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Advogado analisa boicote dos EUA aos Jogos de Inverno na China

Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional, revela como a ação repercutiu entre o povo americano e o que esperar do governo chinês em resposta.

20/12/2021

Os Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados em fevereiro de 2022 em Pequim, estão a alguns meses de acontecer. Entretanto, polêmicas entre algumas nações e o país sede já começaram.

O comitê diplomático que seria composto por políticos e ministros dos Estados Unidos irá realizar um tipo de boicote ao evento, fazendo com que a delegação de atletas chegue ao país sem nenhum representante de estado.

 

Prováveis desdobramentos do boicote dos EUA aos Jogos Olímpicos de Inverno, na China(Imagem: Pexels)

Jen Psaki, secretária de imprensa da Casa Branca, condenou o comportamento do governo chinês ao divulgar a decisão do país. Ainda de acordo com ela, a administração Biden não enviará nenhuma representação diplomática ou oficial aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022 devido ao genocídio e aos crimes contra a humanidade realizados pela República Popular da China em curso em Xinjiang, além de outros abusos de Direitos Humanos. A representante do Executivo americano ainda ressaltou que o "boicote diplomático" não significa o não apoio a equipe esportiva. “Os atletas do Team USA (Time EUA) terão nosso total apoio. Torceremos 100% por eles da nossa casa.”

Em resposta, o governo chinês disse que esses países inevitavelmente pagarão o preço de suas ações equivocadas. A nota foi publicada pelo porta-voz de Relações Exteriores, Wang Wenbin.

Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo Advogados Associados e sócio do LeeToledo PLLC, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, analisa como como essa decisão pode ter beneficiado a imagem do presidente Joe Biden em relação aos americanos conservadores.

“O americano, principalmente o mais conservador, gosta muito daquela sensação de que os Estados Unidos têm uma soberania mundial. Então sim, foi uma boa cartada política do presidente.”

Ainda nesse tópico, o advogado relata como esse assunto repercutiu no país, trazendo à tona uma discussão ainda mais profunda.

“Internamente repercute muito bem, porque muitos americanos já estão querendo alguma forma de retaliação. Mas falar que a principal razão seria por conta dos Direitos Humanos não é muito real, e isso tem sido muito questionado aqui nos Estados Unidos. Afinal, recentemente vimos o que aconteceu no Afeganistão, então esse argumento para o boicote parece realmente uma artimanha política que foi criada pelo atual governo americano.”

Sobre a fala contundente do porta-voz chinês, Toledo revela que o aviso mostra que a China está aberta a aplicar sansões econômicas aos países que boicotarem o evento. O especialista em Direito Internacional mostra preocupação com a falta da apresentação de dados concretos da China em relação a pandemia de covid-19, afirmando que isso pode acabar acarretando em uma nova onda de contaminação de variantes recém-descobertas do vírus.

“A China é o país mais populoso do mundo e teve um dos números mais baixos de contaminação e mortes, mas não sabemos até onde isso é efetivamente real. Ter essa competição, mandando atletas, equipes e seleções de diversos países do mundo para lá, sendo que essas pessoas podem se contaminar e saírem de lá ao final dos Jogos Olímpicos de Inverno é um problema grave. Nós estamos abrindo as portas para uma contaminação e um spread talvez até maior da doença. Por isso, devemos tomar muito cuidado.”

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