Carreira
O desembargador Carlos Stephanini participará de sua última sessão no Pleno do TJ/MS
Carlos Stephanini contou que no dia 31 de março de 1964, data em que eclodia o movimento que deu início aos 20 anos de regime militar no país, aconteceu um dos fatos mais marcantes de sua vida. Enfrentando dificuldades e já decidido a deixar Campo Grande, onde chegara dois anos antes logo depois de se formar em Direito pela Universidade Católica de Campinas, Stephanini encontrou o também advogado Manoel Venceslau Leite de Barros – que vem a ser o hoje poeta conhecido nacionalmente como Manoel de Barros -, na Rua 14 de Julho, num local em que todos iam engraxar sapatos.
Depois de ouvir o amigo, Manoel de Barros convidou-lhe para ir até seu escritório, perto da loja do Gaburas (o advogado e comerciante Gabriel Spipe Calarge, recém-falecido), na mesma rua, ao número 571 de então. "Ele afirmou que aquele era dali por diante meu escritório, pois estava determinado a cuidar da fazenda e ter mais tempo para a literatura e me disse - 'Quando você tiver seus livros, sua mesa, seu telefone, você encaminha os meus'."
O resultado desse encontro, todo mundo sabe - como destacou hoje o presidente da OAB/MS Fábio Trad: a advocacia e a magistratura estaduais ganharam um grande representante e a poesia brasileira conquistou um de seus maiores nomes. "Só tenho que agradecer a Deus", afirmou Stephanini, citando o brilhante jurista e político Rui Barbosa que um dia "Sem Deus não há salvação".
Logo quando começou a conquistar sucesso na carreira jurídica, Stephanini devolveu os livros e móveis do antigo escritório ao poeta Manoel de Barros. Uma coisa entretanto, fez questão de guardar e exibe até hoje em seu gabinete no TJ em que encerra neste mês sua carreira de magistrado: um crucifixo de madeira com a imagem de Jesus.
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