O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves foi preso preventivamente nesta terça-feira, 26, pela Polícia Federal, sob suspeita de liderar um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo assessores de ministros do STJ e integrantes de outros tribunais. A prisão foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF, que também determinou o cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal.
Gonçalves é apontado como peça central em um suposto esquema de corrupção que incluía advogados, empresários, assessores, chefes de gabinete e desembargadores. De acordo com as investigações, ele teria acesso antecipado a decisões judiciais e negociava influências para beneficiar interesses específicos. A operação da PF, intitulada Sisamnes, busca aprofundar essas apurações e ampliar o cerco contra outros suspeitos.
Além da prisão preventiva, foram adotadas medidas cautelares, como afastamento de funções públicas, instalação de monitoramento eletrônico e bloqueio de bens e valores dos envolvidos. A PF investiga ainda o vazamento de informações sigilosas de operações policiais, que teriam sido negociadas pelo grupo.
A Operação Sisamnes faz referência a um episódio da mitologia persa, em que um juiz foi severamente punido por aceitar subornos, simbolizando a necessidade de integridade no sistema judiciário. Segundo a PF, a investigação aponta para crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional, com a participação de figuras de diferentes instâncias do Judiciário.
Gonçalves já havia sido alvo de buscas no final de outubro, em uma operação que investigou o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e resultou no afastamento de cinco desembargadores.
Advogado assassinado
As suspeitas envolvendo Andreson de Oliveira Gonçalves começaram a ser desvendadas após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido no final do ano passado em Cuiabá. Durante a apuração do crime, o Ministério Público apreendeu o celular da vítima e encontrou conversas que indicavam negociações de decisões judiciais com desembargadores de Mato Grosso. O material foi enviado ao CNJ e compartilhado com a Polícia Federal, que aprofundou as investigações.
De acordo com informações publicadas pelo UOL, as conversas revelaram que Andreson compartilhava minutas antecipadas de decisões do STJ e alegava ter influência sobre assessores do Tribunal. Ele também costumava se apresentar em Brasília como advogado, embora não possuísse registro na OAB. Nos bastidores, sua esposa, Mirian Ribeiro Gonçalves, atuava em processos nos quais ele exercia influência.
Com informações da PF.