"Bambinas" veio à tona a partir da falência de uma empresa de ônibus. A realidade instiga a ficção e o afastamento de duas irmãs gêmeas. Uma delas, linda e longilínea, segue com a mãe para Lucca, na Itália; a outra, sardenta e gorducha, fica com o pai na Barra Funda, lendo, escrevendo e ajudando a avó a fazer nhoque. Os laços sanguíneos são rígidos e invisíveis, principalmente quando em cada ponta há diversidades que se atraem como ímãs e uma avó que rodopia no fio de pensamentos, tornando o tempo uma corda bamba.
"Explosão" aconteceu no Rio de Janeiro e as intrigas de quatro famílias se interceptaram. Dez minutos preciosos cada uma delas teve para resgatar dos escombros de um prédio de cinco andares, que pegou fogo, suas essencialidades, afetos, lembranças inesquecíveis. Um escritor, uma sobrinha mal-agradecida, um marido infiel, uma avó novamente. As palavras brincam de tornar o texto compatível com a tragédia e se tornam mais herméticas aqui, quase descabeladas.
Finalmente, em "Um prego na parede", pintura e literatura dialogam em três momentos diversos: três Noras. A mais longínqua, do tempo de Sisley – o pintor amigo de Monet - em Argenteuil, perto de Paris; a segunda, mais recente, aprendiz de pintura na virada do século XXI em São Paulo e pôr fim a última Nora, também francesa, tentando preservar uma tela impressionista que lhe coube como herança de sua bisavó.
Desafio para as palavras que devem fundir tudo isso e se colocar de maneira coerente e compatível com a velocidade do progresso e da coisificação do homem.
Sobre a autora:
Maria Teresa Hellmeister Fornaciari possui mestrado pela PUC/SP e tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa.
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Ganhadores:
Alyssom Leandro Costa, advogado em Boa Esperança/MG; e
Thiago Silva Guimarães Castro, de Inhumas/GO