Momentos de indecisão
Tudo na vida são escolhas. A única coisa que não podemos escolher é nascer. Depois que nascemos tudo passa a ser uma decisão nossa, consciente ou inconsciente.
7/7/2008
Momentos de indecisão
Sylvia Romano*
Tudo na vida são escolhas. A única coisa que não podemos escolher é nascer. Depois que nascemos tudo passa a ser uma decisão nossa, consciente ou inconsciente. Mesmo enquanto bebê podemos chorar ou não, mamar ou não, rir ou não. Na primeira infância, podemos fazer "birra" ou não, e por aí afora.
Já na adolescência, podemos optar por estudar, amar, começar a fumar, ou por qualquer outra coisa e a decisão será só nossa, e sempre teremos de arcar com o resultado da escolha, seja ela certa ou errada. "Ser ou não ser", já dizia um bardo inglês. Este é um dos grandes enigmas da vida. Qualquer escolha, por mais insignificante que pareça ser, vai influenciar o nosso futuro, nos dará uma nova vida, quando não, até nos levar à morte. Opções das mais simples, como ir ou não ir, uma roupa, um caminho diferente, um sorriso, ou seja, lá o que for imperceptivelmente poderá compromissar tudo o que está por vir. Quanto mais velhos ficamos, mesmo contando com toda a sabedoria acumulada, as decisões continuam a nos atormentar. Quanto mais vivemos, sabemos que as escolhas podem ser múltiplas e a decisão do que parece ser o melhor fica cada vez mais complicada. "Ah se os velhos pudessem e os jovens soubessem..." é pura balela, "o que sei é que nada sei" sempre aparece na hora do vamos ver. Princípios e ética são imutáveis, mas infelizmente estes valores variam de pessoa para pessoa, existindo uma medida e oportunidade de escolha para cada um, ou seja, voltamos ao "ser ou não ser", ou melhor, ao por aqui ou por ali.
Neste momento a minha opção é falar, ou melhor, escrever. Mas sobre o quê? Já critiquei nossos governantes, autoridades, burocratas, a violência, a falta de ética, nossas leis, a burocracia, o roubo, o fumo, a política indigenista e vários outros assuntos que me incomodam e me obrigam a escrever — minha única arma usada em defesa daquilo que acredito ser correto. Meu ato de escrever e escrever sempre, sem interesse financeiro, político, ou mesmo, vaidade, é o que hoje me dá prazer, me faz sentir viva e combativa e, não, num mundo de alienados inconscientes que não pensam que se aqui estamos nesta vida é para acrescentar, contestar, modificar e colaborar.
Vamos parar de achar que o momento é para "deixa a vida me levar". Isto é apenas uma reflexão. Sabemos que optar por isto ou aquilo é sempre um ato difícil, mas as escolhas estão aí e, quer queira ou não, até a decisão de não decidir passa a ser uma difícil escolha.
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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados
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