Migalhas de Peso

E nós é que entramos numa fria

Depois de passar um fim de semana gelado — que deve ter servido pelo menos para esfriar a cabeça — nosso Presidente volta da Antártica (o continente e não a marca de bebida, por sinal, muito apreciada por ele) dizendo que o Brasil precisa marcar uma maior presença na região gelada, investir mais em pesquisa, blábláblá e mais blábláblá.

26/2/2008


E nós é que entramos numa fria

Sylvia Romano*

Depois de passar um fim de semana gelado — que deve ter servido pelo menos para esfriar a cabeça — nosso Presidente volta da Antártica (o continente e não a marca de bebida, por sinal, muito apreciada por ele) dizendo que o Brasil precisa marcar uma maior presença na região gelada, investir mais em pesquisa, blábláblá e mais blábláblá.

Pergunto eu, como cidadã, o que foi esse convescote com a conta paga por todos nós. O que trouxe de concreto essa viagem de lazer do senhor presidente, esposa e filho? Pelo que soube, serviu apenas para verem um pingüim em louca debandada diante de tanto barulho.

Será que tal viagem foi necessária? E se foi, qual o interesse além do passeio de Aerolula? Quanto custou essa brincadeira? Não venham me dizer que era um compromisso prioritário. Temos sim grandes necessidades e parece-me que estas foram relegadas a um segundo plano. Ao menos para uma coisa essa turnê serviu: Manter e disfarçar um pouco, principalmente para quem tem memória curta, o recente episódio dos cartões corporativos, mais um escândalo da atual gestão, nem maior, nem menor do que aqueles que vêm sendo divulgados cotidianamente. Tenho certeza que se fosse colocado no papel item por item desse gasto turístico teria dado para construir um bom hospital ou uma boa escola em alguma região carente do País — o que poderia ser em qualquer local, já que carência é o que mais abunda em nossa terra.

Bem, o episódio antártico ficou no passado e o nosso primeiro mandatário já se mandou para a Argentina para mais um tango triste. Muito mais triste para nós brasileiros que, cada vez menos, estamos conseguindo sobreviver, quem dirá então viajar a lazer... Prática que, pelo visto, os integrantes da Corte já se acostumaram.

Do atual governo, só sei dos escândalos, da inflação sentida por todos nós, dos vergonhosos lucros dos bancos, das escolas que não ensinam, da segurança que não existe e da saúde precária. Sei também dos aposentados mendigos, dos funcionários públicos do baixo clero morando em favelas, fora as outras mazelas... E a nós, indefesos diante de tanto descalabro, só resta a consciência de que enquanto eles viajam para ver gelo, nós como sempre continuamos entrando numa fria!

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados










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