idoso para um senhor alto, velho, magro, negro, humilde e muito simpático, tipo folclórico da cidade. Antes da audiência, o advogado lembrou ao seu cliente para afirmar perante o juiz morar sozinho e não ter renda para manter a subsistência. Nisso residia o sucesso da causa. Na audiência, veio a pergunta: - O senhor mora sozinho ? - Não ! respondeu ele (o advogado sentiu que a coisa ia degringolar). - Hum, não ? Então, com quem o senhor mora ? - Eu e Deus, respondeu o matreiro velhinho. O advogado tomou um baita susto. Mas a causa foi ganha. O juiz considerou procedente ação. (Historinha enviada por Éder Caram e contada pelo pai dele) Conselho à presidente Dilma Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos tucanos. Hoje, sua atenção se volta à presidente Dilma : O governo carece de uma ampla pauta positiva, após a bateria de denúncias, escândalos e trocas de ministros. A sociedade clama por melhoria de serviços sociais, educação mais qualificada, sistema de saúde aparelhado para atender as demandas, segurança pública de maior envergadura para atenuar as ondas de violência e criminalidade. Nessa direção, algumas sugestões parecem óbvias : 1. Convocar as áreas responsáveis pelas ações e programas nas frentes sociais e cobrar um amplo conjunto de ações com vistas às demandas mais imediatas ; 2. O governo pode se amparar em sistemas de mutirões para sanar as dificuldades nas estruturas de atendimento social, a partir do sistema de saúde ; 3. Abrir pontes largas com a sociedade organizada, convocando entidades representativas de grupos organizados para ouvir demandas e reclamações, acolher sugestões e tomar as providências necessárias e imediatas. Exemplo : posicionar o governo face aos problemas enfrentados nas áreas dos Planos de Saúde e demandas dos grupos profissionais ? ____________
quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Porandubas nº 288

O promotor e o senador Participando de uma solenidade na cidade de Jardim de Piranhas, no Seridó, o senador Dinarte Mariz é ovacionado por dezenas de pessoas. Uma festa de popularidade. Integrando o evento, um jovem promotor público é apresentado ao "Velho Dida", apelido carinhoso dado ao senador. O cumprimento passa da formalidade. - Senador, eu soube que o senhor teve pouco estudo. Imagino se tivesse estudado, o que o senhor não seria, hein ? - comenda o promotor, sem qualquer má-fé. Com seu jeito espontâneo e inteligência à produção de frases lapidares, instantaneamente Dinarte emenda : - Seria promotor em Jardim de Piranhas... (Carlos Santos - "Só Rindo 2") E mais esta do mesmo contador de "causos" Governador do Rio Grande do Norte, Dinarte Mariz chega com pompa a Macau. A cidade faz festa para recebê-lo à inauguração da cadeia pública. O prefeito Venâncio Zacarias, advindo do movimento sindical salineiro, empresta sua eloquência à recepção da autoridade no evento : - Governador, a cadeia está inaugurada e o senhor pode se sentir em sua "casa". Sinais de um tempo Muita fumaça continua a empanar a imagem da Esplanada dos Ministérios. A bateria de denúncias agora se volta contra o Ministro das Cidades, Mário Negromonte, do PP, atingido pela acusação de ter implantado um "mensalão" com o objetivo de cooptar o apoio de correligionários. Surpreende o fato de surgir essa execrável figura do "mensalão", depois que esse instrumento fracionou a imagem do PT, nos tempos do todo poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu. Seria isso possível ? Na verdade, a competitividade intra e inter partidos está mais incrementada. Sinais de um tempo em que ninguém tem mais vergonha de criar e engordar os bichos que se alimentam na mesa da corrupção. Turismo na mira O bombardeio sobre o Ministério do Turismo continua implacável, sob a tênue defesa de um grupo de parlamentares que alega não haver nada que comprometa o ministro Pedro Novais. O ministro deverá permanecer no cargo. Balança mas não cai. Saiu-se muito bem no Senado, ontem. Blindado e amparado. Poderia, agora, ir a público e anunciar a suspensão de convênios suspeitos com organizações fajutas. Seria mesmo aconselhável que um rolo compressor fosse empurrado em todas as áreas para expurgar detritos e afastar as impurezas que assolam aquele pedaço da Esplanada. Não houve nenhum problema de convênios efetuados com organizações que fazem parte do Conselho Nacional do Turismo. Ministro Novais, separe o joio do trigo. CPI da corrupção ? Difícil sair a CPI da corrupção porque a base governista