Nosso amigo Matheus Falivene pergunta:
"Alexandre, bom dia, tudo bem? Primeiro, gostaria de te dar os parabéns pela coluna. O marketing jurídico é um tema relevantíssimo e muito pouco conhecido pelos advogados. Dito isso, tenho uma dúvida: Tenho um escritório relativamente conhecido na minha área de atuação, porém, nunca tive sócios, sempre atuei sozinho, sendo auxiliado por estagiários e advogados associados. Muitas vezes, contudo, sinto falta de sócio para dividir as tarefas administrativas do escritório ou para conversar sobre as estratégias processuais. Penso também que, se eu tivesse um sócio, o escritório se desenvolveria de forma mais rápida e eficiente. Sendo assim, pergunto: Para que um escritório se desenvolva corretamente e se torne renomado é necessário que ele tenha sócios? Caso a resposta seja afirmativa, quais são os critérios para escolher um sócio? Porque é tão difícil se conseguir um bom sócio? Muito obrigado e parabéns!"
Matheus, obrigado pela pergunta. Realmente essa é uma das questões de difícil resposta em função de sua complexidade e variáveis. Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, não é primariamente vital ter um sócio para que o escritório se desenvolva de forma rápida e eficiente. Estatisticamente existem muito mais escritórios "rachando" a sociedade do que escritórios em que os sócios se complementam e se ajudam. Fora isso, é comum casos de sócios que "levam nas costas" o outro, seja por inaptidão, fata de proatividade ou simplesmente porque se acomodaram. Obviamente ter com quem dividir estratégias, custos e ideias é mais do que bem-vindo, mas a verdade (e aqui usarei um clichê famoso) é que a sociedade de trabalho nada mais é do que um casamento, onde, se não existir completa integração - pessoal, profissional, emocional e financeira -, as chances de que algo saia errado são grandes.
Posto isso, se você sentiu que é hora de ter um sócio, aqui vão algumas dicas para minimizar um possível desencontro de ideias:
Conheça o histórico de vida dessa pessoa: ninguém quer fazer sociedade e depois descobrir que o sócio era o capeta em um passado recente.
Tenha as mesmas afinidades que você: se você vai "passar a vida" com este novo companheiro de trabalho, nada mais importante de que suas convicções sejam compartilhadas.
Tenha o mesmo senso de objetivo que você: para qualquer escritório, remar para o mesmo lado é fator primeiro na evolução. Saiba de antemão se os objetivos que você tem para sua carreira e escritório são abraçados pelo novo sócio.
Tenha o mesmo pique que você: um dos maiores motivo de separação é quando um sócio está com "sangue nos olhos" (como falam por aí) e o outro está mais para "deixa a vida me levar". Ter o mesmo pique de atuação e correria diária é vital para que a nova sociedade tenha sucesso.
Tenha o mesmo conhecimento que você: uma sociedade que se inicia como defeituosa é aquela que o sócio vira professor do outro. Trocar ideias sobre estratégias é uma coisa. Ensinar como atuar é outra. Salvo exceções que um aluno e/ou estagiário vai se energizando na carreira até virar sócio, tecnicamente os dois sócios que iniciam uma jornada juntos deveriam conhecer as áreas de atuação de forma primorosa.
Sejam complementares: o ciclo "técnica-venda" deveria ser preenchido por qualquer escritório para o sucesso, ou seja, se seu perfil pessoal é apenas técnico (o costumeiro advogado atrás do computador) tente se juntar a um advogado que tenha um perfil mais vendedor e voltado a novos negócios. E vice-versa. Isso traz uma dinâmica muito interessante ao conjunto como um todo.
Existem diversos fatores que influenciam - positiva e negativamente - uma sociedade. Porém, Matheus, no seu caso em particular, fazendo uma "investigação" rápida em site e redes sociais, percebo que você é bastante conhecido em seu setor de atuação e isso, por muitas vezes, pode inibir a aproximação de uma pessoa que pode se considerar menos apta tecnicamente a trabalhar com você. A pessoa quer se envolver com sua carreira e com o escritório, mas acha que, como você já é conhecido no mercado, não está no mesmo nível. Se esse for o caso, é importante explicitar aos seus contatos que está aberto a novos rumos para o escritório, com conversas em todos os níveis. Tenho certeza que rapidamente alguém estará alinhado às suas pretensões profissionais.
Espero ter ajudado.
Confira toda sexta-feira a coluna "Marketing Jurídico" e envie suas dúvidas sobre marketing jurídico, gestão de escritórios, cotidiano dos advogados empreendedores ou dúvidas gerais sobre o dia a dia jurídico por e-mail (com o título Coluna Marketing Jurídico) que terei um grande prazer em ajudar.
Bom crescimento!