Plenário
Roriz se defende de denúncia de recebimento irregular de dinheiro
Roriz também apresentou duas folhas em branco com sua assinatura, uma destinada ao STF e a outra, à Polícia Federal. Segundo explicou, a folha reservada ao STF serviria para autorizar a abertura dos sigilos fiscal, bancário e telefônico dele, de sua esposa e de suas filhas. Na outra, a PF seria autorizada a investigar a eventual existência de contas bancárias em seu nome, que não as do Banco do Brasil e do Banco de Brasília, no Brasil ou no exterior.
O senador Tião Viana - PT/AC, que presidia a sessão, não considerou regimentalmente adequado, entretanto, enviar um papel em branco com assinatura, sugerindo a Roriz que fizesse as autorizações.
O senador pelo Distrito Federal disse não ter feito esses esclarecimentos antes por ter enfrentado um grande sofrimento e se sentir envergonhado, "mesmo não cometendo nenhum ato ilícito". Em diversos momentos de seu discurso, enfatizou nunca ter confundido o público com o privado nos 30 anos de vida pública e ter buscado refúgio na oração e na religião para enfrentar a denúncia, que motivou o PSOL a pedir ao Conselho de Ética investigação da conduta do parlamentar nesse negócio.
"Será que um senador não poderia pedir um empréstimo a um amigo de longa data? Que censura poderia ser feita a alguém que assim agisse? Existe algum artigo no Código Penal e no Regimento Interno do Senado Federal dizendo que pedir dinheiro emprestado é crime, é ilegal?", questionou.
Em relação a eventuais interesses por trás da denúncia, Roriz preferiu não creditá-la diretamente a adversários políticos. Mas ponderou, em seguida, que a imprensa, "quando quer, massacra e destrói", dando como exemplo a acusação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros - PMDB/AL, investigado pelo Conselho de Ética pelo suposto pagamento de contas pessoais pela construtora Mendes Júnior.
"O momento atual reclama de todos nós profunda reflexão. Precisamos de leis mais severas para coibir vazamento de investigações realizadas em caráter sigiloso", reivindicou.
Neste ponto, o peemedebista referia-se à divulgação, pela imprensa, de dados da Operação Aquarela, realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal, que investigou um esquema de desvio de recursos do BRB. Roriz disse ter autorizado essa operação quando ainda era governador do DF e isentou seus comandados, à época, de vazarem conversas telefônicas suas com o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura.
Roriz confirmou ainda que o empréstimo de R$ 300 mil foi viabilizado por um cheque de R$ 2,2 milhões emitido pelo Banco do Brasil, mas descontado no Banco de Brasília. Sustentou que a operação é legal e seria usada pelos bancos para atrair clientes abastados, como Nenê Constantino.
Embora tenha admitido que a Agropecuária Palma, administrada por uma de suas filhas, dispunha de recursos para a compra da bezerra, disse ter preferido contrair o empréstimo, que financiaria um projeto pessoal, para não descapitalizar a empresa.
Por último, o peemedebista reconheceu ter usado palavras inadequadas no telefonema a Tarcísio Moura. E procurou explicar que, quando comentou na conversa que o dinheiro do cheque se destinava a muitas pessoas, queria dizer que uma parte dos R$ 300 mil seria repassada a um amigo para a cobertura de gastos com doença de um parente.
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