A Senacon - Secretaria Nacional do Consumidor, subordinada ao Ministério da Justiça, impôs medida cautelar ao Google Brasil por suposta manipulação acerca do Projeto de Lei 2630/20 (fake news).
A empresa tem duas horas para adequar seus anúncios e buscas de conteúdo sobre o PL. Caso a medida não seja cumprida, o Google deverá pagar R$ 1 milhão por hora.
Mais cedo, a plataforma já havia sido notificada pelo MPF para se manifestar em até 10 dias, sobre ações contra a PL. Saiba mais sobre o assunto aqui.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou, em entrevista coletiva, que as práticas do Google demonstram agressividade e prepotência.
"O que está acontecendo neste momento é uma publicidade cifrada, opressiva, em que o debate está absolutamente assimétrico. O que essas plataformas estão fazendo é colocar uma verdade única e absoluta em face de sua opinião. E nós sabemos que há opiniões contrárias.”
Veja abaixo as mudanças solicitadas pela Senacon ao Google.
- O Google está proibida de censurar publicações a favor do projeto de lei e de impulsionar posições contra o texto se não informar devidamente os usuários que se trata de 'posição editorial';
- A empresa deve informar eventual conflito de interesses em torno do PL das fake news que afete a prestação de seus serviços;
- A plataforma precisa sinalizar postagens próprias contra o projeto de lei como 'publicidade';
- Se divulgar anúncios contra o texto, a empresa deve veicular contra-propagandas;
- O Google precisa informar 'qualquer interferência' no sistema de indexação de buscas.
Reparação de danos
Além das alterações citdadas anteriormente, a Senacon também determinou que o Google cumpra, imediatamente, uma série de medidas cautelares para corrigir os indícios de que a empresa está censurando o debate público sobre o projeto.
A plataforma terá que começar a veicular, em até duas horas após ser notificada da decisão, as posições favoráveis ao projeto de lei. Se descumprir as determinações da Senacon, a empresa será multada em R$ 1 milhão por hora, explicou o secretário nacional de Defesa do Consumidor, Wadih Damous, em entrevista coletiva.
“Diante dos casos de publicidade enganosa e abusiva praticada, impõem-se a obrigação [da empresa] veicular, no prazo máximo de duas horas após a notificação, contrapropaganda voltada a informar devidamente aos consumidores o interesse comercial da empresa no que concerne a referida proposição legislativa."
A Senacon também determinou que a empresa abstenha-se de censurar, nas comunidades e aplicativos, posições divergentes de seus interesses, bem como de privilegiar as posições convergentes. Além disso, deverá informar qualquer interferência no sistema de indexação de buscas relativos ao debate do PL 2630. “[Para verificar] a facilidade com que alguém que faz uma busca sobre o PL 2630 é remetido a artigos e manifestações contrárias ao projeto basta clicar lá [no mecanismo de busca]”, sustentou Damous.
“O que estas plataformas estão fazendo é colocar uma verdade única e absoluta em face de sua opinião acerca do PL 2063. E sabemos que há opiniões contrárias que não estão aparecendo nestas publicações. Isso é inconstitucional”, acrescentou o secretário.
“Naquilo que diz respeito aos consumidores, estão violando de diversas formas o Código de Defesa do Consumidor, sobretudo com abuso de poder econômico e publicidade cifrada, abusiva, que emite opinião editorial.”
Leia o documento aqui.
Votação
Nesta terça-feira (2/5), a Câmara dos Deputados votará o projeto, que busca regulamentar as gigantes da tecnologia que hoje controlam a rede. Estudo aponta que o mecanismo de busca do Google procurou enviesar os resultados dados aos usuários. Saiba mais sobre a votação aqui.