Migalhas Quentes

Juiz que usou tese inventada pelo ChatGPT em sentença será investigado

A ferramenta criou jurisprudências do STJ, as quais fundamentaram a decisão do magistrado.

13/11/2023

Juiz Federal do TRF da 1ª região que assinou sentença feita por meio da inteligência artificial será investigado pelo CNJ. A razão para essa investigação reside no fato de a ferramenta ter criado jurisprudências do STJ, as quais fundamentaram a decisão do magistrado.

O advogado representante da parte derrotada na ação descobriu essa situação e formalizou uma denúncia junto à Corregedoria Regional de Justiça Federal da 1ª região. O juiz, por sua vez, minimizou o ocorrido como um "mero equívoco", atribuindo-o à sobrecarga de trabalho e alegando que uma parte da sentença foi produzida por um servidor.

Em um comunicado circular, o desembargador Néviton Guedes, corregedor da Justiça Federal da 1ª região, disse que o caso chegou ao seu conhecimento e reforçou os deveres de cautela, de supervisão e de divulgação responsável dos dados do processo, quanto ao auxílio de IA para a elaboração de decisão judicial.

Além disso, recomendou que não sejam utilizadas ferramentas de inteligência artificial generativa que não sejam homologadas pelos órgãos de controle do Poder Judiciário para pesquisa de precedentes jurisprudenciais.

O desembargador alertou ainda que a responsabilidade pelo uso da inteligência artificial nos serviços judiciais recai sobre o magistrado competente, sendo uma responsabilidade compartilhada por todos os servidores, estagiários e colaboradores envolvidos.

Embora a apuração inicial sobre o incidente tenha sido arquivada na Corregedoria da 1ª região, o caso será agora analisado pelo CNJ.

IA no Judiciário

Este ano, Migalhas conversou com dois ministros a respeito do uso do ChatGpt no Judiciário. Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, expressou que a inteligência artificial, quando utilizada adequadamente, pode ser valiosa para a Justiça, mas ressaltou que não pode substituir o papel do juiz, uma vez que máquinas e computadores não têm a capacidade de discernir entre o certo e o errado, o justo e o injusto.

"No atual estágio da condição humana e da condição tecnológica, o juiz vai ser inevitável. Agora, se vier uma boa minuta pelo ChatGPT e você puder apenas revisá-la, essa é uma possibilidade que eu não descartaria."

O ministro Villas Bôas Cueva, do STJ, destacou a perspectiva de ferramentas como o ChatGPT auxiliarem os magistrados em pesquisas para compreender melhor o desenvolvimento da jurisprudência. No entanto, salientou que tal avanço dependerá de uma regulação adequada para prevenir o uso abusivo dessas novas ferramentas.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Microsoft está se movimentando para apresentar ChatGPT jurídico, diz diretora

27/10/2023
Migalhas Quentes

Barroso pede a big techs criação de “ChatGPT” para uso jurídico

18/10/2023
Migalhas de Peso

ChatGPT e juízes-robôs: Problemas de amanhã (e de hoje)

24/5/2023
Migalhas Quentes

Advogado pede e conselheiro do CNMP orienta riscos do uso do ChatGPT

22/5/2023
Migalhas Quentes

Para ministros, ChatGPT pode ser valioso para a Justiça

2/5/2023

Notícias Mais Lidas

TJ/MG revoga liminar e veta transfusão em paciente testemunha de Jeová

15/7/2024

Herdeiros que ocupam imóvel exclusivamente devem pagar aluguel

16/7/2024

OAB/SP divulga nova tabela de honorários com 45 novas atividades

15/7/2024

TJ/BA anula sentença após juiz dizer que "lugar de demônio é na cadeia"

15/7/2024

Funcionária chamada de “marmita do chefe" por colegas será indenizada

16/7/2024

Artigos Mais Lidos

Partilha de imóvel financiado no divórcio

15/7/2024

Inteligência artificial e Processo Penal

15/7/2024

Você sabe o que significam as estrelas nos vistos dos EUA?

16/7/2024

Advogado, pensando em vender créditos judiciais? Confira essas dicas para fazer da maneira correta!

16/7/2024

O setor de serviços na reforma tributária

15/7/2024