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Debate na OAB/SP avalia relação da mulher com o poder

10/3/2006


Debate na OAB/SP avalia relação da mulher com o poder


Na abertura do debate "A Relação da Mulher com o Poder" entre as deputadas federais Zulaiê Cobra Ribeiro e Denise Frossard, nesta quinta-feira (9/3), na sede da OAB/SP, dentro das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a vice-presidente da OAB/SP, Márcia Machado Melaré falou da ascensão da participação feminina na vida pública. "Nas últimas décadas, registrou-se um crescimento considerável da participação da mulher em postos-chave do mundo empresarial e da administração pública", afirmou. Também fez um resgate histórico sobre a luta feminina por sua emancipação política, que data de 1891, quando a jornalista Josefina Alves, apela à Primeira Assembléia Constituinte pelo direito de voto das mulheres. "Foram intensas as batalhas pela igualdade da condição feminina. Em 1910, Myrthes Campos, advogada e primeira mulher a ser aceita pelo Instituto da Ordem dos Advogados, requereu o alistamento eleitoral, argumentado que a Constituição da época não negava expressamente o direito ao voto feminino. O pedido foi indeferido", lembrou. A vice-presidente também ressaltou que hoje as mulheres já são 51,24% do contingente eleitoral brasileiro, mais de 62 milhões de eleitoras, contra 48,60% dos eleitores masculinos. "Donde se pode concluir que temos quantidade e qualidade para participar cada vez mais na vida pública conquistando cargos de comando", alertou ela.


A conselheira Tallulah Carvalho, diretora adjunta da Mulher Advogada, apresentou as duas debatedoras, ressaltando o comprometimento de ambas com o mundo do Direito, a atuação independente no Parlamento e a luta em defesa da causa das mulheres . Também saudou as demais componentes da mesa, a ex- presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP, Lais Amaral Rezende de Andrade; Ivette Senise Ferreira, conselheira e presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB/SP e o secretário municipal de Habitação, Orlando Almeida.


Para Frossard, o Dia Internacional da Mulher, é importante porque propicia que no mundo todo, homens e mulheres parem por alguns instantes para refletir sobre temas que influenciam a vida da mulher, como violência, fome dos filhos e o arbítrio da desigualdade. A deputada também lembrou que a data faz uma homenagem a 129 operárias que, no dia 8 de março de 1857, morreram queimadas numa ação da polícia para conter uma manifestação numa fábrica de tecidos. "As operárias americanas reivindicavam diminuição da jornada de trabalho de 14 para 10 horas por dia , direito à licença-maternidade e salários iguais aos dos homens. Não pediam nada para si, porque todas essas reivindicações seriam revertidas para beneficiar suas famílias", lembrou Frossard. Para ela, as mulheres são agentes ativas de mudança e promotoras de transformações sociais e só chegam ao poder nas democracias consolidadas.


Em sua fala, Zuliaê Cobra Ribeiro comentou que "o poder não está próximo à mulher", nem na política partidária, nem em entidades de classe. "Quero ver mulher na presidência das Subsecções da OAB/SP e fazendo carreira dentro de nossa entidade de classe", disse, ela que foi conselheira seccional. Para Zulaiê, a ascensão política das mulheres não é incentiva. A deputada também discorreu sobre as dificuldades que enfrentou no Parlamento por ser mulher e sua luta de 41 anos como feminista. "Sou advogada criminal e há muitos anos enfrento bandidos, acho que foi por isso que fui para o Parlamento", disse. Criticou também as discriminações de gênero impostas pela legislação e a violência caseira, que vai fazendo vítimas entre mulheres e homens.


A advogada Lais Amaral Rezende de Andrade agradeceu a homenagem e apontou como fundamental o trabalho realizado pela Comissão da Mulher Advogada para trazer as mulheres para a OAB/SP, o que só é possível se a diretoria prestigiar, no seu entender. Também propôs mudança no Estatuto para que o cargo de presidente da Comissão da Mulher Advogada só seja ocupado por conselheira, o que, segundo ela, empresta importância à Comissão.


O presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, que chegou ao final do debate, lembrou que o Brasil possui apenas 9 mulheres senadoras dentre 81 e 45 deputadas federais num colégio de 513. "A luta contra os preconceitos e pela necessidade de afirmação da mulher na sociedade brasileira comporta grandes e pequenas batalhas, nas quais toda a sociedade precisa participar", afirmou D’Urso.
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Fonte: OAB/SP

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