no Senado a impede. O senador Cristovam Buarque (PDT), mesmo fazendo parte da base, promete buscar assinaturas para criar a CPI caso a presidente Dilma suspenda a faxina que faz em cozinhas e salas de estar de alguns Ministérios. Buarque, porém, usa essa promessa como aríete para abrir fendas nos desvãos da visibilidade. Mendes, amigo Mendes Ribeiro (PMDB-RS), elevado ao cargo de ministro da Agricultura, foi saudado pela presidente Dilma como velho amigo. Foi agraciado com uma forte palavra de confiança em seu trabalho. Rossi, elogiado Wagner Rossi, por sua vez, foi bastante elogiado pela presidente. Que agradeceu por duas vezes sua ação no comando do Ministério da Agricultura. Rossi era considerado um dos melhores ministros pela presidente Dilma. PSDB sindicalista O evento quase passou despercebido. O PSDB acaba de abrir um capítulo novo no livro de sua história. Partido elitista, cheio de intelectuais e professores, que circundam em torno do ex-presidente Fernando Henrique, começa a fincar eixos nos espaços do sindicalismo. O tucanato decidiu filiar trabalhadores e arrumar um discurso nesse meio, seguramente como contraponto ao contingente sindical que continua a manobrar importantes eixos do PT. O que estranha é o fato de que FHC, sempre que pode, aperta seu canhão contra o sindicalismo burocrático brasileiro, que mama nas tetas do Estado. O sociólogo, aliás, elegera esse vértice de poder como alvo predileto para treinar seu arsenal verborrágico. Agora, ao que parece, o PSDB entrou na teia. Rose candidata ? Rose de Freitas (PMDB-ES) se movimenta para ser candidata do PMDB à presidência da Câmara. Desse modo, começa a obstruir os caminhos do líder do partido, Henrique Alves, "eterno" candidato àquele cargo. Ocorre que Henrique tem sido muito criticado por parcela da bancada peemedebista na Câmara por não consultar as bases e tomar decisões unilaterais. Rose de Freitas, por seu lado, sentindo o vácuo, começa a se mexer. Como vice-presidente da Câmara, acha-se no direito de reivindicar o comando da Casa. Foi assim, aliás, com Marco Maia, que substituiu o vice-presidente Michel Temer. O sonho de Henrique é o de presidir a Câmara. Se conseguir administrar a rebeldia de um grupo de deputados - uns 20 - pode voltar a sonhar. PMDB sai de Furnas O PMDB deixa mais um de seus tradicionais territórios. Desta feita, perde duas diretorias em Furnas. O atual presidente, Flávio Decat, quer formar sua equipe na estatal com nomes de sua confiança, conservando, porém, os quadros do PT. Mais uma fogueira a jogar fumaça nas relações PMDB/Governo. Os lençóis de Bernardo Ninguém pode se considerar seguro dentro da moldura ministerial. Mas o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pode ser a exceção. Marido da ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, Bernardo demonstra tranquilidade com a informação de que usou, por mais de uma vez, o jato da construtora Sanches Tripoloni, empresa que recebeu do governo Federal R$ 267 milhões. Em nota, o ministro disse que usou aviões fretados durante a campanha de Gleisi ao Senado. E se houver provas de que teria pegado carona no avião da construtora ? Se Paulo Bernardo faz uma nota com a ênfase que deu, é porque ampara-se em fortes argumentos. Sob pena de ser pego com a boca na botija. Não cometeria ele esse desatino. O ministro tenta se desvencilhar dos maus lençóis. E, ao que parece, vai conseguir. Marta rebelde Marta Suplicy, apesar de gostar de ser senadora, parece apreciar mais a paisagem do Vale do Anhangabaú. Quer porque quer voltar ao comando da maior capital do país. Lula a recebeu esta semana. E lhe disse com todas as letras que o PT precisa entrar na campanha de 2012 com uma "cara nova". Em outras palavras, Fernando Haddad. Lula também recebeu os "novatos" Carlos Zarattini e Jilmar Tatto, que também pleiteiam a candidatura à prefeitura. Claro, são caras novas, mas a nova cara que Lula quer emplacar é a do ministro da Educação, Fernando Haddad. Marta saiu da reunião, anunciando que é "candidatíssima". Forma de dizer, "vou lutar, mas sei que vou perder para o Lula". A rebeldia de Marta não será suficiente para enfrentar o deus petista. Bingo ! Palestras Bill Clinton ganha em um ano dez vezes mais que ganhava como presidente. Faz 43 palestras em 14 países, cobrando entre 150 mil a 350 mil dólares, cada uma. Tony Blair, ex-primeiro ministro inglês, cobra ainda mais : em 36 horas nas Filipinas, com duas palestras, faturou 600 mil dólares, 9 mil