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Luiz Fernando Valls escreve biografia de Paulo Brossard

19/10/2004

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Jornalista Luiz Fernando Valls escreve biografia de Paulo Brossard

 

 

As memórias de um homem que, do topo do Legislativo, do Executivo e do Judiciário vivenciou os principais fatos políticos do país. “Brossard: 80 Anos na História Política do Brasil” (Ed. Artes e Ofícios, 580 páginas), que chega às livrarias em outubro, é a versão do gaúcho Paulo Brossard sobre as últimas seis décadas da história brasileira, relatada ao jornalista Luiz Fernando Valls. O livro é resultado de mais de 50 horas de entrevistas e pesquisas que perpassam os principais momentos da política nacional - desde a reconstrução democrática brasileira após o Estado Novo, passado pela euforia desenvolvimentista de JK, os anos de chumbo, até o processo de consolidação democrática.

 

Brossard completa 80 anos em outubro como um político vitorioso que, sem mudar o discurso, foi eleito cinco vezes e, em 20 anos, viu seu eleitorado crescer de 4.666 para 1.383.288 pessoas. Oposicionista, enfrentou o ditador Getúlio Vargas, o presidente Dutra, Vargas como presidente, o marechal Lott, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Leonel Brizola, Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Como homem da situação, foi Secretário de Estado e Ministro da Justiça.

 

Se Brossard, em certo momento, manda tirar do ar uma emissora de televisão, o fato comparece ao livro, com todas as circunstâncias. Como é também o relato da luta de Brossard contra a legislação de exceção, que vinha amordaçar a imprensa, nos primeiros meses do governo Médici. Como deputado, Brossard cobra de Brizola (governador) e de Castelo (presidente) o cumprimento da lei. É o que vai cobrar também como ministro do Supremo Tribunal, ao votar em favor dos direitos individuais atingidos pelas Medidas Provisórias do presidente Fernando Collor.

 

“Brossard: 80 Anos na História Política do Brasil” ajuda a entender até mesmo as crises do governo Lula. Afinal, o Brasil ainda não se libertou dos cacoetes autoritários do presidencialismo - que Brossard apelidara de “crisedencialismo”, quando o presidente era João Goulart.

 

Foi trabalhando com Brossard no Ministério da Justiça e no TSE que o jornalista gaúcho Luiz Fernando Valls desenvolveu admiração e amizade pelo homem público. A idéia hibernou desde 1991 e, em maio de 2002, foi decidido que a publicação deveria ficar pronta no aniversário de 80 anos de Brossard, que serão completados no próximo dia 23 de outubro. Além das entrevistas, Valls pesquisou os Anais da Assembléia Legislativa gaúcha, da Câmara e do Senado e todos os processos que Brossard votou no Supremo Tribunal Federal. O resultado é um apanhado de memórias, fotos históricas, charges, documentos, reportagens e alguns fatos inéditos, como a votação do mandato de José Sarney, na Constituinte de 1986.

 

Na época Ministro da Justiça, Brossard reúne os presidentes dos partidos que apóiam o governo, Ulysses Guimarães, Marco Maciel, Jarbas Passarinho e Paiva Muniz e informa que se eles votarem pelos quatro anos de mandato o presidente José Sarney renunciaria. O fato não foi registrado pela imprensa e, para todos os efeitos, o que houve foi a distribuição de rádio FM e compra de votos dos deputado por Antônio Carlos Magalhães, quando na verdade o próprio Ulysses, depois que sai da reunião com Brossard, trata de descarregar votos do PMDB para cinco anos de mandato, a fim de evitar uma crise política.

 

O livro tem projeto gráfico de Marília Riff Moreira Vianna, ensaio fotográfico de Leonid Streliaev e produção cultural de Pedro Longhi. Será lançado em Brasília no dia 19 de outubro, às 18 horas, no salão nobre do Senado Federal; e em Porto Alegre no dia 28 de outubro, no Salão Júlio de Castilhos da Assembléia Legislativa. No dia 3 de novembro está prevista uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre, com as presenças do autor e do biografado.

 

Paulo Brossard

 

Nasceu em Bagé em 1924, filho de pai português e mãe bageense.

 

Advogado em 1947.

 

Deputado estadual eleito em 1954, 1958 e 1962 pelo Partido Libertador.

 

Secretário estadual do Interior e Justiça, de junho a dezembro de 1966, no governo Meneghetti.

 

Deputado federal eleito em sublegenda do MDB em 1966, legislatura interrompida pelo Ato Institucional 5. Candidato a senador em 1970, quando Brizola fez campanha pelo voto em branco, perde para Daniel Krieger por 30 mil votos.

 

Eleito senador em 1974, com a Oposição Unida. Líder do DB/PMDB no Senado em 1978, 1979 e 1980. Consultor-geral da República em 1985, governo Sarney. Ministro da Justiça em 1986, 1987, 1988 e janeiro de 1989, governo Sarney. Ministro do Supremo Tribunal Federal de abril de 1989 a outubro de 1994, quando é aposentado por completar 70 anos. Presidente do TSE de junho de 1992 a maio de 1993. Advogado em Porto Alegre.

 

 

Luiz Fernando Valls

 

Jornalista gaúcho, com passagens por várias empresas do Sul, televisões em Brasília, assessoria de Ibsen Pinheiro na liderança do PMDB e de Paulo Brossard no Ministério da Justiça e no Tribunal Superior Eleitoral. Atualmente é consultor legislativo concursado no Senado e trabalha na TV Senado.

 

 

 

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