A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira, 27, mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-PGR Rodrigo Janot. A ordem foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, que também suspendeu o porte de arma de Janot, além de proibir o ex-PGR de se aproximar de qualquer ministro da Corte.
Determinação se deu no âmbito do Inq 4.781, que investiga ofensas e ameaças contra integrantes do STF.
Confira a íntegra da decisão.
A medida se dá um dia após Janot declarar à imprensa que chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes e de se suicidar.
Nesta sexta-feira, 27, Mendes encaminhou um pedido ao ministro Alexandre de Moraes no qual requer a retirada do porte de armas do ex-PGR, além da proibição de Janot de entrar no Supremo.
Revelação
O ex-PGR Rodrigo Janot surpreendeu ao revelar que no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes.
"Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele [Gilmar] e depois me suicidar", afirmou Janot. O caso foi revelado nesta quinta-feira, 26.
De acordo com o ex-chefe do Ministério Público, que ficou no cargo de 2013 a 2017, logo após ele apresentar uma exceção de suspeição contra Gilmar, o ministro difundiu "uma história mentirosa" sobre sua filha. Foi a gota d’água: "Isso me tirou do sério." Ouça a história narrada por Janot:
Em nota, o ministro Gilmar Mendes afirmou estar surpreso e recomendou, ao ex-PGR, a procura por ajuda psiquiátrica:
Nota do ministro Gilmar Mendes
Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.
O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.
Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.
Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.
*Texto atualizado às 20h32 do dia 27/09/2019 para acréscimo de informações.