Vivo ou morto ?
O cantor Roberto Müller pede indenização ao Estado por obra didática que diz que ele "faleceu ainda jovem"
Ao menos é o que dizia um livro didático adotado pela Secretaria da Educação do Estado. O caso foi parar na Justiça, com um ação indenizatória por danos morais, psíquicos e materiais contra o governo do Piauí movida pelo cantor Roberto Müller, 70. "Ainda em 1963, Roberto Müller, um piauiense de Piracuruca, tornou-se sucesso nacional com a música "Entre espumas". Faleceu ainda jovem e é lembrado com carinho pela sua contribuição", diz trecho do livro, usado em 2004 por alunos da rede estadual.
A "informação" em "Educação Sem Fronteiras", na página 14, que trata do tema Arte. "Vivíssimo", Müller, que tem dez filhos, disse à Folha ter ficado sabendo que estava "morto" ao começar a divulgação de um show em setembro em Teresina.
Na ação, que não estipula um valor para a indenização, o cantor "requer, pasmem, o reconhecimento perante o Estado do Piauí, sua terra natal, de que se encontra vivo". Müller, que conta já ter dividido o palco com nomes como Angela Maria e Cauby Peixoto, disse ter se sentido "humilhado" ao saber de sua "morte".
Afirmou que o erro é "motivo de chacotas, piadas, brincadeiras de mau gosto". A ação indenizatória, que diz que o livro continua em circulação, pede o seu recolhimento. A divulgação na obra da falsa morte do cantor remete ainda a um verso da música citada: "Como em sonho, minha vida se acabou".
Errata
A Secretaria da Educação do Piauí, por meio de nota, informou que "assim que tomou conhecimento do fato reuniu os autores da obra [dois professores do Estado] para tomarem as devidas providências e corrigir o erro". "Foi redigida uma errata", segundo o texto.
Ainda de acordo com a nota, uma das professoras que participaram da elaboração do livro pediu desculpas e prestou os devidos esclarecimentos pessoalmente ao cantor. Müller negou que tenha recebido pedido de desculpas pessoalmente.
Cerca de 10 mil livros foram distribuídos, conforme a pasta, que diz que eles fazem parte de uma coleção adotada em programa de educação de jovens e adultos e tem seu conteúdo regionalizado. O órgão diz que o livro não é mais utilizado. A secretaria informa que ainda não foi notificada oficialmente da ação.
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Fonte: Folha de S. Paulo
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