A quantidade de brasileiros que vive hoje nos Estados Unidos é quase a população de Curitiba. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores e o IBGE, em 2020, havia 1,8 milhão de brasileiros vivendo por lá, enquanto a capital do Paraná possui 1,9 milhão de habitantes.
O advogado Daniel Toledo (Toledo Advogados Associados), explica que em 2022 muitos desses imigrantess passam por questões financeiras. Segundo o especialista, além dos problemas pontuais decorrentes de mudanças políticas e crises globais, há desconfortos que estão nesse pacote da imigração há décadas e que podem ser evitados com alguns cuidados especiais.
Nesse sentido, o advogado citou seis fatores que causam tais prejuízos ao imigrante brasileiro:
1 - Choque de realidade do Imigrante
Toledo destaca que ao chegar no país estrangeiro, muitos brasileiros se fecha em sua casa. Em seguida, faz um amigo brasileiro no condomínio que, muitas vezes, não faria no Brasil. Isso porque está com medo, precisa de informação, saber onde é o mercado, entre outras coisas simples da rotina.
Assim, ao invés de buscar esses dados num local seguro, quer se aproximar das pessoas para pegar migalhas de um e de outro - é quando a cabeça vira uma confusão. Tudo isso por medo de se estruturar, de buscar informação no lugar certo e até de contratar alguém para trazer essa informação a ele. Medo de assumir responsabilidades.
2 - Super empolgação do imigrante quando chega
Em certas situações, as pessoas vão para os EUA com todos os requisitos regularizados (visto, empresa e outros), contudo, ao chegar no país assinam Amazon TV, Apple TV e tantas outras possibilidades, o que consome de forma direta o dinheiro que possui.
“Ao invés de alugar, por exemplo, um apartamento ou casa de dois dormitórios para família, para começar, escolhe um de três, pensando em visitas. Isso significa pagar todo mês um espaço a mais que sua sogra, seu amigo ou seu irmão que vão usar duas vezes ao ano. Vale lembrar que isso significa custo de manutenção extra, produto de limpeza e luz. Quando se chega, o ideal é gastar apenas o necessário.”
3 - Falta de planejamento familiar de imigrantes
O advogado destaca que “o brasileiro está acostumado com o brasileiro”. Dessa maneira, não conta para ninguém que está planejando sair do país e, por esse motivo, se fecham dentro do seu próprio mundo e optam por fazer o planejamento sem ajuda.
Segundo ele, qualquer mudança gera desconfortos, e junto com essa novidade vem uma série de providencias a serem tomadas como arrumar móvel, casa, decoração, esperar a aprovação de associação de condomínio, aprovar visto, iniciar um negócio do zero e tudo o mais.
“É preciso se adaptar a uma série de situações. Os filhos vão estudar em uma escola americana, espanhola ou portuguesa e vão sentir diferenças, seja por timidez, adaptação, leitura ou gramática. São pequenas coisas que, quando juntas se tornam grandes. E se a pessoa não tem essa preparação e estrutura, principalmente emocional e psicológica, pode colocar tudo a perder.”
4 - Participar de grupos de imigrantes
O advogado conta que existem muitos grupos de imigrantes, principalmente de Facebook e de WhatsApp, com o único propósito de marketing.
“Eu comecei a perceber uma série de coisas, pois eu fazia parte de alguns, e saí de um monte deles. Eu percebi que a intenção das pessoas ali não era ter informação real, algo que somente um profissional poderia dar suporte. Elas queriam uma dica, na maioria das vezes sobre o mais barato e não o melhor.”
O especialista afirma, ainda, que a maioria das pessoas que está nesses grupos acabou de chegar ou está pensando em ir, e em boa parte dos casos não tem conhecimento e repassam inclusive informações incorretas.
“Cuidado para não perder o foco. Se um profissional que você contratou diz qual é o caminho, é porque já mora há muitos anos nos Estados Unidos, conhece todo o mercado, passou por coisas, cometeu erros e acertos e isso impacta diretamente os resultados”, acrescenta.
5 - Falta de planejamento dos imigrantes antes de mudar para os EUA
Segundo Toledo, existe muita gente querendo sair do Brasil no desespero, porque teve um problema na empresa, sofreu algum tipo de violência, foi demitido ou se aposentou.
“As pessoas calcularam mal, se estruturam mal, não pensam em custo de vida, valor da viagem, quanto vai ter que investir na empresa, quanto vai pagar por essa orientação técnica profissional etc. As pessoas não colocam isso na conta e começam a vir uma série de outras coisas”, lamenta.
6 - Descontrole emocional dos imigrantes
É normal que, com tanta pressão e mudanças, muita gente acabe agindo na emoção e não pense no que pode vir depois. No mais, destaca que muitas coisas podem impactar o lado emocional.
“As mesmas pessoas que pressionam alguém a tomar uma decisão ‘pra ontem’ esquecem que você poderia dar um resultado muito melhor se pudesse pensar por um ou dois dias. Então, aprenda você mesmo a impor esses limites, para tomar a decisão mais acertada e equilibrada”, aconselha Toledo.