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A crise chegou cedo

Dados do próprio governo indicam que dezembro foi o mês que mais houve demissões no país, desde 1999. O grande número de demissões, ainda segundo o governo, permite comemorar, já que durante a maior parte de 2008 houve recordes nas contratações com carteira assinada nos meses anteriores. São apenas números e discursos inflamados. Na verdade, ninguém tem nada o que comemorar. Há sim algo muito estranho no ar. A crise chegou e chegou forte. As empresas demitem porque sabem que em um futuro muito próximo não terão como arcar com os salários de seus empregados. Em alguns setores da economia houve uma queda significativa do volume de negócios.

27/3/2009


A crise chegou cedo

Marcelo Gir Gomes*

Dados do próprio governo indicam que dezembro foi o mês que mais houve demissões no país, desde 1999. O grande número de demissões, ainda segundo o governo, permite comemorar, já que durante a maior parte de 2008 houve recordes nas contratações com carteira assinada nos meses anteriores. São apenas números e discursos inflamados.

Na verdade, ninguém tem nada o que comemorar. Há sim algo muito estranho no ar. A crise chegou e chegou forte. As empresas demitem porque sabem que em um futuro muito próximo não terão como arcar com os salários de seus empregados. Em alguns setores da economia houve uma queda significativa do volume de negócios. Na prestação de serviços, onde se imaginava que a crise fosse chegar bem mais tarde, há uma diminuição acentuada das atividades. E, embora o governo tivesse tomado algumas atitudes para garantir o consumo e a produção industrial, as indústrias estão trabalhando com sua capacidade mínima. O ministro do Trabalho Carlos Luppi, há alguns dias, disse que o governo tinha feito a sua parte quando colocou recursos ao diminuir o IPI, e deu um puxão de orelhas nos empresários que, mesmo assim, ousaram demitir.

Na dia 19 de janeiro, o governo mudou o tom do discurso. Uma grande reunião no Palácio do Planalto discutiu os números divulgados e buscou caminhos para encarar, de frente, as conseqüências reais dessa crise. De um lado o presidente Lula da Silva tenta manter o otimismo ao chamar o povo para o consumo e o ministro Carlos Luppi, garante que o mês de março vai ser diferente, com a volta do crescimento de contratações com carteira assinada. De outro, o coro dos empresários, não só os ligados a FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo que pedem ao governo medidas mais efetivas para rearranjar a economia, como cortar os juros, completamente fora de propósito nesse momento.

O que o presidente Lula precisa saber que a fase dos discursos já passou. Falar em seus depoimentos em rede nacional que o Brasil está forte e que a crise não nos afetará já é um discurso vazio. A crise chegou e isso é real. E ela chegou da maneira mais cruel possível, comprometendo a vida daquele que sempre foi afetado e que estava vendo a sua vida melhorar um pouquinho, o trabalhador brasileiro.

O presidente Luis Inácio Lula da Silva precisa buscar caminhos concretos com sua equipe, inclusive usando uma informação dele próprio de que o Brasil estava preparado para a crise que chamou de "marolinha".

As ações do governo, a partir de agora, devem focar todos os segmentos da economia, de tal maneira que o efeito cascata da crise seja interrompido. As medidas tomadas até agora, como por exemplo, o corte no IPI dos automóveis atendeu apenas um setor, o de carros novos e não tiveram efeito duradouro, tanto é que as montadoras estão colocando seus funcionários em férias coletivas. As autoridades do governo precisam lançar mão de todos os recursos possíveis, caso contrário os próximos meses serão recordistas em demissões.

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*Advogado do escritório Marcelo Gir Gomes Advogados Associados

 


 

 

 

 

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