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Advogado encontrado morto ao lado do filho deixou carta

Uma carta escrita no computador e sem assinatura, com relatos de empecilhos para conviver com o filho foi encontrada em uma pasta no quarto onde estavam os corpos do advogado Renato Ventura Ribeiro e do seu filho. Na carta deixou registrado que "a decisão foi fruto de cuidadosa reflexão e ponderação".

24/4/2009


Aos meus amigos...

Advogado encontrado morto ao lado do filho deixou carta

Uma carta escrita no computador e sem assinatura, com relatos de empecilhos para conviver com o filho foi encontrada em uma pasta no quarto onde estavam os corpos do advogado Renato Ventura Ribeiro e do seu filho. Na carta deixou registrado que "a decisão foi fruto de cuidadosa reflexão e ponderação".

Além do texto, a polícia descobriu que Ribeiro comprou a pistola Glock 380 em fevereiro, depois da decisão da Justiça de manter o filho com a mãe, a advogada Fabiane Húngaro Menina, 37.

No mesmo mês, ele fez um curso para aprender a atirar e registrou a arma no Exército. A polícia achou no quarto, ainda, um recorte de jornal com uma reportagem sobre suicídio.

O menino chegou ao apartamento do pai, na Zona Sul de São Paulo, na sexta-feira, 17/4. Ele ficaria com o advogado até domingo, 19/4. Na data, a mãe registrou um boletim de ocorrência por não ter conseguido localizar o filho. Na quarta-feira, a faxineira que trabalhava no apartamento do advogado encontrou os corpos dos dois dentro do quarto.

Ainda não há certeza de quando ocorreu o crime. Inicialmente, a polícia disse acreditar que as mortes ocorreram na própria sexta-feira.

Cerca de cem pessoas, entre familiares e amigos da mãe do menino, compareceram ao enterro do garoto ontem, no Cemitério Parque dos Girassóis, na zona sul. O enterro ocorreu pouco antes das 14h.

Renato Ventura Ribeiro (OAB/SP 118.691) era formado pelas Arcadas (Turma de 1991). Possuia mestrado e doutorado em Direito pela USP, onde atualmente atuava como Professor Doutor. O advogado lecionava também na Universidade São Judas Tadeu.

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“Aos meus amigos,

Em primeiro lugar, saibam que estou muito bem e que a decisão foi fruto de cuidadosa reflexão e poderação (sic).

Na vida, temos prioridades. E a minha sempre foi meu filho, acima de qualquer outra coisa, título ou cargo.

Diante das condições postas pela mãe e pela família dela e de todo o ocorrido, ele não era e nem seria feliz. Dividido, longe do pai (por vontade da mãe), não se sentia bem na casa da mãe, onde era reprimido inclusive pelo irmão da mãe bêbado e agressivo, fica constrangido toda vez que falavam mal do pai, a mãe tentando afastar o filho do pai etc. A mãe teve coragem até de não autorizar a viagem do filho para a Disney com o pai, privando o filho do presente de aniversário com o qual ele já sonhava, para conhecer de perto o fantástico lugar sobre o qual os colegas de escola falavam.

No futuro, todas as datas comemorativas seriam de tristeza para ele, por não poder comemorar junto com pai e mãe, em razão da intransigência materna.

Não coloquei meu filho no mundo para ficar longe dele e para que ele sofresse. Se errei, é hora de corrigir o erro, abreviando-lhe o sofrimento.

Infelizmente, de todas as alternativas, foi a que me restou. É a menos pior. E pode ser resumida na maior demonstração de amor de um pai pelo filho.

Agora teremos liberdade, paz e poderei cuidar bem do filho.

Fiquem com Deus!”

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