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Bar Pandoro pode renascer

2/8/2006

 

Bar Pandoro pode renascer

 

 

 

 

O jornal O Estado de S. Paulo de hoje (2/8/06 – C8) traz matéria mostrando a possibilidade de reabertura do bar Pandoro. Por trás da proposta de ressurreição do já saudoso Pandoro, encabeçando o movimento, está o engajado advogado e antigo cliente Alexandre Thiollier, do escritório Thiollier Advogados. Confira abaixo a íntegra da matéria.

 

 

 

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Clientes se unem pela volta do Pandoro

 

Investidor anônimo também tem interesse na reabertura do bar

 

Morto na semana passada, o Pandoro pode renascer. A esperança apareceu quando um grupo de advogados e empresários manifestou interesse em reabilitar o bar que fechou há uma semana, depois de 53 anos de boemia. O curioso é que os salvadores do Pandoro seriam seus próprios órfãos, freqüentadores que, tristes com o fim do bar, participariam de um fundo de recuperação. Paralelo a isso e correndo por fora, um outro investidor, que prefere permanecer em segredo, está também disposto a revigorar o bar. Senhoras e senhores, o Pandoro ainda não feneceu.

"Convocamos todos os viúvos do bar, como eu, a participar desse fundo, com qualquer valor, mil, dois mil reais. Isso seria revertido em cotas do bar para cada participante. Em uma rápida pesquisa vi que já há uma aceitação muito grande da idéia", disse Alexandre Thiollier, advogado de 54 anos que está à frente das negociações. "Claro, vamos precisar de dinheiro pesado, que viria dos maiores investidores, donos de outros bares e restaurantes", disse o advogado.

Thiollier encabeça a negociação por conhecer bem os donos do Pandoro e do imóvel. "Estou agindo como um facilitador." O fundo seria auditado por uma grande empresa para garantir a integridade de seus participantes.

Há uma semana, o Pandoro foi fechado. Uma ordem de despejo colocou um ponto final em uma história de mais de um século. Com dívidas junto aos funcionários e sem pagar o aluguel no terreno que ocupa na Avenida Cidade Jardim, zona sul da capital, há mais de dois anos, o bar foi judicialmente obrigado a deixar de existir. Desolados, os clientes buscam alternativas.

"Com certeza, eu participaria desse fundo. E não só eu, hein? Até porque as pessoas não iam ao Pandoro por ser um simples um bar, mas porque tinham uma relação afetiva com ele", disse o publicitário Paulo Moraes, de 37 anos, cliente do Pandoro há 18." Para Alexandre Thiollier, que desde 1976 tinha uma mesa cativa no Pandoro, a idéia pode dar certo justamente por conta dessa fidelidade dos clientes do bar. Discurso que parece ser comum à maioria.

"Claro que eu participaria. Essa idéia me agrada muito. Eu realmente me senti um órfão, sofri muito com o bar fechado, entro nisso com certeza", disse Hélio Bastos, de 59 anos, advogado. Helito, como é conhecido, começou a freqüentar o Pandoro levado por seu pai, há 35 anos. "Tinha todo um ritual, o fim da noite de domingo ali era único", disse.

Sucessão Tributária

O grande problema a ser batido por quem quer que seja o novo dono do Pandoro - caso isso venha mesmo a acontecer - é evitar a sucessão tributária, previdenciária e trabalhista do bar. O Pandoro, enquanto empresa, está condenado. "Nós não podemos arcar com essas dívidas, seria uma nova empresa. Disso não há dúvida", disse Thiollier. "É necessário algumas proteções jurídicas para ter certeza de que não haverá sucessão. Não queremos passar pelo que a Varig Log está passando." Ainda assim, o nome Pandoro poderia ser mantido. "Há mecanismos para isso, resta saber se os investidores vão querer, pois o bar foi muito castigado nos últimos anos e a marca está desgastada. Mas, por mim, permaneceria", disse.

