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Veja a íntegra da delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht

Ex-dirigente da empreiteira citou nomes por trás dos apelidos na lista de pagamentos da empreiteira.

11/12/2016

Ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho conta em sua proposta de delação premiada encaminhada à PGR como era o relacionamento da empresa com políticos e parlamentares, e fala sobre os nomes por trás dos apelidos citados na lista de pagamentos da empreiteira.

No documento, Melo Filho diz que o propósito da empresa era manter uma relação frequente de concessões financeiras e pedidos de apoio com políticos. De acordo com a delação, os pagamentos a políticos eram indicados por ele e aprovados por Marcelo Odebrecht, pelos presidentes da empresa ou pelos diretores dos negócios. Os pagamentos eram realizados pela área de operações estruturadas da Odebrecht.

O empresário dedica um capítulo da delação ao relacionamento que tinha com o presidente Michel Temer, citado 43 vezes. Melo Filho afirma que Temer atuava de forma muito mais indireta, não sendo seu papel pedir contribuições financeiras para o partido, embora isso tenha ocorrido de maneira relevante em 2014, durante um jantar no Palácio do Jaburu.

De acordo com o empresário, participaram do jantar Marcelo Odebrecht, Eliseu Padilha, atual ministro da Casa Civil, na época deputado Federal, e Temer. Na ocasião, de acordo com Melo Filho, Michel Temer pediu “apoio financeiro” para as campanhas do PMDB em 2014 a Marcelo Odebrecht, que se comprometeu com um pagamento.

“Como relatarei com detalhes no Anexo n. 4.1, estive com Michel Temer em um jantar no Jaburu, oportunidade em que ele solicitou a Marcelo Odebrecht pagamento ao PMDB. Esses pagamentos, no valor de R$ 4 milhões, foram realizados via Eliseu Padilha, preposto de Temer, sendo que um dos endereços de entrega foi o escritório de advocacia do Sr. José Yunes, hoje Assessor Especial da Presidência da República.”

No documento de 82 páginas, o ex-diretor Odebrecht cita ainda o papel do ministro Eliseu Padilha e do secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, além de Eduardo Cunha, dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Renan Calheiros, e de outros parlamentares.

“Para fazer chegar a Michel Temer os meus pleitos, eu me valia de Eliseu Padilha ou Moreira Franco, que o representavam. Essa era uma via de mão dupla, pois o atual Presidente da República também utilizava seus prepostos para atingir interesses pessoais, como no caso dos pagamentos que participei, operacionalizado via Eliseu Padilha.”

De acordo com Melo Filho, a empresa fez pagamentos para Eduardo Cunha, o que o deixava confortável toda vez que tinha que se reunir com Cunha para tratar de interesses da Odebrecht.

“Nas vezes em que me reuni com Deputado Eduardo Cunha sobre assuntos legislativos de interesse da empresa, sabia que os pagamentos feitos me creditavam uma situação confortável e que seriam um elemento de atendimento as questões da Odebrecht, utilizei portanto esta força. Nas vezes em que conversava com o deputado sobre temas da empresa, era sempre atendido com presteza e educação. As reuniões se deram no gabinete da liderança do PMDB, que fica em frente ao Salão Verde, em uma sala no final do corredor das lideranças. Em algumas vezes fiquei esperando em uma sala de reunião ao lado da sala da liderança e o deputado me atendia lá quando tinha gente em sua própria sala. Entendi que essa era uma forma de reconhecimento pela relação deste com a Odebrecht, pois ele sabia que receberia pagamentos a pretexto de contribuição de campanha. Não me considero o ponto de referência dentro da empresa de Eduardo Cunha, principalmente em razão da minha opção de tratar dos pleitos via Senado Federal.”

O documento foi entregue durante as tratativas para o acordo de delação. Melo Filho precisará confirmar tudo que narra no anexo em depoimento formal. Após o depoimento, o material será encaminhado para que seja ou não homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.

Veja a íntegra da proposta de delação premiada.

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