Pobre vira classe média para agradar ao governo
Sylvia Romano*
Não é preciso ser economista para perceber este engodo. Basta uma conta rápida, envolvendo custos de moradia (aluguel ou prestação da casa própria) escola, supermercado, água, luz, gás, telefone, transporte, plano de saúde, remédios, vestuário, os famigerados impostos e outras necessidades básicas, para que qualquer responsável por uma família possa perceber a mentira desta conclusão sobre o que vem a ser a classe média. Isso sem levar em conta prestações de bens necessários, carro popular, canais de televisão a cabo, um pouco de lazer e os extras que sempre aparecem.
O próprio responsável pela pesquisa, o economista Marcelo Nery, declarou:
"O limite que define as faixas de cada classe concordo que é arbitrário, é uma simplificação. Porém o tamanho desta classe ou a forma como ela é definida é o menos importante, o mais importante é que está havendo um crescimento dela."
Pergunto eu, como advogada: Se os limites são arbitrários e, portanto não revelam a realidade, por que foram divulgados e estipulados valores para a divisão das classes sociais? Será que quem definiu estas novas hierarquias nunca levantou e somou os custos dos itens citados acima neste artigo? Pelos novos índices demarcatórios tenho certeza que não, pois qualquer dona de casa das mais simples sabe que, com os valores definidos, classe média ela nunca será. O único muito feliz com este dado mascarado é o próprio governo, pois agora terá um forte argumento para se apoiar, graças aos marqueteiros de plantão, nas suas eternas pretensões eleitoreiras — aliás, a única competência verdadeira que ele tem.
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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados
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