Atualmente, o Brasil conta com mais de 1 milhão de advogados no mercado. Destes, quase 28% estão concentrados no estado de São Paulo, segundo dados da OAB. E a tendência é que o número de profissionais continue crescendo cada vez mais.
De acordo com o Censo da Educação Superior, divulgado neste ano pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, a graduação em Direito é a mais procurada nas universidades. Somente em 2016, foram mais de 860 mil novos alunos – quase 10 mil estudantes a mais do que em 2015.
Em um mercado competitivo, os desafios profissionais são muitos, em especial, para os jovens advogados, que ao ingressar em uma carreira com ampla concorrência, precisam de diferenciais para se destacar no mercado.
Por isso, "A Jovem Advocacia e os Desafios da Atualidade" será o tema do painel 40 da XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira. O evento acontecerá entre os dias 27 e 30 de novembro, em São Paulo/SP.
Dentre os palestrantes, está o advogado Fabrício de Castro Oliveira, que acredita que o início da carreira é a fase mais desafiadora para os advogados. "A maior dificuldade é começar, é dar o primeiro passo. Num mercado competitivo, e diante da grande crise econômica do país e também da má prestação jurisdicional pelo Poder Judiciário, muitos desistem antes mesmo de começar."
Segundo Oliveira, os profissionais devem estar atentos às novidades e ter conhecimentos de gestão para se destacarem no mercado. "O advogado precisa estar preparado tecnicamente e sempre atualizado com as cada vez mais rápidas alterações legislativas e jurisprudenciais. Precisa também estar atento à gestão de sua carreira e de seu escritório", afirma.
Entretanto, para ele, os jovens apresentam um diferencial "natural" em relação aos profissionais mais antigos. Isto porque a tecnologia, algo com o qual os jovens estão acostumados, é cada vez mais presente na advocacia.
"O jovem advogado já ingressa na profissão senhor absoluto da tecnologia. Para ele é natural. E a verdade é que a tecnologia hoje é fundamental para o sucesso profissional."
Porém, para Oliveira, o conhecimento de ferramentas tecnológicas não é o único meio de garantir o sucesso profissional. Por isso, ele afirma que os jovens advogados devem conhecer o mercado e suas tendências, além de aprender a identificar as oportunidades que surgirem.
"O jovem deve estudar bastante o mercado em que pretende se inserir. Deve conhecer sua concorrência e identificar como se diferenciar. As oportunidades surgem e o jovem advogado deve estar preparado para o seu momento chegar."
A advogada e consultora Lara Selem, que também irá palestrar no painel 40 da Conferência, ressalta a importância de se obter conhecimentos além daqueles que são conquistados durante a graduação. Por isso, ela elenca uma série de características que o jovem advogado deve ter para obter sucesso.
"O jovem advogado chega hoje num mercado em que será preciso desafiar o aprendizado técnico obtido na faculdade e integrar novas habilidades, como pensar e planejar o futuro, lidar com as novas tecnologias, em especial a inteligência artificial, compreender a importância da gestão legal, seja para abrir seu próprio escritório como integrar a equipe de uma sociedade de advogados, cuidar do seu marketing jurídico pessoal, aprender a ouvir e conhecer a fundo o cliente, dentre outras competências como disciplina, persistência, foco e trabalho em equipe."
Porém, Lara alerta que, para conquistar uma carreira sólida, os jovens advogados devem também se afastar das armadilhas. "(O jovem advogado) terá ainda que ser forte para dizer 'não' a tudo que o desviar de seu propósito: tentações de sucesso rápido, falta de estudo contínuo, postura antiética e predatória."