por minuto. O que ele diz nessas palestras ? Coisas como : a política realmente importa ; a religião é uma fonte de inspiração ou uma desculpa para o mal. E Lula, hoje, cobra entre 200 mil a 500 mil reais. Os ex-governantes enriquecem facilmente. Negromonte, ser ou não ser ? Esta coluna apurou que Mário Negromonte, ministro das Cidades, tem os dias contados. O Planalto não quer um ministro que perdeu o apoio da bancada. Mas ele garante que não perdeu. A conferir ! Temer, algodão entre vidros O vice-presidente da República, Michel Temer, intensifica sua atuação como bombeiro para apagar incêndios, a partir de seu próprio partido, o PMDB. A presidente Dilma o aciona constantemente. Temer acalma um grupo, aqui, põe um bandaid noutro, acolá. E assim, as feridas vão sendo cicatrizadas. Campinas sob Vilagra Campinas troca o dr. Hélio, do PDT, por Vilagra, do PT. O prefeito foi cassado, assume o vice Demétrio Vilagra. Que está carecendo de muita força para se manter firme no cargo. O vice defende as investigações do Ministério Público. O prefeito foi cassado por conta de infrações e atos de corrupção praticados na Sanasa, irresponsabilidade legal e política na defesa de bens e direitos do município no caso do parcelamento do solo e comportamento incompatível com o decoro do cargo. E Vilagra é acusado pelo Ministério Público dos supostos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e fraudes de licitações. Ele se defende : "Espero que eu seja absolvido de todos esses indícios. Sou uma pessoa limpa. Existe uma diferença entre ser investigado e ser culpado". Grana em casa Vilagra falou sobre os R$ 60 mil em dinheiro encontrados em sua casa. "Eu tenho receita (para ter o dinheiro)". E explica que guarda o dinheiro em casa porque na época do governo militar, quando era funcionário da Petrobras, foi impedido de poupar dinheiro. Adquiriu, então, o hábito de guardar dinheiro - hábito que mantém até hoje. Lembrete: o prefeito Toninho, do PT, foi assassinado em setembro de 2001, na esteira de um episódio nebuloso. Tentativa de assalto (versão oficial) ou vingança política (versão oficiosa). Cenários do amanhã Aécio Neves seria o candidato tucano contra Lula. Se este, claro, quiser voltar. Serra não abandonou o sonho. Vai lutar para ser o candidato tucano caso a presidente Dilma pleiteie a reeleição. Antes, porém, há uma curva : São Paulo, capital. Mas quem o conhece bem garante : não vai se candidatar à prefeitura. Aécio tem um plano B. Voltar, em 2014, a se candidatar ao governo de Minas, pois Anastasia não poderá ser reeleito. Um olho de Aécio está virado para o Planalto, outro para a planície mineira. E Serra ficará na tocaia.Aloysio Nunes O senador tucano Aloysio Nunes Ferreira poderá unir o governador Alckmin, o ex-governador Serra e o prefeito Kassab. É o único candidato a prefeito de São Paulo com esta condição. Nenhum outro tucano possui essa cola. Mas o senador está satisfeito com o Senado. Um paraíso. Ocorre que não perderá nada caso não tenha sucesso no pleito paulistano. Voltará ao Senado. E ele, sim, tem boas chances no pleito. Caras novas Este consultor tem dito e repetido : a campanha para a Prefeitura de São Paulo será muito diferente de outras. A começar pelas caras novas : Chalita, Haddad, D'Urso. Os debates ganharão uma linguagem nova. Lula, que respira política pelos poros, tem razão. O copo transbordou de gente velha. O povo quer ver caras novas. Groucho Diante de uma bela dama, Groucho Marx perguntou : "você quer se casar comigo ? Você é rica ?". E antes da moça responder, completava : "responda primeiro a segunda pergunta".Conselho aos tucanos Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos partidos. Hoje, sua atenção se volta aos tucanos : 1. O momento político sugere a arrumação de um discurso de oposição. O PSDB ainda não o tem. Fazer CPI não é discurso, é barulho. Qual a ideia central do partido para o país ? 2. O ex-presidente Fernando Henrique, com seu bom senso, dá apoio à faxina que a presidente Dilma faz na Esplanada dos Ministérios. Mas com seu gesto de boa vontade, cria uma ponte de aproximação/identificação com o governo. Será entendido como apoiador do governo. 3. O PSDB sempre careceu, e nunca conseguiu, formar uma base política com a militância das massas municipais e periféricas. Trata-se de um partido formado com o apoio das classes médias e do topo. Enquanto não descer à base da pirâmide, será sempre um partido de muitos caciques e poucos índios. ____________