Passa da hora
Edson Vidigal*
Em extensão territorial, o Maranhão é maior que a Áustria, a Bélgica e a Bulgária. A qualidade de vida da sua população, no entanto, está abaixo de alguns países da África, como o Congo e Gana.
O Bolsa Família, programa do governo federal, atende no Maranhão a 2/3 da população.
Contabilizam-se ainda hoje mais de 1 milhão e 500 mil analfabetos, dos que não sabem ler nem escrever. Analfabetos funcionais somam mais da metade da população.
O Maranhão começa onde termina o nordeste árido e termina onde começa a Amazônia encharcada. Por isso, as suas terras são consideradas as melhores do Brasil.
Mas é um lugar condenado ao atraso social e econômico por causa da pobreza política.
O Presidente Jânio Quadros definiu o Maranhão como "um Estado rico e pobre. Rico na sua potencialidade. E pobre no seu abandono".
Com todos esses insucessos, as bandeiras vitoriosas das esperanças coletivas sendo levadas de volta ao campo da luta para serem esfarrapadas pelos derrotados de agora a pouco, o silêncio dos que tem voz e a conivência dos muitos que ainda pensam, e isso tudo fortalecendo o atraso político que sustenta essas lideranças que não lideram, carcomidas como estão, sem idéias novas, despreparadas para os novos desafios, - me digam agora se isso tudo que ainda mantém o nosso povo confinado na pobreza e este Estado entre os mais atrasados do Brasil, deve continuar?
Vamos continuar permitindo esses despautérios? Nos verbos e nas verbas?
Devemos engordar com a nossa omissão as ambições dos que só tiram proveito das lutas populares e dos que só se aproveitam traficando o poder lá por cima, sendo motivo de vergonha para o Maranhão e de chacota no Brasil, deixando o nosso Estado e o nosso povo nessa penúria?
O que estamos fazendo das nossas energias e das nossas horas diante de tanto opróbrio, de tanta falta de respeito com o Estado de Direito Democrático, diante de tantas mentiras atazanando a nossa paciência?
Não devemos transformar imediatamente a nossa indignação em ações coletivas para a afirmação da nossa cidadania?
Devemos trabalhar para desenvolver o Maranhão porque só assim, pela riqueza garantida pelo progresso, podemos assegurar a decência de vida para a população.
Uma vida com dignidade. Um Estado verdadeiramente livre e progressista, que iremos construir e do qual haveremos todos de nos orgulhar.
Mas há que haver união de esforços, desprendimento, confiança mutua, coesão política, confiança do povo.
Os carcomidos e os sem ideais porque não tem idéias não tomarão de assalto nossas bandeiras de luta. Não conseguirão roubar do nosso povo a esperança no seu destino a um grande futuro nem a sua crença nos ideais sadios da nossa luta.
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*Ex-Presidente do STJ e Professor de Direito na UFMA
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