sábado, 19 de outubro de 2024

Arquivo do dia 30/03 de 2015

PILULAS

Sergio Moro (o juiz) e Antonio Cesar Bochenek (presidente da Ajufe) assinaram artigo no Estadão de ontem. Eles propõem a prisão imediata, já após sentença condenatória de 1ª instância, independente de recursos, para crimes graves em concreto como grandes desvios de dinheiro público. Veja a íntegra do texto no site do Estadão. Devagar, e nem sempre Acerca da ideia dos magistrados paranaenses, é forçoso convir que ela não vinga num país continental como o nosso. Já existe, para as exceções, as prisões preventivas (que em muitos casos acabam sendo definitivas). Mas o fato é que, sem demérito da capacidade dos policiais civis, nem toda polícia é aparelhada como a PF, e nem toda a Justiça é como a Federal e ainda mais na aprazível Curitiba. Assim, a presunção de inocência pode e deve ser mitigada, mas nas exceções. Afora isso, já avançaríamos muito se déssemos efetividade após o recurso de segunda instância. Agora, dar efetividade para a decisão em 1º grau é ignorar que nos rincões do país ainda campeiam forças políticas sobre o Judiciário. E não só nos rincões. Devagar, e nem sempre Editorial da Folha de S.Paulo de hoje descreve as vicissitudes do processo envolvendo o chamado mensalão mineiro. Separamos algumas migalhas : "Há um ano, o STF encaminhou à primeira instância da Justiça de MG o julgamento do ex-senador Eduardo Azeredo, do PSDB. Nada aconteceu desde então. Ex-presidente de seu partido, Azeredo é acusado de ter abastecido sua campanha ao governo de Minas, em 1998, com verbas desviadas de estatais, valendo-se de empréstimos fictícios. (...) A decisão do STF, remetendo o caso a Minas Gerais, foi tomada em março de 2014. O trajeto de Brasília a BH consumiu cinco meses. Em 22 de agosto, o processo chega à 9ª vara Criminal. Era só proceder ao julgamento; nenhuma instrução, nenhuma audiência, nada mais se requeria. Que o juiz examinasse os autos. Juiz? Que juiz? A titular da vara aposentou-se em janeiro; não se nomeou ninguém em seu lugar. (..) Não se trata, claro está, da "liberdade ainda que tardia" ostentada na bandeira de Minas Gerais. Entre essas figuras do PSDB, ´impunidade na última hora´ há de ser lema bem mais adequado." Confiança Apenas 29% da população confia no Judiciário como instituição capaz de solucionar seus conflitos, de acordo com o Índice de Confiança na Justiça da FGV DIREITO SP. A pesquisa aponta que houve queda sistemática na confiança dos cidadãos no Judiciário.

Há 242 dias o STF e a sociedade aguardam que a presidente da República se digne a indicar um ministro do Supremo. Omissão Editorial da Folha de S.Paulo de sábado comentou a inércia de Dilma em indicar ministro para a vaga de JB e a proposta de pôr um prazo. O matutino observa que ao constituinte de 1988 não ocorreu que um presidente da República pudesse ser tão omisso a ponto de precisar dessa regra. Sopa no mel Os jornais dos últimos dias estampam nomes variados para a vaga aberta no STF. Um interlocutor da presidente, coisa rara nesses tempos bicudos, garantiu à alta Direção de Migalhas que S. Exa. já tem o nome na ponta da língua. E ele deverá ser anunciado entre hoje e amanhã. Para gáudio do mundo jurídico, o escolhido está à altura do cargo. E vai cair como sopa no mel, ou melhor, parafraseando a expressão, sopa no Supremo. Minudência migalheira Em artigo datado de 15 de julho de 1965, no carioca "O Jornal", Antônio Osmar Gomes falava da expressão "Sopa no Mel". Lembrava que é, de fato, esdrúxula a mistura para definir algo que seja propício e que haja ocorrido justamente na hora exata em que era conveniente que ocorresse. Não obstante ser desconhecida sua origem, no tempo e no espaço, a expressão existe e é corrente na voz do povo. Para ele, são ambas coisas agradáveis ao paladar e ao espírito, por isso a reunião hipotética das duas viria a calhar. Manuel Antônio de Almeida empregou o termo nas clássicas "Memórias de um sargento de milícias", assim como Taunay o fez em "Inocência". Mais recentemente observamos que Antonio Houaiss, em discurso na ABL, disse certa feita que "sopa no mel" é uma expressão paremiológica que nos avisa de que era bom pôr um pouco de mel na sopa, em outras épocas. E acrescenta : "o que já cumpri certa vez e tive como contraprova a prova de que os gostos tendem, eles também, a mudar no espaço e no tempo". Migalhas dos leitores - Prazos "Na rubrica ´Dilma e o Judiciário´, tema abordado semana passada, colocamos uma dúvida. Tem o Judiciário prazo? Há multas (apesar do novo CPC tangenciar por aí) para o magistrado na letargia de despachar ou mesmo julgar? Há prazo para que o governo do Estado de São Paulo pague seus precatórios? Entendemos que deveria, sim, haver prazo para tudo, e, no caso da nomeação de ministros, parece justo a perda da oportunidade, e, outorga à Corte. E aí, haveria prazo para a Corte? E se não cumprisse, para quem seria levada a competência? Usando a sempre interessante prescrição corretiva do Migalhas, não seria melhor uma série de chicotadas após algum decurso de prazo?" Brasil Salomão - escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia