O ministro do STF, Flávio Dino, citou o filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, ao votar pela abertura de ação penal contra Jair Bolsonaro e outros sete investigados por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Em seu voto, Dino criticou o regime militar instaurado no Brasil a partir de 1964 e afirmou que o golpe de Estado matou, ainda que não imediatamente.
“No dia 1º de abril de 64 também não morreu ninguém, mas centenas e milhares morreram depois”, disse. “Golpe de Estado mata. Não importa se isto é no dia, no mês seguinte ou alguns anos depois".
Ao abordar os efeitos permanentes do regime, Dino destacou que a arte também tem papel fundamental na construção do Direito.
“Vimos isto agora, porque a arte é fonte do Direito também, bem sabemos, nas telas, pela pena de um lado, de Marcelo Rubens Paiva, de outro, pela genialidade de Walter Salles, Fernanda Torres e outros tantos que orgulham a cultura brasileira.”
Na avaliação do ministro, produções artísticas têm mostrado, de forma clara, os horrores cometidos no período da ditadura.
“Fonte do Direito, o que eles estão mostrando ali? Remarcando o caráter permanente e hediondo do desaparecimento de pessoas, de tortura, de assassinatos que derivam de quê? De um golpe de Estado.”
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