O caso dos irmãos Erik e Lyle Menendez, condenados pelo assassinato brutal de seus pais, José e Kitty Menendez, em Beverly Hills, em agosto de 1989, voltou a ganhar destaque e pode passar por uma nova análise judicial. O motivo? A descoberta de novas evidências de que os irmãos teriam sido vítimas de abusos sexuais cometidos pelo próprio pai, José Menendez.
A polêmica foi reacendida com o lançamento da série documental “Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, que estreou na Netlfix em setembro e já acumulou mais de 19,5 milhões de visualizações na primeira semana.
Em coletiva, o promotor do distrito de Los Angeles, George Gascón, anunciou que irá revisar as novas provas apresentadas, entre elas um depoimento de um ex-integrante do grupo Menudo que afirmou ter sido abusado pelo pai dos Menendez, e uma carta escrita por Erik Menendez em 1988 que sugeriu a ocorrência dos abusos.
“Recebemos uma cópia de uma carta que, supostamente, foi enviada por um dos irmãos a outro membro da família falando sobre ele ser vítima de abuso. Também recebemos informações fornecidas pela defesa, pelos advogados dele, de que um dos membros da banda Menudo alegou ter sido abusado pelo pai dos irmãos. Nenhuma dessas informações foi confirmada.”
Segundo Gascón, a reavaliação não implica, a princípio, em um erro no julgamento original, mas atende a uma “obrigação moral e ética” de revisar os novos elementos que surgiram.
“Neste momento, não estamos prontos para dizer se acreditamos ou não nessas alegações. Mas estamos aqui para dizer que temos uma obrigação moral e ética de revisar o que está sendo apresentado a nós e fazer uma avaliação.”
A nova audiência está prevista para 29 de novembro, quando será decidido se os novos fatos apresentados são suficientes para justificar um novo julgamento ou, ao menos, uma revisão da pena dos irmãos Menendez.
Recentemente, o caso ganhou apoio de figuras públicas como Kim Kardashian, que afirmou que Lyle e Erik foram "condenados antes mesmo de o julgamento começar". Kim, que visitou os irmãos na prisão, destacou em carta publicada na NBC News, a falta de recursos disponíveis na época para lidar com vítimas masculinas de abuso e defendeu a reavaliação das sentenças.
"Erik e Lyle não tiveram chance de um julgamento justo nesse contexto. Naquela época, havia recursos limitados para vítimas de abuso sexual, especialmente para meninos. Praticamente não havia sistemas em vigor para dar suporte aos sobreviventes, e a conscientização pública sobre o trauma do abuso sexual masculino era mínima, muitas vezes obscurecida por julgamentos preconcebidos e homofobia."
- Leia a íntegra da carta.
O caso
Na época do crime, os irmãos Menendez, com 21 e 18 anos, dispararam 12 vezes com espingardas contra os pais. Logo após, tentaram criar álibis indo ao cinema e, inicialmente, não foram considerados suspeitos.
No entanto, os irmãos gastaram grandes quantias em itens de luxo, o que reforçou a tese de que o crime teria sido planejado para herdar a fortuna dos pais. A defesa sempre manteve que eles agiram tomados pelo medo, após anos de abusos físicos e sexuais cometidos dentro da própria casa.
O julgamento, concluído em 1996, atraiu grande atenção midiática e dividiu opiniões. No primeiro tribunal, as denúncias de abuso resultaram em um júri indeciso. No segundo, as alegações de abuso foram praticamente ignoradas, e ambos foram condenados à prisão perpétua sem chance de liberdade condicional, sob a acusação de que o crime foi motivado pelo desejo de herdar a fortuna dos pais.