Migalhas Quentes

Três detentos morrem na Cadeia Pública do Guarujá durante rebelião

28/11/2007


Rebelião

Três detentos morrem na Cadeia Pública do Guarujá durante rebelião

No dia 26 de novembro ocorreu uma rebelião na Cadeia Pública do Guarujá que ocasionou a morte de 3 detentos. Segundo a Conectas Direitos Humanos, a cadeia, além de abrigar adolescentes, vive desde 2005 um problema grave e cotidiano de superlotação. Essa situação já foi alvo de denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, feita em abril de 2007, pelo Instituto Pro Bono, Conectas e Conselho Comunitário Penitenciário de Guarujá e Vicente de Carvalho, pedindo a concessão de medidas cautelares em caráter de urgência para garantir a vida e a integridade dos adolescentes custodiados na Cadeia.

Segundo a Conectas Direitos Humanos, a capacidade máxima da Cadeia Pública do Guarujá é de 60 pessoas, mas já chegou a abrigar 340 presos. Essa superlotação também já deteriorou suas condições estruturais. Hoje, a Cadeia Pública de Guarujá não tem mais como abrigar pessoas, afirma a Organização. Não há condições mínimas de segurança e salubridade, como equipamentos de combate a incêndios e segurança nas instalações elétricas, deterioradas em razão do mau uso e de anos de superpopulação. Também não há equipamentos sanitários suficientes para todos os detentos, ocasionando vazão de esgoto, contaminação do ambiente e atraindo ratos e vários tipos de insetos para o local, afirma a Conectas Direitos Humanos.

Segundo a Organização, não bastasse o desrespeito das péssimas condições de detenção, a Cadeia Pública de Guarujá ainda abriga alguns adolescentes, que chegam a ficar meses no local, em uma clara violação de seus direitos básicos. Documentação produzida pela própria Cadeia aponta que eles passam, em média, três meses custodiados irregularmente no local.

Em 26 de outubro de 2007, a Comissão Interamericana reconheceu a gravidade dessa situação e impôs ao Estado brasileiro que adotasse as medidas cautelares abaixo descritas:

"1. Adote todas as medidas necessárias para garantir a vida e a integridade pessoal dos adolescentes custodiados na Cadeia Pública do Guarujá;

2. Transfira prontamente os adolescentes a um centro de detenção para adolescentes, conforme a garantia estabelecida na legislação brasileira, o disposto no artigo 5.5 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, e o artigo 37.c da Convenção sobre os Direitos da Criança;

3. Preste imediatamente atenção médica e psicológica aos beneficiários das medidas;

4. Proibir imediatamente o ingresso de adolescentes na Cadeia Pública do Guarujá."

Segundo informações levantadas pelo Conselho Penitenciário Comunitário do Guarujá e Vicente de Carvalho, por volta das 23h do dia 26, alguns detentos tentaram fugir da Cadeia e entraram em confronto com policiais civis. No confronto, três detentos - Wagner Alberto Abdala Camargo, 45, José Cristiniano de Melo, 19, e Emanuel Júlio Cabral, 26 - foram mortos a tiros. Em razão do agravamento da situação, as organizações Instituto Pro Bono, Conectas e Conselho Comunitário Penitenciário de Guarujá e Vicente de Carvalho pediram à Comissão Interamericana, ontem, a extensão das medidas de proteção aos adultos e interdição da Cadeia.

____________________

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Notícias Mais Lidas

Procurador que cuspiu em funcionária faz acordo e pede perdão: “não sou monstro”

18/7/2024

Pão de forma e bafômetro: quando o café da manhã vira problema jurídico

18/7/2024

Juiz considera que apelido de "capivara" a trabalhadora não é ofensivo

18/7/2024

Servidor com problemas psiquiátricos demitido por faltas será reintegrado

19/7/2024

Servidor devolverá quase meio milhão ao erário por benefício indevido

19/7/2024

Artigos Mais Lidos

STJ altera a metodologia de cálculo de tarifa para condomínios sem hidrômetro individualizado

19/7/2024

Recuperação judicial fraudulenta

18/7/2024

Planejamento sucessório: Regime da separação de bens convencional não afasta o cônjuge da qualidade de herdeiro

18/7/2024

Bula digital de medicamentos: Uma análise crítica sobre a recente decisão da Anvisa

18/7/2024

Alterações na cessão de direitos creditórios e no CTN

19/7/2024