Ato solidário
OAB/SP vai apoiar família de Dorothy Stang
"A OAB/SP está solidária com a família e o povo do Pará na busca de justiça a Dorothy Stang, missionária assassinada em fevereiro de 2005. Vamos entrar em contato com a OAB/PA para pedir cópia do processo e verificar a possibilidade de termos um representante da Ordem como assistente de acusação em um novo julgamento, além de viabilizar a ida da irmã Julia à próxima reunião do Conselho Federal da OAB, em Brasília. Iremos dar todo apoio para que a Justiça seja concretizada", afirmou o presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D'Urso.
A declaração do presidente aconteceu ontem durante reunião que aconteceu na sede da Ordem, com David Stang, irmão de Dorothy, a missionária norte-americana Julia Depweg; a deputada Estadual, Ana Perugini, que fez a intermediação para a reunião; Rubem Carvalho, assessor da Prefeitura de Hortolândia, a diretora-adjunta e conselheira Tallulah Carvalho, que serviu de intérprete, e o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, Mário de Oliveira Filho.
Segundo a missionária Julia Depweg, o povo do Pará está chocado com a decisão da Justiça de seu Estado, que absolveu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária. "O trabalho do promotor e dos assistentes foi excelente, por isso nós tomamos um susto com a decisão. Até porque no primeiro julgamento, em maio de 2005, ele foi condenado à pena máxima e em pouco tempo foi absolvido em novo julgamento", comentou, lembrando que quem denuncia desmatamentos na região está sofrendo ameaça de vida. "Há muita impunidade no Estado Pará", reforça.
Este é um dos fatores porque o irmão de Dorothy, David Stang, quer a realização de um novo julgamento e que sejam apuradas as mentiras que permearam, segundo ele, os depoimentos no último julgamento de Vitalmiro. Quer ainda que seja levado a júri Reivaldo Galvão, outro suposto de ser mandante do crime, e que entidades da sociedade civil organizada se mobilizem, enviando cartas e e-mails para pressionar as autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. "É fundamental essa fiscalização da sociedade civil para que a justiça seja feita", ressalta Mário de Oliveira. A decisão de um novo julgamento será do Tribunal de Justiça do Pará, mas o fato de haver 2 jurados no último júri que participaram do primeiro pode levar a um pedido de anulação, segundo avaliação da OAB/SP.
Para a deputada Ana Perugini, a presença da OAB/SP será importante para ajudar a dar mis visibilidade ao assassinado da irmã Dorothy e acabar com a flagrante impunidade. "Hoje, temos 3 bispos no Pará e o próprio promotor do caso, Edson Souza, sob ameaça. Dos 161 casos de violência no campo, 40% estão no Pará. A irmão Dorothy defendia o desenvolvimento sustentado, a organização dos camponeses, era contra o desmatamento e o trabalho escravo. O problema central que precisamos atacar é a impunidade", afirmou.
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