Migalhas Quentes

STJ confirma incidência de tributos sobre descontos do Pert

Decisão reafirma a interpretação de que benefícios fiscais que impactam o lucro das empresas devem ser considerados na base de cálculo desses tributos.

8/10/2024

2ª turma do STJ decidiu, por unanimidade, manter a aplicação do IRPJ, da CSLL, da contribuição ao PIS e da Cofins sobre os valores referentes a descontos relacionados a multas, juros e encargos legais, em virtude da adesão do contribuinte ao Pert - Programa Especial de Regularização Tributária.

Lançado pelo governo federal em 2017, o Pert visa oferecer uma forma de parcelamento especial para pessoas físicas e jurídicas que possuem débitos tributários. O programa abrange não apenas dívidas em discussão administrativa ou judicial, mas também aquelas resultantes de lançamentos de ofício.

Empresas recorreram ao judiciário contra o responsável pela Delegacia Especial de Administração Tributária da Receita Federal em São Paulo, argumentando que os valores anistiados no âmbito do Pert não deveriam estar sujeitos ao IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, pois não constituem fato gerador desses tributos.

O juízo de primeira instância encerrou o processo sem análise do mérito em relação a duas empresas, uma vez que sua adesão ao Pert envolveu débitos já registrados em dívida ativa, e, nesse contexto, o delegado não teria legitimidade para figurar no polo passivo. Para as demais, a ordem foi negada, e o TRF da 3ª região ratificou a decisão.

No recurso ao STJ, as empresas alegaram que os descontos de juros e multas obtidos por meio do Pert não deveriam sofrer a incidência de IRPJ, CSLL, Cofins e PIS, pois não configuram um aumento patrimonial ou faturamento, que são as bases de cálculo desses tributos. Além disso, defenderam a legitimidade do delegado como autoridade coatora.

STJ confirma incidência de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins sobre descontos do Pert.(Imagem: Freepik)

Benefícios fiscais e a base de cálculo

O relator do caso, ministro Afrânio Vilela, destacou que a lei 13.496/17 foi criada para amparar pessoas físicas e jurídicas com débitos junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil e à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. O magistrado mencionou que a norma prevê a redução de juros, multas e encargos legais para determinadas formas de pagamento.

Ao negar o pedido das empresas, o ministro ressaltou que é um entendimento consolidado no STJ que "qualquer benefício fiscal que impacte positivamente o lucro da empresa deve influenciar na base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da Cofins".

Em relação à autoridade coatora, Afrânio Vilela observou que a parte correta para figurar no polo passivo de um mandado de segurança envolvendo débitos federais inscritos em dívida ativa é o procurador-chefe da Fazenda Nacional. Assim, conforme o ministro, a decisão do TRF3 foi correta nesse aspecto.

Leia a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Governo reabre RERCT, programa de repatriação de recursos

20/9/2024
Migalhas Quentes

PL propõe parcelamento tributário a afetados por fim da coisa julgada

28/2/2023
Migalhas de Peso

Novo Programa Especial de Regularização Tributária (PERT) deve ser aprovado pelo Congresso Nacional

6/9/2021

Notícias Mais Lidas

Condomínio de luxo indenizará por mandar visitante negro à entrada de serviço

7/10/2024

Sem posse mansa e pacífica, juíza nega usucapião de imóvel a herdeiros

7/10/2024

Monark é condenado criminalmente por chamar Flávio Dino de "gordola"

8/10/2024

Porte de arma branca tipifica contravenção penal, confirma STF

7/10/2024

Mãe de Isabella Nardoni e pai de Henry Borel se elegem vereadores

7/10/2024

Artigos Mais Lidos

Quais são as coisas que os agentes consulares não querem ver durante uma entrevista de visto para os EUA?

8/10/2024

ITCMD e holdings familiares: Reduzindo impostos em doações e herança

7/10/2024

Advogados não podem errar? Um olhar sobre as exigências e a exposição da advocacia brasileira

8/10/2024

Um é pouco, dois é bom, três é demais? Para se requerer exame de um pedido de patente, três anos é muito melhor

7/10/2024

Reconhecimento da validade de assinaturas eletrônicas em plataformas não certificadas pela ICP-Brasil

9/10/2024