Nesse caso seria necessária uma negociação com Miraldo Alvim de Macedo, atual dono do Pandoro. Procurado, Miraldo, mais uma vez, não quis atender à reportagem do Estado. Entretanto, segundo Humberto Mesquita, jornalista que pertence à família dona do imóvel, Miraldo está ansioso. "A expectativa dele é de que o grupo venha a se interessar pelo Pandoro e o procure."

Outro patrimônio do bar, os funcionários "amigos", como dizem os clientes, estão nos planos do fundo de recuperação. "A idéia é que voltem, mas sem o repasse das dívidas do antigo Pandoro, pois seria inviável pagar." Thiollier diz que o estilo que marcou o bar por 53 anos seria mantido, "sem dar as costas à modernidade, claro".

Mas, afinal, quem é o pai do caju amigo?

"Quando eu cheguei lá, em <_st13a_metricconverter productid="1964, a" w:st="on">1964, a bebida já existia. Ela aconteceu quando um cliente chegou no bar e disse que queria tomar um drinque de caju. Drinque de caju? O barman da época, já tá morto, em 64 já estava morto, mas então, o barman improvisou lá e saiu o caju amigo. Mas ele era feito com gim, suco de caju, gelo e o caju, claro. Mas em 64, quando eu cheguei, fiz umas mudanças. Coloquei o açúcar, troquei o gim pela vodca e inventei o segredinho, né? Há 32 anos o caju amigo é feito desse jeito."

Foi assim que Guilhermino Ribeiro do Santos, de 52 anos, contou como foi a criação do lendário caju amigo, improvisado por Josué Fumaça. Sim, esse era o nome do finado criador. "Ele era sócio do Penteado (Antônio Penteado), um dos donos do bar. Quando ele morreu, o Penteado comprou a parte dele", disse Humberto Mesquita, um dos donos do imóvel onde o Pandoro funcionou por 53 anos.

Concorrentes próximos inovam para atrair viúvos

A última mesa do lado esquerdo, próxima do balcão. Era o lugar cativo de Gutemberg Canabrasil Dias, o Baiano, aposentado de 65 anos. Espaço conquistado como freqüentador do Pandoro durante 35 anos. Agora ele experimenta outros bares.

Quer encontrar, literalmente, uma cadeira aconchegante e um copo sempre cheio, como estava acostumado. Assim como Baiano, boa parte dos ex-clientes do tradicional bar rondam botecos, atrás de uma boa conversa e bebidas noite afora.

Opção fácil, por estar na frente do extinto Pandoro, no Jardim Europa, é o Bolinha, restaurante, que já conquistou um grupo de senhoras do Rotary Clube da região. Baiano diz que lá é possível sentar, olhar para frente e chorar "as pitangas".

Segundo o proprietário, José Orlando Paulillo, o Bolinha, seu restaurante já recebia alguns freqüentadores do vizinho da frente. Famoso pela feijoada, agora quer atender às particularidades dos "pandorenses". "Mas não vamos mudar nosso perfil. Vamos nos adequar para recebê-los. Descobrir do que eles gostam", disse o empresário, que nasceu quando surgiu o bar, há 60 anos.

Fidelidade

 

"Nada se compara ao Pandoro", afirmou o arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva. Também, foram 40 anos de fidelidade. No domingo, ele mudou o rumo, mas não a região. Foi ao São Pedro-São Paulo, no Itaim Bibi, aberto há seis anos, e com ponto forte para ganhar os clientes do concorrente: um dos sócios do bar e restaurante é um escritório de advocacia.

E advogados eram justamente os que compunham o leque de ex-freqüentadores do Pandoro. Segundo o outro sócio Paulo Luís Ribeiro, muita gente tinha o hábito de ir aos dois bares. E, mais do que rápido, o público já pode pedir o famoso drinque caju amigo. "Já tinha o material comprado antes de o bar fechar."

Ainda esta semana o caju amigo também deve ser opção da Casa Europa. O dono, Américo Marques da Costa Neto, quer agradar aos novos freqüentadores .

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