Sem tempo para ser feliz
Sylvia Romano*
Os índios pataxós reivindicam terras dos seus antepassados para permanecerem como velhos bugres, indolentes como sempre foram. Os "irmãos menos favorecidos" querem continuar recebendo suas "bolsas esmolas" para também manterem o ócio a que estão acostumados e acomodados. Os políticos seguem aos berros nos veículos de comunicação na esperança de serem eleitos e garantirem uma vida mais segura para si e para os seus "chegados". O tráfico vai muito bem organizado e continua dando as cartas de dentro das prisões, aumentando cada vez mais o seu poder, hoje até internacional.
Os bancos, então, nem se fala. Estão cada vez mais ricos e divulgando seus altos lucros de agiotagem. E os impostos batendo recordes, são sempre os maiores do mundo. Nosso maior mandatário só viaja e fala, fala muito, mas ninguém quer saber sobre o que, somente os ignorantes é que o aplaudem e os medrosos e dependentes das suas "tetas". Os escândalos econômicos e políticos aparecem todos os dias e são esquecidos em curto espaço de tempo e servem sempre de cortina de fumaça para coisas muito piores.
Adolescentes são proibidos de trabalhar, mas podem roubar e procriar, pois estudar que é bom é difícil, trabalhoso e poucos querem. Os velhos, estes coitados, é melhor que morram logo, afinal são a grande causa do prejuízo da previdência.
Enquanto isso, fico pensando no tempo que está passando rápido, preocupada com os meus, com o mundo e com o futuro de todos nós. Vejo da minha janela o trânsito, a poluição e a violência da rua. Como ajudar os miseráveis que encontro em cada sinal? Como fazer para que os velhos tenham independência e dignidade? Como confiar nos outros e esperar a ética de todos? Neste novo mundo que vivo, percebo que quase todos estão sem tempo para ser felizes.
Mas tem uma coisa boa: Chegou a primavera. E logo depois, virá o verão, as festas, a praia e o carnaval no fim de fevereiro, o que irá prolongar o tempo de nada acontecer e do nada fazer. Ando pensando que sou muito errada, sempre trabalhei e muito, mas cada vez mais acho que só o ócio, o nada pensar e o nada fazer é o que permite o prazer.
_________________
*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados
______________