Um trágico acidente automobilístico no fim da tarde de sábado último deixou enlutada a advocacia paulista e brasileira. No automóvel estavam o diretor-tesoureiro da OAB, Carlos Roberto Fornes Mateucci, e o presidente da seccional paulista Marcos da Costa. Mateucci, pesarosamente, não sobreviveu aos ferimentos. Marcos da Costa, tendo fraturado as pernas, foi operado em São Paulo, e convalesce no hospital Oswaldo Cruz.
Aos 52 anos, Carlos Roberto Fornes Mateucci (OAB/SP 88.084), ou apenas Mateucci, como era conhecido por todos, era uma indiscutível liderança na advocacia. E liderança em ascensão, pois tudo indicava que daqui a alguns anos iria submeter seu nome à classe para ser o bâtonnier paulista, com grande chance de ser aclamado como tal. E não ia ser por acaso, afinal de contas há anos emprestava suas luzes em defesa da advocacia. Atual diretor-tesoureiro da OAB/SP, foi presidente do importante Cesa - Centro de Estudos das Sociedades de Advogados, mandato que se encerrou há um mês. Antes, foi membro da comissão das sociedades de advogados (2001/09), conselheiro seccional por duas gestões (2007/09 e 2010/12), presidente da 1ª turma do Tribunal de Ética e Disciplina (2007/09) e presidente do Tribunal de Ética (2010/12). Era formado pela PUC/SP (Turma de 1985) e especialista em Direito Coletivo e Difuso pela mesma Universidade.
Com indisfarçável timidez, Mateucci era de falar baixo. Aliás, mais ouvia do que falava. Conciliador, deixava para opinar ao final. Escutava o interlocutor atenta e pacientemente. Como se vê pelo currículo acima apresentado, as missões que lhe eram delegadas, como tesouraria e tribunal de ética, por vezes o faziam negar pedidos. Mas sempre que isso se dava agia com lhaneza e respeito.
Nos últimos dias, a alta Direção de Migalhas falou com ele diversas vezes. Tendo deixado a sociedade de advogados que integrava desde 1997, e que ajudou a se tornar uma das mais importantes do país, com os amigos Flávio Yarshell e Luís Otávio Camargo Pinto, Mateucci constituiu há poucas semanas uma nova banca, Mateucci Advogados. Tão logo se estabeleceu, nos procurou para integrar o rol de apoiadores de Migalhas, fato que muito nos honrou. E, de fato, na última quinta-feira, 16 de abril, Migalhas 3.598, anunciamos o ingresso da banca.
Mas a ligação com o Migalhas já era antiga. Seja pelo escritório anterior, seja pela atuação na Ordem e no Cesa, incontáveis vezes nos encontramos. Foi com sua habilidade associativa que Migalhas participou da feitura do Anuário do Cesa, que este ano terá sua 4ª edição, e que divulga o que há de novo nos comitês estaduais, trazendo para o centro de discussões questões que importam sobremaneira para as sociedades de advogados e, consequentemente, para toda a advocacia.
Incansáveis na atuação pela classe, Mateucci e Marcos da Costa participaram de um evento na manhã de sábado na Ordem, e foram no fim da manhã a uma confraternização na cidade de Itapetininga, distante 180km da capital, em veículo do próprio Mateucci, e por ele conduzido. Retornando no fim da tarde, no lusco-fusco, próximos à cidade de Tatuí, um piscar de olhos ceifou a carreira deste brilhante advogado e líder da advocacia. Deixou inconsoláveis a esposa, a filha e o filho, além de incontáveis amigos e admiradores.
A advocacia, como amplamente se sabe, cresceu imensamente nos últimos anos. Decorrência da indiscriminada abertura de cursos de Direito, teremos em 2017 um milhão de causídicos em solo pátrio. O mesmo crescimento, no entanto, não se viu entre os líderes da advocacia. Com efeito, há nomes que despontam, mas são poucos perto do grande serviço a ser prestado em nome da classe. Por isso, quando um destes luminares parte prematuramente, é uma dupla perda. Foi o que se viu no início da noite do último sábado, com o falecimento precoce do advogado paulista Carlos Roberto Fornes Mateucci. Uma perda. Uma pena. Perdemos um advogado, um companheiro de lutas, um amigo.
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Convalescença
Na madrugada de sábado para domingo, o presidente da OAB/SP, Marcos da Costa, com as pernas fraturadas, passou por longa, mas bem sucedida cirurgia no hospital Oswaldo Cruz. Ontem, submeteu-se a novo procedimento cirúrgico, e se recupera bem, dentro do possível. Migalhas, e o meio jurídico, fazem votos de pronto restabelecimento.